quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A ÚLTIMA CURVA –

Há quem diga que a morte é tormento. Há quem diga que a morte é descanso. Porém, mais sensato seria dizer que a morte pode vir a ser um tormento, ou, que ela pode vir a ser um repouso. Tudo depende de como utilizamos o nosso tempo presente. Bendito tempo... As gerações que se sucedem interminavelmente. O tempo que corre continuamente, e as marcas deixadas pela sua passagem. O ontem, e o amanhã... A vida terrena é breve como a brisa que passa. Eternos são o amor, a compaixão, e a bondade. “Deixa-te levar pela criança que foste.” O Livro dos Conselhos. Qual o significado de um dia? Qual o significado de uma vida? Qual o significado da eternidade?... A cada noite, antes de deitar, avaliar como foi que utilizamos o dia que finda. Foi um dia de ganhos ou de perdas espirituais? Boas ações, virtudes, tesouros imperecíveis... Se o nosso coração estiver um pouco mais puro e compassivo, então por certo ganhamos o dia. Não permitir que as miudezas do dia-a-dia ofusquem de nossa vista o essencial. Essencial é o amor. Essencial é a compaixão. Essencial é proteger a infância. Cuidar dos filhos e netos. Sejam os nossos próprios filhos e netos, sejam os filhos e netos do mundo, carentes de amor, proteção e cuidado. Olhares que transmitem aquilo que palavras não saberiam traduzir. Educar as futuras gerações de modo que cresçam com um espírito desarmado, compassivo e generoso. Educar o olhar, o dizer, o sentir... Essencial são as Bem-aventuranças. “Bem aventurados os famintos e sedentos de justiça!” Jesus Cristo (Sermão da Montanha) “Vossos olhos são bem-aventurados, porque vêem, e vossos ouvidos, porque ouvem.” Jesus Cristo (Mt 13, 16) “Bem aventurados os puros de coração!” Jesus Cristo (Sermão da Montanha) “Que grande bem-aventurança espera aquele que o sopro de Deus despertou de seu sono -...” “...sopro que, da fonte de Sua misericórdia, se difundiu sobre todas as Suas criaturas que para Ele se volveram.” Bahá’u’lláh (dos Escritos da Fé Bahá’í) Aproveitar os breves dias terrenos para renovar o olhar, para purificar o coração. Percorrer os caminhos de aprimoramento interior que conduzem às Bem-aventuranças. De pés descalços trilhar a senda saudável de uma existência modesta, por vezes solitária, porém, sempre solidária. Ter em mente que esta existência terrena é a infância da eternidade. E que ao final da última curva, da última trilha desta vida terrena, nos esperam outros céus, outros horizontes, outras brisas matinais... Realidades sutis, subjetividades, colheitas espirituais...

