domingo, 26 de outubro de 2014

A RAZÃO DA EMOÇÃO - Noelio Mello

Tantas vezes me perguntei como agir após uma emboscada do destino, uma traição da vida, um momento infeliz. Se através da razão ou da emoção. Muitos exemplos me ensinam a fazer o uso do bom senso, do equilíbrio, sem saberem, todavia, se meu coração navega num mar de tranquilidade ou está perto de explodir de emoções absolutamente impossíveis de conter. Mas, como condenar tantos avisos que, embora pareçam sábios, esses conselheiros não podem ver o que está oculto dentro do meu peito? Fico cismando de vez em quando de como utilizar a razão, quando precisamos cuidar das coisas da alma e do coração? Como raciocinar livre para desprezar um passado que continua presente? Como construir o futuro com os tijolos do bom senso, se as paredes do nosso espírito são desenhadas com a tinta rubra da emoção? Como tomar decisões à luz da razão, quando nos corredores da nossa existência vivem em estranhas núpcias, o amor, as suas perdas, suas conquistas, o ciúme, a desforra, o despeito, uma saudade que nunca finda? Como viver, afinal, entre a razão e a emoção, sem que nosso interior seja o grande palco de um duelo sentimental entre essas duas guerreiras da alma, que confundem nossos sentidos, brincam com o tempo, criam e matam esperanças, desafiam a felicidade, julgam, absolvem e condenam tantos outros sentimentos? Se muitos pudessem ver o teatro oculto do nosso espírito, não ficariam a exigir que nossos atos naveguem sempre nos mares serenos da prudência. Se pudessem devassar as cortinas que escondem nossas inquietações mais íntimas, veriam que a razão da emoção é a maior verdade de todas as verdades. A razão é dura. A emoção sonha. A razão é fria. A emoção é ardente. A razão é insípida. A emoção é doce. A razão é imparcial. A emoção toma partido da paixão, tem o olhar da alvorada, a sensibilidade do crepúsculo. Jamais os amores que tem o cheiro do eterno começaram no berço da lógica. Nem um gesto de razão deu início aos olhares que escreveram histórias que só os corações apaixonados sabem contar. Ninguém, na realidade, se encanta com as esquinas enluaradas, com o caminho das estrelas, com a poesia saída das almas dos amantes tocadas pelas flechas da razão. São os dardos da fantasia que escrevem no livro da vida todas as receitas que contam as procissões de emoções que andam pelo nosso interior. A razão é apenas a tinta sem perfume que ensina e conserta as coisas materiais. A emoção conserta a vida, o amor, o desamor. Muitos dizem que a razão é que desenha a calma nas faces dos homens. Mas o que importa, se algumas vezes, a emoção nos faz derramar um pranto que não cessa? Só choramos pelo o que amamos. Pelo que queremos ardentemente. Pelo que perdemos. Pelo que nos sufoca a alma ou nos acelera o coração. A efemeridade da vida ensinou-me que posso renunciar a tudo, exceto ao amor, ao que remexe minhas entranhas, ao andar das emoções que me fazem adormecer num floco jaspeado de nuvens. O caminhar intrigante do tempo fez com que eu me encantasse pelos perfumes do desconhecido, por um sonho que ainda não sonhei, por uma manhã que ainda não vivi, pelo colorido de uma emoção que ainda vai acontecer. Pouco importa o futuro, se a história que ele vem contando a insipidez da razão há muito já me confidenciou.

