quarta-feira, 12 de março de 2014

CIÚME QUE ENVENENA -

Quem nunca sentiu ciúme em algum momento de sua vida? Pode ser que você não lembre, mas quando criança, as pessoas têm ciúmes dos pais, irmãos e amigos, até que se atinja a maturidade, aí sentimos ciúmes do parceiro e dos filhos. É natural, zelamos pelos nossos entes queridos porque tememos a perda deles. No entanto, o ciúme pode se tornar doentio (patológico) e transformar a vida das pessoas em um verdadeiro inferno. Os ciumentos não precisam de causa para o ciúme: têm ciúme, nada mais. O ciúme é monstro que se gera em si mesmo e de si nasce. Ciúme é "a reação complexa a uma ameaça perceptível a uma relação valiosa ou à sua qualidade." . Provoca o temor da perda e envolve sempre três ou mais pessoas, a pessoa que sente ciúmes - sujeito ativo do ciúme -, a pessoa de quem se sente ciúmes - sujeito analítico do ciúme - e a terceira ou terceiras pessoas que são o motivo dos ciúmes - o que faz criar tumulto. Esse sentimento apresenta caráter instintivo e natural, sendo também marcado pelo medo, real ou irreal, vergonha de se perder o amor da pessoa amada . O ciúme está relacionado com a falta de confiança no outro e/ou em si próprio e, quando é exagerado, pode tornar-se patológico e transformar-se em uma obsessão. A explicação psicológica do ciúme pode ser uma persistência de mecanismos psicológicos infantis, como o apego aos pais que aparece por volta do primeiro ano de vida ou como consequência do Complexo de Édipo não resolvido ; entre os quatro e seis anos de idade, a criança se identifica com o progenitor do mesmo sexo e simultaneamente tem ciúmes dele pela atração que ele exerce sobre o outro membro do casal; já na idade adulta, essas frustrações podem reaparecer sob a forma de uma possessividade em relação ao parceiro, ou mesmo uma paranóia. Nesse tipo de paranóia, a pessoa está convencida, sem motivo justo ou evidente, da infidelidade do parceiro e passa a procurar “evidências” da traição. Nas formas mais exacerbadas, o ciumento passa a exigir do outro coisas que limitam a liberdade deste . Algumas teorias consideram que os casos mais graves podem ser curados através da psicoterapia que passa por um reforço da auto-estima e da valorização da auto-imagem. Outros casos mais leves podem ser tratados através da ajuda do parceiro, estabelecendo-se um diálogo franco e aberto de encontro, com a reflexão sobre o que sentem um pelo outro e sobre tudo o que possa levar a uma melhoria da relação, para que esse aspecto não se torne limitador e perturbador. O que significa que alguém está sofrendo de ciúme patológico? Que tem uma dependência emocional com o outro. O ciumento se torna paranóico e sofre com suas interpretações da realidade que não coincidem com a própria realidade. Sente ansiedade, raiva ou medo o tempo todo, com a possibilidade que seu ente querido deposite seu afeto em uma outra pessoa e produza um deslocamento. No caso de relacionamentos, o psicólogo social Luis Buero afirma: “A presença de uma terceira pessoa real ou imaginária, gera uma situação de alarme e isso é normal, porque do contrário, não haveria interesse no outro. Mas, no geral, as pessoas que preferem que seu parceiro não tenha um relacionamento íntimo com mais ninguém. Quando esse ciúme é acompanhado de um sentimento de insegurança, autocomiseração, hostilidade e depressão, danifica a qualidade de vida dos integrantes do casal e podem ser muito destrutivos. Essas pessoas sentem que se perderem seus parceiros, será terrível, insuportável. Por isso são controladores, vigilantes, asfixiantes, inseguros, depressivos e dependentes. O pacto secreto que constroem é, eu te dou tudo, mas você me dá tudo, senão, será uma pessoa má e deverá ser punido. Disso à violência é um passo e, embora seja mais comum por parte do homem, isso não indica que o ciúme patológico seja mais comum neles.” Todo ciumento, em seu estado de sã consciência, sabe muito bem que de nada adianta esbravejar, brigar, discutir e se corroer por dentro por causa de suas fantasias alucinantes, de seus pensamentos devoradores e de suas loucas ‘certezas’, quase sempre infundadas. Mas de nada lhe adianta saber, porque quando o ciúme chega, toda a razão se esvai. O que impera é uma espécie de lente de aumento, tornando qualquer situação uma grande probabilidade de perda daquilo que se ama. Quando dá por si, lá está ele... esbravejando, brigando, discutindo e se corroendo por dentro por causa de suas