domingo, 27 de abril de 2014

OS QUE NOS AMAM TAMBÉM NOS MAGOAM -

Às vezes as pessoas que amamos nos magoam, e nada podemos fazer senão continuar nossa jornada com nosso coração machucado. Às vezes nos falta esperança. Às vezes o amor nos machuca profundamente, e vamos nos recuperando muito lentamente dessa ferida tão dolorosa. Às vezes perdemos nossa fé, então descobrimos que precisamos acreditar, tanto quanto precisamos respirar...é nossa razão de existir. Às vezes estamos sem rumo, mas alguém entra em nossa vida, e se torna o nosso destino. Às vezes estamos no meio de centenas de pessoas, e a solidão aperta nosso coração pela falta de uma única pessoa. Às vezes a dor nos faz chorar, nos faz sofrer, nos faz querer parar de viver, até que algo toque nosso coração, algo simples como a beleza de um pôr do sol, a magnitude de uma noite estrelada, a simplicidade de uma brisa batendo em nosso rosto. É a força da natureza nos chamando para a vida. Você descobre que as pessoas que pareciam ser sinceras e receberam sua confiança, lhe traíram sem qualquer piedade. Você entende que o que para você era amizade, para outros era apenas conveniência, oportunismo. Você descobre que algumas pessoas nunca disseram ‘eu te amo’, e por isso nunca fizeram amor, apenas transaram... Descobre também que outras disseram ‘eu te amo’ uma única vez. E agora temem dizer novamente, e com razão, mas se o seu sentimento for sincero poderá ajudá-las a reconstruir um coração quebrado. Assim ao conhecer alguém, preste atenção no caminho que essa pessoa percorreu, são fatores importantes: a relação com a família, as condições econômicas nas quais se desenvolveu. (dificuldades extremas ou facilidades excessivas formam um caráter), os relacionamentos anteriores e as razões do rompimento, seus sonhos, ideais e objetivos. Não deixe de acreditar no amor. Mas certifique-se de estar entregando seu coração para alguém que dê valor aos mesmos sentimentos que você dá. Manifeste suas ideias e planos, para saber se vocês combinam. E certifique-se de que quando estão juntos, aquele abraço vale mais que qualquer palavra. Esteja aberto a algumas alterações, mas jamais abra mão de tudo, pois se essa pessoa lhe deixar, então nada irá lhe restar. Tenha sempre em mente que às vezes tentar salvar um relacionamento, manter um grande amor, pode ter um preço muito alto se esse sentimento não for recíproco. Pois em algum outro momento essa pessoa irá lhe deixar e seu sofrimento será ainda mais intenso, do que teria sido no passado. Pode ser difícil fazer algumas escolhas, mas muitas vezes isso é necessário. Existe uma diferença muito grande entre conhecer o caminho e percorrê-lo. A tristeza pode ser intensa, mas jamais será eterna. A felicidade pode demorar a chegar, mas o importante é que ela venha para ficar e não esteja apenas de passagem...

