domingo, 9 de junho de 2013

NOSSAS CARÊNCIAS E SUAS CAUSAS -

Você já sentiu um vazio, uma espécie de buraco dentro de você e que precisa URGENTEMENTE ser preenchido, para que possa se sentir melhor, para que possa se sentir igual aos outros? Certamente não se trata de fome. Ou, se quisermos, podemos definir como fome de afeto. É a tal da carência afetiva que todos nós, em maior ou menor grau, sentimos em alguma época da nossa vida e, alguns, durante a vida inteira. Parece que algo está faltando. É uma sensação de vazio interior, de isolamento, como se estivéssemos sozinhos neste mundo. Podemos estar rodeados de amigos, colegas de trabalho e com a família. A sensação pode vir até com alguns sintomas depressivos: desânimo, falta de interesse pelas atividades que antes causavam prazer, vontade de se isolar. Nós, seres humanos, temos uma grande necessidade de proteção e aconchego. Nascemos nus, dependentes e pequenos. Nossa primeira experiência de afeto é com um homem (pai) e uma mulher(mãe). Eles são os primeiros seres humanos que nos amam e protegem. Ou pelo menos deveriam. No entanto, cada um tem um histórico de vida diferente. Mesmo que tenham o afeto dos pais, alguns não sentem ou não identificam este amor materno ou paterno. E se não foi desejada, a pessoa pode carregar consigo, durante toda a vida, o sentimento de rejeição, tristeza e abandono. E, nem sempre, fica sabendo que foi rejeitada na gravidez. E, a certa altura de sua vida, começa a viver um sentimento de falta, de vazio, de carência afetiva. “A carência é um estado íntimo de insatisfação que surge da privação de alguma necessidade pessoal cujo principal reflexo é o sentimento de infelicidade”. “Na ótica afetiva é um processo de desnutrição que pode ter-se iniciado na infância e até mesmo em outras encarnações. Advém de desejos recalcados, expectativas não realizadas, frustrações não superadas...”. “A maior carência humana é de afeto e carinho, sem os quais mais ninguém se sente humanizado. E não se sentir humanizado significa permitir a influência dos reflexos primitivos que provocam a ganância e a crueldade proveniente do instinto de conservação bastante acentuado. “Uma das situações que podem dar origem às carências pode ser encontrada na ausência de preparo para lidar com as perdas. Na Terra não se prepara a criança para lidar com a perda. A educação é quase toda destinada a fazer ‘campeões sociais’ vitoriosos em tudo. Pais frustrados tentam se realizar no sucesso de seus filhos, exigindo deles o que não conquistaram, tentando consertar erros e fracassos através da criação de um ‘super-herói’ dentro de casa”. “Pela pressão dos responsáveis pela educação, as habilidades inatas são desconhecidas ou desconsideradas. Aqueles de psiquismo frágil que aspiram ideais diferentes das imposições sucumbem em comportamentos desajustados no vício ou no desequilibro dos costumes como forma de encontrar alguma gratificação e prazer a título de compensação”. “Crianças muito mimadas ou recompensadas excessivamente para cumprirem os seus deveres querem tudo o que desejarem na vida adulta, inclusive o afeto alheio, e para isso mascaram-se de mil modos no jogo das aparências como se estivessem em uma disputa da qual jamais admitem sair perdedores’. “Outras carências surgem como ilusões da vida moderna estimuladas pela mídia e pelos costumes...”. “As matrizes profundas da carência podem ser encontradas no subconsciente. É o vício milenar de exigir e esperar ser amado sem disposição altruísta suficiente para amar. Resulta de uma construção lenta e gradual com bases no egoísmo”. “O carente, em verdade, é um doente que deseja ardentemente amar sem conseguir. Não conseguindo, passa a exigir ser amado, criando relações complicadas e frágeis; é alguém à míngua de amor, um constante cultivador da esperança de ser compensado”. “A carência surge quando desconectamos o mundo dos sentimentos daquilo que realmente preenche e gratifica, priorizando o falso conceito de realização estipulado pela sociedade”. “Nada na criação foi criado com carências, tudo de fato foi criado para pulsar para fora.” Pais e mães muito repressores, que não conseguem demonstrar seus sentimentos de carinho e amor, podem provocar nos filhos carência afetiva. Se é menino, pode crescer inseguro e vacilante. Seu relacionamento íntimo com outras pessoas será sempre superficial. Muitas vezes, quando se relaciona, por exemplo, com mulheres, parece que vê em cada uma delas, a mãe autoritária e repressora. Se é uma menina cresce tímida e exigente. Sempre desejando atenção das amigas e procurando nos relacionamentos afetivos, proteção e carinho. Como se visse no homem amado, o pai carinhoso que nunca teve. Está sempre triste e insegura. Ou então, atrai um companheiro exigente e autoritário à semelhança do pai. Algumas pessoas sentem muita dificuldade de expressar amor ou vivenciá-lo. Elas se sentem pouco à vontade para isso. Elas exigem muito carinho e nunca estão satisfeitas. Outras são carentes porque estão há muito tempo sozinhas. Uma procura febril pelo companheiro ou companheira que satisfaça essa carência afetiva, pode resultar num desastre. Ávidas por carinho, entregam-se a qualquer pessoa. Sentem-se incompletos e colocam suas esperanças na outra pessoa, numa tentativa de acabar com essa carência. A carência afetiva é a “culpada” por esse sentimento tão “desagradável” que nos incomoda, nos mais variados momentos da nossa vida. No entanto, ela pode vir DISFARÇADA, e é aí que mora o perigo, já