EMOÇÕES POSITIVAS E EMOÇÕES PREJUDICIAIS -

A palavra emoção origina-se do verbo latino “emovere”, que significa mover ou movimentar. Daí podermos entender emoção como qualquer tipo de sentimento que produza na mente algum tipo de movimentação, que tanto pode ser positiva, negativa ou mesmo neutra. Quando experimentamos a emoção, o importante são o seu propósito e as suas consequências. Quando se direciona ao bem-estar, à paz, à alegria de viver e de construir, contribuindo em favor do próximo, podemos considerá-la como positiva ou nobre, porque é edificante e realizadora. No entanto, se se trata de uma emoção inquieta, estimulando transtorno e ansiedade, conduzindo nossa mente a distúrbios de qualquer natureza, nós podemos considera-la negativa ou perturbadora, levando a pessoa que a experimenta a necessitar de orientação e equilíbrio. Os resultados das nossas emoções serão analisados pelos efeitos que produzam no indivíduo e naqueles com os quais convive, estabelecendo harmonia ou gerando conflitos e empecilhos. São as emoções responsáveis pelos crimes hediondos, quando transtornadas, assim como pelas grandes realizações da humanidade, quando direcionadas para os objetivos edificantes do ser. No primeiro caso, proporciona sofrimento e angústia, desespero e desgaste. No segundo, desfruta-se de alegria de viver e de produzir o bem. Para um, são necessárias ferramentas específicas, tais como a cólera, o ódio, o ressentimento, a desonestidade, que levam ao crime e a todas as ramificações do mal. Para o outro, no entanto, são necessários o amor, a bondade, a compaixão. No primeiro caso, constatamos a pequenez moral, o primarismo em que se detém o ser humano, enquanto que, no segundo encontramos a nobreza de caráter e dos sentimentos edificantes. As emoções, do ponto de vista psicológico, podem ser agradáveis ou desagradáveis, estabelecendo identidades, tais como aproximação, medo, repugnância e rejeição. O importante em relação às emoções é o esforço que deve ser desenvolvido a fim de que se possa transformas as emoções nocivas em úteis. Quando nossas emoções se mostram prejudiciais, é sinal de que precisamos trabalhá-las, porque algo em nós mesmos não se encontra saudável, nem bem orientado. Ao invés de dar expansão às nossas tempestades interiores, devemos procurar examinar em profundidade a razão pela qual assim nos encontramos e, em seguida, tentar alterar o direcionamento dessas emoções. As nossas emoções têm sua origem nas nossas experiências anteriores. Elas são reflexos das emoções que vivemos anteriormente e que nós permitimos, como consequência, o estabelecimento de paisagens internas de harmonia ou de conflitos. Em vez de lutarmos contras as nossas emoções, mesmo aquelas denominadas prejudiciais, precisamos nos esforçar para desviar-nos daquilo que possa significar danos em relação a nós mesmos ou a outras pessoas. Muitas vezes, não podemos evitar certos momento em que as emoções nocivas são mais do que as agradáveis. A indisciplina mental e de comportamento abrem espaços para que se elas aconteçam e até se expandam. No entanto, a vigilância, ao lado do desejo de evitar danos morais, vai nos oferece recursos para que possamos impedir as sucessivas consequências infelizes de certas emoções. Nem sempre é possível evitar ocorrências que desencadeiam emoções violentas. Podemos, no entanto, equilibrar o desenrolar de sua explosão e o direcionamento dos seus efeitos. Raramente alguém é capaz de permanecer emocionalmente neutro em uma situação conflitiva, especialmente quando o seu ego é atingido. Irrompe, automaticamente, a hostilidade, em forma de autodefesa, de acusação defensiva, de revide... Pode-se, no entanto, evitar que se expanda o sentimento hostil, administrando-se as reações que produz, mediante o hábito de respeitar o próximo. Desse modo, torna-se fácil superar o primeiro impacto e corrigir e bloquear as possíveis consequências de uma emoção de ira ou de raiva. É necessário que sempre assumamos nossas emoções. Precisamos deixar de lado a hipocrisia do faz de conta de que não sentimos determinadas emoções. A tão desejada paz interior só acontecerá quando deixarmos de negar o que circula na nossa própria vida.Negar os próprios sentimentos, sejam eles quais forem, é declarar uma guerra consigo mesmo. E aí a paz nunca será possível. O mais importante é a percepção constante e ativa sobre o que mais nos consome ou desgasta; assim como o quenos gera crescimento e sabedoria. Precisamos nos conhecer e o que há de mais interessante na questão do autoconhecimento é que, ao mesmo tempo em que se trata de uma busca essencialmente individual, o espelho de nossa alma só será revelado nos relacionamentos que criarmos. A solidão pode ser uma etapa de reflexão, mas é também algo gerador de imensa tristeza e dormência para o sujeito, sobretudo a solidão prolongada. Cada ser humano carrega potencial e, ao mesmo tempo, um número de dificuldades ou bloqueios que impedem o fluir de determinadas emoções ou etapas que potencializem a evolução da pessoa; então, a sabedoria é não amplificar a carga histórica das nossas experiências desagradáveis. A busca pelo autoconhecimento vai nos levar, de alguma forma, a um sentimento de misericórdia para conosco mesmos, o que poderá aplacar todas as consequências negativas de stress e ansiedade. De modo geral, vivemos mais mergulhados no passado e na expectativa do futuro do que mesmo no presente. E aí, o presente se torna apenas em espera, ansiedade e sofrimento. Por vivermos desligados de nós mesmos e, às vezes, em inteiro desconhecimento de quem somos, quase nunca conseguimos encarar ou atinar para o problema que nos aflige. Ou é uma saudade uma saudade corrosiva de algo ou alguém que perdemos, ou um desejo de segurança e retenção de algo quenos dá prazer, mas ao mesmo tempo sabendo que um dia irá cessar. Infelizmente repetimos a todo tempo experiências negativas e desagradáveis, e nos tornamos escravos de relacionamentos doentios. Quais são as razões que nos fazem aproximar-nos de outras pessoas? Entre outras razões, podemos citar medo da solidão, interesses, medo de ser enquadrados em conceitos, vazio. O amor não acontece com frequência porque não fomos educados para ele. Geralmente o que buscamos no outro é a realização ou concretização do companheiro idealizado, imaginário, da fantasia. O amor é o sentimento que acontece quando o outro toca nosso coração, quando sua mão é capaz de aquecer nossa alma. Não é fácil e muitos são os que passam toda uma vida nessa busca.

