domingo, 26 de maio de 2013

SE EU MORRER ANTES DE VOCÊ - Chico Xavier

Se eu morrer antes de você, faça-me um favor. Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado. Se não quiser chorar, não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, defenda-me. Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam. Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo. Se falarem mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles. Se sentir saudade e desejar orar por mim, pode fazê-lo. Eu talvez precise de oração. Se quiser falar comigo, fale com Jesus e eu ouvirei. Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver. E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase: - "Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis para Deus!" Aí, então, derrame uma lágrima. Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar. E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu. Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus. Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele. E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele. Você acredita nessas coisas? Então ore para que nós dois vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito. Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Mas, se eu morrer antes de você, acho que não vou estranhar o céu... Ser seu amigo já é um pedaço dele...

A MAIOR EXPERIÊNCIA DE PERDA: A MORTE

Dentre as nossas perdas, é a morte de uma pessoa próxima a nossa maior experiência de perda: pode ser de um pai, mãe, filho, irmão, esposo, esposa, etc. É uma perda incomparável. Não há outra a que possamos comparar. Depois do fato, a vida segue seu rumo, como se nada tivesse acontecido e isso nos parece impiedoso. A experiência se assemelha a entrar em um túnel, onde existe um vácuo e só o tempo é capaz de nos trazer alívio para essa dor tão profunda. Só que hoje não temos tempo nem para o luto. Isso não significa que devamos nos entregar à dor e lá ficar. Não é isso... A questão é que é impossível exigir que continuemos a vida como se nada tivesse acontecido. É impossível desvincular o emocional das nossas rotinas diárias. A pressa e o imediatismo da sociedade em que vivemos nos negam tempo para chorar. Ou teremos que chorar a caminho de algum lugar, ou enquanto executamos nosso trabalho. A fase de luto não fácil. Dói, machuca... Não temos tempo para mais nada. Nem para conviver com aqueles que amamos e o que mais agrava é que sabemos, se não sabemos precisamos saber, que um dia seremos nós a morrer. Por isso é muito importante que nos preocupemos com o que andamos fazendo da vida. Fazer o luto ou realizar o trabalho de elaboração simbólica da perda são expressões comuns em Psicologia e Psicanálise. Afinal, o que isso significa realmente? Uma primeira resposta é: adquirir capacidade de processar ou digerir o excesso de sentimentos ligados à perda, e entrar nos processos temporais, humanizando-se. Vamos partir do exemplo de uma criança que perde o pai e sente-se completamente desolada e revoltada. A ansiedade, a culpa e o penar combinados à raiva, à impotência e aos sentimentos de humilhação e desamparo tornam muito difícil aceitar, digerir e modificar os afetos que foram mobilizados. O ferimento da perda precisa ser curado, a ferida precisa ser “pensada”. Os médicos sabem que uma ferida precisa ser “pensada” com remédios e curativos. O analista, médico de feridas afetivas, pode ajudar a transformar alguns afetos, acompanhando a pessoa, escutando-a, dedicando-lhe um tempo, convidando-a a tomar uma certa distância dos acontecimentos em sua brutalidade factual, e desenvolvendo, junto a ela, palavras e pensamentos, a respeito de si e do mundo, que agem como “remédios” da alma. Os afetos transformados não deixam de ser o que são: amor, ódio, inveja, vergonha, culpa etc. Mas tornam-se digeríveis e dão colorido e riqueza à vida psíquica. Pois a dor se modifica quando a pessoa ferida começa a ser escutada com atenção e pode relatar a repercussão dos fatos em seu psiquismo e desenvolver uma interlocução que permite mudar algo na compreensão dos acontecimentos. Algo parece aprofundar-se ou ganhar nuances. Constrói-se uma nova perspectiva dentro do novo enquadramento, algumas coisas se ampliam, outras se reduzem, há um remanejamento de posições e surge um insight, nova visão a respeito dos fatos, construída de forma singular pela pessoa ferida. Essa dor, pensada, é lugar de uma nova criação. Essa criação, por sua vez, ajuda a levar o tratamento um pouco mais adiante: criar é também reparar os estragos reais ou imaginários; criar é também poder agradecer pelo que se recebeu: “de um limão, fez-se a limonada”. A análise caminha no rumo de ampliar a capacidade de o indivíduo reparar criativamente e agradecer. Ou seja, reparação e gratidão são, ao fim e ao cabo, os grandes curadores das doenças da alma. Mas curar as dores psíquicas não é anestesiar-se. Ao contrário, é ampliar as capacidades de suportá-las e transformá-las em benefício de si e dos outros. Quando isso se torna possível, o contato com a dor, em vez de mutilar ou culpabilizar de forma neurótica, torna a pessoa ferida mais capaz de assumir uma posição ativa; ela se vê compelida a descobrir seu jeito próprio de “dar a volta por cima”. A possibilidade de ser ativo, de transforma a dor em algo interessante, faz perder o medo de ser passivo; abre a possibilidade de sentir mais vivacidade e nitidez, e de se entregar a essa experiência nova – a de ser uma espécie de caixa de ressonância sensível para que a própria vida psíquica possa emergir em todas as suas tonalidades.