que é no seu não reconhecimento que muitas besteiras são realizadas. Muitas pessoas, por exemplo, procuram suprir sua carência afetiva incitando, irresponsavelmente, outras pessoas a apaixonar-se ou ter interesse por elas, com a intenção de se sentirem poderosas e desejadas. Muitos são os homens, por exemplo, que passam a vida toda desempenhando o papel de Don Juan, o mais famoso dos conquistadores, e, sob a sombra do donjuanismo, passam a vida em conquistas, única e exclusivamente na tentativa de suprir a sua carência afetiva, da qual eles nem têm consciência. E ainda tem aqueles que escolhem os caminhos das drogas lícitas ou ilícitas, como se assim fossem suprir, preencher o vazio que sentem. Depois do efeito, o buraco está ainda pior que antes. Sem falar dos danos físicos que acontecem consigo. A carência afetiva, frequentemente, é a causa de péssimas escolhas que fazemos, já que nos encontramos fragilizados, vulneráveis, pra baixo..., portanto a MAIOR probabilidade é escolhermos algo que nos fará mal e aqui incluo: mulheres e homens errados, complicados e inconsequentes; trabalhos que não têm nada a haver com nossas habilidades e expectativas profissionais, programas de diversão que só nos trazem danos e, quase sempre, compulsão por comprar coisas sem a mínima necessidade e sem condições para pagar. Quem não conhece a expressão de que não devemos ir ao supermercado fazer compras quando estamos com fome, pois assim compraremos muito mais do que realmente necessitamos? Com o amor acontece algo semelhante. Quando o nosso coração não é nutrido, sentimos fome de amor. Fome de segurança. Fome de se sentir útil. Fome de ideais. Então compramos objetos, redecoramos nossas casas e redecoramos nossos escritórios. Quando esquecemos de fazer a decoração interna e o rearranjo de nós mesmos, corremos o risco de cair na armadilha do consumismo. A carência afetiva é a inimiga número um do amor. E há quem diga também que é a inimiga número um do bolso. Mas, de onde vem essa carência? Da nossa falta de amor a nós mesmos, da falta de reconhecimento do nosso valor como pessoa, como homem, como mulher, como profissional. Muitas vezes, ENTERRAMOS o nosso valor em inúmeras situações, achando-nos um lixo, uma porcaria, alguém que não sabe nada e nem serve pra nada. É necessário observar que esse sentimento “triste” é a consequência de alguma circunstância de rejeição, de abandono, de perda. Logo, a causa é REAL e, por isso, devemos, para o bem da nossa saúde emocional, em um primeiro momento, nos dar o direito de sentir a dor, chorar, reclamar, e até xingar. Mas, isso não pode levar mais que duas semanas; depois disso, você corre o risco, além de se tornar um chato, ou uma chata por falar a mesma coisa repetidas vezes, de desenvolver a carência afetiva PATOLÓGICA , CRÔNICA, DOENTIA e, por conseguinte, a fazer as escolhas erradas só para tentar suprir a falta, preencher o buraco, preencher o vazio. Mais adiante, no entanto, você terá que colher os frutos dessas escolhas, o que o tornará, certamente, até bem mais triste, MAIS CARENTE e o ciclo poderá recomeçar e consumir anos da vida de uma pessoa que, evidentemente, se tornará amarga e até com transtornos emocionais mais graves. Portanto, quando a vida lhe fizer perder algo ou alguém, lembre-se: HOJE foi você e mais milhões de pessoas. Ou seja, você não foi o único a experimentar a perda. Amanhã serão mais outras tantas pessoas. Então, chore, xingue, grite, curta, ponha para fora a sua dor. Mas, depois procure se fortalecer e, principalmente, goste de você mesmo, vá à luta, volte à vida, porque, acredite, ela é boa e é bonita, é bonita e é bonita, como diz o poeta. Tem muita coisa boa para acontecer, todavia é preciso estar aberto para reconhecer e receber essas maravilhosas oportunidades. Não podemos esquecer que nascemos sozinhos e morreremos sozinhos. Vivemos rodeados por pessoas. Vivemos relacionamentos sofridos ou felizes. Temos amigos que compartilham a nossa vida. A família também é uma estrutura de amadurecimento interior em nossas vidas. No entanto, toda experiência que vivenciamos é muito solitária. Convivemos com o nosso ego, nosso eu, todos os dias. Não podemos fugir dos nossos sentimentos mais íntimos. Não somos uma metade que precisa encontrar outra metade. Se pensarmos assim, nunca seremos felizes. A nossa criança interior será sempre triste e sozinha. Somos pessoas inteiras. Com o conhecimento de si mesmo, você pode encontrar a raiz da sua carência afetiva. Quando se sentir muito sozinho ou carente, preste atenção no outro. Ajudar um amigo em dificuldade, um parente solitário, uma pessoa necessitada, cuidar de um animalzinho doente, trará sempre muito benefício. Voltar-se para os outros com desprendimento é uma espécie de nutrição da alma. Esquecemos de nossos problemas, quando nos voltamos para o outro. Precisamos, vez ou outra, nos desgrudar de nós mesmos e ir ao encontro do outro. Não se preocupe, se, em determinados momentos, se sentir sozinho ou carente. Pode ser uma sensação passageira. Nesta fase, fique perto de amigos sinceros, familiares protetores, enfim, não se isole muito. Se a sensação vier com sintomas de depressão, tristeza permanente, procure ajuda profissional. Quanto mais se auto-conhecer e amadurecer a idéia de que não são os outros que vão lhe completar, mais será um homem ou mulher amorosa e completa. Quanto mais você aceitar as pessoas como são, sem ilusões, não se decepcionará.

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