domingo, 30 de março de 2014

AH SE EU SOUBESSE ! - Hugo Lapa

Quando chegamos no plano espiritual, a maioria dos espíritos pensa algo muito parecido: - Ah se eu soubesse… Se eu soubesse que a vida real não era na matéria… se eu soubesse que a realidade não é de sofrimento, mas de paz e liberdade… Se eu soubesse que nada que existia na matéria é permanente, que lá é tudo passageiro, eu não teria brigado no trânsito, batido nos meus filhos, me apegado a tantas coisas passageiras… Ah se eu soubesse…. teria ajudado muito mais gente, teria me enriquecido com amor e luz, teria deixado de lado esses problemas pequenininhos, teria feito caridade aos necessitados, teria deixado o amor fluir, teria me atirado no bem sem nenhuma preocupação, teria sido mais humilde, teria vivido em paz… Ah se eu soubesse… teria passado mais tempo com aqueles que amo, teria me preocupado menos, teria tido mais paciência, teria me soltado mais, me desprendido mais, teria vivido mais livre, de forma mais espontânea, mais natural, teria visto o lado bom de tudo, teria valorizado as coisas simples da vida. Ah se eu soubesse… se soubesse que a vida na Terra vai e vem, que tudo se esvai, que nada é permanente, que não existe algo fixo, imutável. Se eu soubesse que tudo começa e termina, que os relacionamentos começam e terminam, que a dor lateja e depois vem o alívio. Ah se eu soubesse… se soubesse que os arrogantes sobem, ficam no topo e caem por si mesmos; caem pelo seu próprio castelo de cartas da ilusão que criaram. Se eu soubesse que os ricos podem se tornar pobres de espírito, e que os pobres podem ser muito ricos de espírito. Se soubesse que as diferenças sociais se extinguem, que na morte todos somos filhos do universo, que a fome é saciada, que a sede é aliviada, que a violência só traz mais violência, que os injustiçados são compensados, que os perdidos sempre se encontram, e quem está demasiadamente seguro de si acaba se perdendo. Ah se eu soubesse… que a vida espiritual é a vida real, que as mágoas corroem o espírito, que a cobiça gera insatisfação, que a lisonja só cria humilhação, que a preguiça gera estagnação. Se eu soubesse que o medo é sempre maior do que a mente engendrou eu teria me arriscado mais, teria ousado, teria tido a coragem de ser o que eu sou, teria retirado aquela máscara que encobria minha verdade, teria desatado o compromisso com trapaça, com a enganação, teria assumido minha integridade sem divisões, sem fragmentos. Ah se eu soubesse… não teria cortejado o sucesso, não teria me atirado ao poço fundo, vazio e solitário da avidez, não teria me enganado de que, ao atingir o topo, a descida é o único caminho. Se eu soubesse que o mundo é uma doce miragem, uma ilusão, eu rejeitaria a pueril busca pela sensualidade. Largaria com afinco os prazeres e vícios da juventude. Se soubesse que tudo muda e nada se encerra, teria posto de lado as moléstias da nostalgia. Ah se eu soubesse, teria menos pressa, olharia mais para a vida, veria mais o nascer do dia, comeria com calma o pão de cada manhã, teria plantado uma árvore, corrido no jardim, deitado no chão e rolado na grama. Teria mergulhado e me perdido no tempo, solto em reflexões sobre os mistérios da vida. Teria me desimpedido de auto cobranças, teria me aceitado como sou e aceitado o milagre da vida como ela é. Ah se eu soubesse… que o mar espiritual é infinito de bênçãos, não teria digladiado por um copo de água ao lado do grandioso oceano da plenitude. Teria deixado todas as fantasias de lado, e vivido mais a vida, a existência, o cosmos, a liberdade, o eterno presente e a eterna aurora. Ah se eu soubesse... teria renunciado aos hábitos arraigados, as discussões estéreis, a especulação teórica. Se eu soubesse, teria permanecido mais na natureza, observando os pássaros, molhando as mãos no rio, sentindo o vento, me aquecendo ao sol da manhã, sujado as mãos na lama e sentido o frescor da chuva. Se eu soubesse que sou um ser em desenvolvimento na essência inesgotável e eterna da vida, teria sido infinitamente mais livre e mais feliz.