domingo, 19 de maio de 2013

ENCONTROS E DESENCONTROS DO AMOR - Arthur da Távola

Cada encontro está carregado de perda. Ou de perdas. Às vezes duas pessoas que se amam (amigos, casados, solteiros, amantes, namorados) se encontram e são felizes. Ao fim da felicidade, um deles chora. Ou fica triste. Ou baixa os olhos. Ou é invadido por uma inexplicável melancolia. É a perda que está escondida no deslumbramento de cada encontro. O encontro humano é tão raro que mesmo quando ocorre, vem carregado de todas as experiências de desencontros anteriores. Quando você está perto de alguém e não consegue expressar tudo o que está claro e simples na sua cabeça, você está tendo um desencontro. Aquela pessoa que lhe dá um extremo cansaço de explicar as coisas é alguém com quem você se desencontra. Aquela a quem você admira tanto, que lhe impede de falar, também é um agente de desencontro, por mais encontros que você tenha com as causas da sua admiração por ele. A pessoa que só pensa naquilo em que vai falar e não naquilo que você está dizendo para ela é alguém com quem você se desencontra. Alguém que o ama ou o detesta, sem nunca ter sofrido a seu lado, é alguém desencontrado de você. Cada desencontro é perda porque é a irrealização do que teria sido uma possibilidade de afeto. É a experiência de desencontros que ensina o valor dos raros encontros que a vida permite. A própria vida é uma espécie de ante-sala do grande encontro (com o todo? o nada?). Por isso talvez ele nada mais seja do que uma provocação de desencontros preparatórios da penetração na essência DO SER. Mas por isso ou por aquilo, cada encontro está carregado de perda. E no ato de sentir-se feliz associa-se a idéia do passageiro que é tudo, do amanhã cheio de interrogações, da exceção que aquilo significa. A partir daí, uma tristeza muito particular se instala. A tristeza feliz. Tristeza feliz é a que só surge depois dos encontros verdadeiros, tão raros. Encontros verdadeiros são os que se realizam de ser para ser e não de inteligência para inteligência ou de interesse para interesse. Os encontros verdadeiros prescindem de palavras, eles realizam em cada pessoa, a parte delas que se sublimou, ficou pura, melhor, louca, mas a parte que responde a carências e às certezas anteriores aos fatos. É mais fácil, para quem tem um encontro verdadeiro, acabar triste pela certeza da fluidez da felicidade vivida do que sair cantando a alegria da felicidade vivida ou trocada. Quem se alegra demais se distancia da felicidade. Felicidade está mais próxima da paz que da alegria, do silêncio do que da festa. Felicidade está perto da tristeza, porque a certeza da perda se instala a cada vez que estamos felizes. É esta certeza - a da perda - que provoca aquela lágrima ou aquela angústia que se instala após os verdadeiros encontros. Há sempre uma despedida em cada alegria. Há sempre um "E depois? após cada felicidade. Há sempre uma saudade na hora de cada encontro. Antecipada. Disso só se salva quem se cura, ou seja, quem deixa de estar feliz para ser feliz, quem passa do ESTAR para o SER.

