domingo, 18 de janeiro de 2015

PERGUNTAS / AMOR E PERSEGUIÇÃO - Martha Medeiros

Quantas vezes você andava na rua e sentiu um perfume e lembrou de alguém de quem gosta muito? Quantas vezes você olhou para uma paisagem em uma foto, e não se imaginou lá com alguém... Quantas vezes você estava do lado de alguém, e sua cabeça não estava ali? Alguma vez você já se arrependeu de algo que falou dois segundos depois de ter falado? Você deve ter visto que aquele filme, aquele filme que vocês dois viram juntos no cinema, vai passar na TV... E você gelou porque o bom daquele momento já passou... E aquela música que você não gosta de ouvir porque lembra algo ou alguém que você quer esquecer, mas não consegue? Não teve aquele dia em que tudo deu errado, mas que no finzinho aconteceu algo maravilhoso? E aquele dia em que tudo deu certo, exceto pelo final que estragou tudo? Você já chorou por que lembrou de alguém que amava e não pôde dizer isso para essa pessoa? Você já reencontrou um grande amor do passado e viu que ele mudou? Para essas perguntas existem muitas respostas... Mas o importante sobre elas não é a resposta em si... Mas sim o sentimento... Todos nós amamos, erramos ou julgamos mal... Todos nós já fizemos uma coisa quando o coração mandava fazer outra... Então, qual a moral disso tudo? Nem tudo sai como planejamos. Portanto, uma coisa é certa... Não continue pensando em suas fraquezas e erros, faça tudo que puder para ser feliz hoje! Não deite com mágoas no coração. Não durma sem ao menos fazer uma pessoa feliz! E comece com você mesmo!!! “As pessoas ficam procurando o amor como solução para todos os seus problemas quando, na realidade, o amor é a recompensa por você ter resolvido os seus problemas”. A frase é de Norman Mailer. Copiem. Decorem. Aprendam. Temos a mania de achar que amor é algo que se busca. E aí buscamos o amor em bares, buscamos o amor na internet, buscamos o amor na parada de ônibus. Como num jogo de esconde-esconde, procuramos pelo amor que está oculto dentro das boates, nas salas de aula, nas plateias dos teatros. Ele certamente está por ali, você quase pode sentir o seu cheiro, precisa apenas descobri-lo e agarrá-lo o mais rápido possível, pois só o amor constrói, só o amor salva, só o amor traz felicidade. Amor não é medicamento. Se você está deprimido, histérico ou ansioso demais, o amor não se aproximará, e, caso o faça, vai frustrar suas expectativas, porque o amor quer ser recebido com saúde e leveza, ele não suporta a ideia de ser ingerido de quatro em quatro horas, como antibiótico para combater as bactérias da solidão e da falta de auto estima. Você já ouviu muitas vezes alguém dizer: “Quando eu menos esperava, quando eu havia desistido de procurar, o amor apareceu”. Claro, o amor não é bobo, quer ser bem tratado, por isso escolhe as pessoas que, antes de tudo, tratam bem de si mesmas. O amor, ao contrário do que se pensa, não tem que vir antes de tudo: antes de estabilizar a carreira profissional, antes de viajar pelo mundo, de curtir a vida. Ele não é uma garantia de que, a partir do seu surgimento, tudo o mais dará certo. Queremos o amor como pré-requisito para o sucesso nos outros setores, quando na verdade, o amor espera primeiro você ser feliz para só então surgir diante de você sem máscaras e sem fantasias. É esta a condição. É pegar ou largar. Para quem acha que isso é chantagem, arrisco sair em defesa do amor: ser feliz é uma exigência razoável e não é tarefa tão complicada. Felizes aqueles que aprendem a administrar seus conflitos, que aceitam suas oscilações de humor, que dão o melhor de si e não se autoflagelam por causa dos erros que cometem. Felicidade é serenidade. Não tem nada a ver com piscinas, carros e muito menos com príncipes encantados. O amor é o prêmio para quem relaxa. “As pessoas ficam procurando o amor como solução para todos os seus problemas quando, na realidade, o amor é a recompensa por você ter resolvido os seus problemas”. Divulguem. Repitam. Convençam-se.