DESEJO E VONTADE -

Quantos de nós já não tivemos a sensação de que queríamos com ardor alguma coisa e, ao possuirmos o que tanto queríamos, o desejo se esvai e a própria coisa obtida deixa de ser do nosso interesse. Claro que não é sempre que isto acontece, mas por qual motivo será que vemos pessoas lutarem a vida inteira para obter boa posição econômica, ter uma vida afetiva estável, muitos amigos, e, quando obtém tudo isso...entram em processo de depressão profunda? O que há de errado nestes casos? Pensemos um pouco sobre isso. Em primeiro lugar, precisamos saber se temos uma ideia clara do funcionamento de nossa vontade e de nosso desejo. E, sem a menor sombra de dúvida, a resposta é que muitas vezes não temos este conhecimento. Geralmente pensamos que o desejo comanda a vontade, e empenhamos todos os nossos esforços na realização de desejos que surgem, e em certos casos se tornam tão fortes que rompem a fronteira entre desejo e necessidade, chegando a consumir o portador de tais desejos em enorme ansiedade e sofrimento para que este desejo seja satisfeito. Por vezes, desejos como "ser rico" comandam nossos esforços, de modo que existem pessoas que renunciam a sua juventude, ao convívio com a família, ao lazer e dedicam o próprio esforço em jornadas de trabalho estafantes e repetitivas. Eis o desejo comandando a vontade, fazendo com que o indivíduo suporte enormes dificuldades até ser satisfeito em seu desejo. Mas o desejo é algo muito volúvel e mutável, e muitas vezes, no momento mesmo em que é satisfeito, temos a sensação de que nossa conquista não basta. Nada mais natural, o desejo somente existe enquanto expressão da carência de algo, nos impelindo de modo a direcionarmos a nossa vontade rumo ao que nos parece o melhor alvo. Mas, será que o desejo sempre comanda a vontade? Nem sempre se pode dizer que sim. Vejamos os casos em que o sujeito suprime seus desejos de modo a aumentar sua força de vontade cada vez mais, por exemplo, os monges budistas que procuram aplacar os desejos com a ajuda da meditação. Por qual motivo alguns conseguem disciplinar sua vontade e reduzir os sofrimentos oriundos do desejo e outros não? A resposta é simples, mas de difícil execução. O que queremos na verdade não é satisfazer determinados desejos menores que surgem ligados às coisas que possuímos. O que queremos mesmo é ter a sensação de que estamos permanentemente em busca de um objetivo. Só que ao vermos de forma equivocada este objetivo, uma vez alcançada a meta aparente, o desejo some para que outra busca se inicie. Na realidade, pensamos que estamos atingindo uma finalidade mas na realidade o que estamos sempre fazendo é nos colocando em movimento rumo a alguma coisa, e esta é nossa vontade profunda. Claro está que o movimento de busca de algo fora de nós mesmos está colocado quase como uma programação em nós, mas por outro lado, será que o que buscamos em nossas vidas em casos como os que mencionei (o da riqueza, por exemplo) é o que realmente desejamos? Quantas vezes almejamos ser felizes e não temos a menor ideia do que possa ser a felicidade, e se temos alguma ideia, será que ela se sustenta muito tempo se for questionada (por exemplo: serei eu feliz se tiver um carro?)? Estas interrogações nos levam mais fundo do que podemos imaginar, indo a uma dimensão profunda dentro de nós mesmos. Precisamos nos empenhar não apenas na busca de coisas externas a nós, como o amor de alguém que gostamos, a realização de uma carreira, a conquista de fortuna, pois trata-se de coisas temporárias e mutáveis. Quantas fortunas, por exemplo, em um segundo não se reduziram a nada?. Precisamos estar atentos ao desenvolvimento e conquista de valores duráveis e capazes de provocar o desenvolvimento de nós mesmos. O aprimoramento de nosso caráter, nossa inteligência e nossa consciência moral. Sem nenhuma sombra de dúvida, é possível indicar esta sensação contínua de bem-estar relativa ao desenvolvimento de nós mesmos como um elemento que nos coloca, no mínimo, a caminho da felicidade, pois os valores ligados ao desenvolvimento intrapessoal são estáveis, duráveis, e permanecem com a pessoa até sua morte, e até mesmo depois dela. Por este motivo, acredito que invertendo o caminho da busca (desenvolvimento interno ao invés de elementos externos) a felicidade pode ser vivida de forma muito mais plena, de modo que as conquistas obtidas não se perderão e o desejo ficará sob controle, sem nos afetar e nos trazer sofrimentos. Temos buscado verdadeiramente nosso íntimo? Se não, acharemos coisas que nada têm a ver conosco. Batemos na porta que queremos? Talvez nos sejam abertas portas pelas quais não queremos passar. Se não sabemos o que queremos, para onde então estamos indo? Como a Vida Maior vai facilitar a nossa caminhada, se não sabemos qual é nosso rumo ou meta? Pensemos bem, reflitamos: sentir e viver a vida interior é muito mais do que ficar pensando nela. Precisamos tomar uma atitude de observação interna e externa, de atenção perceptiva, junto com o anseio de encontrarmos o nosso verdadeiro lugar na vida, de entendermos o sentido das coisas que nos acontecem, visto que tudo tem um significado implícito. O mundo nos apresenta uma enxurrada de pensamentos concluídos e opiniões prontas. É um erro buscarmos respostas feitas porque nós não queremos pensar por nós mesmos. Assim procedendo, apenas agravamos a angústia da busca, por não procurarmos o que está em nossa própria alma. Cada criatura tem um jeito único de ser e crescer, um espaço próprio, exclusivo, a ocupar neste mundo e um peculiar poder pessoal de traçar seu próprio caminho evolutivo. Dizem o espanhóis que “El camino se hace ao caminar!” – “O caminho se faz ao caminhar!” – Educadores, pais e professores, têm o papel de orientar seus educandos, mas não de impor caminhos já traçados e percorridos. O que resulta da opinião alheia e nela se fundamenta é conceito relativo.O que se origina da realidade das coisas – o que se sente e o que se vive, e nela se baseia – é fato autêntico, verdadeiro, real. A grande maioria das criaturas prefere enxergar por meio dos olhos dos outros. Devemos, entretanto, perceber a vida com nossos próprios olhos. Do contrário, poderemos viver existencialmente sem paradeiro, como ambulantes sem rumo e sem porto. “Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir”, já disse alguém antes de nós. Quando temos um objetivo claro, o Universo inteiro conspira silenciosamente em nosso favor. “Se não queremos fazer algo, buscamos desculpas, mas se realmente quisermos fazer, buscaremos os meios.”, diz Sérgio Jacoby. Cada um de nós é responsável por si mesmo. É responsável pelos seus sucessos,pelas suas derrotas, pelo seu aprendizado. Muitas vezes buscamos o que queremos fora de nós e, assim, delegamos aos outros a responsabilidade pela nossa felicidade. Ninguém é responsável pela sua felicidade, a não ser você. Quando delegamos, passamos aos outros o dever de nos fazer feliz e, quando o outro "falha" na nossa concepção, nos sentimos vítimas. Estamos enganados e permanecemos infelizes. A busca pela Felicidade é individual, por mais que para que sejamos felizes seja importante que os outros também estejam felizes. Sabemos que cada um tem a sua história, o seu momento evolutivo, a sua responsabilidade pela busca da própria felicidade. Vamos, portanto, respeitar a nós mesmos e aos outros, deixando que cada um faça as suas próprias descobertas. Não existem dois caminhos iguais, assim como não existem dois espíritos iguais. Existem, sim, espíritos afins que se juntam em uma caminhada, mas mesmo nesses casos, o respeito pela busca de cada um deve persistir. A cada um conforme as suas obras.