CONHECER-SE PARA AMAR-SE -

Uma coisa muito freqüente que acontece a muitas pessoas é valorizar demais tudo o que as pessoas dizem ou fazem. Valorizam de tal maneira a dar excessivo crédito a tudo que elas dizem ou fazem. Na vida cotidiana você tem contato com muita gente e acontece que as pessoas, na sua grande maioria usam máscaras, inclusive você. Afinal de contas são tantos papeis e personagens na vida, você é filho(a), mãe/pai, estudante, profissional, trabalhador, amante, amigo, companheiro e muitas vezes só não é conhecido de si mesmo. Se fragmenta entre tantas personas, ou máscaras, que muitas vezes, nada sabe de você, quem é este você, além destes papeis. Por não conhecer-se, sente, então, um vazio, uma espécie de buraco dentro do peito, aquele aperto no coração. E, muitas vezes, você tem tudo, mas parece que tudo falta. Pois é, a verdade é que falta você dentro de você. Quando não se tem ou se perde a conexão, a cumplicidade de nós conosco, vive-se perdido, vulnerável. Parece tão fácil e simples dizer isto. Mas é uma verdade que somente cada um saberá compreender. As pessoas lhe prometem coisas, dizem que lhe adoram, que você é fantástico,que querem ajudá-lo, ficam com você algum tempo, e quando você pensa que sempre terá esta energia, as pessoas mudam, algumas até fingem que não o vêem. Acorde, não espere nada de ninguém, seja sempre mais você... Isto não é um simples conselho, é essencial que assim aja. Afinal, cada um tem suas necessidades e problemas, portanto supra as suas carências, se importando com você, sendo seu próprio amigo, conselheiro, consultor, ficando do seu próprio lado, sem se punir, sem se massacrar interiormente achando que os outros sempre têm razão. Os outros se importam com eles mesmos em primeiro lugar, e você, em que lugar se coloca? Isto não significa que não tenha amizades. Mas precisa avaliar que tipo de amizade está alimentando? Fofoqueiros, interesseiros e vampiros sugadores de energia? Fique mais atento a isto... Amizades apenas para não se sentir sozinho significa apenas um ajuntamento de pessoas que se resume a número. Amar todo mundo é amar ninguém, não é verdade? Para você se sentir em você, ou seja, sentir você dentro de você, se escutar, dialogar consigo mesmo, é essencial que se conheça. Afinal, quem é você? Como você se sente agora? Não sabe? Então, comece a se observar, observando suas reações, seus pensamentos, tudo que sente... Pare um tempo para focar em você, no seu interior, isto se chama meditar, e é simples, desligue o aparelho de televisão, o computador, o celular e fique alguns minutos num lugar calmo, só você com você, não ligue para os pensamentos: deixe-os vir, afaste-os, foco na respiração... sinta esse bem estar interior que surge quando você se permite soltar, sinta a leveza do ser, de ser... você! Observe os sentimentos que existem em você e que você está sempre tentando negar. Isto acontece com muitos de nós. Tentamos negar a existência de sentimentos negativos como a raiva, o ódio, o ressentimento e o desejo de vingança. Precisamos deixar de lado a hipocrisia do faz de conta de que não sentimos determinadas emoções. A tão desejada paz interior só acontecerá quando deixarmos de negar o que circula na nossa própria vida. Negar os próprios sentimentos, sejam eles quais forem, é declarar uma guerra consigo mesmo. E aí a paz nunca será possível. O mais importante é a percepção constante e ativa sobre o que mais nos consome ou desgasta; assim como o que nos gera crescimento e sabedoria. Precisamos nos conhecer e mais interessante na questão do autoconhecimento é que, ao mesmo tempo em que se trata de uma busca essencialmente individual, o espelho de nossa alma só será revelado nos relacionamentos que efetuarmos. A solidão pode ser uma etapa de reflexão, mas também algo gerador de imensa tristeza e dormência para o sujeito, sobretudo a solidão prolongada. Cada ser humano carrega potencial e, ao mesmo tempo, um número de dificuldades ou bloqueios que impedem o fluir de determinadas emoções ou etapas que potencializem a evolução da pessoa; então a sabedoria é não amplificar a carga histórica das nossas experiências desagradáveis. A busca pelo autoconhecimento vai nos levar, de alguma forma, a um sentimento de misericórdia para consigo mesmo, o que poderá aplacar todas as conseqüências negativas do stress e ansiedade. Vivemos mais mergulhados no passado e na expectativa do futuro do que mesmo no presente. E aí, o presente se torna apenas em espera, ansiedade e sofrimento, Por vivermos desligados de nós mesmos e, às vezes, em inteiro desconhecimento de quem somos, quase nunca conseguimos encarar ou atinar para o problema que nos aflige: ou é uma saudade corrosiva de algo ou alguém que perdemos, ou um desejo de segurança e retenção de algo que nos dá prazer, mas ao mesmo tempo sabendo que um dia irá cessar. Infelizmente repetimos a todo tempo experiências negativas e desagradáveis, e nos tornamos escravos de relacionamentos doentios. Quais são as razões que nos fazem aproximar-nos de outras pessoas? Entre outras, podemos citar medo da solidão, interesses, medo de ser enquadrados em conceitos, vazio. O amor não acontece com freqüência porque não fomos educados para ele. Geralmente o que buscamos no outro é a realização ou concretização do companheiro idealizado, imaginário, da fantasia. O amor é o sentimento que acontece quando o outro toca nosso coração, quando sua mão é capaz de aquecer nossa alma. Não é fácil e muitos são os que passam toda uma vida nessa busca. Há pessoas que não gostam de viver e conhecer a si mesmo vai nos permitir descobrir o por quê não gostamos de viver, e as conseqüências dessa resposta em nosso cotidiano. Que frutos ou lucros tem a pessoa que conhece a si mesma? O primeiro deles é a realização que levará essa pessoa a ser mestre de si mesma e, consequentemente, a não viver sob o comando de quem quer que seja que se atreva a ser “o capitão do seu barco ou o mestre de sua alma”. Observem ao seu redor como há milhares de pessoas que buscam templos, igrejas e sociedades motivados pelo desespero de não saber como conduzir suas vidas. E aí se transformam em presas fáceis de exploradores inesclupulosos que passam a aproveitar-se de sua ignorância, fruto de sua cegueira em relação a si mesmas e, consequentemente, ao mundo em torno de si mesmas. Muitos buscam esses lugares motivados pela dor da angústia de se sentirem perdidos e acuados por conviver com alguém quase completamente estranho: ele mesmo. Nunca devemos esquecer, em momento algum, que nada, nem ninguém, deve conduzir o nosso barco da vida, nem tão pouco ser tido como a salvação de nossa alma. Uma segunda vantagem é, em consequência de conhecer-se, tornar-se uma pessoa melhor. Partamos do fato inicial de que só pode melhorar o que se conhece. Como poderei iniciar uma reforma em mim, se nem ao menos tenho conhecimento de quem sou, de que qualidades e limitações ou defeitos sou dotado? Como você poderá iniciar uma reforma na casa em que mora, se ao menos conhece os pontos que essa casa precisa ser melhorada, ou reformada? Uma outra vantagem do autoconhecimento é que ele nos dá a possibilidade de sabermos reagir adequadamente, de forma correta, em momentos oportunos, diante de certas dificuldades que a vida nos impõe. Todos nós gostaríamos de voltar ao passado para resolver certos conflitos que ficaram pendentes ou consertar certas atitudes que nos colocaram em conflito pessoal e que, naquele momento, não agimos corretamente ou não soubemos como conduzir-nos diante daquele conflito. O que a realidade nos tem mostrado é que as coisas todas se acabam, apesar de que a nossa relação com elas seja a de alguém que acredita ser elas eternas. E quando observamos essa finitude das coisas e pessoas, o que sobra certamente é a busca inesgotável e inata em todo ser humano por compreensão, independente de sua cultura, neurose ou estado de espírito. Finitude significa dias de existência contados para tudo e para todos. Temos nos contentado com a repetição de atos sem sentido e a indiferença em escolher o melhor para nós mesmos. Caso não aprofundemos nossa busca interna, seremos sempre reféns, prisioneiros, de um estilo de vida imposto por aqueles que não estão nem um pouco preocupados com a nossa felicidade. Ou evoluímos mental e espiritualmente, ou apenas ficaremos com o avanço da medicina em prolongar por mais dez, vinte ou trinta anos alguns prazeres fisiológicos e materiais, mas também será prolongado todo nosso tédio, raiva e consternação perante a inutilidade de estruturas sociais e pessoais que vivemos criticando, mas que somos os maiores responsáveis por sua perpetuação.