ADMINISTRAR A RAIVA -

Não há quem já não tenha experimentado o sentimento da raiva, quem não tenha sido vítima da raiva. Todos os dias nós encontramos com diversas pessoas, no trabalho, no trânsito, nas conversações cotidianas... Essas pessoas, por serem diversas, são portadoras dos mais variados estados de ânimo. Frequentemente, numa conversa, alguma palavra é mal empregada, ou algum tom de voz equivocado, e então nos sentimos ofendidos, tendo a raiva como reação imediata. Se pensarmos bem, chegaremos à conclusão que, na maioria das vezes, nos sentimos ofendidos ou experimentamos o sentimento de raiva por causa do nosso orgulho ou do nosso constante estado de sensibilidade exagerada, o que muitos chamam de melindre. O outro nem tem a intenção de ofender, mas nos sentimos ofendidos por causa do nosso “não-me-toque” que alimentamos por causa de questões mal resolvidas, como abandono, carência desde a infância. Se pensarmos bem, poderemos começar a perceber que na verdade a sensação de inferioridade ou de ofensa não foi produzida pelo outro, ela já existia dentro de nós. Seria como se a palavra empregada fosse a chave certa para uma determinada ideia existente dentro de nós mesmos – ela já estava ali – bastava acioná-la. A raiva é o lançamento de uma cortina de fumaça sobre nossos próprios defeitos, a fim de que eles não sejam percebidos pelos outros”, sendo que, quanto maior for o complexo de inferioridade da pessoa, mais vulnerável, mais sensível ela será a tudo o que for direcionado a ela do mundo exterior. Sentir raiva é atitude natural e normal no quadro das experiências terrenas. Canalizá-la bem, esclarecendo-a até a sua diluição, é característica de ser saudável e lúcido. Mas como impedir que esta sensação inquietante se alastre e não ocupe mais espaços na nossa mente e sentimentos? Para se ver livre da raiva e do ressentimento, o primeiro passo a ser dado é a aceitação de se estar sentindo raiva. Não há motivos para nos envergonhar da raiva e do fato de senti-la. Camuflá-la ou disfarçá-la com atitudes de falsa humildade e dissimulação são atitudes de quem ilude a si próprio, optando pelo parecer em detrimento do ser. Em seguida, devemos nos perguntar: “ Por que fiquei com tanta raiva com a atitude daquela pessoa? Por que me deixei atingir tanto? O que esta pessoa fez de tão desagradável a ponto de conseguir me desequilibrar o restante do dia?” Neste momento inicia-se a racionalização da raiva, e aí, então, é que percebemos que nós mesmos tivemos uma participação ativa na sua elaboração. Não foi o outro que produziu raiva em mim, pois somos nós que estamos sentindo raiva. Logo, nós mesmos a produzimos. Está em nós a sua origem e não no exterior. Como dissemos, a raiva é uma reação emocional que ocorre toda vez que alguém vai de encontro ao nosso bem-estar, de maneira que nos sentimos ameaçados. O que então nos deixou tão ameaçados? Que área do meu ser aquela palavra proferida pelo ofensor atingiu de maneira tão precisa? Por que aquilo que foi dito significou tanto para nós? Canalizar bem a raiva significa, assim, refletir sobre o porquê de nosso desequilíbrio momentâneo. Da mesma forma, outro recurso deve ser empregado: refletir sobre a origem do ato na outra pessoa. Isso significa perceber que a pessoa estava em desarmonia no momento em que agiu, de forma impensada, produzindo o conflito. Significa tentar perceber que o outro agiu sem nenhuma intenção de produzir o dano que nós agora sentimos. Isso não significa, de maneira alguma, que devamos ser coniventes e concordarmos com o desrespeito e ironia das pessoas ao nosso redor, as quais agem sem pensar nas conseqüências de seus atos. Mostrar-se ofendido, mostrar-se desgostoso com a situação, demonstrar os sentimentos de contrariedade e até mesmo a raiva inerente à ofensa são reações perfeitamente normais, de quem respeita a si mesmo e se considera merecedor do respeito e consideração dos seus semelhantes. Da mesma forma, dar uma corrida, realizar exercícios físicos ou algum trabalho que leve à exaustão, são recursos valiosos para se diluir a raiva. Extravasar, contar para os amigos como se sente, também são atitudes saudáveis e terapêuticas. O que não se deve fazer é camuflá-la, reprimi-la, disfarçá-la, pois então estaremos oportunizando o surgimento da mágoa e do ressentimento. Certamente há situações em que a dor nos atinge sem que possamos nos defender. Ocorrências em que ficamos paralisados, sem saber como agir, tamanha nossa surpresa e decepção. Entretanto, parece que nunca estamos preparados para as decepções. Acreditamos que sempre seremos estimados e considerados por todos, e que as pessoas nunca irão nos trair. E quando isso acontece, nos magoamos. A ingratidão e a calúnia ainda fazem parte do orçamento moral da humanidade, e não há quem não se depare com elas em algum momento. Dependendo da pessoa autora do disparo, do lançamento do dardo, este parece penetrar o mais profundo da alma, produzindo enorme sofrimento. Muitas vezes, aquela pessoa em quem nós mais confiávamos nos trai, nos decepciona, nos fere – e a dor então é perfeitamente natural. Chorar, considerar a ocorrência injusta, demonstrar os sentimentos ao agressor, mostrando-lhe os ferimentos, são atitudes que auxiliam para que a dor diminua e se abrande. Contar aos amigos o ocorrido, demonstrando como se sentiu diante da situação, dizer o quê o magoou, são recursos que colaboram para que a mágoa não se instale na criatura. Nunca devemos nos permitir guardar a mágoa. Quando a mágoa se instala, o indivíduo vai perdendo aos poucos a alegria de viver, avançando em direção aos estados depressivos e de melancolia – extinguindo-se o prazer pela vida. A mágoa cultivada aloja-se em determinado órgão e o desvitaliza, alterando o funcionamento normal das células. Quando dissimulada e agasalhada nas profundezas da alma, se volta contra o próprio indivíduo, em um processo de autopunição inconsciente. Neste caso, o indivíduo passa a considerar a si próprio culpado pelo ocorrido, e então se pune, a fim de expiar a sua culpa. Segundo Sigmund Freud, o grande psicanalista do século vinte, todos nós temos uma certa predisposição orgânica para cedermos à somatização de algum conflito. Esta se dá geralmente em algum órgão específico. Desta forma, muitos de nossos adoecimentos repentinos são fruto do que ele chamou de complacência somática. Nós guardamos a mágoa ou “fazemos de conta” que ela não existe. Como os sentimentos não morrem, eles são drenados no próprio ser, ferindo aquele que lhe deu abrigo. Devemos sempre recorrer à racionalização do ocorrido. Refletirmos sobre o desequilíbrio da outra pessoa, sobre sua insensatez e situação infeliz, o que faz com que a mágoa vá perdendo terreno para a compreensão e impedindo que o acontecimento venha a repetir-se continuamente na mente da criatura através do ressentimento. O ressentimento é o produto direto da repressão da raiva. Não expressamos nossos sentimentos ao ofensor, não lhe demonstramos nosso desapontamento e desgosto e então passamos a guardá-la, a fim de desferi-la no momento que acharmos oportuno. O ressentimento é fruto de nosso atraso moral. Nós guardamos a dor da ofensa a fim de esperar o momento oportuno da vingança, do revide, a fim de sobrepormos nosso ego ferido em relação ao ego do ofensor. Quando isto acontece, um sentimento de animosidade cresce dentro de nós a cada dia, até que a convivência com a outra pessoa se torne insuportável. Um olhar não suporta mais o outro e a relação cessa por completo. Muitas amizades terminam assim, por falta de diálogo, de sinceridade e humildade em reconhecermos para o outro que ficamos chateados com sua atitude. Casais acumulam memórias de brigas, guardando lembranças de atritos que já ocorreram há meses, sem trocarem sequer uma palavra sobre o assunto, criando um clima silencioso o qual vai tornando o ressentido amargo e infeliz. Assim, há pessoas que possuem sobre o olhar uma “máscara espessa”....que encobre qualquer sorriso...Chegam a nos causar quase medo! É a amargura...que vai retirando toda a alegria de viver da pessoa. Nós devemos reagir imediatamente ao ressentimento, impedindo o seu desdobramento. Sem dúvida que existem pessoas que se comprazem na calúnia, em proferir ofensas e mentiras sobre toda e qualquer pessoa. Não devemos sintonizar com este tipo de faixa vibratória e aceitar-lhes os dardos infamantes. Quando optamos por não guardar ressentimentos, estamos fazendo um bem a nós mesmos, impedindo a desarmonia e inquietação decorrentes da sua instalação nos painéis da emotividade. O outro, porque se encontra em desequilíbrio, receberá os frutos de suas ações, decorrente da faixa em que se encontra.