domingo, 18 de agosto de 2013

RELIGIÃO E ESPIRITUALIDADE - TEXTO

A religião não é apenas uma, são centenas. A espiritualidade é apenas uma. A religião é para os que dormem. A espiritualidade é para os que estão despertos. A religião é para aqueles que necessitam que alguém lhes diga o que fazer e querem ser guiados. A espiritualidade é para os que prestam atenção à sua Voz Interior. A religião tem um conjunto de regras dogmáticas. A espiritualidade lhe convida a raciocinar sobre tudo, a questionar tudo. A religião ameaça e amedronta. A espiritualidade lhe dá Paz Interior. A religião fala de pecado e de culpa. A espiritualidade lhe diz: “aprenda com o erro”. A religião reprime tudo, lhe faz falso. A espiritualidade transcende tudo, lhe faz verdadeiro! A religião não é Deus. A espiritualidade é Tudo e, portanto é Deus. A religião inventa. A espiritualidade descobre. A religião não indaga, nem questiona. A espiritualidade questiona tudo. A religião é humana, é uma organização com regras. A espiritualidade é Divina, sem regras. A religião é causa de divisões. A espiritualidade é causa de União. A religião lhe busca para que acredite. A espiritualidade, você tem que buscá-la. A religião segue os preceitos de um livro sagrado. A espiritualidade busca o sagrado em todos os livros. A religião se alimenta do medo. A espiritualidade se alimenta na Confiança e na Fé. A religião faz viver no pensamento. A espiritualidade faz Viver na Consciência. A religião se ocupa com fazer. A espiritualidade se ocupa com Ser. A religião alimenta o ego. A espiritualidade nos faz Transcender. A religião nos faz renunciar ao mundo. A espiritualidade nos faz viver em Deus, não renunciar a Ele. A religião é adoração. A espiritualidade é Meditação. A religião sonha com a glória e com o paraíso. A espiritualidade nos faz viver a glória e o paraíso aqui e agora. A religião vive no passado e no futuro. A espiritualidade vive no presente. A religião enclausura nossa memória. A espiritualidade liberta nossa Consciência. A religião crê na vida eterna. A espiritualidade nos faz conscientes da vida eterna. A religião promete para depois da morte. A espiritualidade é encontrar Deus em Nosso Interior durante a vida.