segunda-feira, 24 de março de 2014

NINGUÉM É DONO DA SUA FELICIDADE/MORRE LENTAMENTE -

Ninguém é dono da sua felicidade, por isso não entregue a sua alegria, a sua paz, a sua vida nas mãos de ninguém, absolutamente ninguém. Somos livres, não pertencemos a ninguém e não podemos querer ser donos dos desejos, da vontade ou dos sonhos de quem quer que seja. A razão de ser da sua vida é você mesmo. A sua paz interior deve ser a sua meta de vida; quando sentir um vazio na alma, quando acreditar que ainda falta algo, mesmo tendo tudo, remeta o seu pensamento para os seus desejos mais íntimos e busque a divindade que existe dentro de si. Pare de procurar a sua felicidade cada dia mais longe. Não tenha objetivos longe demais das suas mãos, abrace aqueles que estão ao seu alcance hoje. Se está desesperado devido a problemas financeiros, amorosos ou de relacionamentos familiares, busque no seu interior a resposta para se acalmar, você é o reflexo do que pensa diariamente. Pare de pensar mal de si mesmo, e seja o seu próprio melhor amigo, sempre. Sorrir significa aprovar, aceitar, felicitar. Então abra um sorriso de aprovação para o mundo, que tem o melhor para lhe oferecer. Com um sorriso, as pessoas terão melhor impressão sua, e você estará afirmando para si mesmo, que está "pronto"para ser feliz. Trabalhe, trabalhe muito a seu favor. Pare de esperar que a felicidade chegue sem trabalho. Pare de exigir das pessoas aquilo que nem você conquistou ainda. Agradeça tudo aquilo que está na sua vida, neste momento, incluindo nessa gratidão, a dor. A nossa compreensão do universo ainda é muito pequena, para julgarmos o que quer que seja na nossa vida. Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições. Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece. Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto especo em uma vida. Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatem brilho nos olhos, sorrisos e soluções, coração aos tropeços, sentimentos. Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos. Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo. Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar. Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino : então um governo omisso pode matar, lentamente, uma boa parcela da população. Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece, e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar. Celebrar a vida significa vivê-la de forma plena, prazerosa e com entusiasmo. Significa fazer tudo o que pudermos com amor e tranqüilidade e deixarmos de lado todas as coisas que não podemos controlar. Significa dar valor ao que ela é, em vez de lamentar o que ela não é. Significa estar totalmente presente em cada momento presente e deixar de lado o passado e o futuro. Celebrar a vida quer simplesmente dizer reconhecê-la, abraçá-la e vivê-la – não importa quais sejam nossas condições físicas.

