domingo, 24 de novembro de 2013

RELIGIÃO E ESPIRITUALIDADE -

A religião não é apenas uma, são centenas. A espiritualidade é apenas uma. A religião é para os que dormem. A espiritualidade é para os que estão despertos. A religião é para aqueles que necessitam que alguém lhes diga o que fazer e querem ser guiados. A espiritualidade é para os que prestam atenção à sua Voz Interior. A religião tem um conjunto de regras dogmáticas. A espiritualidade lhe convida a raciocinar sobre tudo, a questionar tudo. A religião ameaça e amedronta. A espiritualidade lhe dá Paz Interior. A religião fala de pecado e de culpa. A espiritualidade lhe diz: “aprenda com o erro”. A religião reprime tudo, lhe faz falso. A espiritualidade transcende tudo, lhe faz verdadeiro! A religião não é Deus. A espiritualidade é Tudo e, portanto é Deus. A religião inventa. A espiritualidade descobre. A religião não indaga, nem questiona. A espiritualidade questiona tudo. A religião é humana, é uma organização com regras. A espiritualidade é Divina, sem regras. A religião é causa de divisões. A espiritualidade é causa de União. A religião lhe busca para que acredite. A espiritualidade, você tem que buscá-la. A religião segue os preceitos de um livro sagrado. A espiritualidade busca o sagrado em todos os livros. A religião se alimenta do medo. A espiritualidade se alimenta na Confiança e na Fé. A religião faz viver no pensamento. A espiritualidade faz Viver na Consciência. A religião se ocupa com fazer. A espiritualidade se ocupa com Ser. A religião alimenta o ego. A espiritualidade nos faz Transcender. A religião nos faz renunciar ao mundo. A espiritualidade nos faz viver em Deus, não renunciar a Ele. A religião é adoração. A espiritualidade é Meditação. A religião sonha com a glória e com o paraíso. A espiritualidade nos faz viver a glória e o paraíso aqui e agora. A religião vive no passado e no futuro. A espiritualidade vive no presente. A religião enclausura nossa memória. A espiritualidade liberta nossa Consciência. A religião crê na vida eterna. A espiritualidade nos faz conscientes da vida eterna. A religião promete para depois da morte. A espiritualidade é encontrar Deus em Nosso Interior durante a vida.