ESPIRITUALIDADE E RELIGIÃO -

Toda a pessoa, independente da sua idade, é racional, porque dotada da capacidade do pensamento, afetiva, porque é capaz de desenvolver laços afetivos, social, relaciona-se com as outras pessoas, física, pois se encontra em um corpo físico, sensível, dotada de sensibilidade e espiritual. Eu diria até que somos mais espirituais do que físicos. O espírito que cada um de nós é apenas utiliza-se do corpo, que é perecível e temporário, enquanto ele é eterno. Entramos e saímos de experiências nos corpos físicos e continuamos a nossa trajetória em busca da perfeição. É preciso, então, que cada pessoa se desenvolva como uma unidade, relacionando-se consigo mesmo, com os outros, com o mundo e com o transcendente, ou seja, com Deus. Precisamos compreender que espiritualidade e religião são duas coisas bastante diferentes. A espiritualidade faz parte da natureza humana. A religião é apenas um conjunto de regras de comportamentos que são impostos a seus seguidores. Hoje, religião é tão somente um conjunto de sistemas culturais e de crenças, além de visões de mundo, que estabelece os símbolos que relacionam os seus seguidores com a espiritualidade e seus próprios valores morais. Muitas religiões têm narrativas, símbolos,tradições e histórias sagradas que se destinam a dar sentido à vida ou explicar a sua origem e do universo. As religiões tendem a derivar a moralidade, a ética, as leis religiosas ou um estilo de vida preferido de suas ideias sobre o cosmos e a natureza humana, passando a ser tão somente um sistema regulador da moral daqueles que a professam, através de constantes ameaças de punição. É uma tentativa de agradar a um deus desconhecido que “precisa” ficar satisfeito para não se encolerizar e mandar castigos para aqueles que se rebelam contra sua suposta lei. Lembremo-nos que Deus É. Consequentemente, Ele não precisa de mim, nem de ninguém. Nós, na verdade, somos os necessitados. A palavra religião é muitas vezes usada como sinônimo de fé ou sistema de crença, mas a religião difere da crença privada na medida em que tem um aspecto público. A maioria das religiões tem comportamentos organizados, incluindo hierarquias clericais, uma definição do que constitui a adesão ou filiação, congregações de leigos, reuniões regulares ou serviços para fins de veneração ou adoração de uma divindade ou para a oração, lugares (naturais ou arquitetônicos) e/ou escrituras sagradas para seus praticantes. A prática de uma religião pode também incluir sermões, comemoração das atividades de um deus ou deuses, sacrifícios, festivais, festas, transe, iniciações, serviços funerários, serviços matrimoniais, meditação, música, arte, dança, ou outros aspectos religiosos da cultura humana. A pergunta feita atualmente e com certa frequência é “Religião salva?”. E a resposta é “NÃO”. Nem o Espiritismo ou qualquer outra religião salva. Primeiro, entendamos que ‘salvar’ é um verbo que inclui ‘de que’. Salva-se de um perigo, por exemplo. Se uma religião insiste em salvar é porque existe uma ameaça declarada ou velada para me levar a um determinado comportamento. ‘Salvar’ é tomar consciência da Verdade e o que faz o Espírito se salvar, nesse sentido, é o esforço da pessoa em praticar boas ações, instruir-se para vencer suas más inclinações, adquirir sabedoria e fazer todo o bem possível ao seu próximo. O que salva é a doutrina de Jesus, explicitada em seu Evangelho. Para os que ainda não sabem, Jesus é a entidade, ou espírito, responsável pelo nosso planeta Terra. Ele esteve aqui, no plano físico para revelar a Lei na sua maior clareza. Todo aquele que a compreende e a vivencia em espírito e verdade, entrará no Reino de Deus, ou seja, no mundo do entendimento da realidade. O ser humano colocado no mundo vivencia um estado inicial e final de desamparo. Todos nós temos naturalmente a necessidade de proteção e vivemos constantemente em busca de explicações que possam nos dar respostas a três perguntas: Quem sou? De onde vim? Para onde vou? Vivemos constantemente em busca do sentido da vida e cada estágio de nossa existência realiza sua espiritualidade própria. Assim, cada dia é uma oportunidade única para sentir o pulsar da vida e para agradecer ao Criador pelas sucessivas oportunidades de aperfeiçoamento em corpos diferentes. ESPIRITUALIDADE = EXPERIÊNCIA Ex – (para fora) Relacionamento, poder que o criador me deu de ir ao encontro do outro. Peri – sabor. Viver o que está se passando. Ência – Ele nos deu um corpo. Meu coração estará sempre inquieto e só repousará quando se encontrar com o Absoluto, o Transcendente. Deus. EXPERIÊNCIA DE DEUS - Quem és tu? EXPERIÊNCIA DE SI – Quem sou eu? EXPERIÊNCIA DO OUTRO – Quem é você? CONDIÇÃO DE EXTREMA IMPORTÂNCIA: Só poderei cultivar a espiritualidade se eu me aceito, me acolho como sou. Ou eu me aceito como sou ou viverei em constante luta contra mim mesmo. A paz em mim também é conseqüência de estar em paz comigo mesmo, de me aceitar como sou. Eu existo. Creio que sou um projeto de Deus. Preciso gostar de morar na minha casa que é o meu corpo para que possa acolher também o outro. Segundo Leonardo Boff, um teólogo, ex-padre franciscano e escritor, “Espiritualidade diz respeito às qualidades do espírito humano: solidariedade, tolerância, amor, perdão, compaixão, compreensão, indulgência, caridade... Espiritualidade é o modo de ser da pessoa e não apenas um momento de sua vida, é a busca do sentido para o próprio existir. Espiritualidade é aquilo que produz no ser humano uma mudança interior.” Espiritualidade na Terceira Idade, por exemplo, dá o tom de uma velhice tranquila e saudável. Porque é através da fé que acreditamos na valorização do nosso ser; é através da fé que irradiamos alegria pelo dom da vida; é igualmente pela fé que garantimos “vida aos anos”, nas palavras do Dr. João Filho, médico geriatra. A espiritualidade na Terceira Idade tem características próprias: celebrar, relacionar, contemplar, aceitar os próprios limites... Podemos ajudá-los e estimulá-los a: − cultivarem a consciência de que eles têm uma vocação própria, que eles têm muito a passar às jovens gerações; − a se perguntarem não tanto sobre o que fizeram de sua vida passada e mais sobre o que farão com o que lhes resta de vida; − a manterem a sua mente ativa, ocupada com projetos adequados às suas condições de vida e tempo; − a fazerem da vida passada uma oração de louvor e agradecimento, do momento presente viver a fé e a esperança para que o futuro seja de serenidade e paz. Ora, a Espiritualidade é uma atividade do espírito. E aí, surge a pergunta: Como cuidar deste espírito? O cuidado com o espírito implica colocar os compromissos éticos acima dos interesses pessoais ou coletivos. É cuidar dos valores que dão rumo à nossa vida e das significações que geram esperança. Nossa dimensão espiritual vive da gratuidade, da disponibilidade, da ternura, da escuta da realidade e da contemplação. Num mundo preocupado com o desempenho e as realizações pessoais, é necessário insistir na SOLIDARIEDADE. No mundo apressado é preciso definir e viver o ESSENCIAL. No mundo aturdido pelo ruído é preciso cultivar o SILÊNCIO. No mundo obsecado pelo dinheiro, despertar o sentido de DESAPEGO, DOAÇÃO e de GRATUIDADE. Num mundo considerado da comunicação, desenvolver o RELACIONAMENTO. A espiritualidade não se mede por quantidade de orações, por volume, por números, por estatística. A verdadeira espiritualidade fundamenta as atitudes na FÉ e na ESPERANÇA que nos levam a olhar para a frente com otimismo e alegria, buscando vencer as dificuldades. “A Espiritualidade vive da gratuidade e da disponibilidade, vive da capacidade de enternecimento e de compaixão, vive da honradez em face da realidade e da escuta da mensagem que vem permanentemente desta realidade. Quebra a realização de posse das coisas para estabelecer uma relação de comunhão com as coisas. Mais de que usar, contempla” “A partir da experiência espiritual não há só coisas e fatos. Começa a existir a irradiação das coisas e o sentido que vem dos fatos. Nas crises mais profundas, mesmo quando morre um ente querido, quando se desfaz um matrimônio, quando perdemos um filho por causa da droga, podemos sempre perguntar: Qual o significado disso tudo para mim? Que coisa, que caminho, que direção essa realidade quer me mostrar? Não basta chamar um terapeuta, não é suficiente tomar um antidepressivo e dormir horas a fio. É preciso que nos confrontemos perguntando corajosamente: Que sentido mais profundo esta realidade traz para mim? De que me purifica? Em que me faz crescer? ” “Em momentos assim é fundamental a espiritualidade. É poder ver a temporalidade das coisas, a usura do tempo, e saber que não estamos vivos apenas porque ainda não morremos, mas porque a vida é uma oportunidade para crescer, para aceitar nossas canseiras, nossos limites, nosso envelhecimento e nossa mortalidade. Só assim maduraremos para outro tipo de vida, interior, espiritual, inalcançável pelo desgaste e pela morte” Pela espiritualidade nos preparamos para o grande encontro, face a face, com o Pai e Mãe de infinita bondade e misericórdia, criador de todas as coisas e fonte do nosso ser. O que importa, então, é preparar-se para o grande mergulho na realidade suprema, no Deus vivo e acolhedor.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

NAQUELE DIA TOMEI UM TOMBO... E APRENDI.