LIDAR COM AS EMOÇÕES -

Não devemos lutar contra nossas emoções, mesmo aquelas denominadas prejudiciais. Em vez de lutar contra elas, precisamos fazer esforço para desviar-nos da ocorrência daquilo que possa significar danos em relação a nós mesmos ou a outrem. Inevitavelmente, ocorrem momentos em que as emoções nocivas se tornam volumosas. A indisciplina mental e de comportamento abrem-lhe espaços para que se expandam. No entanto, a vigilância, ao lado do desejo de evitar-se danos morais, oferece recurso para impedir suas sucessivas consequências infelizes. Nem sempre é possível que possamos evitar acontecimentos que desencadeiam emoções violentas. Podemos, no entanto, equilibrar o curso de sua explosão e o direcionamento dos seus efeitos. Raramente alguém é capaz de permanecer emocionalmente neutro em uma situação conflitiva, especialmente quando o seu ego é atingido. Irrompe, automaticamente, a hostilidade, em forma de autodefesa, de acusação defensiva, de revide... É necessário que você tenha um super controle emocional para, diante de uma agressão, por exemplo, manter-se sereno e não reagir. Podemos, no entanto, evitar que se expanda o sentimento hostil, administrando as reações que produz, mediante o exercício e hábito de respeitar o próximo, de tê-lo em trânsito pelo nível de sua consciência, se em fase primária ou desenvolvida. Torna-se fácil, desse modo, superar o primeiro impacto e corrigir-se o rumo daquele que se transformou devido a uma emoção de ira ou de raiva. Se você toma consciência de si mesmo, dos valores que lhe caracterizam, das possibilidades de que dispõe, é possível exercer um controle sobre as suas emoções, evitando que as perniciosas se manifestem ante qualquer motivação e as edificantes sejam equilibradas, impedindo os excessos que sempre são prejudiciais. Quando são cultivadas as reminiscências das emoções danosas, há mais facilidade para que outras se expressem ante qualquer circunstância desagradável. Como não se pode nem se deve viver de experiências vividas, o ideal é diluir-se em novas experiências todas aquelas que causaram dor e hostilidade. Isso é possível, mediante o cultivo de pensamentos de paz e de solidariedade, criando um campo mental de harmonia, capaz de manifestar-se por automatismo diante de qualquer ocorrência geradora de aflição. Gandhi afirmava que não se deve matar o indivíduo hostil, mas matar a hostilidade nesse indivíduo, o que correspondente ao comportamento pacífico encarregado de desarmar o ato agressivo de quem se faz adversário. Eis porque a resistência passiva consegue os resultados excelentes da harmonia. Provavelmente, o outro, o inimigo, não entenderá de momento a não-violência daquele a quem aflige, mas isso não é importante, sendo valioso para aquele que assim procede, porque não permite que a perturbação de fora alcance o país da sua tranquilidade interior. A problemática apresenta-se como necessidade de eliminar os sentimentos negativos, o que não é fácil, tornando-se mais eficiente diluí-los mediante outros sentimentos de natureza harmônica e saudável. Acredita-se que a suspensão da angústia, da ansiedade, da raiva proporciona felicidade. Não será com o desaparecimento de um tipo de emoção que se desfrutará imediatamente de outra. A questão deve ser colocada de maneira mais segura, trabalhando-se, sim, pela eliminação das emoções perturbadoras, porém, ao mesmo tempo, cultivando-se e desenvolvendo-se aquelas que são saudáveis e prazenteiras. Não se torna suficiente, portanto, libertar-se daquilo que gera mal-estar e produz decepção, mas agir de maneira correta, a fim de que se consiga alegria e estímulo para uma vida produtiva. Viver por viver é fenômeno biológico, automático; no entanto, é imprescindível viver-se em paz, bem viver-se, ao invés do tradicional conceito de viver de bem com tudo e com todos, apoiado em reservas financeiras e em posições relevantes, sempre transitórias. Pensa-se que é uma grande conquista não se fazer o mal a ninguém. Sem dúvida que se trata de um passo avançado, entretanto é indispensável fazer-se o bem, promover-se o cidadão, a cultura, a sociedade, ao mesmo tempo elevando-se moralmente. Quando se está com a emoção direcionada ao bem e à evolução moral, o pensamento torna-se edificante e tudo concorre para a ampliação do sentimento nobre. O inverso também ocorre, porquanto o direcionamento negativo, as suspeitas que se acolhem, a hostilidade gratuita que se desenvolve contribuem para que o indivíduo permaneça armado, porque sempre se considera desarmado. Mediante o cultivo das emoções positivas, aclara-se a percepção da verdade, das atitudes gentis, dos sentimentos solidários, enquanto que a constância das emoções prejudiciais faculta a distorção da óptica em torno dos acontecimentos, gerando sempre mau humor, indisposição e malquerença. Quando se alcançar o amor altruísta, haverá o sentimento da real fraternidade e o equilíbrio real no ser em busca de si mesmo e de Deus.