ESPIRITUALIDADE E RELIGIÃO -

Toda pessoa, independente da sua idade, é racional. Isso porque toda pessoa é dotada da capacidade do pensamento. Toda pessoa é afetiva porque é capaz de desenvolver laços afetivos, porque é capaz de criar laços com outras pessoas. Toda pessoa é social porque relaciona-se com as outras pessoas. Toda é física, pois se encontra em um corpo físico. Toda pessoa é sensível porque é dotada de sensibilidade e também é espiritual, uma vez que trás em si uma outra dimensão, além da física. Eu diria até que somos mais espirituais do que físicos. Nós não temos um espírito, mas somos um espírito e o espírito que cada um de nós é apenas utiliza-se do corpo, que é perecível (se acaba) e temporário, enquanto ele, o espírito, é eterno. Entramos e saímos de experiências nos corpos físicos e continuamos a nossa trajetória em busca da perfeição. É preciso, então, que cada pessoa se desenvolva como uma unidade, relacionando-se bem consigo mesmo, com os outros, com o mundo e com o transcendente, ou seja, com Deus. Vamos começar refletindo sobre o que é espiritualidade, que conceitos ou definições temos e como vivenciamos a espiritualidade no dia-a-dia. É preciso que compreendamos que espiritualidade e religião são duas coisas bastante diferentes. A espiritualidade faz parte da natureza humana. A religião é apenas um conjunto de regras de comportamentos que são impostos aos seguidores dessa religião. Hoje, religião é tão somente um conjunto de sistemas culturais e de crenças, além de visões de mundo, que estabelece os símbolos que relacionam os seus seguidores com a espiritualidade e seus próprios valores morais. Muitas religiões têm narrativas, símbolos,tradições e histórias sagradas que se destinam a dar sentido à vida ou explicar a sua origem e a do universo. As religiões tendem a derivar a moralidade, a ética, as leis religiosas ou um estilo de vida preferido de suas ideias sobre o cosmos e a natureza humana, passando a ser tão somente um sistema regulador da moral daqueles que a professam, através de constantes ameaças de punição. É uma tentativa de agradar a um deus desconhecido que seus seguidores acham que “precisa” ficar satisfeito para não se encolerizar e mandar castigos para aqueles que se rebelam contra sua suposta lei. Lembremo-nos que Deus É. Consequentemente, Ele não precisa de mim, nem de ninguém. Nós, na verdade, somos os necessitados. A palavra religião é muitas vezes usada como sinônimo de fé ou sistema de crença, mas a religião difere da crença privada na medida em que tem um aspecto público. A maioria das religiões tem comportamentos organizados, incluindo hierarquias clericais, uma definição do que constitui a adesão ou filiação, congregações de leigos, reuniões regulares ou serviços para fins de veneração ou adoração de uma divindade ou para a oração, lugares (naturais ou arquitetônicos) e/ou escrituras sagradas para seus praticantes. A prática de uma religião pode também incluir sermões, comemoração das atividades de um deus ou deuses, sacrifícios, festivais, festas, transe, iniciações, serviços funerários, serviços matrimoniais, meditação, música, arte, dança, ou outros aspectos religiosos da cultura humana. A pergunta feita atualmente e com certa frequência é “Religião salva?”. E a resposta é “NÃO”. Nem o Espiritismo ou qualquer outra religião salva. Primeiro, entendamos que ‘salvar’ é um verbo que inclui ‘de que’. Salva-se de um perigo, por exemplo. Se uma religião insiste em salvar é porque existe uma ameaça declarada ou velada para me levar a um determinado comportamento. Aquele que adquire conhecimento, consequentemente adquire consciência e passa a compreender que ‘Salvar’ é tomar também consciência da Verdade e o que faz o Espírito se salvar, nesse sentido, é o esforço da pessoa em praticar boas ações, instruir-se para vencer suas más inclinações, adquirir sabedoria e fazer todo o bem possível ao seu próximo. Que fique claro para todos nós: o que salva é a doutrina de Jesus, explicitada em seu Evangelho. Para os que ainda não sabem, Jesus é a entidade, ou espírito, responsável pelo nosso planeta Terra. Ele esteve aqui, no plano físico para revelar a Lei na sua maior clareza. Todo aquele que a compreende e a vivencia em espírito e verdade, entrará no Reino de Deus, ou seja, no mundo do entendimento da realidade.

domingo, 10 de novembro de 2013

SÓ SENTE ANSIEDADE PELO FUTURO AQUELE CUJO PRESENTE É VAZIO. - Séneca

O principal defeito da vida é ela estar sempre por completar, haver sempre algo a prolongar. Quem, todavia, quotidianamente der à própria vida "os últimos retoques" nunca se queixará de falta de tempo em contrapartida, é da falta de tempo que provém o temor e o desejo do futuro, o que só serve para corroer a alma. Não há mais miserável situação do que vir a esta vida sem se saber qual o rumo a seguir nela; o espírito inquieto debate-se com o inelutável receio de saber quanto e como ainda nos resta para viver. Qual o modo de escapar a uma tal ansiedade? Há um apenas: que a nossa vida não se projete para o futuro, mas se concentre em si mesma. Só sente ansiedade pelo futuro aquele cujo presente é vazio. Quando eu tiver pago tudo quanto devo a mim mesmo, quando o meu espírito, em perfeito equilíbrio, souber que me é indiferente viver um dia ou viver um século, então poderei olhar sobranceiramente todos os dias, todos os acontecimentos que me sobrevierem e pensar sorridentemente na longa passagem do tempo! Que espécie de perturbação nos poderá causar a variedade e instabilidade da vida humana, se nós estivermos firmes perante a instabilidade? Apressa-te a viver, meu caro , imagina que cada dia é uma vida completa. Quem formou assim o seu caráter, quem quotidianamente viveu uma vida completa, pode gozar de segurança; para quem vive de esperanças, pelo contrário, mesmo o dia seguinte lhe escapa, e depois vem a avidez de viver e o medo de morrer, medo desgraçado, e que mais não faz do que desgraçar tudo.

