domingo, 9 de fevereiro de 2014

RELAÇÕES AFETIVAS -

Primeiro precisamos compreender que nós nascemos para viver em grupos,ou seja, junto com outras pessoas. Por isso é comum que desejemos companhia na maior parte do tempo, na medida do possível. Os primeiros homens e mulheres se agrupavam com a finalidade de se defenderem dos ataques de outros animais, assim passaram a acreditar que quem está só corre perigo. Por isso, hoje encontramos tantas pessoas com medo da solidão, pois acreditam que estar só é não ter com quem contar, e isso vale pra todos os setores da vida humana. Assim surgem as carências que são definidas pelo dicionário como: "falta, ausência, privação, necessidade. " É na relação com outras pessoas que o ser humano desenvolve-se, portanto, até aqui, quando falo de carência refiro-me não somente às afetivas, mas a todo tipo de carência. Um dos fatores que colaboram para acentuar a carência afetiva é o momento biológico. Em determinados ciclos do corpo físico, alguns hormônios são jogados na corrente sanguínea, estimulando o corpo a ter relações sexuais. Essa informação é traduzida no plano consciente como "ter alguém". Mas, o que isso significa varia de indivíduo para indivíduo. Enquanto uns querem apenas manter relações para aliviar as tensões biológicas, outros querem um parceiro fixo, que além do prazer sexual, dê atenção e o valorize como pessoa. Fatores biológicos e estímulos ambientais, como a propaganda, influenciam o aparecimento de nossas carências afetivas. O que precisamos saber e ficar atentos sobre isso é que, nesses momentos, as pessoas estão mais sensíveis, portanto mais abertas e mais crédulas, o que faz com que muitos se envolvam em relacionamentos infelizes. Por isso, é aconselhável que, mesmo nos momentos de carência extrema, o indivíduo tente fazer uma análise fria sobre a pessoa que apareceu e escolheu para se envolver e sobre si mesma, pois, de acordo com um escritor chamado Bauman, quando as pessoas se apaixonam, tendem a agir de modo destrutivo, controlando ou agredindo. Trata-se de uma afeição irreal, motivada pelos sentidos. Uma outra há, no entanto, que se trata de afeição real, de alma a alma, única que sobrevive à destruição do corpo, porquanto os seres que neste mundo se unem apenas pelos sentidos nenhum motivo têm para se procurarem no mundo dos Espíritos, depois da morte. Duráveis somente o são as afeições espirituais; as de natureza carnal se extinguem com a causa que lhes deu origem. Ora, semelhante causa não subsiste no mundo dos Espíritos, enquanto a alma existe sempre. No que diz respeito às pessoas que se unem exclusivamente por motivo de interesse, essas nada realmente são umas para as outras: a morte as separa na Terra e no céu. Quem diz isso é Alan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo. As emoções que a afinidade se nos oferece, na verdade, são como preces, que demoramos em descobrir seus sentidos plenos. Mesmo assim, suas linhas de expressão e manifesto são claras e distintas. É uma questão de observação isenta e desinteressada. O fato de nos percebermos na mesma faixa emocional, moral e intelectual de pessoas que encontramos nos caminhos que o nosso destino percorre, não significa que acabamos de descobrir aquela pessoa que nos poderá preencher o vazio da carência afetiva. Isso nos mostra a variedade de sentidos dos nossos encontros. Isso também põe por terra essa “lenda”, essa “fantasia” que discorre sobre almas gêmeas, a outra banda da maçã, a cara-metade, etc. Ninguém entra em nossa vida por acaso. Há sempre uma razão, mas isso não significa que existe alguém destinado a lhe completar, a ser sua outra metade. Precisamos compreender que ninguém completa ninguém. O que pode haver é afinidade entre duas pessoas e é a afinidade que justifica a relação delas. As relações amorosas, afetivas, filiais e amistosas, trazem em si o poder de influência de nossas necessidades e aprendizados. E o vértice de abertura do leque relacional não se prende às medidas humanas. Até porque na esteira das reencarnações, poderemos ou deveremos mudar os papéis de contato e envolvimento, visando ajustes e reconciliações; observando também apoio, ajuda e influências necessárias, para o melhor aproveitamento desses reencontros. Isso significa que ora somos pais, ora somos filhos, ora somos maridos ora somos esposas. Tudo funciona como oportunidades para que possamos melhorar conforme as nossas necessidades. É claro que também, a intensidade, o encanto e a aversão são ingredientes preponderantes na receita existencial. Condição essa que decorre naturalmente da nossa maturidade espiritual. A flor, pela própria ordem natural, não se identifica e nem morre de amores pelo espinho, mas por impulso dadivoso, perfuma-o sem cerimônia, sonhando com a lua e convive com o orvalho por espasmos de afinidade. Um casal que vive às voltas com a passionalidade, das brigas, nos braços do ciúme e da insegurança, mergulha nos atritos, aos gritos de desequilíbrio e de dor, motivado pela insatisfação e seus anseios de amor, não se dá conta de que, só a paciência e a perseverança são os antídotos, os remédios da desordem emocional. Assim, só o respeito e a liberdade de ser, sem se curvar e nem se impor, são os recursos utilizados naturalmente por aqueles que já se deram conta de que carências e subserviência são atalhos para o nada existencial. Então configuram sua vida, seu destino e afazeres na pauta de responsabilidades próprias, buscando no companheiro ou companheira, a suplementação que lhes permitam compartilhar sem se anular. A afinidade é mesmo o fruto mais saboroso das afeições livres, que o amor sustenta e agasalha na oficina do tempo.

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