domingo, 20 de abril de 2014

TRISTEZA E VIDA - Marta Medeiros e Padre Fábio de Melo

A gente pode entristecer-se por vários motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la. Pode parecer confuso mas é um alento. Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música. Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir. Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora. Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. Fazer é muito barulhento. Sentir é um retiro, fazer é uma festa. O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado. Sentir e fazer, ambos são necessários, mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisições. Até parece que sentir não serve para subir na vida. Uma pessoa triste é evitada. Não cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais. Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido. Certo, tristeza não faz realmente bem pra saúde, mas a introspecção é um recuo providencial, pois é quando silenciamos que melhor conversamos com nossos botões. E dessa conversa sai luz, lições, sinais, e a tristeza acaba saindo também, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada. Triste é não sentir nada. A vida é fruto da decisão de cada momento. Talvez seja por isso, que a ideia de plantio seja tão reveladora sobre a arte de viver. Viver é plantar. É atitude de constante semeadura, de deixar cair na terra de nossa existência as mais diversas formas de sementes. Cada escolha, por menor que seja, é uma forma de semente que lançamos sobre o canteiro que somos. Um dia, tudo o que agora silenciosamente plantamos, ou deixamos plantar em nós,será plantação que poderá ser vista de longe... Para cada dia, o seu empenho. A sabedoria bíblica nos confirma isso, quando nos diz que "debaixo do céu há um tempo para cada coisa!" Hoje, neste tempo que é seu, o futuro está sendo plantado. As escolhas que você procura, os amigos que você cultiva, as leituras que você faz, os valores que você abraça, os amores que você ama, tudo será determinante para a colheita futura. Felicidade talvez seja isso: alegria de recolher da terra que somos, frutos que sejam agradáveis aos olhos! Infelicidade, talvez seja o contrário. O que não podemos perder de vista é que a vida não é real fora do cultivo. Sempre é tempo de lançar sementes... Sempre é tempo de recolher frutos. Tudo ao mesmo tempo. Sementes de ontem, frutos de hoje, Sementes de hoje, frutos de amanhã! Por isso, não perca de vista o que você anda escolhendo para deixar cair na sua terra. Cuidado com os semeadores que não lhe amam. Eles têm o poder de estragar o resultado de muitas coisas. Cuidado com os semeadores que você não conhece. Há muita maldade escondida em sorrisos sedutores... Cuidado com aqueles que deixam cair qualquer coisa sobre você, afinal, você merece muito mais que qualquer coisa. Cuidado com os amores passageiros... eles costumam deixar marcas dolorosas que não passam... Cuidado com os invasores do seu corpo... eles não costumam voltar para ajudar a consertar a desordem... Cuidado com os olhares de quem não sabe lhe amar... eles costumam lhe fazer esquecer que você vale à pena... Cuidado com as palavras mentirosas que esparramam por aí... elas costumam estragar o nosso referencial da verdade... Cuidado com as vozes que insistem em lhe recordar os seus defeitos... elas costumam prejudicar a sua visão sobre si mesmo. Não tenha medo de se olhar no espelho. É nessa cara safada que você tem, que Deus resolveu expressar mais uma vez, o amor que Ele tem pelo mundo. Não desanime de você, ainda que a colheita de hoje não seja muito feliz. Não coloque um ponto final nas suas esperanças. Ainda há muito o que fazer, ainda há muito o que plantar, e o que amar nessa vida. Ao invés de ficar parado no que você fez de errado, olhe para frente, e veja o que ainda pode ser feito... A vida ainda não terminou. E já dizia o poeta "que os sonhos não envelhecem..." Vai em frente. Sorriso no rosto e firmeza nas decisões. Deus resolveu reformar o mundo, e escolheu o seu coração para iniciar a reforma. Isso prova que Ele ainda acredita em você. E se Ele ainda acredita, quem sou eu pra duvidar... (?)