domingo, 19 de outubro de 2014

CONFLITOS E EMOÇÕES -

Vamos falar sobre emoções. Sobre as nossas emoções. Inicialmente, precisamos nos convencer de que não devemos lutar contra nossas emoções, mesmo aquelas que são chamadas de prejudiciais. Em vez de lutar contra elas, precisamos fazer esforço para desviar-nos de tudo que possa causar danos a nós mesmos ou a outra pessoa. Sem que possamos evitar, acontecem momentos em que as emoções prejudiciais acontecem com frequência. A nossa indisciplina mental e de comportamento abrem espaços para que essas emoções se expandam. No entanto, a vigilância, ao lado do desejo de evitar danos morais, oferecem recursos para impedir as sucessivas consequências infelizes que essas emoções podem nos causar. É claro que nem sempre é possível que possamos evitar acontecimentos que desencadeiam emoções violentas. Podemos, no entanto, equilibrar o curso de sua explosão e o direcionamento dos seus efeitos. Raramente alguém é capaz de permanecer emocionalmente neutro em uma situação conflitiva, especialmente quando o seu ego é atingido. Irrompe, automaticamente, a hostilidade, em forma de autodefesa, de acusação defensiva, de revide... É necessário que você tenha um grande controle emocional para, diante de uma agressão, por exemplo, manter-se sereno e não reagir. Podemos, no entanto, evitar que se expanda o sentimento de hostilidade que vem como consequência do conflito , administrando as reações que produz, mediante o exercício e hábito de compreender as razões do outro e o consequente respeito ao próximo. Torna-se fácil, desse modo, superar o primeiro impacto e corrigir-se o rumo daquele que se transformou devido a uma emoção de ira ou de raiva. Somente quando você desenvolve o auto conhecimento e a consequente consciência de si mesmo, dos valores que lhe caracterizam, das possibilidades de que dispõe, é que se torna possível exercer um controle sobre as suas emoções, no sentido de gerenciá-las e administrá-las, evitando que as emoções perniciosas se manifestem ante qualquer motivação de conflito e dando oportunidade para que as emoções edificantes sejam equilibradas, impedindo os excessos que sempre são prejudiciais. E quando nós vivemos cultivando as lembranças das emoções danosas, através do ressentimento, há mais facilidade para que outras se expressem ante qualquer circunstância desagradável. Como não se pode nem se deve viver de ressentimentos por causa de emoções dolorosas, o ideal é diluir em novas experiências todas aquelas que causaram dor e hostilidade. Isso é possível, mediante o cultivo constante de pensamentos de paz e de solidariedade, criando um campo mental de harmonia, capaz de manifestar-se por automatismo diante de qualquer ocorrência geradora de aflição. Se, no entanto, vivo em pé de guerra, e são muitos que assim vivem, em relação às outras pessoas, qualquer conflito mínimo será motivo para um desgaste emocional terrível. O Mahatma Gandhi, apóstolo da não-violência, afirmava que não se deve matar o indivíduo hostil, mas matar a hostilidade nesse indivíduo, o que correspondente ao comportamento pacífico encarregado de desarmar o ato agressivo de quem se faz adversário. Eis porque a resistência passiva consegue os resultados excelentes da harmonia. Provavelmente, o outro, o inimigo, não entenderá de momento a não-violência daquele a quem agride, mas isso não é importante. O que importa mesmo é não permitir que a perturbação de fora alcance o espaço da sua tranquilidade interior. O grande desafio é eliminar os sentimentos negativos, o que não é fácil. A saída mais eficaz é diluí-los mediante outros sentimentos de natureza harmônica e saudável. Todos nós sabemos que a suspensão da angústia, da ansiedade, da raiva proporciona felicidade. Não será com o desaparecimento de um tipo de emoção que se desfrutará imediatamente de outra. A questão deve ser colocada de maneira mais segura, trabalhando-se, sim, pela eliminação das emoções perturbadoras, porém, ao mesmo tempo, cultivando-se e desenvolvendo-se aquelas que são saudáveis e que dão prazer. Não se torna suficiente, portanto, libertar-se daquilo que gera mal-estar e produz decepção, mas agir de maneira correta, a fim de que se consiga alegria e estímulo para uma vida produtiva. Viver por viver é apenas existir, é puramente biológico, automático. É necessário que vivamos em paz, que vivamos bem. E isso não significa o tradicional conceito de que viver bem é viver de bem com tudo e com todos, com bastante dinheiro e posição social, coisas que já sabemos são transitórias, que estão destinadas a um fim. Pensa-se que é uma grande conquista não se fazer o mal a ninguém. Lembre-se de que não fazer o mal ainda não é fazer o bem. Sem dúvida não fazer o mal já é alguma coisa, mas é indispensável fazer-se o bem, fazer o bem ao outro, elevando-se, assim, moralmente. Para isso é que aqui estamos. Quando se está com a emoção direcionada ao bem e à evolução moral, o pensamento torna-se edificante e tudo concorre para a ampliação do sentimento nobre. Mas o contrário também acontece: quando existe o direcionamento negativo, as suspeitas que se acolhem, a hostilidade gratuita que se desenvolve, tudo isso contribui para que o indivíduo permaneça armado, porque ele sempre se considera vítima, uma vítima desarmada. Mediante o cultivo das emoções positivas, torna-se mais fácil a percepção da verdade, das atitudes gentis, dos sentimentos solidários, enquanto que a constância das emoções prejudiciais provoca a distorção da visão em torno dos acontecimentos, gerando sempre mau humor, azedume e malquerença. Quando nós alcançarmos o amor altruísta, o amor pelos outros, haverá o sentimento da real fraternidade e o equilíbrio real no ser em busca de si mesmo e de Deus. Jesus permanece sendo o exemplo máximo do controle das emoções, não se deixando perturbar jamais por aquelas que são consideradas perniciosas. Em todos os Seus passos, o amor e a benevolência, assim como a compaixão e a misericórdia, estavam presentes, caracterizando a referência ideal, guia e modelo para todos os indivíduos. Traído e encaminhado aos Seus inimigos, humilhado e condenado à morte, não teve sequer uma emoção negativa, mantendo-se sereno e confiante, ensinando em silêncio o testemunho que é pedido a todos quantos se entregam a Deus e devem servir de modelo à humanidade. Somos seres emocionais e não podemos viver sem as emoções. Precisamos, no entanto, valorizar e cuidar mais daquelas que nos edificam no lugar das que perturbam. Esse é, sem dúvida, um grande desafio para todas as pessoas inteligentes aqui na terra. Uma coisa muito frequente que acontece a muitas pessoas é valorizar demais tudo o que as pessoas dizem ou fazem. Valorizam de tal maneira a dar excessivo valor a tudo que elas dizem ou fazem. Na vida cotidiana você tem contato com muita gente e acontece que as pessoas, na sua grande maioria usam máscaras, inclusive você. Afinal de contas são tantos papeis e personagens na vida, você é filho(a), mãe/pai, estudante, profissional, trabalhador, amante, amigo, companheiro e muitas vezes só não é conhecido de si mesmo. Se fragmenta entre tantas personas, ou máscaras, que muitas vezes, nada sabe de você, quem é este você, além destes papeis. Por não conhecer-se, sente, então, um vazio, uma espécie de buraco dentro do peito, aquele aperto no coração. E, muitas vezes, você tem tudo, mas parece que tudo falta. Pois é, a verdade é que falta você dentro de você. Quando não se tem ou se perde a conexão, a cumplicidade de nós conosco, vive-se perdido, vulnerável. Parece tão fácil e simples dizer isto. Mas é uma verdade que somente cada um saberá compreender. As pessoas lhe prometem coisas, dizem que lhe adoram, que você é fantástico, que querem ajudá-lo, ficam com você algum tempo, e quando você pensa que sempre terá esta energia, as pessoas mudam, algumas até fingem que não o vêem. Acorde, não espere nada de ninguém, seja sempre mais você... Isto não é um simples conselho, é essencial que assim aja. Afinal, cada um tem suas necessidades e problemas, portanto supra as suas carências, se importando com você, sendo seu próprio amigo, conselheiro, consultor, ficando do seu próprio lado, sem se punir, sem se massacrar interiormente achando que os outros sempre têm razão. Os outros se importam com eles mesmos em primeiro lugar, e você, em que lugar se coloca? Isto não significa que não tenha amizades. Mas precisa avaliar que tipo de amizade está alimentando? Fofoqueiros, interesseiros e vampiros sugadores de energia? Fique mais atento a isto... Amizades apenas para não se sentir sozinho significa apenas um ajuntamento de pessoas que se resume a número. Amar todo mundo é amar ninguém, não é verdade? Para você se sentir em você, ou seja, sentir você dentro de você, se escutar, dialogar consigo mesmo, é essencial que se conheça. Afinal, quem é você? Como você se sente agora? Não sabe? Então, comece a se observar, observando suas reações, seus pensamentos, tudo que sente... Pare um tempo para focar em você, no seu interior, isto se chama meditar, e é simples, desligue o aparelho de televisão, o computador, o celular e fique alguns minutos num lugar calmo, só você com você, não ligue para os pensamentos: deixe-os vir, afaste-os, foco na respiração... sinta esse bem estar interior que surge quando você se permite soltar, sinta a leveza do ser, de ser... você! Observe os sentimentos que existem em você e que você está sempre tentando negar. Isto acontece com muitos de nós. Tentamos negar a existência de sentimentos negativos como a raiva, o ódio, o ressentimento e o desejo de vingança.