ANSIEDADE -

Ansiedade é um intenso mal-estar físico e psíquico, acompanhado de aflição e agonia. Figuradamente é um desejo veemente e impaciente. A ansiedade difere do medo porque ela é produto de uma situação imaginária, enquanto o medo é resultante de uma situação ameaçadora e real. A ansiedade, como o medo, tem sensações físicas desagradáveis que antecedem momentos de perigo real ou imaginário, tais como uma sensação de vazio no estômago, coração batendo rápido, medo intenso, aperto no tórax, transpiração etc. Esses dois aspectos, tanto a ansiedade quanto o medo, não surgem na vida da pessoa por uma escolha. Acredita-se que vivências interpessoais e problemas na primeira infância possam ser importantes causas desses sintomas. Além disso, existem causas biológicas como anormalidades químicas no cérebro ou distúrbios hormonais. Ansiedade é um estado emocional que se adquire como consequência de algum ato. Na Psicologia, a ansiedade pode variar de simples apreensão aos ataques de fobias, melancolia e síndrome de pânico. Pode-se dizer que é um estado de agitação motora e excitação intelectual, provocado por sentimentos de natureza penosa, que se revela por movimentos desordenados, mas pouco variados, indicando medo, angústia, desespero, pavor etc. A ansiedade e os termos correlacionados, tais como, medo, angústia, melancolia, síndrome de pânico, não é somente de nossos dias, embora a correria do mundo moderno possa provocá-la mais intensamente do que no passado. Acrescentemos, também, as diversas preocupações de subsistência, de relacionamentos, de compromissos assumidos. Quando não são devidamente administradas, elas geram ânsia, que é a pressa para tudo resolver. Todos, em menor ou maior grau, estamos sujeitos à ansiedade: uns preferem racionalizá-la, outros narcotizá-la, através da bebida e da droga, outros, ainda, evitá-la. Diante de uma adversidade, devemos nos preparar para “lutar-ou-fugir”. A fuga pode gerar problemas futuros; a luta, embora penosa,pode gerar grandes benefícios. QUAIS SÃO OS SINTOMAS DA ANSIEDADE? Fisicamente, palpitações, rigidez do tórax, suor, sequidão da boca, aumento da vontade de defecar ou urinar, dores de cabeça, tonturas. Psicologicamente, sentimentos de medo, pânico e tendências para temas de desgraças dominando os seus pensamentos. TRANSTORNO DE ANSIEDADE - Transtorno de ansiedade é “Um estado de ansiedade e apreensão contínua e irracional, algumas vezes desencadeando um medo agudo que chega ao pânico, acompanhado por sintomas de perturbação autônoma, ela existe sem nenhuma causa aparente; com efeitos secundários em outras funções mentais como a concentração, a atenção, a memória e o raciocínio”. Há cinco tipos: transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de pânico, transtorno de pânico com agorafobia, fobia social e fobia simples. AS CAUSAS DOS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE Entre os fatores que contribuem para que se estabeleça essa situação infelicitadora, destacamos, como principais, os problemas: familiares, afetivos, sociais, financeiros e profissionais. Dentre os fatores causadores da ansiedade, numa lista de aproximadamente 40 itens (com pontuação de 0 a 100), tais como, casamento, férias, natal, como passamos o nosso dia a dia, a morte do cônjuge recebeu 100, o divórcio, 73, a separação conjugal, 65, a aposentadoria, 45. E se estiver esse fator estiver aliado ao de ordem espiritual, torna-se mais grave ainda. No entanto, precisamos alertar para o fato de que há pessoas, até mesmo espíritas, para as quais qualquer dificuldade ou adversidade, qualquer doença ou qualquer atitude cruel que alguém pratique, é provocada por influência de algum espírito obsessor. Como se espírito obsessor fosse um ser abjeto predestinado ao mau. Na maioria das vezes, esse é um processo de transferência de culpa. É bem mais fácil atribuir-se a outrem a causa das dificuldades enfrentadas do que encarar o próprio desequilíbrio. Livrando-se , assim, das responsabilidades e dos conflitos íntimos. Só para esclarecer, o espírito obsessor nada mais é que uma vítima do passado, que se acha no direito de cobrar do seu algoz, mediante a lei de talião: olho por olho, dente por dente. Na verdade, ele necessita do concurso fraterno, da palavra esclarecedora, e do amor, para alforriá-lo do cativeiro do ódio e transformá-lo no benfeitor do amanhã.