TOLERÂNCIA PARA COM O DIFERENTE -

Hoje a tolerância é uma virtude extremamente necessária para o exercício das coisas pequenas do dia a dia. A tolerância implica em estar a favor de ideias atividade contra tudo que se reprime, oprime, discrimina, que não respeita as diferenças humanas, sejam de raça, de cultura, de religião, de situação econômica, de orientação sexual, etc. Quem se pretende possuir “a verdade”, ou melhor, “a certeza”, termina sendo intolerante em aceitar outros posicionamentos, se fechando à escuta de tudo que se apresente como diferente ou incompreensível ao seu esquema de conceitos de fala e ação. E essa postura de “certeza” que muitos carregam traz sempre consigo uma atitude de prejulgamento e de preconceito. Diz a Madre Teresa de Calcutá que “quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las.” O fato é que nos atrevemos a ser juízes dos outros e julgar os outros quando eles estão apenas tentando acertar e que, como nós, estão distantes da santidade que exigimos do outro e que ainda não desenvolvemos em nós. Muitos de nós têm o hábito de julgar o outro, como se fossem detentores da salvação e pudessem manipular a verdade e manipular até Deus, transferindo para Ele seus conceitos e atos mesquinhos. Dois mil anos se passaram e ainda não aprendemos a lição do “amai-vos uns aos outros”. Ainda julgamos principalmente aqueles que não pensam e nem rezam segundo nossa cartilha. Quando uma pessoa faz julgamentos sobre alguém é de se esperar que tenha conhecimentos de causa e elementos para tal, que tenha uma visão mais ampla e acertada do outro e, principalmente, que tenha ao menos uma proposta melhor para oferecer, no que diz respeito ao fato que motivou a sua reação crítica. Quem de nós pode oferecer proposta de melhor quando se trata da felicidade do outro, quando nós mesmos temos dificuldades para nos fazer felizes? Ao avaliar fria e francamente o hábito de julgar, convenhamos que não estamos habilitados nem sequer a ajuizar sobre nossas próprias intenções. Quantas e quantas vezes praticamos determinadas ações ou tomamos atitudes das quais nos arrependemos posteriormente e, perguntados por que agimos de tal maneira, respondemos com honestidade: “Não sei!”? Claro, ainda não temos sabedoria ou inteligência, justiça e equidade para podermos avaliar justamente nem a nós mesmos, nem o outro. É nesse sentido que o Evangelho de Jesus Cristo nos alerta para o fato de que, da mesma forma como julgamos o próximo, seremos nós avaliados, medidos e pesados; segundo o mesmo critério que utilizamos com o outro seremos nós amparados ou punidos, premiados ou castigados no tribunal das nossas consciências. Ora, como seremos julgados com benevolência por nossas consciências, se passamos toda uma existência julgando o próximo com mesquinhez, severidade e malevolência? Por essa razão, o Evangelho ainda nos oferece sábio e inteligente aconselhamento, que consiste simplesmente em não julgar, uma vez que não estamos devidamente capacitados, no aspecto moral, nem tampouco detemos conhecimento pleno da maioria das situações e pessoas que pretendemos julgar. É comum o julgamento, sem reservas nem ressalvas, principalmente por parte daqueles que pretendem ser proclamadores da verdade e defensores da lei, da moral ou da religião... Muitas pessoas, para defender sua visão de mundo e seu sistema de crenças, atacam o outro pelo julgamento, sem piedade. É impressionante como os que se dizem seguidores do Cristo envolvem-se em intrigas, disputas e, por fim, formam grupos que disputam por seu lugar no céu ou por seu patrimônio espiritual, como se esse fosse o único modo de ver o mundo e viver a espiritualidade. Ignoram outras verdades, e pior, fazem isto por escola própria, porque deliberadamente fecham os olhos à diferença, não abrem espaço para conviver com os que são diferentes. Muitas vezes, isso faz com que vejam seus irmãos, parentes e membros da comunidade um alvo a ser convertido, avaliado, julgado, principalmente quando o outro não adota a perspectiva desejada. Aí, então , o indivíduo transformado em seu alvo mental torna-se proscrito da espiritualidade, um herege que merece ser punido de alguma maneira. E métodos de punição não faltam na mente do homem que se sente ultrajado e injuriado porque seu ponto de vista foi recusado. Vocês já pararam para observar como as pessoas que têm segurança em relação a si mesmas quanto a religião, raça, ou orientação sexual desenvolvem uma serenidade que