domingo, 12 de outubro de 2014

O QUE A VIDA TEM ME ENSINADO -

A vida tem me ensinado e eu tenho aprendido... A dizer adeus às pessoas que amo, mas sem tirá-las do meu coração; Sorrir para as pessoas que não gostam de mim, Para mostrar a elas que sou diferente do que elas pensam; Fazer de conta que tudo está bem, quando isso não é verdade, para que eu possa acreditar que tudo vai mudar; Calar-me para ouvir; aprender com meus erros. Afinal eu posso ser sempre melhor. A lutar contra as injustiças; sorrir quando o que mais desejo é gritar todas as minhas dores para o mundo. A ser forte quando os que amo estão com problemas; Ser carinhoso com todos que precisam do meu carinho; Ouvir a todos que só precisam desabafar; Amar aos que me machucam ou querem fazer de mim depósito de suas frustrações e desafetos; Perdoar incondicionalmente, pois já precisei ou precisarei desse perdão; Amar incondicionalmente, pois também preciso desse amor; A alegrar a quem precisa; A pedir perdão; A sonhar acordado; A acordar para a realidade (sempre que for necessário); A aproveitar cada instante de felicidade; A chorar de saudade sem vergonha de demonstrar; Me ensinou a ter olhos para "ver e ouvir estrelas", embora nem sempre consiga entendê-las; A ver o encanto do pôr-do-sol; A sentir a dor do adeus e do que se acaba, sempre lutando para preservar tudo o que é importante para a felicidade do meu ser; A abrir minhas janelas para o amor; A não temer o futuro; Me ensinou e está me ensinando a aproveitar o presente, como um presente que da vida recebi, e usá-lo como um diamante que eu mesmo tenho que lapidar, lhe dando forma da maneira que eu escolher. O bom da vida é olhar para trás e sentir orgulho da sua história. O bom da vida é viver cada momento como se a receita da felicidade fosse o AQUI e AGORA! Claro que a vida às vezes prega peças : o bolo queima ou sola, o pneu fura, chove demais, faz calor demais. Mas... pense um pouco : tem graça viver sem rir, mas rir de gargalhar pelo menos uma vez ao dia? Será que não nos tem faltado um pouco de humor diante da dor, do sofrimento e da desgraça? Se a dor, o sofrimento e a desgraça nos levam, no mínimo, ao aprendizado, por que temos que olhá-los como inimigos. Quando os compreendermos como desafios, possivelmente passaremos a chamá-los de irmã-dor, irmão-sofrimento, irmã-desgraça. O escritor nos diz que “existem tantas coisas para experimentar, e a nossa passagem pela terra é tão curta que sofrer é uma perda de tempo”. Pense nisso. Quanto de sofrimento não temos buscado por falta de jeito para ser feliz. Às vezes esperamos demais das pessoas... tudo bem... é normal, mas se elas não corresponderem a nossas expectativas, a culpa não é delas... A culpa é das expectativas que nós mesmos criamos. Sofremos com a grana que não veio, o amigo que decepcionou, o amor que acabou... tudo isso faz parte... é normal. Devemos transformar tudo em uma boa experiência. O nosso desejo não se realizou? Sem problema! Vai ver que não estava na hora, não deveria ser a melhor coisa para esse momento. E aí lembro-me de uma frase : “Cuidado com seus desejos, eles podem se tornar realidade”. Chorar de dor, de solidão, de tristeza, tudo isso faz parte da condição humana. Não adianta lutar contra isso. Sempre haverá falta de algo. Acredito que, ou nos conformamos com a falta de algumas coisas, ou não nos esforçaremos para realizar todos os nossos desejos. Onde estará o impulso da vida, se não contarmos com a força dos desejos? Mas, seja forte o suficiente para enfrentar os obstáculos; paciente para saber esperar os resultados; e capaz de reconhecer, no final de tudo, seu esforço e ver que ele não foi em vão. No final de cada jornada – e a vida é cheia delas – olhe para trás e enxergue uma vida maravilhosa, cheia de alegrias, viagens, sorrisos, amores, paixões, beijos, abraços, amigos, realizações, conquistas. Tenha inúmeros bons momentos dos quais possa lembrar; veja o por do sol e o seu nascer; tenha momentos difíceis também; eles nos ensinam a crescer e foi para isso que viemos. Tenha noites de insônia, daquelas que acabam virando momentos reflexivos de nossa vida. Mas tenha também noites de poucas horas de sono, por causa daquela festa a que não se recusou ir. Ao olhar pra trás, veja que cometeu algumas loucuras, alguns erros, em certos momentos, mas olhe-se com misericórdia e perdoe-se. A vida precisa de um pouco de equilíbrio... A cada fase, seus problemas. Eles são nossos companheiros constantes... Quem não os tem? Chore, quando for preciso desabafar aquela agonia incontrolável. Sinta-se cansado, exausto... mas de tanto pular, gritar, dançar e cantar... E que no fim da noite você possa pensar sozinho consigo: VALEU A PENA!!! Não se esqueça : a vida não é um rascunho... a gente não tem a chance de passar a limpo o que escrever!