domingo, 16 de março de 2014

SE NÃO QUISER ADOECER... - Dr. Dráuzio Varela

Se não quiser adoecer - "Fale de seus sentimentos" Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças como: gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna.. Com o tempo a repressão dos sentimentos degenera até em câncer. Então vamos desabafar, confidenciar, partilhar nossa intimidade, nossos segredos, nossos pecados. O diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e excelente terapia.. Se não quiser adoecer - "Tome decisão" A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia. A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões. A história humana é feita de decisões. Para decidir é preciso saber renunciar, saber perder vantagem e valores para ganhar outros. As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele. Se não quiser adoecer - "Busque soluções" Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas. Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo. Melhor é acender o fósforo que lamentar a escuridão. Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce existe. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença. Se não quiser adoecer - "Não viva de aparências" Quem esconde a realidade finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que está bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho etc., está acumulando toneladas de peso... uma estátua de bronze, mas com pés de barro. Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor. Se não quiser adoecer - "Aceite-se" A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável. Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores. Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia. Se não quiser adoecer - "Confie" Quem não confia, não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria liames profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras. Sem confiança, não há relacionamento. A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus. Se não quiser adoecer - "Não viva SEMPRE triste!" O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive. "O bom humor nos salva das mãos do doutor". Alegria é saúde e terapia.

