domingo, 18 de agosto de 2013

ESPIRITUALIDADE E RELIGIÃO -

Toda a pessoa, independente da sua idade, é racional, porque dotada da capacidade do pensamento, afetiva, porque é capaz de desenvolver laços afetivos, social, relaciona-se com as outras pessoas, física, pois se encontra em um corpo físico, sensível, dotada de sensibilidade e espiritual. Eu diria até que somos mais espirituais do que físicos. O espírito que cada um de nós é apenas utiliza-se do corpo, que é perecível e temporário, enquanto ele é eterno. Entramos e saímos de experiências nos corpos físicos e continuamos a nossa trajetória em busca da perfeição. É preciso, então, que cada pessoa se desenvolva como uma unidade, relacionando-se consigo mesmo, com os outros, com o mundo e com o transcendente, ou seja, com Deus. Precisamos compreender que espiritualidade e religião são duas coisas bastante diferentes. A espiritualidade faz parte da natureza humana. A religião é apenas um conjunto de regras de comportamentos que são impostos a seus seguidores. Hoje, religião é tão somente um conjunto de sistemas culturais e de crenças, além de visões de mundo, que estabelece os símbolos que relacionam os seus seguidores com a espiritualidade e seus próprios valores morais. Muitas religiões têm narrativas, símbolos,tradições e histórias sagradas que se destinam a dar sentido à vida ou explicar a sua origem e do universo. As religiões tendem a derivar a moralidade, a ética, as leis religiosas ou um estilo de vida preferido de suas ideias sobre o cosmos e a natureza humana, passando a ser tão somente um sistema regulador da moral daqueles que a professam, através de constantes ameaças de punição. É uma tentativa de agradar a um deus desconhecido que “precisa” ficar satisfeito para não se encolerizar e mandar castigos para aqueles que se rebelam contra sua suposta lei. Lembremo-nos que Deus É. Consequentemente, Ele não precisa de mim, nem de ninguém. Nós, na verdade, somos os necessitados. A palavra religião é muitas vezes usada como sinônimo de fé ou sistema de crença, mas a religião difere da crença privada na medida em que tem um aspecto público. A maioria das religiões tem comportamentos organizados, incluindo hierarquias clericais, uma definição do que constitui a adesão ou filiação, congregações de leigos, reuniões regulares ou serviços para fins de veneração ou adoração de uma divindade ou para a oração, lugares (naturais ou arquitetônicos) e/ou escrituras sagradas para seus praticantes. A prática de uma religião pode também incluir sermões, comemoração das atividades de um deus ou deuses, sacrifícios, festivais, festas, transe, iniciações, serviços funerários, serviços matrimoniais, meditação, música, arte, dança, ou outros aspectos religiosos da cultura humana. A pergunta feita atualmente e com certa frequência é “Religião salva?”. E a resposta é “NÃO”. Nem o Espiritismo ou qualquer outra religião salva. Primeiro, entendamos que ‘salvar’ é um verbo que inclui ‘de que’. Salva-se de um perigo, por exemplo. Se uma religião insiste em salvar é porque existe uma ameaça declarada ou velada para me levar a um determinado comportamento. ‘Salvar’ é tomar consciência da Verdade e o que faz o Espírito se salvar, nesse sentido, é o esforço da pessoa em praticar boas ações, instruir-se para vencer suas más inclinações, adquirir sabedoria e fazer todo o bem possível ao seu próximo. O que salva é a doutrina de Jesus, explicitada em seu Evangelho. Para os que ainda não sabem, Jesus é a entidade, ou espírito, responsável pelo nosso planeta Terra. Ele esteve aqui, no plano físico para revelar a Lei na sua maior clareza. Todo aquele que a compreende e a vivencia em espírito e verdade, entrará no Reino de Deus, ou seja, no mundo do entendimento da realidade. O ser humano colocado no mundo vivencia um estado inicial e final de desamparo. Todos nós temos naturalmente a necessidade de proteção e vivemos constantemente em busca de explicações que possam nos dar respostas a três perguntas: Quem sou? De onde vim? Para onde vou? Vivemos constantemente em busca do sentido da vida e cada estágio de nossa existência realiza sua espiritualidade própria. Assim, cada dia é uma oportunidade única para sentir o pulsar da vida e para agradecer ao Criador pelas sucessivas oportunidades de aperfeiçoamento em corpos diferentes. ESPIRITUALIDADE = EXPERIÊNCIA Ex – (para fora) Relacionamento, poder que o criador me deu de ir ao encontro do outro. Peri – sabor. Viver o que está se passando. Ência – Ele nos deu um corpo. Meu coração estará sempre inquieto e só repousará quando se encontrar com o Absoluto, o Transcendente. Deus. EXPERIÊNCIA DE DEUS - Quem és tu? EXPERIÊNCIA DE SI – Quem sou eu? EXPERIÊNCIA DO OUTRO – Quem é você? CONDIÇÃO DE EXTREMA IMPORTÂNCIA: Só poderei cultivar a espiritualidade se eu me aceito, me acolho como sou. Ou eu me aceito como sou ou viverei em constante luta contra mim mesmo. A paz em mim também é conseqüência de estar em paz comigo mesmo, de me aceitar como sou. Eu existo. Creio que sou um projeto de Deus. Preciso gostar de morar na minha casa que é o meu corpo para que possa acolher também o outro. Segundo Leonardo Boff, um teólogo, ex-padre franciscano e escritor, “Espiritualidade diz respeito às qualidades do espírito humano: solidariedade, tolerância, amor, perdão, compaixão, compreensão, indulgência, caridade... Espiritualidade é o modo de ser da pessoa e não apenas um momento de sua vida, é a busca do sentido para o próprio existir. Espiritualidade é aquilo que produz no ser humano uma mudança interior.” Espiritualidade na Terceira Idade, por exemplo, dá o tom de uma velhice tranquila e saudável. Porque é através da fé que acreditamos na valorização do nosso ser; é através da fé que irradiamos alegria pelo dom da vida; é igualmente pela fé que garantimos “vida aos anos”, nas palavras do Dr. João Filho, médico geriatra. A espiritualidade na Terceira Idade tem características próprias: celebrar, relacionar, contemplar, aceitar os próprios limites... Podemos ajudá-los e estimulá-los a: − cultivarem a consciência de que eles têm uma vocação própria, que eles têm muito a passar às jovens gerações; − a se perguntarem não tanto sobre o que fizeram de sua vida passada e mais sobre o que farão com o que lhes resta de vida; − a manterem a sua mente ativa, ocupada com projetos adequados às suas condições de vida e tempo; − a fazerem da vida passada uma oração de louvor e agradecimento, do momento presente viver a fé e a esperança para que o futuro seja de serenidade e paz. Ora, a Espiritualidade é uma atividade do espírito. E aí, surge a pergunta: Como cuidar deste espírito? O cuidado com o espírito implica colocar os compromissos éticos acima dos interesses pessoais ou coletivos. É cuidar dos valores que dão rumo à nossa vida e das significações que geram esperança. Nossa dimensão espiritual vive da gratuidade, da disponibilidade, da ternura, da escuta da realidade e da contemplação. Num mundo preocupado com o desempenho e as realizações pessoais, é necessário insistir na SOLIDARIEDADE. No mundo apressado é preciso definir e viver o ESSENCIAL. No mundo aturdido pelo ruído é preciso cultivar o SILÊNCIO. No mundo obsecado pelo dinheiro, despertar o sentido de DESAPEGO, DOAÇÃO e de GRATUIDADE. Num mundo considerado da comunicação, desenvolver o RELACIONAMENTO. A espiritualidade não se mede por quantidade de orações, por volume, por números, por estatística. A verdadeira espiritualidade fundamenta as atitudes na FÉ e na ESPERANÇA que nos levam a olhar para a frente com otimismo e alegria, buscando vencer as dificuldades. “A Espiritualidade vive da gratuidade e da disponibilidade, vive da capacidade de enternecimento e de compaixão, vive da honradez em face da realidade e da escuta da mensagem que vem permanentemente desta realidade. Quebra a realização de posse das coisas para estabelecer uma relação de comunhão com as coisas. Mais de que usar, contempla” “A partir da experiência espiritual não há só coisas e fatos. Começa a existir a irradiação das coisas e o sentido que vem dos fatos. Nas crises mais profundas, mesmo quando morre um ente querido, quando se desfaz um matrimônio, quando perdemos um filho por causa da droga, podemos sempre perguntar: Qual o significado disso tudo para mim? Que coisa, que caminho, que direção essa realidade quer me mostrar? Não basta chamar um terapeuta, não é suficiente tomar um antidepressivo e dormir horas a fio. É preciso que nos confrontemos perguntando corajosamente: Que sentido mais profundo esta realidade traz para mim? De que me purifica? Em que me faz crescer? ” “Em momentos assim é fundamental a espiritualidade. É poder ver a temporalidade das coisas, a usura do tempo, e saber que não estamos vivos apenas porque ainda não morremos, mas porque a vida é uma oportunidade para crescer, para aceitar nossas canseiras, nossos limites, nosso envelhecimento e nossa mortalidade. Só assim maduraremos para outro tipo de vida, interior, espiritual, inalcançável pelo desgaste e pela morte” Pela espiritualidade nos preparamos para o grande encontro, face a face, com o Pai e Mãe de infinita bondade e misericórdia, criador de todas as coisas e fonte do nosso ser. O que importa, então, é preparar-se para o grande mergulho na realidade suprema, no Deus vivo e acolhedor.

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