O TERCEIRO ATO -

Uma das maiores mudanças , a que podemos chamar de revolução, no último século, foi a da longevidade. Nenhuma foi tão significativa como a possibilidade de viver mais. Hoje se vive muito mais do que se vivia no século passado. Estamos vivendo em média, hoje, 34 anos a mais do que nossos bisavós. Isso significa viver um completo segundo período de vida adulta que foi acrescentado à nossa expectativa de vida. Apesar disso, ainda continuamos vivendo sob a influência da antiga visão de que a vida tem sua curva de ascendência e, depois dos trinta anos, a curva da decadência, submissos à lei da entropia, segundo a qual tudo e todos estão fadados ao desgaste e a desaparecer. Em outras palavras, você nasce, atinge o auge na meia-idade e declina para a decrepitude. Idade como patologia, como doença. Filósofos, artistas, médicos, cientistas e muitas outras pessoas estão, hoje, lançando um novo olhar para o que podemos chamar de terceiro ato, ou seja, as três últimas décadas da vida. Essas pessoas percebem que esse período é, na verdade, um estágio de desenvolvimento da vida com sua própria significância – tão diferente da idade madura quanto a adolescência é da infância. E estão questionando, e todos nós deveríamos estar questionando, como usamos esse tempo a mais. Qual a melhor maneira de vivê-lo plenamente? Qual o novo significado para o envelhecimento hoje? A ciência já pesquisou sobre este assunto e fez novas descobertas. Descobriu-se, por exemplo, que a imagem mais adequada para representar o envelhecimento é uma escadaria – a ascensão para o topo do espírito humano, trazendo-nos sabedoria, completude e autenticidade. De forma nenhuma idade como doença; idade como potencial. E esse potencial não é para poucos felizardos. Hoje a maioria das pessoas acima de 50 anos sente-se melhor, é menos estressada, é menos hostil, menos ansiosa. Tendemos a ver o que temos em comum mais que as diferenças. Alguns estudos dizem até mesmo que somos mais felizes. Isso não é o que se esperava, acreditem. Muitos de nós vêm de uma longa linhagem, ou descendência, de antepassados depressivos. Antigamente, quando alguns se aproximavam dos seus 40 anos, assim que acordavam de manhã, seus seis primeiros pensamentos eram todos negativos. Era mesmo de assustar. Assim, alguém pensava: “puxa vida, vou me tornar uma velhota, ou um velhote, mal-humorada.” Mas, agora que muitos estão, de fato, precisamente no meio de seu terceiro ato, percebem que nunca foram tão felizes. Essas pessoas têm uma tremenda sensação de bem-estar. E elas descobriram que, quando se está dentro da velhice, em vez de olhar para ela do lado de fora, deve-se olhar o que foi construído por dentro, e aí o medo se aquieta. Você notará que ainda é você mesmo, ou talvez até mais. O pintor espanhol, Pablo Picasso, disse uma vez que “se leva um longo tempo para se tornar jovem”. Não pretendo tornar a velhice romântica. Obviamente, não há garantia de que a velhice seja um tempo de fruição e crescimento. Alguma coisa disso é uma questão de sorte. Alguma coisa disso é, obviamente, genético. Um disso, de fato, é genético. E não há muito que possamos fazer sobre isso. Mas isso significa que, para dois terços de quão bem desempenhamos no terceiro ato, podemos fazer algo. Não esqueçamos também que para se chegar ao terceiro ato, há que renunciar a certas coisas e fazer melhores escolhas. Vamos examinar o que podemos fazer para tornar esses anos adicionais realmente bem sucedidos e usá-los para fazer a diferença. O mundo inteiro opera com uma lei universal: a entropia, a segunda lei da termodinâmica. Entropia significa que tudo no mundo está num estado de declínio e decadência. Há apenas uma exceção a essa lei universal e isso é o espírito humano, que pode evoluir em direção ao topo, trazendo-nos para completude, autenticidade e sabedoria. Precisamos compreender definitivamente que nós não temos espírito. Nós todos nós somos espíritos. Muitas vezes, o espírito que somos fica soterrado debaixo de desafios da vida, violência, abuso, negligência. Talvez nossos pais sofressem de depressão sem que o soubessem. Talvez eles não fossem capazes de nos amar além daquilo que tentaram. Talvez ainda soframos com uma dor psíquica, uma ferida, que trouxemos e ainda não foi cicatrizada. Talvez experimentemos a sensação de que muitos de nossos relacionamentos não tiveram uma conclusão. Amores inacabados; amores que precisavam ter sido de todo vivenciados. Daí nos sentirmos inacabados, em falta com a vida. Esse pode ser o exercício do terceiro ato: terminar a tarefa de encerrar a nós mesmos. Imaginemos que nossa vida é como uma peça de teatro, uma peça que não admite ensaio. Essa peça é dividida em três atos com duração de trinta anos cada um deles, se vivermos noventa anos. Para alguns, a tarefa de encerrar a si mesmos começou quando se aproximavam do seu terceiro ato, no seu aniversário de 60 anos. Como é para se viver? O que tem para realizarmos nesse ato final? Para que saibamos para onde estamos indo, precisamos saber onde estivemos. Então, as pessoas que conseguirem chegar ao terceiro ato precisam voltar e analisar seus dois primeiros atos, tentando ver quem elas eram na época, quem elas realmente eram – não quem seus pais ou outras pessoas lhe disseram que eram, ou lhes trataram como se elas fossem. Mas quem elas realmente eram. Quem foram seus pais – não como pais, mas como pessoas. Quem foram seus avós e como eles trataram seus pais. Aí está a sua história. Isso é o se chama pelos profissionais da Psicologia