SINTONIAS E INTERFERÊNCIAS -

Nas interferências espirituais, podemos encontrar desde a atuação benéfica de Benfeitores e Amigos Espirituais, que buscam encaminhar-nos para o bem, até os familiares que, vencendo o túmulo, desejam prosseguir influenciando os membros da sua família, seja com bons ou maus intentos, bem como aqueles outros a quem prejudicamos com atos de maior ou menor gravidade, nesta ou em encarnações anteriores, e que nos procuram, no tempo e no espaço, para cobrar a divida que contraímos. Por sua vez, os que estão no plano extra físico também podem ser influenciados, pelas mentes que lhes compartilham o modo de pensar, ou de outras que se situam em planos superiores, e, no caso de serem ainda de evolução mediana ou inferior, de desafetos, de seres que se buscam intensamente pelo pensamento, num conúbio de vibrações e sentimentos incessantes. Essa troca de influências é contínua e cabe a cada indivíduo escolher, optar pela onda mental com que irá sintonizar. Portanto, a resposta dos Espíritos a Kardec nos dá uma noção exata do intercâmbio existente entre os seres humanos, seja ele inconsciente ou não, mas, de qualquer modo, real e constante. Creia você ou não, o intercâmbio espiritual acontece, naturalmente, dentro das leis de afinidade que regem a vida. Onde o homem estagie o pensamento e situe os valores morais, aí ocorrem os mecanismo da sintonia que facultam o intercurso espiritual. Afinal, os Espíritos são os homens mesmos, desvestidos do invólucro material, do corpo de carne, prosseguindo conforme as próprias conquistas. Quando atrasados, perseveram nos estados primeiros do seu processo de evolução; malévolos, continuam atados à malquerença; perversos, permanecem sentindo prazer nas aflições que promovem em outras pessoas; invejosos, estagiam na paixão desgastante que os intoxica; perseguidores, dão evasão às tendências selvagens que cultivam; odientos, ampliam o círculo em que se angustiam, contaminando aqueles que caem em suas armadilhas. Alguns pensamentos são, sim, sugeridos pelos Espíritos. Dizem eles: "Vossa alma é um Espírito que pensa. Não ignorais que, freqüentemente, muitos pensamentos surgem a um tempo sobre o mesmo assunto, não raro, contrários uns dos outros. Pois bem! No conjunto deles, estão sempre de mistura os vossos com os nossos. Daí a incerteza em que vos vedes. É que tendes em vós duas ideias a se combaterem. Quando um pensamento vos é sugerido, tendes a impressão de que alguém vos fala. Geralmente, os pensamentos próprios são os que surgem em primeiro lugar. Afinal, não vos é de grande interesse estabelecer essa distinção. Muitas vezes, é útil que não saibais fazê-la. Não a fazendo, age o homem com mais liberdade. Se se decide pelo bem, é voluntariamente que o pratica; se toma o mau caminho, maior será a sua responsabilidade." Os bons Espíritos só para o bem aconselham. Compete-nos discernir. Os Espíritos imperfeitos nos induzem ao mal para que soframos como eles sofrem. Isso não lhes diminui os sofrimentos, mas fazem-no por inveja, por não poderem suportar que haja seres felizes. É assim que Deus confia à nossa consciência a escolha do caminho que devamos seguir e a liberdade de ceder a uma ou outra das influências contrárias que se exercem sobre nós. O homem pode livrar-se da influência dos Espíritos que procuram arrastá-lo ao mal. Visto que tais Espíritos só se apegam aos que, pelos seus desejos, os chamam, ou aos que, pelos seus pensamentos, os atraem. Os Espíritos renunciam às suas tentativas cuja influência a vontade do homem repele. Quando nada conseguem, abandonam o campo. Entretanto, ficam à espreita de um momento propício, como o gato que tocaia o rato. Nós podemos neutralizar a influência dos maus Espíritos, praticando o bem e pondo em Deus toda a nossa confiança. Aí repeliremos a influência dos Espíritos inferiores e aniquilaremos o império que desejam ter sobre nós. Precisamos estar atentos para não atender às sugestões dos Espíritos que nos suscitam maus pensamentos, que sopram a discórdia entre nós e que nos insuflam as paixões más. Desconfiemos especialmente dos que nos exaltam o orgulho, pois que esses nos assaltam pelo lado fraco. Essa a razão por que Jesus, na oração dominical, vos ensinou a dizer: "Senhor! Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.” A nenhum Espírito é dada a missão de praticar o mal. Aquele que o faz fá-lo por conta própria, sujeitando-se, portanto, às conseqüências. Pode Deus permitir-lhe que assim proceda, para nos experimentar; nunca, porém, lhe determina tal procedimento. Compete-nos, pois repeti-lo. Os Espíritos que procuram atrair-nos para o mal, aproveitam as circunstâncias ocorrentes, mas também costumam criá-las, impelindo-nos, mau grado nosso, para aquilo que cobiçamos. Assim, por exemplo, encontra um homem, no seu caminho, certa quantia. Não pensemos tenham sido os Espíritos que a trouxeram para ali. Mas, eles podem inspirar ao homem a ideia de tomar aquela direção e sugerir-lhe depois a de se apoderar da importância achada, enquanto outros lhe sugerem a de restituir o dinheiro ao seu legítimo dono. O mesmo se dá com relação a todas as demais tentações. Quando experimentamos uma sensação de angústia, de ansiedade indefinível, ou de íntima satisfação, sem que lhe conheçamos a causa, é quase sempre efeito das comunicações em que inconscientemente entramos com os Espíritos, ou da que com elas tivemos durante o sono. Por isso, fiquemos atentos: a depressão tem como causa imediata a aproximação de algum espírito doente, em desequilíbrio, a nós. É comum encontrarmos em nosso círculo social, entre amigos e familiares, pessoas diagnosticadas com Transtorno Bipolar. E quem sabe, você também já faça parte desse grupo? Humor excessivamente animado, exaltado, eufórico, alegria exagerada e duradoura, extrema irritabilidade, impaciência e inquietação, entre outros sintomas; alternados com sentimentos de melancolia, depressão, vazio, tristeza... A pessoa apresenta modificações na forma de pensar, agir e sentir. O transtorno está associado a áreas fundamentais para o processamento das emoções no cérebro. Mas, o que leva alguém a se desequilibrar psicologicamente e agir de forma extremista? Estamos todos conectados uns aos outros. Existe apenas uma ilusão de separatividade que o ego nos impõe. No cotidiano, convivemos com o outro e estamos o tempo todo interagindo com o ambiente. Recebemos estímulos e reagimos a eles, conforme nossas crenças e valores. Em muitas ocasiões nos sentimos acuados, inseguros, estressados. No enfrentamento das adversidades, travamos uma luta interna. Em alguns momentos, perdemos o foco e podemos enfraquecer aos poucos, tornando-nos joguetes das energias circundantes, provenientes de espíritos encarnados e desencarnados. Ficamos abertos às influências espirituais, desse oceano energético, que nos alcançam e, de certa forma, apossam-se de nossa mente, em sintonia com nossos venenos mentais, que se fortalecem e nos conduzem a agir desequilibradamente. Podemos ficar submissos a essa força que nos induz ao desregramento nas atitudes excêntricas e extremas. Os venenos mentais, segundo o budismo, são a raiva, o apego e a ignorância, que trazemos arraigados em nosso espírito errante. Convivemos diariamente com nossos venenos mentais e os expurgamos em nossas relações interpessoais. Aprendendo a nos desfazer da mente inferior, morada do ego, que traz a ilusão da separatividade, do eu e do tu. Existe neste transtorno, como em outros, uma abertura nos corpos sutis que permite a invasão das energias de outros espíritos, capazes de desordenar e provocar os sintomas. A obsessão espiritual é o termo utilizado no espiritismo para caracterizar essa interferência que outro espírito exerce sobre o encarnado. Ela pode acontecer em vários graus e, no caso do transtorno bipolar, causa a impressão que o indivíduo está desorganizado mentalmente, o que não deixa de ser verdade. Suas emoções são desequilibradas. Ele perde o domínio de si mesmo e passa a agir submetido aos delírios de seus obsessores, que são espíritos doentes, que encontram brechas energéticas e que têm afinidades vibratórias com o obsediado e sua mente. É claro que, da mesma forma, também ocorre com os que vivem a beleza e o amor, fomentam o trabalho e as artes, exercitam as virtudes e promovem o progresso, entesourando conquistas relevantes, de que se fazem depositários, irradiando o bem e moldando a sua semelhança as criaturas que lhes permitem a assistência benéfica. Segundo a orientação dos Espíritos, a ORAÇÃO é a melhor proteção contra todo o tipo de influência negativa, além de aumentar a nossa sintonia com o Alto, e nos tornar mais susceptíveis às influências e aos bons conselhos de nossos Espíritos Protetores. “Orai e vigiai” nos disse Jesus – Mas vigiar não aos outros, mas a nós mesmos. Nossos atos, palavras e pensamentos. E por isso, a sintonia é muito importante. A prática do Evangelho no Lar é muito recomendada. O livro O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, traz toda a moral da Doutrina Espírita. É o EVANGELHO comentado, segundo a interpretação dos Espíritos. Além do Culto do Evangelho no Lar, que deve ser realizado semanalmente em companhia de toda a família, outra prática muito recomendada é que cada um leia diariamente um trecho do Evangelho, ao se levantar ou antes de dormir. Também pode ser feito da mesma maneira, abrindo o Evangelho ao acaso, e mesmo estando sozinho, lendo em voz alta o trecho que cair. Cultivar o habito diário da oração é, para o espírito encarnado, um verdadeiro escudo, uma proteção contra as más influencias, ao passo que também ajuda – e muito – na evangelização das entidades necessitadas que conosco caminham. Estamos, com esta prática, contribuindo para a evangelização de espíritos desencarnados, e para a nossa própria evangelização. Não te permitas, desse modo, deslizes morais . Instaura o período da vigilância pessoal e vitaliza o dever na mente para exercê-lo nos sentimentos junto ao próximo. Os que partem da Terra, fortemente ligados aos vícios, retornam ávidos, sedentos, ansiosos, tentando continuar o infeliz programa, ora interrompido, utilizando-se de submissos afins que lhes cedam os órgãos físicos... Em conseqüência, a caravana das vítimas-indefesas, padecendo as rudes obsessões espirituais, é muito grande. Liberta-te das paixões inferiores, trabalhando as aspirações e plasmando o futuro mediante a ação correta. Muda os clichês mentais viciosos e renova as paisagens íntimas. Faze a oração do silêncio, reflexionando sobre os reais valores da vida. Vincula-te ao amor ao próximo, contribuindo de alguma forma para o bem de alguém, para o bem geral. Sentindo instigadas as tendências negativas, desperta e reage, não te deixando hipnotizar pelos Espíritos perturbadores. Sintoniza com Jesus, e Ele, o Amigo Incondicional e Libertador, virá em teu socorro, favorecendo-te com a paz e a alegria.