não é perturbada nunca pela diferença de experiência de vida do outro, do próximo? Pessoas como Chico Xavier, Madre Teresa de Calcutá, Dom Hélder Câmara, etc. são grandes exemplos. Para essas pessoas a diferença no outro era motivo de aprendizagem e nunca de ameaça. Quando empregamos nosso tempo para compreender, para ouvir, silenciar outras vezes e amparar o próximo, não há espaço para julgamentos. Será que não foi isso que o Cristo quis exemplificar quando nos disse: “Não julgueis, e não sereis julgados. Não condeneis, e não sereis condenados”? Talvez as palavras de Jesus Cristo mereçam reflexão, como se faz a partir de uma recomendação inteligente; talvez seu exemplo deva ser visto como a atitude mais sensata a adotar, porque produz satisfação e felicidade, em vez de ser tomado como fórmula religiosa de santificação. Crueldade é atributo da criatura que sente prazer em atormentar severamente os outros, utilizando atitudes rigorosas e inflexíveis para lidar com o mundo em seu derredor. Toda crueldade nasce da fraqueza e da incapacidade das pessoas que não sabem relacionar-se com elas mesmas, com seu mundo interior. Isentamos de responsabilidade sobre os fatos violentos, dando nome de paixão, de honra, de ordem social, de verdade única, para dissimular os pontos fracos e desajustados que possuímos. A história nos mostra que as leis religiosas do passado mantiveram a humanidade sob o jugo de uma crueldade incalculável, com a imposição do sofrimento e da mortificação, justificando-os como sendo uma das maneiras que a Divina Providência utilizava para corrigir e reparar possíveis erros do presente e do passado. O que era um absurdo, pois, na verdade, Deus é amor, misericórdia e compreensão em abundância. A História nos conta ainda que todos aqueles que se atreveram a contrariar os padrões, normas ou dogmas(que são verdades incontestáveis) estabelecidos por uma doutrina ou por uma grupo tiveram as mãos e as línguas decepadas e o corpo marcado com ferro. Quantos julgamentos sumários de supostos hereges e feiticeiros acusados de crimes contra a fé! Quantos impiedosos apedrejamentos, quantas práticas perversas, quantos órgãos retalhados, quantos olhos queimados com brasa! Longos foram os tempos de domínio pela crueldade, pelo medo e pela exploração emocional. Homens insensíveis utilizaram os mais variados métodos desumanos para manipular e controlar, de forma abominável, as pessoas em nome do bem-estar, da tradição, da religião, da família, dos bons costumes. O castigo nunca evita o crime, somente a educação e o amor corrigem as almas – eis a grande proposta da Divina Providência. No entanto, o homem, de tanto ser cruel consigo mesmo, aprendeu a projetar a crueldade no mundo que o rodeia. De tanto se julgar de forma tirânica, aprendeu a ser déspota também com os outros. Os “requintes de perversidade” estão introduzidos na sociedade de forma tão sutil e imperceptível que, muitas vezes, não conseguimos identificá-los de imediato. Não existem mais inquisidores propriamente ditos; mas, ainda persistem restos da atmosfera dessas ideias preconcebidas. Não existem mais fogueiras e guilhotinas, mas todos podemos nos converter em controladores e juízes da moral alheia, se as circunstâncias foram propícias, se forem favoráveis. Alguns de nós usam técnicas indiretas e passivas, consideradas elegantes e sutis, mas, no seu conteúdo profundo, são frias, brutais e desumanas. Todo comportamento cruel está, na realidade, estabelecendo não somente uma sentença ou um veredicto, mas, ao mesmo tempo, um juízo, um valor, um peso e uma medida de como trataremos a nós mesmos. Assim nos esclarece a Doutrina Espírita quando esclarece que todos os “estratagemas cruéis” se voltarão contra a própria fonte criadora. Julgamentos impiedosos que fazemos em relação aos outros informam sobre tudo aquilo que realmente temos por dentro. Em outras palavras, a “forma” e o “material” utilizados para julgar ou condenar os outros residem dentro de nós. No Evangelho de João, diz o Mestre de Nazaré: “Se alguém ouvir minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo, pois não vim para julgar o mundo, mas para salvar o mundo”. Jesus não julgava, não media ou sentenciava ninguém. Quem aprende a não condenar os outros não mais se condenará. Ele, o nosso Divino Senhor e Mestre, deixou-nos as lições da compreensão, da compaixão, da mansuetude e do amor como forma de vivermos bem, não somente com os outros mas também com nós mesmos.