de análise da vida. Ela pode dar nova significância, clareza e sentido à vida de uma pessoa. Através desse processo de análise, você pode descobrir, como essas pessoas fizeram e chegará à conclusão de que muitas coisas que você costumava pensar que eram falha sua, muitas coisas que costumava pensar sobre você mesma, na verdade, não tinham nada a ver com você. Não era falha sua; tudo era consequência da forma de agir daqueles que o antecederam. E assim poderá se libertar de seu passado. Você poderá mudar sua relação com seu passado. Tudo na vida pode ser tirado de você, exceto uma coisa, sua liberdade de escolher como você responderá a uma situação. Isso é o que determina a qualidade de vida que vivemos, e qualidade de vida aqui não significa se somos ricos ou pobres, famosos ou anônimos, saudáveis ou doentes. O que determina nossa qualidade de vida é como nos relacionamos com essas realidades, que tipo de significado atribuímos a elas, que tipo de atitude mantemos sobre elas, que estado mental permitimos que elas provoquem. Talvez o objetivo principal do terceiro ato, para aqueles que chegarão a ele, seja voltar e tentar, se apropriado, mudar nossa relação com o passado. Acontece que estudos cognitivos demonstram que, quando somos capazes de proceder assim, isso se manifesta neurologicamente – caminhos neurais são criados no cérebro. Precisamos avaliar se, ao longo do tempo, reagimos negativamente a acontecimentos passados e a pessoas, caminhos neurais são configurados por sinais químicos e elétricos que são enviados através do cérebro. E, com o tempo, esses caminhos se estabelecem, eles se transformam na norma – mesmo se são ruins para nós porque nos causam estresse e ansiedade. Contudo, se pudermos voltar e alterar nossa relação, reavaliar nosso relacionamento com pessoas e eventos do passado, os caminhos neurais podem mudar. E se pudermos manter sentimentos mais positivos sobre o passado, isso se torna o novo modelo. É como reajustar o termostato. Não é ter experiências que nos torna sábios, mas é refletir sobre as experiências que tivemos que nos faz sábios – e que nos ajuda a ser completos. É isso que nos traz sabedoria e autenticidade. Isto ajuda a nos tornar o que poderíamos ter sido. Lembremos que somos os sujeitos de nossas próprias vidas. Mas muito frequentemente muitos, se não a maioria de nós, quando alcançamos a puberdade, a época em que entramos na adolescência, começamos a nos preocupar em ajustar-nos e sermos populares. E nos tornamos os sujeitos e objetos da vida de outras pessoas. Agora, em nosso terceiro ato, talvez seja possível para nós percorrer de volta o círculo até onde começamos e conhecê-lo pela primeira vez. E se pudermos fazer isso, não será apenas para nós mesmos. Atualmente, pessoas mais velhas são o maior contingente demográfico no mundo. Se pudermos voltar e redefinir a nós mesmos e nos tornar completos, isso criará mudanças cultural no mundo, e dará um exemplo às gerações mais jovens para que elas possam repensar suas próprias expectativas de vida.

domingo, 5 de outubro de 2014

A DOR QUE DÓI MAIS – Martha Medeiros

Nesses casos, não houve maldade, ninguém pretendeu nos desdenhar. Estivemos apenas enfrentando o desconhecido: nós mesmos, nossas fraquezas, nossas emoções mais escondidas, aquelas que julgávamos superadas, para sempre adormecidas, mas que de vez em quando acordam para, impiedosas, nos colocar em nosso devido lugar. O maior medo do ser humano, depois do medo da morte, é o medo da dor. Dor física: um corte, uma picada, uma ardência, uma distensão muscular, uma fratura, uma cárie. Dor que só cessa com analgésico, no caso de ser uma dor comum, ou com morfina, quando é uma dor insuportável. Mas é a dor emocional a mais temível, porque essa não tem medicamento que dê jeito. O que é mais dolorido, ter o braço quebrado ou o coração? Uma pessoa que foi rejeitada pelo seu amor sofre menos ou mais do que quem levou 20 pontos no supercílio? Dores absolutamente diferentes. Dói mais a dor emocional, aquela que sangra por dentro. Qualquer mãe preferiria ter úlcera para o resto da vida do que conviver com o vazio causado pela morte de um filho. As estatísticas não mentem: é mais fácil ser atingida por uma depressão do que por uma bala perdida. Existe médico para baixo astral? Psicanalistas. E remédio? Antidepressivos. Funcionam? Funcionam, mas não com a rapidez de uma injeção, não com a eficiência de uma cirurgia. Certas feridas não ficam à mostra. Acabar com a dor da baixa-estima é bem mais demorado do que acabar com uma dor localizada. Parece absurdo que alguém possa sofrer num dia de céu azul, na beira do mar, numa festa, num bar. Parece exagero dizer que alguém que leve uma pancada na cabeça sofrerá menos do que alguém que for demitido. Onde está o hematoma causado pelo desemprego, onde está a cicatriz da fome, onde está o gesso imobilizando a dor de um preconceito? Custamos a respeitar as dores invisíveis, para as quais não existem prontos-socorros. E não adianta assoprar que não passa. Tenho um respeito tremendo por quem sofre em silêncio, principalmente pelos que sofrem por amor. Perder a companhia de quem se ama pode ser uma mutilação tão séria quanto a sofrida por quem perdeu uma parte de seu corpo físico. Só que os outros não enxergam a parte que nos falta, e por isso tendem a menosprezar nosso martírio. Aquele que perdeu uma parte do corpo terá sua dor emocional prolongada por algum tempo, diante da nova realidade que enfrenta. Nenhuma fisgada se compara à dor de um destino alterado para sempre.