domingo, 13 de abril de 2014

A SUA FELICIDADE -

Ninguém é dono da sua felicidade, por isso não entregue a sua alegria, a sua paz, a sua vida nas mãos de ninguém, absolutamente ninguém. Somos livres, não pertencemos a ninguém e não podemos querer ser donos dos desejos, da vontade ou dos sonhos de quem quer que seja. A razão de ser da sua vida é você mesmo. A sua paz interior deve ser a sua meta de vida; quando sentir um vazio na alma, quando acreditar que ainda falta algo, mesmo tendo tudo, remeta o seu pensamento para os seus desejos mais íntimos e busque a divindade que existe dentro de si. Pare de procurar a sua felicidade cada dia mais longe. Não tenha objetivos longe demais das suas mãos, abrace aqueles que estão ao seu alcance hoje. Se está desesperado devido a problemas financeiros, amorosos ou de relacionamentos familiares, busque no seu interior a resposta para se acalmar, você é reflexo do que pensa diariamente. Pare de pensar mal de si mesmo, e seja o seu próprio melhor amigo, sempre. Sorrir significa aprovar, aceitar, felicitar. Então abra um sorriso de aprovação para o mundo, que tem o melhor para lhe oferecer. Com um sorriso, as pessoas terão melhor impressão sua, e você estará afirmando para si mesmo, que está "pronto"para ser feliz. Trabalhe, trabalhe muito a seu favor. Pare de esperar que a felicidade chegue sem trabalho. Pare de exigir das pessoas aquilo que nem você conquistou ainda. Agradeça tudo aquilo que está na sua vida, neste momento, incluindo nessa gratidão, a dor. A nossa compreensão do universo ainda é muito pequena, para julgarmos o que quer que seja na nossa vida. - O pensamento divino concedeu-me liberdade de poder realizar todo bem que deseje. - Ser feliz ou desventurado é-me opção voluntária. - Sou escravo da lei, que me enseja progredir sem interrupção no tempo. - O que eu sou ou o que serei, depende de mim. - A inspiração superior nunca me falta, porém, sintonizar com ela será aspiração pessoal. - Construindo as estruturas existenciais na mente, torná-las-ei realidade no percurso carnal. És livre para imprimir na tua existência o padrão de felicidade ou de aflição com o qual desejes conviver. A liberdade é lei da vida, que faz parte do concerto da harmonia universal. Os imperativos inamovíveis e deterministas são vida e morte, no que diz respeito aos equipamentos orgânicos, mesmo assim, sob o fatalismo de incessantes transformações. Submetido à ordem da ação, que desencadeia reações correspondentes, és o que de ti próprio faças, movimentando-te no rumo que eleges. Há pessoas que preferem a queixa e a lamentação, armazenando o pessimismo em que se realizam. Negociam o carinho que pretendem receber com as altas quotas de padecimentos que criam psiquicamente. Ao lado de outras, que chantageiam os afetos, mediante a adoção de sofrimentos irreais, estabelecem como metas a conquista de atenções e carícias que lhes são sempre insuficientes, não se dando conta que, dessa forma, farão secar a fonte generosa que as oferece. Ninguém se sente bem ao lado de criaturas que elegem o infortúnio como falsa solução para os seus conflitos existenciais. Essa coação emocional termina por produzir amizades falsas, situações constrangedoras, mais insegurança. Podes e deves ser feliz. Esta é a tua liberdade de escolha. Se te encontras atrelado ao carro das aflições, insiste construindo o bem e te libertarás. A dificuldade de agora é o efeito da insensatez do passado. A vida renova-se a cada momento. Situações funestas alteram-se para melhor, à semelhança de paisagens ensombradas que rapidamente vestem-se de Sol. Não dês trégua à desdita, à ociosidade, aos queixumes. És senhor do teu destino, e ele tem para ti, como ponto de encontro, o infinito. Quem se desvaloriza e se desmerece e se invalida, fica na retaguarda. É necessário que te envolvas com o programa divino. Todo aquele que se não envolve positivamente, nunca se desenvolve. Se preferires sofrer, terás liberdade para a experiência até o momento em que te transfiras para a opção do bem-estar. Desse modo, não transformes incidentes de pequena monta, coisas e ocorrências corriqueiras, em tragédias. Ninguém tem o destino do sofrimento. Ele é resultado da ação negativa, jamais a causa. Faze uma avaliação honesta da tua existência, sem consciência de culpa, sem pieguismo desculpista, sem coerção de qualquer natureza, e logo depois desperta para o que deves produzir de bom, de útil, de construtivo empenhando-te na realização da tua liberdade de ser feliz.