domingo, 11 de janeiro de 2015

SENTIR-SE AMADO - Martha Medeiros

O cara diz que te ama, então tá. Ele te ama. Sua mulher diz que te ama, então assunto encerrado. Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas. Mas saber-se amado é uma coisa, sentir-se amado é outra, uma diferença de milhas, um espaço enorme para a angústia instalar-se. A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e verbalização, apesar de não sonharmos com outra coisa: se o cara beija, transa e diz que me ama, tenha a santa paciência, vou querer que ele faça pacto de sangue também? Pactos. Acho que é isso. Não de sangue nem de nada que se possa ver e tocar. É um pacto silencioso que tem a força de manter as coisas enraizadas, um pacto de eternidade, mesmo que o destino um dia venha a dividir o caminho dos dois. Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida, que zela pela sua felicidade, que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, que sugere caminhos para melhorar, que coloca-se apostos para ouvir suas dúvidas e que dá uma sacudida em você, caso você esteja delirando. "Não seja tão severa consigo mesma, relaxe um pouco. Vou te trazer um cálice de vinho". Sentir-se amado é ver que ela lembra de coisas que você contou dois anos atrás, é vê-la tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ela fica triste quando você está triste e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d´água. "Lembra que quando eu passei por isso você disse que eu estava dramatizando? Então, chegou sua vez de simplificar as coisas. Vem aqui, tira este sapato." Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora da discussão. Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente bem-vindo, que se sente inteiro. Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que não existe assunto proibido, que tudo pode ser dito e compreendido. Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo. Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não concorda, mas escuta. Agora sente-se e escute: 'eu te amo' não diz tudo .