domingo, 3 de novembro de 2013

DA SAUDADE -

Saudade é solidão acompanhada, é quando o amor ainda não foi embora, mas o amado já... Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida... Saudade é sentir que existe o que não existe mais... Saudade é o inferno dos que perderam, é a dor dos que ficaram para trás, é o gosto de morte na boca dos que continuam... Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade: aquela que nunca amou. E esse é o maior dos sofrimentos: não ter por quem sentir saudades, passar pela vida e não viver. Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida. Quando vejo retratos, quando sinto cheiros, quando escuto uma voz, quando me lembro do passado, eu sinto saudades... Sinto saudades de amigos que nunca mais vi, de pessoas com quem não mais falei ou cruzei... Sinto saudades da minha infância, do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro, do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser... Sinto saudades do presente, que não aproveitei de todo, lembrando do passado e apostando no futuro... Sinto saudades do futuro, que se idealizado, provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser... Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei! De quem disse que viria e nem apareceu; de quem apareceu correndo, sem me conhecer direito, de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer. Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito! Daqueles que não tiveram como me dizer adeus; de gente que passou na calçada contrária da minha vida e que só enxerguei de vislumbre! Sinto saudades de coisas que tive e de outras que não tive mas quis muito ter! Sinto saudades de coisas que nem sei se existiram. Sinto saudades de coisas sérias, de coisas hilariantes, de casos, de experiências... Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer! Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar! Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar, Sinto saudades das coisas que vivi e das que deixei passar, sem curtir na totalidade. Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que... não sei onde... para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi... Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades Em japonês, em russo, em italiano, em inglês... mas que minha saudade, por eu ter nascido no Brasil, só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota. Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria, espontaneamente quando estamos desesperados... para contar dinheiro... fazer amor... declarar sentimentos fortes... seja lá em que lugar do mundo estejamos. Eu acredito que um simples "I miss you" ou seja lá como possamos traduzir saudade em outra língua, nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha. Talvez não exprima corretamente a imensa falta que sentimos de coisas ou pessoas queridas. E é por isso que eu tenho mais saudades... Porque encontrei uma palavra para usar todas as vezes em que sinto este aperto no peito, meio nostálgico, meio gostoso, mas que funciona melhor do que um sinal vital quando se quer falar de vida e de sentimentos. Ela é a prova inequívoca de que somos sensíveis! De que amamos muito o que tivemos e lamentamos as coisas boas que perdemos ao longo da nossa existência... Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente, como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está? As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar. Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e ações de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar. É preciso aceitar esta mágoa, esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados, se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução. Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injeção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha. Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado. O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele um dia se cansar.