INTERFERÊNCIAS ESPIRITUAIS -

A questão 459 de O Livro dos Espírito, feita por Allan Kardec aos espíritos, é: - “Influem os Espíritos em nosso pensamento, e em nossos atos?”. - Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.” A resposta dos Espíritos a Allan Kardec demonstra que, na maioria das vezes, estamos todos nós - encarnados - agindo sob a influência de entidades espirituais que se afinam com o nosso modo de pensar e de ser, ou em cujas faixas vibratórias respiramos. Isto não nos deve causar admiração, pois, se analisarmos a questão sob o aspecto puramente terrestre, chegaremos à conclusão de que vivemos em permanente sintonia com as pessoas que nos rodeiam, familiares ou não, das quais recebemos influenciações através das ideias que exteriorizam, dos exemplos que nos são dados, e também que influenciamos com a nossa personalidade e pontos de vista. Quando acontece de não conseguirmos exercer influência sobre alguém de nosso convívio e que desejamos que aja de acordo com a nossa maneira de pensar, geralmente tentamos por todos os meios convencê-lo com argumentos de diferente intensidade, a fim de conseguirmos o nosso intento. É Natural, portanto, que ocorra o mesmo com os habitantes do mundo espiritual, já que são eles os seres humanos desencarnados, não tendo mudado, pelo simples fato de deixarem o corpo físico, a sua maneira de pensar e as características da sua personalidade. Ensina o Espiritismo que os homens que viveram na Terra, ao deixarem o corpo físico através da morte, continuam a viver em um outro plano, chamado mundo espiritual, onde habitam as almas. Jesus sustenta esta tese quando afirma ser a verdadeira morada do espírito a vida espiritual. Naquele lado invisível, as almas, ou espíritos, levam o que tiverem acumulado de virtudes ou defeitos adquiridos durante a existência material, ou encarnação. Os homens bons trazem consigo a caridade que praticavam, a paz de espírito e a benevolência. Vivem em um lugar feliz e trabalham constantemente pelo progresso de nosso planeta. Podem ajudar as pessoas encarnadas que lhes pedem auxílio. São o que o povo chama de anjos, santos ou simplesmente Espíritos bons ou superiores. Quando dirigimos preces a Deus, Ele nos atende através desses seres bondosos, inspirando-nos coragem na vida, fortalecendo-nos nos bons propósitos e, às vezes, trazendo-nos a cura para uma doença ou desequilíbrio psíquico. Já os homens que quando encarnados se detiveram na prática do mal, levam para o plano espiritual suas más tendências. Continuam sua atividade perniciosa, inspirando nos que continuam na vida material, todos os vícios e defeitos que ainda estão apegados. São os chamados diabos, demônios ou simplesmente maus Espíritos. Podem, com sua maldade e ódio, atrapalhar a vida dos homens, perturbando o sono, a vida familiar, profissional e até causar doenças. Entre a classe dos bons e dos maus Espíritos está a categoria de Espíritos comuns. São seres que quando encarnados não se detinham nem muito no bem, nem tanto no mal. São em maior quantidade, já que assim age a maioria dos homens. Esta classe de Espíritos quase que não tem influência sobre os encarnados. Todo homem sofre constantemente as influências dos bons ou dos maus Espíritos. Porém, cada um tem a liberdade de ceder ou não às boas ou más inspirações. Depende do indivíduo, com seu livre-arbítrio, dar vazão à interferência dos Espíritos na sua vida. Aqueles que procuram fazer o bem, evitar o vício, praticar a caridade e, principalmente, cultivar bons pensamentos estão mais facilmente ligados aos bons Espíritos. Vivendo dessa forma, dificilmente um Espírito maldoso poderá prejudicá-lo. No entanto, aqueles que convivem normalmente em ambientes viciosos, com o excesso de bebida, cigarro, drogas, sexo desregrado, que se satisfazem na ociosidade terão mais afinidade com seres espirituais atrasados, apropriados a esses vícios materiais. Essas entidades poderão, inclusive, influenciá-los em defeitos mais graves, como o crime, a desonestidade, o adultério, a mentira, enfim, tudo o que leva o homem ao caminho da ruína. Palavras e pensamentos perniciosos, falta de apego a uma religião, o desinteresse pelos problemas alheios, o pessimismo, o orgulho são formas mentais que atraem interferências negativas. Com elas, o desequilíbrio espiritual e material não tardará a acontecer. Quando temos esse posicionamento incorreto frente a vida, dificilmente os anjos, ou bons Espíritos, conseguem nos ajudar, por mais que tentem. Tudo é uma questão de afinidade. Se insistirmos em manter nossos pensamentos voltados para os vícios e prazeres exagerados estaremos impedindo que as boas influências cheguem até nossas mentes. Diante deste mecanismo de intercâmbio entre o visível e o invisível, onde cada um recebe de acordo com sua conduta diária, precisamos buscar a mudança de nosso comportamento, caso queiramos receber as boas inspirações do mais alto. Não precisamos, nem conseguiremos, transformarmo-nos em "santos" do dia para a noite. Imperfeições todos temos. Deus conhece nosso íntimo e sabe o quanto é difícil livrarmo-nos delas. Porém, para que estejamos aptos a ter a companhia dos bondosos amigos espirituais devemos nos pautar pelas orientações do Evangelho de Jesus Cristo, cultivar amizades sadias, sermos úteis à comunidade da qual fazemos parte e lutarmos contra os maus pensamentos que às vezes tentam nos levar a atitudes incorretas. Agindo assim, com certeza não deixaremos que influências espirituais perniciosas possam prejudicar nossas vidas.

domingo, 6 de abril de 2014

SOBRE A ATUAL VERGONHA DE SER BRASILEIRO - Affonso Romano de Sant'Anna

Que vergonha, meu Deus! ser brasileiro e estar crucificado num cruzeiro erguido num monte de corrupção. Antes nos matavam de porrada e choque nas celas da subversão. Agora nos matam de vergonha e fome exibindo estatísticas na mão. Estão zombando de mim. Não acredito. Debocham a viva voz e por escrito É abrir jornal, lá vem desgosto. Cada notícia é um vídeo-tapa no rosto. Cada vez é mais difícil ser brasileiro. Cada vez é mais difícil ser cavalo desse Exu perverso nesse desgoverno terreiro. Nunca vi tamanho abuso. Estou confuso, obtuso, com a razão em parafuso: a honestidade saiu de moda a honra caiu de uso. De hora em hora a coisa piora: arruinado o passado, comprometido o presente, vai-se o futuro à penhora. Valei-me Santo Cabral nessa avessa calmaria em forma de recessão e na tempestade da fome ensinai-me a navegação. Este é o país do diz e do desdiz, onde o dito é desmentido no mesmo instante em que é dito. Não há linguista e erudito que apure o sentido inscrito nesse discurso invertido. Aqui o discurso se trunca: o sim é não. O não, talvez. O talvez, nunca. Eis o sinal dos tempos este o país produtor que tanto mais produz tanto mais é devedor. Um país exportador que quando mais exporta mais importante se torna como país mau pagador. E, no entanto, há quem julgue que somos um bloco alegre do ‘‘Comigo Ninguém Pode’’ quando somos um país de cornos mansos cuja história vai dar bode. Dar bode, já que nunca deu bolo, tão prometido pros pobres em meio a festas e alarde onde quem partiu, repartiu ficou com a maior parte deixando pobre o Brasil. Eis uma situação totalmente pervertida -- uma nação que é rica consegue ficar falida, o ouro brota em nosso peito, mas mendigamos com a mão, uma nação encarcerada que doa a chave ao carcereiro para ficar na prisão. Cada povo tem o governo que merece? Ou cada povo tem os ladrões a que enriquece? Cada povo tem os ricos que o enobrecem? Ou cada povo tem os pulhas que o empobrecem? O fato é que cada vez mais mais se entristece esse povo num rosário de contas e promessas num sobe e desce de prantos e preces. C’est n’est pas un pays sérieux! já dizia o general. O que somos afinal? Um país-pererê? folclórico? tropical? misturando morte e carnaval? Um povo de degradados? Filhos de degredados largados no litoral? Um povo-macunaíma sem caráter-nacional? Por que só nos contos de fada os pobres fracos vencem os ricos nobres? Por que os ricos dos países pobres são pobres perto dos ricos dos países ricos? Por que os pobres ricos dos países pobres não se aliam aos pobres dos países pobres para enfrentar os ricos dos países ricos, cada vez mais ricos, mesmo quando investem nos países pobres? Espelho, espelho meu! há um país mais perdido que o meu? Espelho, espelho meu! há um governo mais omisso que o meu? Espelho, espelho meu! há um povo mais passivo que o meu? E o espelho respondeu algo que se perdeu entre o inferno que padeço e o desencanto do céu.