MAIS TOLERÂNCIA -

Estamos mesmo vivendo um tempo de pouca tolerância... Você já observou como as pessoas hoje são intolerantes, como elas têm dificuldade para suportar umas às outras? Pessoas que por um pequeno motivo criam uma confusão, uma batalha? Isso se chama intolerância. Essas pessoas são chamadas de intransigentes. Se o amigo esquece de convidar para sair, acaba a amizade. Se o namorado ou namorada recebe alguma mensagem, acabam a relação de maneira cruel. Se o colega é de religião diferente já não serve para ser amigo ou tem restrição em relação a ele. São pessoas que vivem em estado de guerra, que por uma pequena coisa brigam. São pessoas rígidas em seus pontos de vista e em sua avaliação das outras pessoas. O pior é que, na maioria das vezes, são rígidas e intolerantes para consigo mesmas. Para melhor identificar a intolerância nas nossas manifestações, vamos conhecer alguns traços característicos desse defeito: a) Exigência fora da conta para com o comportamento ou para com as obrigações dos outros, nas situações familiares, profissionais ou sociais de um modo geral; b) Severidade exagerada quando nas funções de chefia, perdendo quase sempre o controle emocional e repreendendo violentamente algum subalterno que tenha cometido certo erro em suas obrigações de serviço; c) Rigidez nas determinações ou nas posições tomadas em relação a alguma penalidade aplicada a alguém que tenha errado e sobre quem exerça autoridade; d) Rispidez e maus-tratos para com aqueles com quem convive, agindo com dureza e radicalismo; e) Não-aceitação e incompreensão dos erros que alguém possa cometer, condenando-as inapelavelmente com julgamentos agressivos e depreciativos; f) Prazer em denegrir as pessoas, evidenciando, de preferência, seus defeitos. O intolerante não perdoa, nem mesmo atenua as falhas humanas e, por isso, falta-lhe a moderação nas apreciações para com o próximo. Vê apenas o lado errado das pessoas, o que em nada estimula o bem proceder. A fácil irritação é também um aspecto predominante do tipo intolerante. O senso de análise e de crítica é nele muito forte. Na sua maneira de ver, quem erra tem que pagar pelo que fez. Não há considerações que possam aliviar uma falta. Por que somos ainda tão intolerantes? Por que agimos com os outros, como se fôssemos perfeitos ? Vemos o cisco no olho do nosso vizinho e não enxergamos a trave no nosso. Gostamos de comentar só o lado desagradável e desairoso das pessoas, e isso até nos dá prazer. Será que nessas críticas não estamos inconscientemente projetando nos outros o que mais ocultamos de nós mesmos? Não estaríamos assim salientando nas pessoas o que não temos coragem de encarar dentro de nós? A intolerância doentia é um sintoma indicativo de que algo muito sério precisa ser corrigido dentro do nosso próprio ser. Por que exigimos perfeição dos que nos rodeiam e somos complacentes com nossos abusos? Sejamos primeiro rigorosos conosco e, então, compreensivos com os outros. “Incontestavelmente, é o orgulho que leva o homem a dissimular os seus próprios defeitos, tanto morais quanto físicos”. (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo X. Bem aventurados os Misericordiosos. O argueiro e a trave no olho.) Mostrando o mal nos outros, ressaltamos as supostas qualidades que acreditamos ter. É manifestação de orgulho, não nos enganemos. É proceder contrário à caridade “que Jesus se empenhou tanto em combater, como o maior obstáculo ao progresso”. A censura que façamos a outra pessoa deve antes ser dirigida a nós próprios procurando indagar se não a mereceríamos. Analisemos, identifiquemos e lutemos por eliminar completamente a intolerância dos nossos hábitos. Diante da inveja, da injusta acusação, da ingratidão, da incompreensão, da injúria, da ignorância e da grosseria, resta-nos, como saída segura e cristã, exercitar a tolerância. Não poderemos nunca medir o tamanho dos problemas por que passam os que nomeamos como nossos “ofensores” e que os levam a ter tais comportamentos. Contudo, podemos com certeza entender que no íntimo de cada um deles há sofrimentos e angústias indecifráveis para as outras pessoas. Disso sabemos porquê também carregamos dificuldades ocultas. Sempre devemos nos colocar na posição de quem erra, a fim de compreendermos e perdoarmos com sinceridade. É indispensável que não esqueçamos de que aquele que hoje nos magoa pode mostrar-se para nós como grande instrumento de socorro amanhã. Tolerância é uma das tantas virtudes necessárias para elevar o ser humano à condição de civilizado. Ela faz parte do processo de desenvolvimento da maneira ideal de comportamento entre as pessoas e grupos, cuja objetivo é levá-los a manter a “disposição” firme e constante para praticar a tolerância; é exercício necessário para se conquistar a Sabedoria.