E assim, naquele dia que parecia como outro qualquer, decidi que o meu maior triunfo seria sobre mim mesmo. E assim, naquele dia que parecia como outro qualquer, meu mundo tornou-se cinzento. Aprendi que as quedas são estímulos para que aprendamos a levantar, com dignidade e com coragem. Aprendi que para olhar o mundo, é preciso estar no chão. Eu só o conhecia do alto da minha arrogância. Aprendi que nada nos acontece por acaso. Sempre há um “para que”. Descobri que nunca tinha questionado se minhas ambições incluíam a ética. Descobri as caras feias que eu estava vendo nada mais eram que meus reflexos em milhares de espelho. Naquele dia descobri que meus rivais e meus desafetos eram apenas ameaças à minha insegurança. . As sombras que me seguiam nada mais eram do que o reflexo negro da minha alma. Descobri que carregava em mim um Ego muito maior que eu. Naquele dia, descobri que eu não era o melhor e que talvez eu nunca tenha sido. Descobri que as minhas ambições eram fruto da minha enorme onipotência. Aprendi também que de nada serve ser luz se não posso iluminar o caminho dos demais. Naquele dia, deixei de ser um propagandista dos meus triunfos passados e passei a ser a minha luz do presente. Naquele dia, deixei de ser o comercial do meu pseudo-conhecimento e passei a aprender um pouco mais. Aprendi também que de nada serve saber se não posso compartilhar e legar o conhecimento. Que para multiplicar o pão de cada dia, é preciso dividi-lo. Aprendi que o difícil não é chegar lá em cima, e sim continuar a subida. Aprendi que a vitória duradoura não vem de sopetão. Ela é conquistada por etapas. Eu subi rápido demais, alto demais! Vi que na luta pelos meus objetivos, o maior é lutar. E que são os caminhos sofridos que nos amadurecem e domam. Aprendi que posso fazer qualquer coisa e arcar com a responsabilidade das quedas. Deixei de me importar com quem ganha ou perde, e me importar simplesmente com quem faz. Decidi não esperar as oportunidades e sim, eu mesmo buscá-las. Decidi ver cada problema como uma oportunidade para aprender a achar soluções. Decidi ver cada dia como uma nova oportunidade de recomeçar Decidi ver cada noite como um mistério a resolver. Decidi ver cada deserto como uma possibilidade de encontrar um oásis. Aprendi que as palmeiras altas e eretas, nos dão uma lição de dignidade e postura, diante das intempéries da vida. Aprendi que o melhor triunfo que posso ter, é ter o direito de chamar alguém de "amigo". Descobri que o amor é mais que um simples estado enamorado, "o amor é uma decisão de vida. Vi que não estava protegendo aqueles que eu amo. Quando o bem é precioso demais, todo zelo é pouco. E que eu não sou o bem mais precioso! Aprendi que a compaixão não é sentimentalismo e sim humanidade. Naquele dia, aprendi que os sonhos existem para fazer a realidade. Aprendi que a imagem do inatingível é o que nos aciona para que o busquemos. Tudo para mim foi atingível! E desde aquele dia já não batalho para triunfar e sim para lutar no combate. E desde aquele dia já não durmo para descansar simplesmente... durmo para sonhar! E desde aquele dia já não vivo mais para ganhar e sim para viver. Para cair... Para levantar... Para continuar... Para chorar... Para perdoar... Para respeitar... Para amar... ... Para aprender e para decidir sobre quem eu quero ser.