AS PERDAS NOSSAS DE CADA DIA

As nossas perdas! O que temos feito para aprender a conviver com elas? Temos refletido sobre nossas escolhas e temos aprendido que nem sempre elas nos trazem ganhos. Augusto Cury nos diz que “uma pessoa imatura pensa que todas as suas escolhas geram ganhos. Uma pessoa madura sabe que todas as escolhas tem perdas.” As perdas são frequentes em nossas vidas. Começamos a partir do nosso nascimento: perdemos o aconchego do útero materno e os limites da placenta. E, em seguida, começamos a experimentar uma sucessão de perdas, mas não somos preparados para lidar com elas. Mesmo constantes em nossas vidas, temos dificuldade em aceitá-las, o que nos provoca amargura e dor. Muitas vezes, usamos do recurso, ou mecanismo, de compensação para amenizar os danos causados pelas perdas. Há quem, por exemplo, opte pelo consumismo, numa tentativa de preencher o vazio criado pelas perdas: gasta o que não tem e compra o que não precisa. Outros há que, sem nenhuma necessidade, começam a furtar de lojas ou de outros lugares, quando tem oportunidade para isso, numa tentativa de compensação pelo que sofreu por causa de uma perda, sobretudo a perda de alguém muito querido que morreu, ou ainda numa tentativa de preencher o vazio deixado pela perda. A morte de alguém muito próximo muitas vezes nos faz perder a direção. Diz a escritora Lya Luft que “Não queremos perder, nem deveríamos perder: saúde, pessoas, posição, dignidade ou confiança. Mas perder e ganhar faz parte do nosso processo de humanização. Perder, dói! Não adianta dizer NÃO SOFRA, NÃO CHORE; só não podemos ficar parados no tempo chorando nossa dor diante das nossas percas. Com as perdas, só há um jeito: perdê-las. Com os ganhos, o proveito é saborear cada um como uma boa fruta de estação." E aqui precisamos falar da perda maior, quando a morte nos visita. A palavra morte, por si só, já carrega um peso. É a única certeza que temos na vida, a de que todos morreremos um dia. Mas é difícil se preparar para perder alguém. Algumas almas elevadas conseguem lidar bem com as perdas, mas a grande maioria das pessoas não está pronta para ver arrancado de sua vida alguém que ama. A gente sente uma saudade diferente. É uma saudade amarrada pela certeza de que nunca vai passar. É uma saudade que vai ser eterna. A gente apenas se acostuma a conviver com a ausência, mas não esquece, não deixa de sentir falta… as memórias permanecem, o peito aperta em cada lembrança, e só o tempo mesmo para acalmar o coração… A compreensão da morte vai depender da crença religiosa de cada um. Cada um interpreta o ato de morrer de uma forma diferente. Para alguns, voltaremos em uma nova encarnação; para outros, ali acaba a vida…. Teorias não faltam para tentar explicar a morte… Mas o fato é que é difícil perder alguém. Um vazio parece invadir o peito, a sensação de que você não está vivendo aquilo, uma vontade de que seja tudo um sonho, um desespero que a gente não consegue explicar… O descontrole inicial passa, e você cai na real: a pessoa já não está em sua vida, não daquele jeito a que você estava acostumado. Aquela rotina que vocês cumpriam já não existe. Você sempre espera a pessoa chegar naquela hora de costume, mas ninguém bate à porta… No horário do telefonema, ele simplesmente não toca… Ouvir a voz dando bom-dia, ouvir a voz falando qualquer coisa… As fotos trazem lágrimas, você pensa que podia ter feito tanta coisa mais, pensa que podia ter falado tanto mais, pensa que podia ter feito algo diferente, ainda que não tenha feito nada de errado… Enfrentar a morte é um processo que exige tempo para que consigamos lidar melhor com a situação, com a ausência em si… Na primeira experiência, você diz a si mesmo "Eu perdi alguém!" E chega à conclusão de que nunca havia pensado no quanto dói perder alguém.