domingo, 4 de janeiro de 2015

O QUE É VIVER BEM ? - Cora Coralina

"Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo pra você, não pense. Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velho. Eu não digo. Eu não digo estou velho, e não digo que estou ouvindo pouco. É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso. Procuro sempre ler e estar atualizado com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia. Também não diga pra você que está ficando esquecido, porque assim você fica mais. Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótimo! Eu não digo nunca que estou cansado. Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansado e esquecido, mais esquecido fica. Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então, silêncio! Tenho consciência de ser autêntico e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes. O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade. Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende. Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o DECIDIR.". Se pudéssemos ter consciência do quanto nossa vida é passageira, talvez pensássemos duas vezes antes de jogar fora as oportunidades que temos de ser e de fazer os outros felizes. Muitas flores são colhidas cedo demais. Algumas, mesmo ainda em botão. Há sementes que nunca brotam e há aquelas flores que vivem a vida inteira até que, pétala por pétala, tranquilas, vividas, se entregam ao vento. Mas a gente não sabe adivinhar. A gente não sabe por quanto tempo estará enfeitando esse Éden e tampouco aquelas flores que foram plantadas ao nosso redor. E descuidamos. Cuidamos pouco. De nós, dos outros. Nos entristecemos por coisas pequenas e perdemos minutos e horas preciosos. Perdemos dias, às vezes anos. Nos calamos quando deveríamos falar; falamos demais quando deveríamos ficar em silêncio. Não damos o abraço que tanto nossa alma pede porque algo em nós impede essa aproximação. Não damos um beijo carinhoso “porque não estamos acostumados com isso” e não dizemos que gostamos porque achamos que o outro sabe automaticamente o que sentimos. E passa a noite e chega o dia, o sol nasce e adormece e continuamos os mesmos, fechados em nós. Reclamamos do que não temos, ou achamos que não temos suficiente. Cobramos. Dos outros. Da vida. De nós mesmos. Nos consumimos. Costumamos comparar nossas vidas com as daqueles que possuem mais que a gente. E se experimentássemos comparar com aqueles que possuem menos? Isso faria uma grande diferença! E o tempo passa... Passamos pela vida, não vivemos. Sobrevivemos, porque não sabemos fazer outra coisa. Até que, inesperadamente, acordamos e olhamos pra trás. E então nos perguntamos: e agora?! Agora, hoje, ainda é tempo de reconstruir alguma coisa, de dar o abraço amigo, de dizer uma palavra carinhosa, de agradecer pelo que temos. Nunca se é velho demais ou jovem demais para amar, dizer uma palavra gentil ou fazer um gesto carinhoso. Não olhe para trás. O que passou, passou. O que perdemos, perdemos. Olhe para frente! Ainda é tempo de apreciar as flores que estão inteiras ao nosso redor. Ainda é tempo de voltar-se para Deus e agradecer pela vida, que mesmo efêmera, ainda está em nós.

