domingo, 19 de outubro de 2014

CONFLITOS E EMOÇÕES -

Vamos falar sobre emoções. Sobre as nossas emoções. Inicialmente, precisamos nos convencer de que não devemos lutar contra nossas emoções, mesmo aquelas que são chamadas de prejudiciais. Em vez de lutar contra elas, precisamos fazer esforço para desviar-nos de tudo que possa causar danos a nós mesmos ou a outra pessoa. Sem que possamos evitar, acontecem momentos em que as emoções prejudiciais acontecem com frequência. A nossa indisciplina mental e de comportamento abrem espaços para que essas emoções se expandam. No entanto, a vigilância, ao lado do desejo de evitar danos morais, oferecem recursos para impedir as sucessivas consequências infelizes que essas emoções podem nos causar. É claro que nem sempre é possível que possamos evitar acontecimentos que desencadeiam emoções violentas. Podemos, no entanto, equilibrar o curso de sua explosão e o direcionamento dos seus efeitos. Raramente alguém é capaz de permanecer emocionalmente neutro em uma situação conflitiva, especialmente quando o seu ego é atingido. Irrompe, automaticamente, a hostilidade, em forma de autodefesa, de acusação defensiva, de revide... É necessário que você tenha um grande controle emocional para, diante de uma agressão, por exemplo, manter-se sereno e não reagir. Podemos, no entanto, evitar que se expanda o sentimento de hostilidade que vem como consequência do conflito , administrando as reações que produz, mediante o exercício e hábito de compreender as razões do outro e o consequente respeito ao próximo. Torna-se fácil, desse modo, superar o primeiro impacto e corrigir-se o rumo daquele que se transformou devido a uma emoção de ira ou de raiva. Somente quando você desenvolve o auto conhecimento e a consequente consciência de si mesmo, dos valores que lhe caracterizam, das possibilidades de que dispõe, é que se torna possível exercer um controle sobre as suas emoções, no sentido de gerenciá-las e administrá-las, evitando que as emoções perniciosas se manifestem ante qualquer motivação de conflito e dando oportunidade para que as emoções edificantes sejam equilibradas, impedindo os excessos que sempre são prejudiciais. E quando nós vivemos cultivando as lembranças das emoções danosas, através do ressentimento, há mais facilidade para que outras se expressem ante qualquer circunstância desagradável. Como não se pode nem se deve viver de ressentimentos por causa de emoções dolorosas, o ideal é diluir em novas experiências todas aquelas que causaram dor e hostilidade. Isso é possível, mediante o cultivo constante de pensamentos de paz e de solidariedade, criando um campo mental de harmonia, capaz de manifestar-se por automatismo diante de qualquer ocorrência geradora de aflição. Se, no entanto, vivo em pé de guerra, e são muitos que assim vivem, em relação às outras pessoas, qualquer conflito mínimo será motivo para um desgaste emocional terrível. O Mahatma Gandhi, apóstolo da não-violência, afirmava que não se deve matar o indivíduo hostil, mas matar a hostilidade nesse indivíduo, o que correspondente ao comportamento pacífico encarregado de desarmar o ato agressivo de quem se faz adversário. Eis porque a resistência passiva consegue os resultados excelentes da harmonia. Provavelmente, o outro, o inimigo, não entenderá de momento a não-violência daquele a quem agride, mas isso não é importante. O que importa mesmo é não permitir que a perturbação de fora alcance o espaço da sua tranquilidade interior. O grande desafio é eliminar os sentimentos negativos, o que não é fácil. A saída mais eficaz é diluí-los mediante outros sentimentos de natureza harmônica e saudável. Todos nós sabemos que a suspensão da angústia, da ansiedade, da raiva proporciona felicidade. Não será com o desaparecimento de um tipo de emoção que se desfrutará imediatamente de outra. A questão deve ser colocada de maneira mais segura, trabalhando-se, sim, pela eliminação das emoções perturbadoras, porém, ao mesmo tempo, cultivando-se e desenvolvendo-se aquelas que são saudáveis e que dão prazer. Não se torna suficiente, portanto, libertar-se daquilo que gera mal-estar e produz decepção, mas agir de maneira correta, a fim de que se consiga alegria e estímulo para uma vida produtiva. Viver por viver é apenas existir, é puramente biológico, automático. É necessário que vivamos em paz, que vivamos bem. E isso não significa o tradicional conceito de que viver bem é viver de bem com tudo e com todos, com bastante dinheiro e posição social, coisas que já sabemos são transitórias, que estão destinadas a um fim. Pensa-se que é uma grande conquista não se fazer o mal a ninguém. Lembre-se de que não fazer o mal ainda não é fazer o bem. Sem dúvida não fazer o mal já é alguma coisa, mas é indispensável fazer-se o bem, fazer o bem ao outro, elevando-se, assim, moralmente. Para