domingo, 12 de maio de 2013

SORTE E ESCOLHAS BEM FEITAS - TEXTOS DE MARTHA MEDEIROS E RICHARD BACH

Pessoas consideradas inteligentes dizem que a felicidade é uma idiotice, que pessoas felizes não se deprimem, não têm vida interior, não questionam nada, são uns bobos alegres, enfim, que a felicidade anestesia o cérebro. Eu acho justamente o contrário: cultivar a infelicidade é que é uma burrice. O que não falta nessa vida é gente sofrendo pelos mais diversos motivos: ganham mal, não têm um amor, padecem de alguma doença, sei lá, cada um sabe o que lhe dói. Todos trazem uns machucados de estimação, você e eu inclusive. No que me diz respeito, dedico a meus machucados um bom tempo de reflexão, mas não vou fechar a cara, entornar uma garrafa de uísque e me considerar uma grande intelectual só porque reflito sobre a miséria humana. Eu reflito sobre a miséria humana e sou muito feliz, e salve a contradição. Felicidade depende basicamente de duas coisas: sorte e escolhas bem feitas. Tem que ter a sorte de nascer numa família bacana, sorte de ter pais que incentivem a leitura e o esporte, sorte de eles poderem pagar os estudos pra você, sorte por ter saúde. Até aí, conta-se com a providência divina. O resto não é mais da conta do destino: depende das suas escolhas. Os amigos que você faz, se optou por ser honesto ou ser malandro, se valoriza mais a grana do que a sua paz de espírito, se costuma correr atrás ou desistir dos seus projetos, se nas suas relações afetivas você prioriza a beleza ou as afinidades, se reconhece os momentos de dividir e de silenciar, se sabe a hora de trocar de emprego, se sai do país ou fica, se perdoa seu pai ou preserva a mágoa pro resto da vida, esse tipo de coisa. A gente é a soma das nossas decisões, todo mundo sabe. Tem gente que é infeliz porque tem um câncer. E outros são infelizes porque cultivam uma preguiça existencial. Os que têm câncer não têm sorte. Mas os outros, sim, têm a sorte de optar. E estes só continuam infelizes se assim escolherem. Coisas ruins não são o pior que pode nos acontecer. O que de pior pode nos acontecer é NADA. Uma vida fácil nada nos ensina. No fim, é o que aprendemos o que importa: o que aprendemos e como nos desenvolvemos. Traçamos nossas vidas pelo poder de nossas escolhas. Quando nossas escolhas são feitas passivamente, quando não somos nós mesmos que traçamos nossas vidas, nos sentimos frustrados. Uma pequena mudança hoje pode acarretar-nos um amanhã profundamente diferente. São grandes as recompensas para aqueles que têm a coragem de mudar, mas essas recompensas acham-se ocultas pelo tempo. Geramos nossos próprios meios. Obtemos exatamente aquilo pelo que lutamos. Somos responsáveis pela vida que nó próprios criamos. Quem terá a culpa, a quem cabe o louvor, senão a nós mesmos? Quem pode mudar nossas vidas, a qualquer tempo, senão nós mesmos? Deus sabe que isto é verdade!