CULPA E AUTO-PERDÃO -

Toda vez em que a culpa não se mostra de maneira consciente para uma pessoa, aparecem conflitos que a mascaram, levando a inquietações e sofrimentos sem aparente causa. Todas as pessoas cometem erros de maior ou menor gravidade, alguns dos quais são arquivados no inconsciente, antes mesmo de passarem por uma análise profunda sobre os males produzidos, seja de referência à própria pessoa ou a outrem. Cedo ou tarde, ressurgem de maneira inquietadora, produzindo mal-estar, inquietação, insatisfação pessoal, em caminho de transtorno de conduta. A culpa é sempre responsável por vários processos neuróticos, e precisamos enfrentá-la com serenidade e altivez. Lembre-se: todos podem errar, e isso não acontece apenas uma vez, mas várias vezes, e temos o dever de perdoar- nos, não permanecendo no erro, no equívoco, ao mesmo tempo em que nos esforçamos para reparar o mal que fizemos. Muitos males que cometemos cometemos a nós mesmos, produzindo remorso, vergonha, ressentimento, sem que haja coragem para revivê-los e liberar-se dos seus efeitos danosos. Uma reflexão em torno da humanidade de que cada qual é possuidor vai permitir entender que existem razões que o levam a reagir,quando deveria agir, a revidar, quando seria melhor desculpar, a fazer o mal, quando lhe cumpriria fazer o bem... A terapia moral pelo auto-perdão impõe-se como indispensável para a recuperação do equilíbrio emocional e o respeito por si mesmo. Torna-se essencial, portanto, uma reavaliação da ocorrência, num exame sincero e honesto em torno do acontecimento, diluindo-o racionalmente e predispondo-se a dar-se uma nova oportunidade, de forma que supere a culpa e mantenha- se em estado de paz interior. O auto-perdão, o perdão que damos a nós mesmos, é essencial para uma existência emocional tranquila. Todos têm o dever de perdoar-se, buscando não repetir o erro, desamarrando- se dos cipós constringentes do remorso. Seja qual for a gravidade do ato infeliz, é possível repará-lo quando se está disposto a fazê-lo, recobrando, assim, o bom humor e a alegria de viver. Toda e qualquer postura que assumimos na vida se prende à maneira como olhamos o mundo fora e dentro de nós, podendo nos levar a uma sensação íntima de realização ou de frustração, de contentamento ou de culpa, de perdão ou de punição, de acordo com nosso "código moral" modelado na intimidade de nosso psiquismo. Nosso "julgador interno" foi formado sobre as bases de conceitos acumulados nos tempos passados das vidas incontáveis que vivemos, como também com os pais atuais, com os ensinamentos de professores, com líderes religiosos, com a sociedade enfim. Também, de forma sutil e quase inconsciente, no contato com informações, ordens, histórias, superstições, preconceitos e tradições assimilados dos adultos com quem convivemos em longos períodos de nossa vida. Portanto, ele, o julgador interno, nem sempre condiz com a realidade perfeita das coisas. Essa "consciência crítica" que todos nós possuímos, que julga e cataloga nossos feitos, auto censurando ou auto-aprovando, influencia a criatura a agir da mesma maneira que os adultos agiram sobre ela quando criança, punindo-a, quando não se comportava da maneira como aprendeu a ser justa e correta, ou dando toda uma sensação de aprovação e reconforto, quando ela agia dentro das propostas que assimilou como sendo certas e decentes. A origem do não-perdão a si mesmo, do perdão que negamos a nós mesmos, está baseada no tipo de informações e mensagens que acumulamos através das diversas fases de evolução de nossa existência de almas imortais. Podemos experimentar culpa e condenação, perdão e liberdade de acordo com os nossos valores, crenças, normas e regras vigentes, podendo variar de indivíduo para indivíduo, conforme seu país, sexo, raça, classe social, formação familiar e fé religiosa. Para atingir o auto-perdão, é necessário que a pessoa reexamine suas crenças profundas, sob a natureza do seu próprio ser, estudando as leis da Vida Maior, bem como as raízes de sua educação da infância atual. Uma das grandes fontes de auto-agressão vem da busca apressada de uma perfeição absoluta, como se todos devêssemos ser deuses ou deusas de um momento para outro. Aliás, a exigência de perfeição é considerada a pior inimiga da criatura, pois a leva a uma constante hostilidade contra si mesma, exigindo-lhe capacidades e habilidades ainda não adquiridas por ela. Se padrões muito severos de censura foram estabelecidos por pais perfeccionistas à criança, ou se lhe foi imposto um senso de justiça implacável, entre regulamentos disciplinadores e rígidos, provavelmente ela se tornará um adulto inflexível e irredutível para com os outros e consigo mesmo. Quando sempre esperamos perfeição em tudo e confrontamos o lado "inadequado" de nossa natureza humana, sentir-nos-emos fatalmente diminuídos e envolvidos por uma sombra de fracasso. Não tomar consciência de nossas limitações é como se admitíssemos que os outros e nós mesmos devêssemos ser oniscientes e todo-poderosos. Afirmam algumas pessoas: "Recrimino por ter sido tão ingênuo naquela situação..." "Tenho raiva de mim mesmo por ter aceitado tão facilmente aquelas mentiras..."; "Deveria ter previsto estes problemas atuais"; "Não consigo perdoar-me, pois pensei que ele(ou ela) mudaria...". São maneiras de expressarmos nossa culpa e o não-perdão a nós mesmos – exigências desmedidas atribuídas a pessoas perfeccionistas. Os viciados em perfeição acham que podem fazer tudo sempre melhor e, portanto, rejeitam quase tudo o que os outros fazem ou fizeram. Não aceitam suas limitações e não enxergam a "perfeição em potencial", que existe dentro deles mesmos, perdendo assim a oportunidade de crescimento pessoal e de desenvolvimento natural, gradativo e constante, que é a técnica das leis do universo. A falta de afeto por nós próprios nasce quando nós não nos aceitamos como somos. Somente a auto-aceitação leva uma pessoa a sentir uma plena segurança frente aos fatos e às ocorrências do seu cotidiano, ainda que os indivíduos a seu redor não a aceitem e nem entendam suas melhores intenções. Deveremos compreender que cada um de nós está cumprindo um destino só seu, e que as atividades e modos das outras pessoas ajustam-se somente a elas mesmas. Estabelecer padrões de comportamento e modelos idealizados para os nossos semelhantes é puro desrespeito e incompreensão frente ao mecanismo da evolução espiritual. Admitir e aceitar os outros como eles são nos permite que eles nos admitam e nos aceitem como somos. Perdoar-nos resulta no amor a nós mesmos – a condição essencial para alcançarmos a plenitude do "bem-viver". Deus não julga e nem condena ninguém; somos o nosso próprio juiz e carrasco. À medida que, a cada encarnação, aprimoramos o nosso senso de justiça, mais exigentes nos tornamos quanto ao cumprimento da lei em nós mesmos. Entretanto, se, da mesma forma que aprimoramos o nosso senso de justiça, ampliamos o nosso amor, deixamos de nos punir com o sofrimento e passamos a usar a caridade e o amor ao próximo para cobrir a multidão dos nossos pecados. O perdão é a caridade por excelência! É a caridade para conosco e para com os outros. É realmente o caminho para a nossa felicidade. Muitas vezes, quando faltamos com o perdão, condenamo-nos a sofrimentos desnecessários e que poderiam ser evitados. Embora o nosso consciente não registre o processo auto-punitivo existente em nosso subconsciente, podemos exercer um trabalho consciente a fim de nos libertarmos desse processo altamente negativo. Deus não quer seus filhos entregues a um remorso excessivo tornando-os improdutivos, mas sim, ativos, buscando, nas realizações louváveis, o equilíbrio da própria consciência. Porém, mesmo que exercitemos o auto-perdão, nenhum resultado alcançaremos se ainda alimentamos alguma mágoa por alguém, mas quando, mesmo sem exercitarmos o auto-perdão, conseguimos perdoar aqueles que nos magoaram e fizermos do perdão uma constante em nossas atitudes, automaticamente, estaremos caminhando em direção ao perdão de nós mesmos. Por isso mesmo, insistimos em afirmar que o perdão é o caminho para a nossa felicidade.