isso é que aqui estamos. Quando se está com a emoção direcionada ao bem e à evolução moral, o pensamento torna-se edificante e tudo concorre para a ampliação do sentimento nobre. Mas o contrário também acontece: quando existe o direcionamento negativo, as suspeitas que se acolhem, a hostilidade gratuita que se desenvolve, tudo isso contribui para que o indivíduo permaneça armado, porque ele sempre se considera vítima, uma vítima desarmada. Mediante o cultivo das emoções positivas, torna-se mais fácil a percepção da verdade, das atitudes gentis, dos sentimentos solidários, enquanto que a constância das emoções prejudiciais provoca a distorção da visão em torno dos acontecimentos, gerando sempre mau humor, azedume e malquerença. Quando nós alcançarmos o amor altruísta, o amor pelos outros, haverá o sentimento da real fraternidade e o equilíbrio real no ser em busca de si mesmo e de Deus. Jesus permanece sendo o exemplo máximo do controle das emoções, não se deixando perturbar jamais por aquelas que são consideradas perniciosas. Em todos os Seus passos, o amor e a benevolência, assim como a compaixão e a misericórdia, estavam presentes, caracterizando a referência ideal, guia e modelo para todos os indivíduos. Traído e encaminhado aos Seus inimigos, humilhado e condenado à morte, não teve sequer uma emoção negativa, mantendo-se sereno e confiante, ensinando em silêncio o testemunho que é pedido a todos quantos se entregam a Deus e devem servir de modelo à humanidade. Somos seres emocionais e não podemos viver sem as emoções. Precisamos, no entanto, valorizar e cuidar mais daquelas que nos edificam no lugar das que perturbam. Esse é, sem dúvida, um grande desafio para todas as pessoas inteligentes aqui na terra. Uma coisa muito frequente que acontece a muitas pessoas é valorizar demais tudo o que as pessoas dizem ou fazem. Valorizam de tal maneira a dar excessivo valor a tudo que elas dizem ou fazem. Na vida cotidiana você tem contato com muita gente e acontece que as pessoas, na sua grande maioria usam máscaras, inclusive você. Afinal de contas são tantos papeis e personagens na vida, você é filho(a), mãe/pai, estudante, profissional, trabalhador, amante, amigo, companheiro e muitas vezes só não é conhecido de si mesmo. Se fragmenta entre tantas personas, ou máscaras, que muitas vezes, nada sabe de você, quem é este você, além destes papeis. Por não conhecer-se, sente, então, um vazio, uma espécie de buraco dentro do peito, aquele aperto no coração. E, muitas vezes, você tem tudo, mas parece que tudo falta. Pois é, a verdade é que falta você dentro de você. Quando não se tem ou se perde a conexão, a cumplicidade de nós conosco, vive-se perdido, vulnerável. Parece tão fácil e simples dizer isto. Mas é uma verdade que somente cada um saberá compreender. As pessoas lhe prometem coisas, dizem que lhe adoram, que você é fantástico, que querem ajudá-lo, ficam com você algum tempo, e quando você pensa que sempre terá esta energia, as pessoas mudam, algumas até fingem que não o vêem. Acorde, não espere nada de ninguém, seja sempre mais você... Isto não é um simples conselho, é essencial que assim aja. Afinal, cada um tem suas necessidades e problemas, portanto supra as suas carências, se importando com você, sendo seu próprio amigo, conselheiro, consultor, ficando do seu próprio lado, sem se punir, sem se massacrar interiormente achando que os outros sempre têm razão. Os outros se importam com eles mesmos em primeiro lugar, e você, em que lugar se coloca? Isto não significa que não tenha amizades. Mas precisa avaliar que tipo de amizade está alimentando? Fofoqueiros, interesseiros e vampiros sugadores de energia? Fique mais atento a isto... Amizades apenas para não se sentir sozinho significa apenas um ajuntamento de pessoas que se resume a número. Amar todo mundo é amar ninguém, não é verdade? Para você se sentir em você, ou seja, sentir você dentro de você, se escutar, dialogar consigo mesmo, é essencial que se conheça. Afinal, quem é você? Como você se sente agora? Não sabe? Então, comece a se observar, observando suas reações, seus pensamentos, tudo que sente... Pare um tempo para focar em você, no seu interior, isto se chama meditar, e é simples, desligue o aparelho de televisão, o computador, o celular e fique alguns minutos num lugar calmo, só você com você, não ligue para os pensamentos: deixe-os vir, afaste-os, foco na respiração... sinta esse bem estar interior que surge quando você se permite soltar, sinta a leveza do ser, de ser... você! Observe os sentimentos que existem em você e que você está sempre tentando negar. Isto acontece com muitos de nós. Tentamos negar a existência de sentimentos negativos como a raiva, o ódio, o ressentimento e o desejo de vingança.

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