A NEUROSE DO SOFRIMENTO -

Você já percebeu como há pessoas cujo assunto principal de suas conversas é doença e sofrimento? Pois é, muitas pessoas tem tomado esse atalho como tentativa de fazer com que as outras pessoas se compadeçam delas, tenham pena delas. É a neurose do sofrimento. Outras têm adotado para si uma “cultura de sofrimento”, argumentando que a dor é necessária para o progresso de toda pessoa. Essas pessoas acham que o amor, obrigatoriamente, trás consigo sofrimento, ou, ainda, que só nos salvaremos através do sofrimento. Essas pessoas, talvez por sua incapacidade para serem felizes, chegam a afirmar que a felicidade não existe e que o sofrimento é o único caminho da vida. Que o sofrimento é algo natural. Precisamos nos convencer de que o sofrimento é muito inerente à vida aqui na terra por causa de nossas escolhas erradas. É preciso que nos conscientizemos que nossos sofrimentos são conseqüências de nossas escolhas erradas. Analisemos bem e chegaremos a essa verdade. Quando uma pessoa não se acha merecedora da felicidade e adota para si essa cultura de sofrimento, achando que o sofrimento é algo natural, está vivendo um quadro de baixa auto-estima e desacordo consigo mesmo, em que se encontra grande parte das pessoas. Aqui, incluo católicos, evangélicos e espíritas. Alimentando crenças de desmerecimento e menosprezo em relação à felicidade, mais não fazemos do que cultivar um desamor por nós mesmos e impedir o nosso crescimento pessoal. O pior efeito, a pior conseqüência, de semelhante quadro psicológico é acreditar que não merecemos ser felizes, automatizando um sistema mental de cobranças intermináveis e uma autoflagelação, de autopunição, gerando situações neuróticas de perfeccionismo, em relação a si mesmo e aos outros, e puritanismo quase incontroláveis. Esquecemos que devemos às outras pessoas e também a nós mesmos a compreensão e aceitação do que somos, da maneira como somos. Esse auto-desamor é um subproduto do tradicional religiosismo que construímos no psiquismo, em séculos de superficialidade moral e espiritual, cuja imagem condicionada na vida mental foi a de que cada um de nós é um ser pecador e miserável, indigno daquele paraíso que desejamos e, no entanto, achamos que não somos merecedores. Padres e pastores têm-nos apontado caminhos para a conquista de um pedaço do paraíso e não, como deveria ser, a conquista de nós mesmos, através do aperfeiçoamento moral, para que voltemos à pátria da espiritualidade melhores do que quando de lá viemos para essa experiência aqui na terra, nesse plano físico. Porque não aprendemos ainda o auto-amor, a nos amar, costumamos esperar compensações e favores do amor alheio, criando um alto nível de insegurança e dependência dos outros, pelo excessivo valor que depositamos no que eles pensam sobre nós. Voltamos a afirmar que a auto-estima é fator determinante das atitudes humanas. Quando temos pouca auto-estima, somos sempre escravos de complexos de inferioridade atormentadores, por mais e melhores que sejam as vantagens de nossas vidas. Passamos a cultivar hábitos que visam camuflar, disfarçar supostos “males” para que os outros não os percebam. No entanto, não conseguimos sempre nos enganar usando dessa espécie de “maquiagem” e, quando tomamos consciência dela, nos tornamos revoltados, indefesos, deprimidos e ofendidos. Essa situação tem um limite suportável até certo ponto em que nossas decisões e ações começam a ser comprometidas por estranhas formas de agir e, muitas vezes, podem criar episódios neuróticos de gravidade, com estreitos limites com as psicoses. Em muitos casos, necessário é que se diga, surgem interferências espirituais, aumentando o sofrimento desses corações, acentuando-lhes o sentimento de desmerecimento, de rejeição e desânimo, levando-nos a idéias terríveis e a escolhas infelizes. Quando não nos amamos, passamos a vida querendo agradar mais aos outros que a nós, mendigando o amor alheio, já que nos julgamos insuficientes e incapazes de nos querer bem. Muitos de nós nos comportamos como se o amor não fosse um sentimento a ser aprendido e compreendido. Agimos como se ele estivesse guardado, parado em nosso mundo íntimo, e passamos a viver à espera de alguém ou de alguma coisa que possa despertá-lo do dia para a noite. Temos dado passos e até realizado alguns atos no amor, mas, raras vezes temos sabido amar a nós próprios. Por que o amor não acontece com frequência, com a frequência que gostaríamos que acontecesse? Talvez porque não fomos educados para o amor. Quais têm sido as razões que nos têm feito aproximar uns dos outros? Carência, interesses, temor à solidão, temor de sermos tomados por aquilo que não somos, ou somos e não queremos ser. O amor acontece quando alguém é capaz de, pelo olhar, tocar nosso coração; quando alguém toca nossa mão e aquece nossa alma. Por outro lado, precisamos conhecer a nossa parte sombria, uma vez que nem tudo em nós é luz. Existirá amor maior a si que esse de saber lidar com essas sombras interiores que tentam ofuscar nossos desejos de Luz? Precisamos aprender esse amor e nos tornarmos mais felizes. Amar nossa “sombra”, conquistando-a e transformando-a aos poucos. Isso é possível se aprendermos a tolerar nosso passado recente ou longínquo, sem as impiedosas e cruéis recriminações. Amar-nos, apesar do nosso passado de escolhas infelizes e decisões precipitadas, é fundamental para iniciarmos um recomeço de vida espiritual rumo à liberdade. Aprender o auto-amor é arar a terra mental para “ser”. Quando o conseguirmos, recuperaremos a serenidade, o estado de gratificação com a vida, a compreensão de nós mesmos, porque o sentimento será então um espelho translúcido das potencialidades excelsas depositadas em cada um de nós pela “inteligência suprema do universo”. Na base de nossas escolhas infelizes está a baixa auto-estima. É ela que nos inspira a fazer escolhas que só nos causam danos em todos os aspectos. Escolher a droga, seja ela qual for, como fonte de prazer, é um grande atestado de que não nos amamos, de que somos conduzidos por caminhos tortuosos porque não nos amamos o suficiente para buscar fontes de prazer que não tragam prejuízos para nossas vidas, que coloquem nossas vidas em risco. Quando enchemos nossas vidas com coisas ou pessoas que em nada contribuem para o nosso crescimento, que só nos causam danos os mais variados, é sinal de baixa auto-estima, de que não nos amamos o suficiente. Vivemos um sistema de compensações pela nossa falta de amor a nós mesmos.