NOSSAS EMOÇÕES -

Sabe por que você, eu e todas as pessoas do mundo sofremos, por qualquer que seja o motivo, às vezes por motivos muito pequenos? Simplesmente porque resistimos, nos rebelamos e travamos uma luta contra o que está acontecendo e que não tem nos agradado!Na maioria das vezes nem sabemos o que realmente queremos. Ou seja, não aceitamos a vida como ela está se mostrando num determinado momento. Não aceitamos o fluxo natural da vida e passamos a investir pensamentos, sentimentos e emoções, e muitas vezes também palavras e ações, pra revelar nossa imensa insatisfação e indignação diante do acontecimento que está em desacordo com a nossa vontade. E você poderia até se justificar dizendo que faz isso porque não é acomodado, porque luta por aquilo que quer e porque acredita que quem não faz nada para mudar o que não está bom, é covarde, derrotado e fraco. Compreendo seu ponto de vista e tenho certeza de que parte do seu argumento faz sentido. Mas explico: existe uma enorme diferença entre fazer o seu melhor e tentar tudo o que for possível (sem desrespeitar o limite do outro, claro!) para conseguir o que deseja e... não saber reconhecer a hora de parar e confiar no Universo, a hora de deixar a vida seguir seu curso... Porque, no final das contas, é isso que se chama FÉ! Ou seja, confiar, entregar-se ao ritmo da vida sem ficar contestando, brigando, resistindo, tentando se convencer ou convencer o outro de que as coisas deveriam ser diferentes! Não deveriam!!! Se devessem, simplesmente seriam diferentes! O fato é que nem você e nem ninguém tem controle sobre o mundo, sobre outra pessoa e, muitas vezes, nem sobre a própria vida. Nosso "controle" é parcial, é limitado, vai somente até onde estamos conscientes; e, acredite: a grande maioria de nós está bem pouco consciente diante de tudo o que existe ao nosso redor! Podemos decidir muitas coisas, podemos e devemos fazer escolhas a todo momento, mas tudo isso tem influência sobre os resultados até certo ponto. Somos apenas uma pequena parte do todo e, por isso, vivemos também sob a influência do imponderável, do inexplicável, do invisível e até do impensável. Ou seja, vivemos sob as demandas do incontrolável. E isso significa dizer que, muitas vezes, depois de já ter tentado tudo o que podia, depois de ter feito o melhor que conseguia, não haverá mais nada que você possa fazer para mudar uma situação senão aceitá-la exatamente como ela é, senão confiar na sabedoria da vida e acreditar que o que tiver de ser, será! Que o melhor pode estar por vir se você realmente estiver disposto a aprender, a não repetir os mesmos erros e a, sobretudo, se perdoar pelo que não conseguiu acertar desta vez! E quando você consegue fazer isso, quando consegue respirar fundo e simplesmente confiar, é inacreditável como você relaxa e tudo começa a fazer mais sentido, tudo começa a ficar mais fácil do que tem sido... Ou seja, o sofrimento começa a diminuir, a dor começa a passar e você termina descobrindo que nada é por acaso mesmo! Especialmente quando o assunto é dor de amor, sofrimento por alguma frustração ou desilusão amorosa, a gente costuma acreditar que nunca vai passar, ou que vai demorar mais do que podemos suportar, ou ainda que as consequências serão desastrosas, como nunca mais confiar em ninguém, nunca mais se entregar ou nunca mais sequer se relacionar. Mas, embora o tempo tenha seus segredos e poderes, há algo que você pode fazer agora para diminuir seu sofrimento, pra sentir essa dor sumir pouco a pouco. E isso é aceitar, confiar, entregar-se ao ritmo da vida, deixar-se levar com o fluxo do Universo e viver um dia de cada vez, sem fazer tantos planos, sem investir tantos pensamentos e tanta energia nesse acontecimento com o qual você não concorda! Apenas o agora, apenas este momento. E verá, surpreendido, que é bem mais fácil viver quando a gente para de brigar e simplesmente acredita que, ao fazer o nosso melhor, o que tiver de ser nosso, será - mais cedo ou mais tarde! Colocamos muito de nossa emoção na nossa maneira de ver o mundo e na maneira como lidamos com os acontecimentos e com as pessoas. A palavra emoção provém do verbo latino emovere, que significa mover ou movimentar, sendo, portanto, qualquer tipo de sentimento que produza na mente algum tipo de movimentação, que tanto pode ser positiva, negativa ou mesmo neutra. O importante na ocorrência do fenômeno da emoção são o seu propósito e as suas consequências. Quando se direciona ao bem-estar, à paz, à alegria de viver e de construir, contribuindo em favor do próximo, temo-la como positiva ou nobre, porque edificante e realizadora. No entanto, se inquieta, estimulando transtorno e ansiedade, conduzindo nossa mente a distúrbios de qualquer natureza, temo-las negativa ou perturbadora, que necessita de orientação e equilíbrio. Os resultados serão analisados pelos efeitos que produzam no indivíduo e naqueles com os quais convive, estabelecendo harmonia ou gerando empecilhos. São as emoções responsáveis pelos crimes hediondos, quando transtornadas, assim como pelas grandes realizações da humanidade, quando direcionadas para os objetivos edificantes do ser. No primeiro caso, desfruta-se de alegria de viver e de produzir o bem, enquanto que, no segundo, proporciona sofrimento e angústia, desespero e consumpção. Para um outro objetivo são necessárias ferramentas específicas, tais como o amor, a bondade, a compaixão, a ira, a cólera, o ódio, o ressentimento, a desonestidade, que levam ao crime e a todas as urdiduras do mal. No primeiro caso, encontramos a nobreza de caráter e dos sentimentos edificantes, enquanto que, no segundo, constatamos a pequenez moral, o primarismo em que se detém o ser humano. As emoções, do ponto de vista psicológico, podem ser agradáveis ou desagradáveis, estabelecendo identidades, tais como aproximação, medo, repugnância e rejeição. O importante no que diz respeito às emoções é o esforço que deve ser desenvolvido a fim de que sejam transformadas as nocivas em úteis. Quando se expressam prejudiciais, o indivíduo tem o dever de trabalhá-las, porque algo em si mesmo não se encontra saudável nem bem orientado. Ao invés de dar expansão às suas tempestades interiores, deve procurar examinar em profundidade a razão pela qual assim se encontra, de imediato tentando alterar-lhes o direcionamento. As emoções têm sua origem nas experiências anteriores do ser, que se permitiu o estabelecimento de paisagens internas de harmonia ou de conflitos.

quarta-feira, 12 de março de 2014

ETERNO - Carlos Drummond de Andrade

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, Mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma Força jamais o resgata. Fácil é ouvir a música que toca. Difícil é ouvir a sua consciência, acenando o tempo todo, Mostrando nossas escolhas erradas. Fácil é ditar regras Difícil é segui-las Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros Fácil é perguntar o que deseja saber Difícil é estar preparado para escutar esta resposta Ou querer entender a resposta Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade. Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria Fácil é dar um beijo. Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar Como você é e te fazer feliz por inteiro. Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica Difícil é ocupar o coração de alguém Saber que se é realmente amado Fácil é sonhar todas as noites Difícil é lutar por um sonho!! Fácil é mentir aos quatro ventos o que Tentamos camuflar Difícil é mentir para o nosso coração Fácil é ver o que queremos enxergar Difícil é saber que nos iludimos com o Que achamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil!! Fácil é dizer “oi” ou “ como vai?” Difícil é dizer “adeus” Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de Nossas vidas ... Fácil é abraçar, apertar as mãos beijar de olhos fechados. Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando Tocamos a pessoa certa. Fácil é querer ser amado Difícil é amar completamente só Amar de verdade, sem ter medo de viver, Sem ter medo do depois. Amar e se entregar e aprender a dar valor somente A quem te ama. Falar é completamente fácil, quando se tem palavras Em mente que expressem sua opinião. Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, O quanto queremos dizer antes que a pessoa se vá ... Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente Algo que já fez muito errado Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir. Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação e Saber o que fazer ou ter coragem pra fazer. Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado Difícil é expressar o teu amor a alguém que realmente te conhece, Te respeita e te entende. E é assim que perdemos pessoas especiais.