fantasias alucinantes, de seus pensamentos devoradores e de suas loucas certezas, muitas vezes infundadas. Difícil explicar o ciúme, porque ele não se baseia em fatos reais, mas no modo como o ciumento interpreta tais fatos. O ciumento parece estar constantemente em alerta, pronto para obter, enfim, a prova de que suas suspeitas estavam certas. É um bom exemplo para o ditado que diz que quem procura, acaba encontrando. Ele está sempre procurando algo que o valide, que dê a ele a sensação – ainda que seja a mais temida e a mais dolorosa – de que realmente estava certo. Se o ciúme te incomoda e te faz mal, certamente está na hora de parar de lutar contra ele, tal qual um Don Quixote lutando contra os moinhos de ventos, e descobrir a ponta do fio da meada; somente assim você conseguirá desatar os nós, entende? Não se trata, portanto, de lutar contra si e seus sentimentos, mas de acolher-se, compreender-se e transformar-se. Afinal, o ciúme nada mais é do que a percepção (ainda que inconsciente) de que não temos garantias e nem controlamos o que o outro sente e pensa. É a certeza de que, por mais que tentemos, nem sempre conseguimos ser o centro dos desejos dele. Mais do que amar o outro, o ciumento quer possuí-lo, considerando que o desejo da posse pode ser exercido de muitas maneiras diferentes. De acordo com as crenças de cada um, a prática e a expressão do ciúme ocorrerão de formas distintas. Vamos descrever alguns tipos de ciumentos, até para elucidar algum desavisado de que o seu sentimento é ciúme, embora ele tente – o tempo todo – garantir que não, dando outros nomes ao que está sentindo, tais como cuidado, respeito, educação, atenção, amor, etc. Ciumento-bicudo: é aquele que, ao ver ou imaginar uma situação em que lhe parece evidente a possibilidade de perder a pessoa amada ou simplesmente deixar de ser o foco de sua total atenção, fecha-se... Ciumento-vingativo: é aquele que, diante dos sentimentos citados acima, comuns a todos os ciumentos, apressa-se em dar... Ciumento-barraqueiro: este tipo é o que não pensa duas vezes antes de sair dando... Ciumento-coitadinho: é o tipo que sempre acredita estar sendo enganado, traído, desconsiderado. Julga o outro e as demais... Como identificar uma pessoa doente de ciúme 1. A pessoa odeia a todos que rodeiam seu parceiro: amigos, colegas, familiares, especialmente do sexo oposto. 2. Revisa com frequência os objetos pessoais do parceiro, como o telefone celular, a carteira, bolsa e perfis nas páginas sociais. Cheira as roupas em busca de um perfume diferente. Tem uma auto estima abaixo do normal, resultado da insegurança e da falta de confiança em si mesmo. 4. Tem uma personalidade dominante, porque quer controlar tudo ao seu redor. Quando não vê o parceiro, sofre porque não pode exercer seu controle. Se chamar por telefone e o outro não atender, a primeira coisa que imagina é que está sendo infiel. 5. Seu ciúme é sempre infundado. Inventa provas para mostrar ao parceiro. Como lidar com o próprio ciúme 1. Lembre sempre de outras vezes que pensou em algo parecido e nada do que temia aconteceu. 2. Avalie a possibilidade de fazer terapia de casais, funciona muito bem, principalmente quando se chega a um extremo irracional. 3. Saia em casal para se divertir com amigos, familiares e colegas para que ambos sintam que participam da vida social do outro. 4. Reflexione sobre a conveniência de seguir pensando assim, com tanto ciúme. 5. Tenha algum hobbie ou esporte para dispersar a mente e recarregar as baterias. Como lidar com o ciúme alheio Dê ao casal os cinco conselhos acima, recomende um bom terapeuta e vá embora. É melhor não se envolver em relacionamentos doentios que podem ser difíceis de sair. A terapia para o ciúme passa pelo autoconhecimento, quando percebemos a fragilidade em nós, e tomamos atitudes práticas de autocontrole, autodisciplina, para erradicá-lo gradualmente da vida. O tratamento também prescreve uma reconquista da auto estima, da confiança em si mesmo, tornando-nos menos sensíveis às investidas cruéis desse vício moral. Finalmente, as ações no bem, que fazem com que a alma se doe e amplie seu leque de relações, também colabora significativamente para educar o sentimento de posse exacerbado e inquieto. O amor não precisa do sal do ciúme para temperar as relações. O sabor de todo relacionamento sadio virá da confiança irrestrita e do altruísmo, que pensa sempre no bem do outro.

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