SAUDADE -

Muitas vezes, as lembranças da infância, as lembranças de amores passados ou de antigas conquistas profissionais nos levam a experimentar um sentimento chamado de nostalgia. Nostalgia é um sentimento muitas vezes definido como tristeza, uma tristeza causada por saudade ou falta de algo. A nostalgia refere-se a uma situação passada, real ou criada por nós, sentida como um desejo não totalmente realizado. Sentir nostalgia é como sonhar acordado. Não se trata de uma simples recordação, mas de uma lembrança idealizada sobre o que não temos neste momento, misturada a um sentimento de falta, falta de algo perdido, desperdiçado ou roubado. Por exemplo, uma mãe pensa nostalgicamente no filho quando ele era criança. Quem sabe essa aparente nostalgia pelo filho pequeno não está mais ligada ao tempo em que ela era jovem e bonita? A nostalgia é benéfica quando não nos afasta demais da situação real passada e das condições atuais. Ela pode ser um impulso para dizermos: ‘se eu tive, poderei ter de novo’. Por outro lado, será prejudicial se nos deixar completamente ligados ao passado. Um pouco de sonho nostálgico é bom, mas não se afunde nele. Toque para frente, porque atrás vem vida. Momentos de PERDA – de familiares, amigos ou materiais – podem levar muitas vezes a estados nostálgicos ou depressivos. As situações felizes, por sua vez, também podem evocar sentimentos de nostalgia, pois sempre haveria algo a ser acrescentado ou a completar o cenário. Neste caso, esses sentimentos podem servir de estímulo para buscar de novo o que se deseja. Por exemplo, se a pessoa amou alguém algum dia, poderá amar novamente. O grau de arrebatamento dependerá do desenvolvimento emocional de cada pessoa para entrar no passado amado e conseguir voltar ao presente. O curioso é que a nostalgia também pode ser sentida coletivamente. O casamento de uma princesa, por exemplo, poderá estimular muitas fantasias nostálgicas, seja de algo vivido ou não; do anel, do vestido ou do futuro da princesa. Tomemos como exemplo, as músicas nostálgicas do compositor Chico Buarque, escritas quando ele estava exilado. Essas canções eram rapidamente assimiladas por um grande número de pessoas, porque as remetia a situações felizes e distantes. Assim como a música, as artes, a moda, o design e tantas outras atividades criativas são frequentemente tomadas por ondas nostálgicas. Os espaços artísticos são propícios para sublimar nossas frustrações e, assim, tolerá-las. As artes são alternativas para se buscar a digestão de uma dor. Portanto, poderíamos dizer que a nostalgia benéfica é a arte da nossa mente. Por meio dela, tentamos idealizar uma situação feliz, vivida ou não, para sublimar e dissipar nossas dores, encontrando força para trilhar novos caminhos. Na época do Natal é comum querer estar com a família, com os amigos, lembrar o que passou. E aí, não tem jeito. O mais humano dos sentimentos chega sem avisar: a saudade. Mas quem disse que saudade é sentimento que só dói? Pode ser uma lembrança boa, um motivo para seguir adiante, inspiração. Tem coisa melhor? A saudade é um sentimento plural. Tem a saudade que dói e a que traz de volta as boas lembranças. A saudade é também torrente de paixão, essa emoção diferente que inspira poetas, compositores, namorados, gente de todas as idades. E você, do que tem saudade? Para o psicanalista Joel Birman, saudade pode até ser triste, mas é um sentimento positivo, que estimula a memória e a sensibilidade. “Não dá para viver sem saudade. A saudade é inspiradora, criativa. Não podemos pensar que a saudade é um sentimento do mal. O sentimento complicado é a perda que vira depressão, melancolia, drama. Há uma dimensão alegre na saudade”, afirma. Na verdade, nós vivemos três tempos: presente, passado e futuro. Mas o que bate mais é a saudade do passado. Até os amores perdidos ficam mais bonitos no passado. Saudade é uma espécie de lembrança nostálgica, lembrança carinhosa de um bem especial que está ausente acompanhado de um desejo de revê-lo ou possuí-lo. Rui Barbosa define saudade e ao mesmo tempo tece uma crítica à sociedade do seu tempo, quando diz: "A todo o momento uma saudade revive em nosso coração para torturá-lo. Aqui uma cadeira, o guarda-chuva deixado na sala de espera, seu copo que a criada deixou de retirar! E em todos os cômodos encontram-se coisas esparsas: suas tesouras, uma luva, um livro cujas folhas foram viradas por seus dedos, um grande número de pequenas coisas que assumem um significado doloroso, porque lembram mil pequenos acontecimentos." "Eu tenho saudade do que não vivi. Tenho saudade de lugares onde não fui e de pessoas que não conheci. Tenho saudade de uma época que não vivenciei, lembranças de um tempo que mesmo sem fazer parte do meu passado, marcou presença e deixou legado. Esse tempo, onde a palavra valia mais do que um contrato, onde a decência era reconhecida pelo olhar, onde as pessoas não tinham vergonha da honestidade, onde a justiça cega não se vendia nem esmolava, onde rir não era