LIDAR COM A DEPRESSÃO E O SEGREDO PARA A FELICIDADE -

A depressão, de acordo com o seu nível, necessita de um tratamento especializado. Devemos mesmo é procurar os nossos psicoterapeutas, psicólogos, psicanalistas, psiquiatras, quando estivermos saudáveis. Prevenção nunca é demais. Convencionou-se, principalmente no Brasil, que quem vai falar com esses profissionais não está muito bem da bola. E quem é mesmo nesse país que anda bem? E, se alguém disser “Eu!”, deve estar, no mínimo, com transtorno neurótico de perfeição, mania de ser melhor do que os outros. Todos nós temos nossos transtornos neuróticos. Ninguém é de todo normal. Às vezes estamos deitados e pensamos: “será que eu fechei a porta?”. Levanta e vai olhar. Isso aí já se configura como um transtorno neurótico. Em um outro momento, está com os óculos na cabeça e sai à procura dos óculos em algum lugar. Isso também é transtorno neurótico. Só para citar alguns exemplos nos nossos transtornos mais comuns. A depressão é um transtorno psicótico maníaco depressivo. Fatores endógenos (internos) e exógenos (externos) são responsáveis por causar esse transtorno. Mas o ser profundo que somos e o corpo em que estamos pode trabalhar para restaurar o equilíbrio perdido dos neuropeptídios. Neuropeptídios, lembremos, é uma classe de neurotransmissores importantes na rotina do nosso corpo. São cadeias de aminoácidos usados para comunicação intercelular. Eles controlam, por exemplo, a fome, a dor, o prazer , a memória e a capacidade de aprendizado. Chico Xavier um dia adoeceu e fez um transtorno psicótico depressivo. Seu guia espiritual disse: “A tua saúde vai depender de uma frase com três palavras. Toma de uma cartolina e escreve. Coloca aos pés da cama. Todas as vezes que despertares ou ao deitar, tu verás e isso vai te ajudar. A frase dizia: “Isto também passa!”. Tudo passa e isto também passa. E, ao considerar que isso também passa, já passou. Então, harmoniza-te. Na raiz do distúrbio está também o seu desamor. A sua não aceitação de si mesmo. Portanto, aceite-se. No binômio saúde-doença, ame-se, perdoe-se, adquira razão de viver e doe-se. Quando visitar alguém, não lamente com o doente. Quando ele começar a lamentação, dê-lhe dez minutos no máximo, não mais do que isto, e diga-lhe assim: “Eu esperava entrar você pior!” Se ele disser: “Mas eu estou morrendo!”, diga-lhe “Pois é, eu vim certo que você já tivesse morrido. Já que não morreu, vamos conversar.” Não faça coro com o pessimismo ou a lamúria de alguém que perdeu a esperança ou alguém de natureza pessimista. A maioria das pessoas doentes perde a interação mente-corpo. Essa interação depende do espírito que somos. Ame-se para poder amar. Perdoe-se para melhor perdoar. Encontre um significado para a vida, seja qual for, para poder ser feliz. Acima de tudo, aceite-se como você é. Aceite a condição em que se encontra, aceitando a doença. Não se revolte. Use de resignação, compreendendo a situação em que se encontra. A dificuldade pela qual está passando pode acontecer com qualquer um de nós. Por outro lado, não se acomode como se fora um mártir, porque dessa forma, a doença vai acelerar. Diga assim para a doença: “Olá, querida, seja bem vinda, mas saiba que você não é amada por enquanto. Eu lhe dou hospedagem por um tempo, mas, como todo hóspede, você tem que ir embora.” Você é alguém que está em curso como todos nós estamos, com a probabilidade de que isso posso acontecer. Deixe acontecer, não se rebele, nem se submeta. E, assim, vai descobrir que vale a pena viver. Façamos nossos planos mediatos, mas vivamos plenamente o agora. Existe um segredo para a felicidade muito bem guardado desde tempos ancestrais pelos Grandes Sábios do universo. Raramente falam sobre isso, mas usam a todo momento, e é fundamental para se ter uma boa saúde mental. O nome desse segredo é “A Arte Suprema de Não se Sentir Ofendido”. Para ser um verdadeiro mestre nessa arte, você deve entender que cada ação e reação de outro ser humano é resultado da soma de toda a experiência de vida dele até o momento. Em outras palavras, a maioria das pessoas no mundo dizem o que dizem e fazem o que fazem de acordo com seus próprios medos, conclusões, defesas e tentativas de sobrevivência. A maioria dessas coisas, mesmo quando apontadas para nós, não tem nada a ver conosco. Geralmente tem mais a ver com todas as outras vezes e, em particular, com as primeiras vezes que a pessoa experimentou algo semelhante, a maioria das vezes quando jovens. Isso se chama de psicodinâmica. Entendamos pois que nós vivemos num mundo onde a psicodinâmica é responsável por fazer o mundo girar. Uma pessoa que deseja viver cercada de sucesso e bem-estar espiritual precisa entender que psicologia é tão espiritual quanto… orações. Afinal, psicologia é isso, “estudo da alma”. Tendo isso em mente, quase nada deve ser levado para o lado pessoal. Até mesmo com as pessoas mais próximas e amadas, nossos parceiros queridos, nossos filhos e amigos. Estamos