O HÁBITO DA MENTIRA -

"Detesto mentira!" Qual foi a última vez que você disse essa frase ou ouviu alguém dizer? Seja como for, quem disse... mentiu. Podemos até falar que odiamos a mentira, mas lançamos mão desse recurso quase sem perceber. Muitas pessoas não querem admitir, mas a verdade é que todos mentem. Seja para agradar a alguém, escapulir de uma encrenca, ser o herói de alguma aventura nunca vivida, levar vantagem na vida. Com suas pernas curtas, a mentira caminha no passo do homem desde que o mundo é mundo — e não dá o menor sinal de perder o fôlego, muito pelo contrário. Todos nós temos um pouco — ou muito — de Pinocchio. Recorrer a desvios da verdade, além de ser quase uma questão cultural, é um recurso de sobrevivência social inescapável. Em geral, mentimos para tornar as interações sociais mais fáceis e agradáveis, dizendo o que os outros querem ouvir, ou para parecermos melhores do que realmente somos. O problema é que meros desvios dos fatos podem crescer e virar uma bola de neve, gerando relacionamentos baseados no engano. Relacionamentos que são verdadeiras farsas. Precisamos ser mais verdadeiros e buscar a honestidade. Na maioria das vezes, a realidade é deturpada sem malícia. São as mentiras brancas, que funcionam, nas palavras dos especialista, como "lubrificantes sociais". Isso não acontece apenas nas conversas entre estranhos, permeia também os relacionamentos mais íntimos. O filósofo chinês Confúcio (551-479 a. C. ) recomendava que se apelasse para esse antiqüíssimo recurso apenas quando a verdade prejudicasse uma família ou a nação. É um conselho estranho, como sabem os dirigentes políticos para quem nunca foi difícil fazer o que pregava o venerando sábio. Aristóteles (384-322 a.C), o pensador grego, só aceitava duas maneiras de mentir: diminuindo ou aumentando uma verdade. O teólogo Santo Agostinho, no século IV, resolveu complicar o assunto descrevendo seis tipos diferentes de mentira: a que prejudica alguém, mas é útil a outro; a que prejudica sem beneficiar ninguém; a que se comete pelo prazer de mentir; a que se conta para divertir alguém; a que leva ao erro religioso; e. finalmente, a que ele considerava a "boa" mentira, que salva a vida de uma pessoa. Para as modernas ciências do comportamento, porém, seja qual for a história falsa, a realidade é uma só: mentira é aquilo que se queria que fosse verdade. Quem nunca inventou uma desculpa esfarrapada para justificar um atraso? Segundo especialistas, as técnicas de dissimulação são aprendidas pelas crianças desde cedo - e não por meio de colegas malandros, mas com os próprios pais. O processo educacional inibe a franqueza. Uma menina, por exemplo, que ganha uma roupa será vista como mal-educada se disser, de cara, que achou o modelo feio. O paradoxo é que, embora a sociedade condene a mentira, quem falar a verdade nua e crua o tempo todo será considerado grosseiro e desagradável. Mentir por educação é diferente de ter um mau caráter, dizem. Para outros, mesmo as mentiras inofensivas devem ser evitadas, com jeitinho. "Nossos filhos não precisam ser rudes e dizer que detestaram um presente", afirmam. Podemos ensiná-los a ressaltar algum aspecto positivo dele, em vez de dizer que gostaram. As inverdades repetidas no cotidiano mascaram os parâmetros que temos para avaliar nossas atitudes e a dos companheiros, gerando todo tipo de desentendimento. Quando estamos diante de alguém que fala muita lorota, não sabemos com quem estamos lidando. "É muito difícil categorizar mentiras e dizer que umas são aceitáveis e outras não", afirma o Psicólogo Feldman. Em alguns casos, os efeitos são irreversíveis. Preocupado em saber se a ex-namorada gostava realmente dele, o estudante paulistano Rogério Yamada, 22 anos, decidiu testar o ciúme dela inventando que a havia traído. "Ela acabou terminando comigo", lembra. "Hoje me arrependo." Quem é enganado também sofre, com mágoa e desconfiança - segundo especialistas, a dor é mais forte quando afeta os sentimentos ou o bolso. É claro que, além das mentirinhas brancas, há aquelas contadas com dolo: são trapaças e traições para beneficiar quem conta ou prejudicar o outro, como ganhar uma confiança não merecida ou cometer uma fraude financeira. Em casos mais raros, a mania de inventar e alterar os acontecimentos pode revelar uma patologia, ou doença. É a chamada "mitomania", ou compulsão por mentir, que precisa de tratamento psicológico. Uma das razões pelas quais contamos tanta mentira é que raramente nos damos mal por isso. O mentiroso tem duas vantagens: a maioria das conversas está baseada na presunção da verdade e é praticamente impossível identificar uma inverdade no ato. A mentira é algo que está presente no nosso cotidiano e que, muitas vezes, sequer o percebemos: a cômoda convivência com a mentira. A todo momento, nos defrontando com a mentira, venha ela de nossa própria parte, venha da parte de nossos interlocutores. Esta é uma realidade constatada pelos estudiosos do comportamento humano que analisaram, em suas pesquisas, mentiras dos mais variados matizes. Mentimos por tudo e por nada, a qualquer momento e em qualquer circunstância, constatam esses estudiosos. E com tanta naturalidade, que, por vezes, parece que conseguimos mentir para nós mesmos. É claro que nada há que justifique o hábito de mentir. Mas, por outro lado, é preciso considerar o momento evolutivo em que nos situamos, ainda muito distantes da perfeição possível a que estamos destinados. Muito presos às questões ligadas à vida material, nossos interesses estão situados muito mais nas circunstâncias da vida de relação do que dos reais valores, aqueles que nos impulsionam ao progresso e à verdadeira felicidade, que são os valores espirituais. Então, sempre que vislumbramos a possibilidade de uma mentira nos proporcionar alguma vantagem, por menor que seja, tendemos a abraçá-la como se verdade fosse, colocando-a a serviço dos nossos interesses. O hábito de mentir se faz presente