apenas um direito do rei..." O cronista Rubem Alves diz que a saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar. A escritora Marta Medeiros diz que saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos,não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento,não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Muito antes de existir a palavra “saudade”, São Tomás de Aquino falou de um sentimento que é a dor que nasce do amor e que, como ele, causa prazer ao ser sentida. Considerada por muitos como propriedade única da língua portuguesa, a saudade situa-se entre a melancolia e a esperança... O amor em sua forma mais concisa realmente causa um misto de dor e prazer. Mas, não estamos neste momento para falar dele e sim da falta dele. A saudade se situa entre a nebulosa região da perda do que já se foi e a ausência do que ainda não é. Por inúmeros e incontáveis motivos sentimos saudade. Às vezes nos pegamos saudosistas ou mesmo melancólicos, sentindo saudade da própria saudade. Conduzir esta importante expressão língua portuguesa por caminhos que acreditamos serem os corretos nem sempre é fácil. Por muitas vezes o caminho é tão longo e tortuoso que nem mesmo a saudade nos acompanha. Depois de um tempo, acredito que a saudade cede seu espaço, ou seja, pende para o lado mais “magnético”, para usar a analogia do pêndulo. Saudade é um sentimento importante mas, como a solidão, deveríamos nos beneficiar dela e não sermos consumidos por ela. Em muitos casos, descobrimos pessoas que se dizem tomadas pela saudade, quando na verdade não se trata de saudade, mas melancolia e a melancolia é o prazer usufruído através da tristeza. É freqüente a confusão que fazemos entre saudade, melancolia e depressão. Não esqueçamos que depressão é uma espécie de labirinto, com causas e conseqüências mais profundas. “Saudade é uma dor que fere nos dois mundos.”, diz Chico Xavier e isso nos faz lembrar a saudade que sentimos quando alguém de quem muito gostamos é transferido para o mundo espiritual. Quando morre alguém, sentimo-nos todos tomados por um sentimento de perda e dor. É natural, gostamos da pessoa e desejamos que continue vivendo conosco. Mas, a morte é a única certeza da vida e está enquadrada nos acontecimentos normais da existência de todo mundo. A todo instante, partem jovens e velhos, sadios e enfermos... A nossa dor é maior porque pouco sabemos a respeito da morte. Se nos preparássemos e tivéssemos conhecimento suficiente a respeito, não sofreríamos tanto porque alimentaríamos a esperança de que um dia o reencontro acontecerá entre nós e aqueles que nos precederam ao mundo dos espíritos sem a vestimenta de carne. Aprenderíamos que a morte é apenas a vida que se transfere; que se apaga aqui para acender em outra dimensão. Dizem as escrituras sagradas: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. Saberíamos, por exemplo, que a fé desempenha, nesse momento, um papel relevante, porque oferece a convicção de que, cessados os fenômenos pertinentes à matéria, o Espírito liberta-se, feliz, se acontece após haver cumprido os seus deveres em relação a si mesmo, ao seu próximo e a Deus. A importância do Espiritismo em nossas vidas não é porque se trata de mais uma religião ou porque queremos ter mais adeptos, mas porque, em virtude de não possuirmos dogmas, cerimoniais ou liturgias na Doutrina Espírita, não temos nenhum procedimento estabelecido para a preparação de alguém para a morte. Procuramos sim nos conscientizar, elucidando que a morte (ou desencarnação) é inevitável, porque virá no momento próprio, e, desse modo, é válido preparar-se para a sua ocorrência, que é preciso mesmo aprender a morrer. Aprendemos, por exemplo, a respeito do despertar no Além-Túmulo, quando a consciência adquire a sua plena lucidez, sugerindo que sejam tomadas desde então, providências que evitem o remorso, a culpa, a amargura. Aprendemos que sentir saudade é humano, mas o desespero causado pela ausência de um ente-querido que morreu só vai prejudicá-lo em seu período de tratamento para adquirir serenidade diante da nova vida em que se encontra. Muitas pessoas que foram privadas da presença de um filho, por exemplo, experimentam uma espécie de culpa por ainda estar vivo, como se fosse culpado por não ter evitado a partida do filho. E para compensar a dor da perda e do remorso, entrega-se a um processo de sofrimento que dura anos, como se assim apaziguasse esses sentimentos. Ah se mais soubéssemos a respeito da vida! Da vida que prossegue depois do túmulo, da vida que é única e que aqui é apenas uma espécie de estágio, de onde fatalmente sairemos todos, mais cedo ou mais tarde. Mães, pais, irmãos, amigos, tranquilizem seus corações e enviem, pelo pensamento, sentimentos de paz e serenidade para aqueles que partiram antes de vocês. A prece, a oração é o melhor recurso de que dispomos para comunicarmos a eles a nossa saudade e a dor de sua ausência. Mas sem desespero. Com a certeza de que o reencontro, mais cedo ou mais tarde, acontecerá.