todos nadando em projeções e filtros das experiências da vida dos outros, e geralmente somos apenas bonequinhos, sendo que nossos amados têm suas próprias reações já construídas. Lógico, não vamos desumanizar a vida ou irrelevar a intimidade dos nossos relacionamentos, mas devemos principalmente saber que quase toda vez que somos ofendidos, estamos apenas numa área de desentendimento. A personificação verdadeira dessa ideia permite que tenhamos verdadeiramente mais intimidade e menos sofrimento em todos os nossos relacionamentos. Quando nós sabemos que apenas “demos azar” de ser quem estava lá naquele momento e vítima daquela psicodinâmica de alguém que disse algo ou fez algo, nós não devemos levar isso para o lado pessoal. Se não fosse nós, seria outra pessoa qualquer. Isso nos torna livres para sermos mais desapegado das reações das pessoas ao nosso redor. Quantas vezes nós nos sentimos ofendidos com as palavras de alguém, ao invés de perceber que a outra pessoa, na verdade, pode estar machucada? Na verdade, toda vez que somos ofendidos, uma chance aparece para demonstrarmos bondade por aquele que está sofrendo – mesmo que essa pessoa não demonstre isso superficialmente. Toda a raiva, toda aspereza, antipatia, criticismo, na verdade é uma forma de sofrer. Quando não correspondemos a esses sentimentos, fazemos nossa parte pela mudança do mundo. Nem precisamos dizer nada para essa pessoa. Na verdade, é melhor que não digamos nada mesmo, que inclusive é uma postura mais madura. Pessoas que sofrem por dentro, mas não exteriorizam, geralmente não gostam que alguém aponte para elas e digam que elas estão sofrendo. Não devemos ser o terapeuta daqueles que amamos. Apenas devemos entender a situação e seguir em frente. O mínimo que devemos fazer é coisas que nos façam sofrer menos e, por consequência disso, aproveitarmos a chance que temos de fazer do mundo um lugar melhor. Tudo isso não deve ser confundido com nos deixarmos sofrer ou sermos negligentes. Compaixão natural e verdadeira não permite que nos machuquemos. Mas quando sabemos que nada deve ser levado para o lado pessoal, algo mágico acontece. Muitos daqueles que parecem abusar do mundo somem das nossas vidas. A partir do momento que estamos conscientes, esse abuso só acontece se a gente acreditar no que o outro diz. Quando sabemos que nada deve ser levado para o lado pessoal, nós não somos mais abusados. A gente pode dizer: “ei, obrigado por compartilhar isso comigo”, e seguir a vida. Não devemos nos deixar guiar pelo que outros dizem ou fazem, pois sabemos que não tem a ver com a gente. Quando sabemos que o que é inerente a nós não é determinado pelo que outros dizem, fazem ou acreditam, podemos simplesmente levar o mundo de uma forma mais leve. E, se necessário, podemos apenas virar as costas e ir embora sem criar mais stress para nós ou ter que convencer a outra pessoa que somos pessoas boas, decentes e que valemos a pena. O grande desafio de hoje em dia nas nossas vidas é viver uma vida contente, independente do que os outros dizem, acham ou acreditam. A Arte Suprema de Não se Sentir Ofendido é uma das principais habilidades necessárias para ser uma pessoa espiritualizada. Embora isso demande um pouco de prática, é um dos melhores segredos para se viver uma vida feliz. Durante uma vida a gente é capaz de sentir de tudo, são inúmeras as sensações que nos invadem, e delas a arte igualmente já se serviu com fartura para retratá-las. Paixão, saudade, culpa, dor-de-cotovelo, remorso, excitação, otimismo, desejo – sabemos reconhecer cada uma destas alegrias e tristezas. Não há muita novidade, já vivenciamos um pouco de cada coisa, e o que não foi vivenciado foi ao menos testemunhado através de filmes, novelas, letras de música. Há um sentimento, no entanto, que não aparece muito, não protagoniza cenas de cinema nem vira versos com frequência, e quando a gente sente na própria pele, é como se fosse uma visita incômoda. De humilhação é que falo. Há muitas maneiras de uma pessoa se sentir humilhada. A mais comum é aquela em que alguém nos menospreza diretamente, nos reduz, nos coloca no nosso devido lugar - que lugar é este que não permite movimento, travessia? Geralmente são opressões hierárquicas: patrão-empregado, professor-aluno, adulto-criança. Respeitamos a hierarquia, mas não engolimos a soberba alheia, e este tipo de humilhação só não causa maior estrago porque sabemos que ele é fruto da arrogância, e os arrogantes nada mais são do que pessoas com complexo de inferioridade. Humilham para não se sentirem humilhados. Mas e quando a humilhação não é fruto da hierarquia, mas de algo muito maior e mais massacrante: o desconhecimento sobre nós mesmos? Tentamos superar uma dor antiga e não conseguimos. Procuramos ficar amigos de quem já amamos e caímos em velhas ciladas armadas pelo coração. Oferecemos nosso corpo e nosso carinho para quem já não precisa nem de um nem de outro. Motivos nobres, mas os resultados são vexatórios.