domingo, 4 de agosto de 2013

EU PERDÔO -

Pai, quando eu for chamado para junto de Ti, quero partir com o coração aliviado de qualquer sentimento menor que possa reter-me ao vale de lágrimas onde me encontro hoje. Ah, Meu Deus, que nada do que já vivi e ainda vivo seja obstáculo à minha felicidade amanhã!... Quando eu me for, quero alçar voo como fazem as aves que planam livres por sobre as misérias humanas, e que não pousam no chão senão para buscar o alimento que as mantém fortes nas alturas!... Quando meus olhos se cerrarem à ilusão da carne, é de minha vontade que eu me distancie do mundo com a leveza das almas experimentadas na forja das provas árduas, sem que o peso dos sentimento menores impeça meu anseio de libertação! Desejo, Pai, libertar-me, sendo fiel à Tua lei de amor e de perdão! Eu compreendo que a Terra é a escola onde Tu nos preparas para a angelitude!... Eu compreendo que o sofrimento é a lição que nos faz avançar para a glória ou estacionar na senda de novas e mais dolorosas provas!... Eu compreendo que tudo é seleção: os laços, a estrada, os acontecimentos... De minha atitudes colherei bem ou mal; com minhas decisões talharei o que serei amanhã. Alegrias infinitas ou sofrimentos sem conta nascem unicamente de meus atos, a revelia do que os outros me fazem ou deixam de fazer.... Por isso, Pai, conduz meu pensamento de tal sorte que, quando chegar minha hora, nada do que vivi possa retardar-me o passo ou prender-me outra vez ao sombrio grilhão da dor. De todos os momentos experimentados, que eu carregue comigo apenas aqueles que me proporcionaram coisas úteis e felizes. Que os infortúnios e mágoas do passado não sejam mais peso em meu coração a impedir a realização dos mais ardentes anseio de felicidade e sublimação!... As lágrimas que me fizeram verter - eu perdôo. As dores e as decepções - eu perdôo. As traições e mentiras - eu perdôo. As calúnias e as intrigas - eu perdôo. O ódio e a perseguição - eu perdôo. Os golpes que me feriram - eu perdôo. Os sonhos destruídos - eu perdôo. As esperanças mortas - eu perdôo. O desamor e a antipatia - eu perdôo. A indiferença e a má vontade - eu perdôo. A desconsideração dos amados - eu perdôo. A cólera e os maus tratos - eu perdôo. A negligência e o esquecimento - eu perdôo. O mundo, com todo o seu mal - eu perdôo. A partir de hoje proponho-me a perdoar porque a felicidade real é aquela que nasce do esquecimento de todas as faltas!... No lugar da mágoa e do ressentimento, coloco a compreensão e o entendimento; no lugar da revolta, coloco a fé na Tua Sabedoria e Justiça; no lugar da dor, coloco o esquecimento de mim mesmo; no lugar do pranto coloco a certeza do riso e da esperança porvindoura; no lugar do desejo de vingança, coloco a imagem do Cordeiro imolado e o mais sublime dos perdões... Só assim, Pai, se um dia eu tiver que retornar à carne, poderei me levantar forte e determinado sobre os meus pés e não obstante todos os sofrimentos que experimentar, serei naturalmente capaz de amar acima de todo desamor, de doar mesmo que despossuído de tudo, de fazer feliz aos que me rodearem, de honrar qualquer tarefa que me concederes, de trabalhar alegremente mesmo que em meio a todos impedimentos, de estender a mão ainda que em mais completa solidão e abandono, de secar lágrimas ainda que aos prantos, de acreditar mesmo que desacreditado, e de transformar tudo em volta pela força de minha vontade, porque só o perdão rasga os véus sombrios do ressentimento e da revolta, frutos infelizes do egoísmo e do orgulho, libertando meu coração no rumo do bem e da paz, do amor verdadeiro e da felicidade eterna! Assim seja! (Psicografia Instituto André Luiz, 08.03.2003)