CIÚME QUE ENVENENA -

Quem nunca sentiu ciúme em algum momento de sua vida? Pode ser que você não lembre, mas quando criança, as pessoas têm ciúmes dos pais, irmãos e amigos, até que se atinja a maturidade, aí sentimos ciúmes do parceiro e dos filhos. É natural, zelamos pelos nossos entes queridos porque tememos a perda deles. No entanto, o ciúme pode se tornar doentio (patológico) e transformar a vida das pessoas em um verdadeiro inferno. Os ciumentos não precisam de causa para o ciúme: têm ciúme, nada mais. O ciúme é monstro que se gera em si mesmo e de si nasce. Ciúme é "a reação complexa a uma ameaça perceptível a uma relação valiosa ou à sua qualidade." . Provoca o temor da perda e envolve sempre três ou mais pessoas, a pessoa que sente ciúmes - sujeito ativo do ciúme -, a pessoa de quem se sente ciúmes - sujeito analítico do ciúme - e a terceira ou terceiras pessoas que são o motivo dos ciúmes - o que faz criar tumulto. Esse sentimento apresenta caráter instintivo e natural, sendo também marcado pelo medo, real ou irreal, vergonha de se perder o amor da pessoa amada . O ciúme está relacionado com a falta de confiança no outro e/ou em si próprio e, quando é exagerado, pode tornar-se patológico e transformar-se em uma obsessão. A explicação psicológica do ciúme pode ser uma persistência de mecanismos psicológicos infantis, como o apego aos pais que aparece por volta do primeiro ano de vida ou como consequência do Complexo de Édipo não resolvido ; entre os quatro e seis anos de idade, a criança se identifica com o progenitor do mesmo sexo e simultaneamente tem ciúmes dele pela atração que ele exerce sobre o outro membro do casal; já na idade adulta, essas frustrações podem reaparecer sob a forma de uma possessividade em relação ao parceiro, ou mesmo uma paranóia. Nesse tipo de paranóia, a pessoa está convencida, sem motivo justo ou evidente, da infidelidade do parceiro e passa a procurar “evidências” da traição. Nas formas mais exacerbadas, o ciumento passa a exigir do outro coisas que limitam a liberdade deste . Algumas teorias consideram que os casos mais graves podem ser curados através da psicoterapia que passa por um reforço da auto-estima e da valorização da auto-imagem. Outros casos mais leves podem ser tratados através da ajuda do parceiro, estabelecendo-se um diálogo franco e aberto de encontro, com a reflexão sobre o que sentem um pelo outro e sobre tudo o que possa levar a uma melhoria da relação, para que esse aspecto não se torne limitador e perturbador. O que significa que alguém está sofrendo de ciúme patológico? Que tem uma dependência emocional com o outro. O ciumento se torna paranóico e sofre com suas interpretações da realidade que não coincidem com a própria realidade. Sente ansiedade, raiva ou medo o tempo todo, com a possibilidade que seu ente querido deposite seu afeto em uma outra pessoa e produza um deslocamento. No caso de relacionamentos, o psicólogo social Luis Buero afirma: “A presença de uma terceira pessoa real ou imaginária, gera uma situação de alarme e isso é normal, porque do contrário, não haveria interesse no outro. Mas, no geral, as pessoas que preferem que seu parceiro não tenha um relacionamento íntimo com mais ninguém. Quando esse ciúme é acompanhado de um sentimento de insegurança, autocomiseração, hostilidade e depressão, danifica a qualidade de vida dos integrantes do casal e podem ser muito destrutivos. Essas pessoas sentem que se perderem seus parceiros, será terrível, insuportável. Por isso são controladores, vigilantes, asfixiantes, inseguros, depressivos e dependentes. O pacto secreto que constroem é, eu te dou tudo, mas você me dá tudo, senão, será uma pessoa má e deverá ser punido. Disso à violência é um passo e, embora seja mais comum por parte do homem, isso não indica que o ciúme patológico seja mais comum neles.” Todo ciumento, em seu estado de sã consciência, sabe muito bem que de nada adianta esbravejar, brigar, discutir e se corroer por dentro por causa de suas fantasias alucinantes, de seus pensamentos devoradores e de suas loucas ‘certezas’, quase sempre infundadas. Mas de nada lhe adianta saber, porque quando o ciúme chega, toda a razão se esvai. O que impera é uma espécie de lente de aumento, tornando qualquer situação uma grande probabilidade de perda daquilo que se ama. Quando dá por si, lá está ele... esbravejando, brigando, discutindo e se corroendo por dentro por causa