no nosso cotidiano como um instrumento para alcançarmos o que desejamos. É a mulher que oculta do marido o real valor pago por um vestido; é aquele que inventa uma desculpa aceitável para justificar o atraso ou o desatendimento a um compromisso assumido; para sermos agradáveis e simpáticos, emitimos opinião que vai ao encontro do que o nosso interlocutor quer ouvir e não ao encontro da nossa consciência. Enfim, as circunstâncias são inúmeras e poderíamos desfilar incontáveis exemplos nesse sentido. E sempre procurando legitimar a mentira, como numa espécie de auto-defesa por termos feito algo errado. É costume, também, justificar-se o hábito da mentira sob a alegação de que se trata de uma mentira "inofensiva". Também existem as mentiras por motivos óbvios, em que o pequeno mentiroso sacrifica a verdade para proteger-se da esperada punição por um mau desempenho na escola ou uma travessura que custou a vida de um valioso vaso em casa. A criança mente ainda para extravasar agressividade ou vingar-se de alguém: por exemplo, acusa o irmão de uma falta imaginária para vê-lo castigado e assim aplacar o próprio ciúme. Tudo isso, com mais refinamento, os adultos também fazem. Há, porém, uma diferença. "Não existe uma idade exata para parar de mentir. Mas quando se deixa de viver mentindo é sinal de que já se está maduro". Se a mentira é tão comum, por que todo pai vira uma fera quando flagra o filho mentindo? "Porque esse mesmo pai, embora também minta na sua vida, não deixa de dar o devido valor à verdade."Ele quer que o filho faça o certo pelo mesmo motivo que deseja vê-lo o melhor em tudo." A repressão familiar à mentira faz bem: sem ela, não se aprende a lutar pelas coisas que se quer usando meios legítimos, nem se assume o que se faz— enfim, não se cresce. No final das contas, o adulto que mente constantemente é uma criança que só cresceu por fora. Pois então a mentira é prova de que algo vai mal na cabeça do cidadão — e precisa ser tratado. Os assuntos sobre os quais uma pessoa mente fornecem ótimas pistas sobre as áreas mais problemáticas de seu temperamento, aquilo que ela não enfrenta ou quer esconder — de si mesma. Não menos importante, porém, é a influência da sociedade. Assim como a censura da família é fundamental para conduzir a criança ao bom caminho da verdade, a forma como a sociedade pune a mentira também é. "Num país como o Brasil, em que a impunidade corre solta, mesmo um adulto pode não ver mal algum em mentir". Ai a mentira muda de figura. Já não se trata da necessidade compulsiva de enganar, típica da pessoa imatura, nem das pequenas inverdades que todos contam, seja por piedade, como dizer a um doente que sua aparência está ótima, seja para poupar-se de uma chateação, ao mandar dizer que não se está em casa no momento de atender um telefonema. Quando a mentira passa a fazer parte rotineira do jogo social, — uma técnica de ataque e defesa na competição entre as pessoas por mais riqueza, prestigio ou poder, e ainda na guerrilha entre governados e governantes —, é claro sinal de que o país onde isso acontece não vai bem das pernas. O pior é quando as pessoas mentem e já nem ficam vermelhas. — Ao contrário, até invocam justificativas para as rasteiras que praticam, como o contribuinte que lesa o fisco porque se diz lesado pelo governo que não cumpre o que promete. A mentira envergonhada ainda é uma prova de que se sabe distinguir o certo do errado: assim como a hipocrisia é a homenagem do vício à virtude, ela é uma demonstração indireta do respeito pela verdade. Mesmo o mais descarado dos mentirosos, porém, se entrega. — Só não o nota quem não quer ou não presta suficiente atenção. As crianças podem dizer "sou mentiroso e sou feliz; mais mentiroso é quem me diz". Mas não é verdade: mentira raramente rima com felicidade. Principalmente quando a pessoa se vê forçada a esconder de seu parceiro a realidade. Nas relações amorosas, diz o psicoterapeuta paulista Jacob Pinheiro Goldberg, a mentira costuma ser confundida com a fantasia, pois ambos os processos servem à mesma finalidade: suavizar as situações de tensão. "Mas, na mentira", explica Goldberg, "existe a intenção de iludir o outro em causa própria, e isso implica lesões e mutilações para o relacionamento. Já a fantasia serve muitas vezes para sustentar a qualidade da relação." A mentira no jogo amoroso também sofre a influência dos costumes da sociedade em que vivem os amantes. Quanto mais tabus houver maior será a tendência para a hipocrisia e o fingimento. Poucas coisas são tão complicadas como o conflito entre a verdade e a mentira numa relação afetiva, e os rios de tinta já gastos pelos psicólogos para explicar a questão não conseguem cobrir suficientemente toda a gama de emoções envolvidas nessas situações. É parte do desenvolvimento psíquico de cada um fazer da mentira uma espécie de varinha mágica. Há quem vive para mentir e há quem mente para viver — como os que ganham honestamente o pão de cada dia graças ao fingimento, em tempo parcial ou integral. É o caso, por exemplo, dos atores, que fingem ser personagens; dos médicos, que ostentam nas horas mais graves uma calma fictícia; dos diplomatas, que por dever do ofício blefam à mesa de negociações. As pesquisas indicam que os brasileiros menos acreditados pela população são os políticos. Considerando, contudo, que a mentira quase sempre é praticada buscando defender um interesse pessoal, seja de natureza material ou simplesmente moral, não há como se ver inocência na sua prática, mas, ao contrário, um sinal característico da imperfeição. Para chegarmos à nossa destinação final, teremos que nos despojar de todas as imperfeições que ainda povoam a nossa personalidade. Vamos, desse modo, começar a nos vigiar, para que possamos, pouco a pouco, pois a natureza não dá saltos, ir abandonando esse hábito, mesmo em circunstâncias aparentemente inofensivas. Não esqueçamos a grande advertência do Mestre Maior: “A verdade vos libertará.”