OS MALES DA INTOLERÂNCIA -

A intolerância é a principal característica do indivíduo intransigente. Indivíduo rígido em seu ponto de vista e em sua avaliação das outras pessoas. Para melhor identificar a intolerância nas nossas manifestações, relacionemos alguns traços característicos desse defeito. São eles: a) Exigência fora da conta para com o comportamento ou para com as obrigações dos outros, nas situações familiares, profissionais ou sociais de um modo geral; b) Severidade exagerada quando nas funções de chefia, perdendo quase sempre o controle emocional e repreendendo violentamente algum subalterno que tenha cometido certo erro em suas obrigações de serviço; c) Rigidez nas determinações ou nas posições tomadas em relação a alguma penalidade aplicada a alguém que tenha errado e sobre quem exerça autoridade; d) Rispidez e maus-tratos para com aqueles com quem convive, agindo com dureza e radicalismo; e) Não-aceitação e incompreensão das infrações que alguém possa cometer, condenando-as inapelavelmente com julgamentos agressivos e depreciativos; f) Prazer em denegrir as pessoas, evidenciando, de preferência, seus defeitos. O intolerante não perdoa, nem mesmo atenua as falhas humanas e, por isso, falta-lhe a moderação nas apreciações para com o próximo. Vê apenas o lado errado das pessoas, o que em nada estimula o bem proceder. A fácil irritação é também um aspecto predominante do tipo intolerante. O senso de análise e de crítica é nele muito forte. Na sua maneira de ver, quem erra tem que pagar pelo que fez. Não há considerações que possam aliviar uma falta. Por que somos ainda tão intolerantes? Vemos o cisco no olho do nosso vizinho e não enxergamos a trave no nosso. Gostamos de comentar só o lado desagradável e desairoso das pessoas, e isso até nos dá prazer. Será que nessas críticas não estamos inconscientemente projetando nos outros o que mais ocultamos de nós mesmos? Não estaríamos assim salientando nas pessoas o que não temos coragem de encarar dentro de nós? A intolerância doentia é um sintoma indicativo de que algo muito sério precisa ser corrigido dentro do nosso próprio ser. Por que exigimos perfeição dos que nos rodeiam e somos complacentes com nossos abusos? Sejamos primeiro rigorosos conosco e, então, compreensivos com os outros. “Incontestavelmente, é o orgulho que leva o homem a dissimular os seus próprios defeitos, tanto morais quanto físicos”. (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo X. Bem aventurados os Misericordiosos. O argueiro e a trave no olho.) Mostrando o mal nos outros, ressaltamos as supostas qualidades que acreditamos ter. É manifestação de orgulho, não nos enganemos. É proceder contrário à caridade “que Jesus se empenhou tanto em combater, como o maior obstáculo ao progresso”. A censura que façamos a outra pessoa deve antes ser dirigida a nós próprios procurando indagar se não a mereceríamos. Analisemos, identifiquemos e lutemos por eliminar completamente a intolerância dos nossos hábitos. Diante da inveja, da injusta acusação, da ingratidão, da incompreensão, da injúria, da ignorância e da grosseria, resta-nos, como saída segura e cristã, exercitar a tolerância. Não poderemos nunca medir o tamanho dos problemas por que passam os que nomeamos como nossos “ofensores” e que os levam a ter tais comportamentos. Contudo, podemos com certeza entender que no íntimo de cada um deles há sofrimentos e angústias indecifráveis para as outras pessoas. Disso sabemos porquê também carregamos dificuldades ocultas. Sempre devemos nos colocar na posição de quem erra, a fim de compreendermos e perdoarmos com sinceridade. É indispensável que não esqueçamos de que aquele que hoje nos magoa pode mostrar-se para nós como grande instrumento de socorro amanhã. Tolerância é uma das tantas virtudes necessárias para elevar o ser humano à condição de civilizado. Ela faz parte do processo de desenvolvimento da maneira ideal de comportamento entre as pessoas e grupos, cuja objetivo é levá-los a manter a “disposição” firme e constante para praticar a tolerância; é exercício necessário para se conquistar a Sabedoria. Segundo o filósofo André Comte-Sponville, a tolerância é uma virtude necessária para o exercício das coisas pequenas do cotidiano. Nela, na tolerância,existe uma espécie de “prontidão” e também de atividade. “Prontidão” a favor de ideias e atos de Tolerância e atividade contra tudo que se reprime, oprime, discrimina, que não respeita as diferenças humanas, sejam de raça, de cultura, de religião, de situação econômica, de orientação sexual, etc. Quem se pretende possuir “a verdade”, ou melhor, “a certeza”, termina sendo intolerante em aceitar outros posicionamentos, se fechando a escuta de tudo que se apresente como diferente ou incompreensível ao seu esquema conceitual de fala e ação. E essa postura de “certeza” que muitos carregam traz sempre consigo uma atitude de prejulgamento e de preconceito. Diz a Madre Teresa de Calcutá que “quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las.” O fato é que nos arvoramos a ser juízes dos outros e julgar os outros quando estão tão somente tentando acertar e que, como nós, estão distantes da santidade que exigimos do outro e que ainda não desenvolvemos em nós. E os cristãos, como julgam! Como cada irmão julga o outro, como se alguns fossem detentores da salvação e pudessem manipular a verdade e manipular até Deus. Dois mil anos se passaram e ainda não aprendemos a lição do “amai-vos uns aos outros”. Pelo visto, ainda julgamos principalmente aqueles que não pensam e nem rezam segundo nossa cartilha. Quando uma pessoa emite julgamentos sobre alguém é de se esperar que tenha conhecimentos de causa e elementos para tal, que tenha uma visão mais ampla e acertada do outro e, principalmente, que tenha ao menos uma proposta melhor para oferecer no que diz respeito ao fato motivador de sua reação crítica. Quem de nós pode oferecer proposta de melhor quando se trata da felicidade do outro? Ao avaliar fria e francamente o hábito de julgar, convenhamos que não estamos habilitados nem sequer a ajuizar sobre nossas próprias intenções. Quantas e quantas vezes praticamos determinadas ações ou tomamos atitudes das quais nos arrependemos posteriormente e, perguntados por que agimos de tal maneira, respondemos com honestidade: “Não sei!”? Claro, ainda não temos sabedoria ou inteligência, justiça e equidade para podermos avaliar justamente o outro. É nesse sentido que o Evangelho de Jesus Cristo nos alerta para o fato de que, da mesma forma como julgamos o próximo, seremos nós avaliados, medidos e pesados; segundo o mesmo critério que utilizamos com o outro seremos nós amparados ou punidos, premiados ou castigados no tribunal das nossas consciências. Ora, como seremos julgados com benevolência por nossas consciências, se passamos toda uma existência julgando o próximo com mesquinhez, severidade e malevolência? Por essa razão, o Evangelho ainda nos oferece sábio e inteligente aconselhamento, que consiste simplesmente em não julgar, uma vez que não estamos devidamente capacitados no aspecto moral nem tampouco detemos conhecimento pleno da maioria das situações e pessoas que pretendemos julgar.