NOSSAS VIDAS, NOSSAS ESCOLHAS -

Na verdade não existem escolhas erradas; o que acontece é que muitas vezes somos levados a optar por algo que naquele momento nos traz maior prazer. Nestes casos preferimos a satisfação imediata, não nos importando com seus efeito a longo prazo. Hoje, nós vivemos no mundo do imediatismo, onde o que vale é o prazer imediato. De modo geral, não se atenta para o poder da escolha. Ao se decidir por algo, seja no campo profissional ou pessoal, dá-se direção e rumo à vida. Porém, o mais significativo é que normalmente faz-se escolhas quase inconscientes, com um mínimo de reflexão, ou mesmo, sem nenhum questionamento. …Muitos indivíduos ao serem perguntados sobre o que querem na vida, quais suas escolhas, apenas sabem dizer o que não querem na vida. Quando não se sabe o que se quer, não se chega a lugar algum. Escolher é preciso! …Torna-se quase óbvio reforçar a necessidade de garantir a qualidade de tais escolhas. A razão é simples: nós somos as nossas escolhas! O fato de alguém cursar engenharia limitou outras possibilidades naquele momento, como por exemplo, de formar-se dentista e esse fato estará presente pelo resto de sua vida. …Nos dias atuais, uma das palavras mais ouvidas é desafio, Visão, Visão de futuro. Por que a preocupação com a Visão? Simplesmente porque ter uma Visão significa que uma escolha consciente foi feita. A Visão possui o poder de nos colocar em movimento, dá o foco para onde e como concentrar e aplicar as energias. …Desse modo, as tomadas de decisão são fortemente influenciadas pelas escolhas. As escolhas vêem antes do ato de agir no mundo e, se realizadas com base na reflexão, terão maiores chances de nos conduzir ao futuro próspero, mas, se não pensarmos, se não ponderarmos bem, poderão resultar em fracasso. …A carreira profissional com pressões oriundas de todos os lados, bem como a falta de objetividade que a caracteriza hoje, transformou as decisões sobre a carreira um campo de difíceis escolhas. A decisão no início da carreira, ou aos 50 anos, quanto ao rumo que se quer dar à vida profissional, revela-se importantíssima para o sucesso, para a auto-estima e para o aplauso interno – muito dependerá da escolha certa. …No que diz respeito à carreira, a multiplicidade talvez seja a melhor escolha. Uma única versão poderá tornar o profissional inviável, portanto, conhecer suas forças, suas competências e desenvolvê-las ao limite máximo é uma escolha que abre, que gera espaço e não uma escolha que fecha oportunidades, minando a empregabilidade. …Enfim, “viver” é diferente de “ir durando”, implica em escolhas conscientes que arrancam os indivíduos da zona de conforto, incomodam, sendo, por isso e na maioria das vezes, evitadas. Há dois tipos de pessoas na vida – aquelas que sabem o que querem, que fazem suas escolhas e aquelas que deixam a vida decidir por elas. Lembre-se sempre que a escolha é sua! Alguns de nós são mais previdentes; outros são mais imediatistas. Não existe o certo e o errado. O que existe são as diferentes formas de encarar a vida. O que apenas devemos evitar é fazer nossas escolhas movidos pelo desejo de agradar aos outros. Acima de tudo, precisamos estar conscientes de que tudo que fizermos irá afetar principalmente a nós mesmos. Embora todos nós sintamos necessidade de compartilhar nossos pensamentos e emoções, nenhuma pessoa, por mais que ela nos queira bem, poderá viver a nossa vida. Um amigo verdadeiro nem sempre é aquele que impõe suas próprias ideias, mas sim aquele que nos ajuda a desenvolver as nossas próprias ideias. Porque somente seremos autênticos quando tivermos a ousadia de assumir nossas escolhas e as conseqüências que elas possam causar. JESUS CRISTO NOS ACONSELHA “ENTRAI PELA PORTA ESTREITA....” Uma porta constitui passagem necessária em qualquer construção, a separar dois lugares, facultando livre acesso entre eles. A porta estreita e a porta larga pertencem à muralha do tempo, situada à frente de todos nós. A porta estreita revela a escolha espiritual que nos permite marchar no caminho do aperfeiçoamento, com o justo aproveitamento de todas as horas. A porta larga, no entanto, expressa o desequilíbrio interior, que nos leva inevitavelmente à dor da reparação, com lastimáveis perdas de tempo. Aquém da muralha, o passado e o presente. Além da muralha, o futuro e a eternidade. De cá, a sementeira do “hoje”. De lá, a colheita do “amanhã”. A travessia de uma das portas é ação inevitável para todas as criaturas. Porta larga – entrada na ilusão –, saída pelo reajuste... Porta estreita – saído do erro -, entrada na renovação... O momento atual é de escolha da porta, estreita ou larga. Os minutos apresentam valores distintos, conforme atravessemos a muralha, pela porta do serviço e da dificuldade ou através da porta dos caprichos enganadores. Examina e escolhe qual a passagem que eleges por teus atos comuns e diários, na existência que se desenrola, momento a momento. Durante muito tempo temos sido andarilhos do tempo a ir e vir pela porta larga, nos círculos de viciação que forjamos para nós mesmos, enganados pelo poder transitório e pela posse de bens materiais, pela beleza física e pela valorização exagerada do eu.