de suas fantasias alucinantes, de seus pensamentos devoradores e de suas loucas certezas, muitas vezes infundadas. Difícil explicar o ciúme, porque ele não se baseia em fatos reais, mas no modo como o ciumento interpreta tais fatos. O ciumento parece estar constantemente em alerta, pronto para obter, enfim, a prova de que suas suspeitas estavam certas. É um bom exemplo para o ditado que diz que quem procura, acaba encontrando. Ele está sempre procurando algo que o valide, que dê a ele a sensação – ainda que seja a mais temida e a mais dolorosa – de que realmente estava certo. Se o ciúme te incomoda e te faz mal, certamente está na hora de parar de lutar contra ele, tal qual um Don Quixote lutando contra os moinhos de ventos, e descobrir a ponta do fio da meada; somente assim você conseguirá desatar os nós, entende? Não se trata, portanto, de lutar contra si e seus sentimentos, mas de acolher-se, compreender-se e transformar-se. Afinal, o ciúme nada mais é do que a percepção (ainda que inconsciente) de que não temos garantias e nem controlamos o que o outro sente e pensa. É a certeza de que, por mais que tentemos, nem sempre conseguimos ser o centro dos desejos dele. Mais do que amar o outro, o ciumento quer possuí-lo, considerando que o desejo da posse pode ser exercido de muitas maneiras diferentes. De acordo com as crenças de cada um, a prática e a expressão do ciúme ocorrerão de formas distintas. Vamos descrever alguns tipos de ciumentos, até para elucidar algum desavisado de que o seu sentimento é ciúme, embora ele tente – o tempo todo – garantir que não, dando outros nomes ao que está sentindo, tais como cuidado, respeito, educação, atenção, amor, etc. Ciumento-bicudo: é aquele que, ao ver ou imaginar uma situação em que lhe parece evidente a possibilidade de perder a pessoa amada ou simplesmente deixar de ser o foco de sua total atenção, fecha-se... Ciumento-vingativo: é aquele que, diante dos sentimentos citados acima, comuns a todos os ciumentos, apressa-se em dar... Ciumento-barraqueiro: este tipo é o que não pensa duas vezes antes de sair dando... Ciumento-coitadinho: é o tipo que sempre acredita estar sendo enganado, traído, desconsiderado. Julga o outro e as demais... Como identificar uma pessoa doente de ciúme 1. A pessoa odeia a todos que rodeiam seu parceiro: amigos, colegas, familiares, especialmente do sexo oposto. 2. Revisa com frequência os objetos pessoais do parceiro, como o telefone celular, a carteira, bolsa e perfis nas páginas sociais. Cheira as roupas em busca de um perfume diferente. Tem uma auto estima abaixo do normal, resultado da insegurança e da falta de confiança em si mesmo. 4. Tem uma personalidade dominante, porque quer controlar tudo ao seu redor. Quando não vê o parceiro, sofre porque não pode exercer seu controle. Se chamar por telefone e o outro não atender, a primeira coisa que imagina é que está sendo infiel. 5. Seu ciúme é sempre infundado. Inventa provas para mostrar ao parceiro. Como lidar com o próprio ciúme 1. Lembre sempre de outras vezes que pensou em algo parecido e nada do que temia aconteceu. 2. Avalie a possibilidade de fazer terapia de casais, funciona muito bem, principalmente quando se chega a um extremo irracional. 3. Saia em casal para se divertir com amigos, familiares e colegas para que ambos sintam que participam da vida social do outro. 4. Reflexione sobre a conveniência de seguir pensando assim, com tanto ciúme. 5. Tenha algum hobbie ou esporte para dispersar a mente e recarregar as baterias. Como lidar com o ciúme alheio Dê ao casal os cinco conselhos acima, recomende um bom terapeuta e vá embora. É melhor não se envolver em relacionamentos doentios que podem ser difíceis de sair. A terapia para o ciúme passa pelo autoconhecimento, quando percebemos a fragilidade em nós, e tomamos atitudes práticas de autocontrole, autodisciplina, para erradicá-lo gradualmente da vida. O tratamento também prescreve uma reconquista da auto estima, da confiança em si mesmo, tornando-nos menos sensíveis às investidas cruéis desse vício moral. Finalmente, as ações no bem, que fazem com que a alma se doe e amplie seu leque de relações, também colabora significativamente para educar o sentimento de posse exacerbado e inquieto. O amor não precisa do sal do ciúme para temperar as relações. O sabor de todo relacionamento sadio virá da confiança irrestrita e do altruísmo, que pensa sempre no bem do outro.