domingo, 29 de março de 2015

A REALIDADE DO AMOR -

Considerado o “Poderoso Chefão” dos sentimentos, todo mundo quer encontrar o grande amor. Mas, ao mesmo tempo, ninguém quer dividir tristezas e desilusões, sentir as incansáveis dores físicas, passar por torturas psicológicas ou ficar noites sem dormir. Ninguém quer ter que aguentar o outro de mau humor, suportar as diferenças, compartilhar e ceder. As pessoas querem mesmo é viver apaixonadas, curtir aquele desejo e vontade de fazer sexo todas as noites, tomar sol em uma casa de veraneio na praia ao som dos pássaros cantando e viver o sonho da família Doriana. Por isso, os amores de hoje são tão descartáveis. A cada esquina se acha alguém para se apaixonar, mas ninguém para amar. Cadê as pessoas que estão dispostas a suportar, no dia a dia, as imperfeições e que estão afim a criar problemas e, depois, resolvê-los juntas? Está tão clichê dizer eu te amo e fazer amor (que nem pode mais se chamar de amor), que andar de mãos dadas não reflete companheirismo e um elo, mas sim, só mais duas mãos e alguns passos, que podem seguir separados. O que mais me impressiona não é nem o fato do “felizes para sempre” estar quase que em extinção, mas a coragem que as pessoas têm de, quando não conseguirem fazer as coisas darem certo e enfrentarem dificuldades juntas, se consolarem com o simples “Não era pra ser…”. Porque afinal, a culpa toda é do destino. Esses dias estava tentando resolver um cubo mágico e me irritei tão fácil que obviamente não cheguei nem na primeira lateral de cores. Fiquei pensando na quantidade de coisas na vida que deixamos passar por falta de força de vontade. Com o amor é assim. Não queremos unir o azul, o amarelo, o verde, o branco e o vermelho, queremos só o vermelho e pronto. Mas para tudo e todo tipo de amor, sejam entre homens e mulheres, amigos e familiares é preciso de uma união de cores, sentimentos e mais do que isso, paciência. Tudo precisa se encaixar no lugar certo. Só que nós precisamos fazer nossa parte para que isso aconteça. Tentar, quem sabe? Muitas vezes nos contentamos em amar pela metade só porque achamos que felicidade é se manter apaixonado, sempre. Paixões são instantâneas. Isso vai e vem. São lindas, concordo, e fragmentos do amor, mas, meu caro, apesar de estourar fogos de artifício no seu estômago infelizmente não durarão por uma vida inteira. Não é só somando alegrias e momentos bonitos que se ama, é no meio da turbulência que se descobre o verdadeiro amor. Tem uma frase de Clarice que eu adoro que diz o seguinte: “Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.” E acho que isso resume tudo. Paixão e carinho caminham juntos, mas para amar precisa-se de muito mais. Não esqueça: AMOR DE VERDADE A GENTE CONSERTA, NÃO JOGA FORA...

APRENDER A ADMINISTRAR O CIÚME -

Muitos consideram que o ciúme, raiva ou inveja não são sentimentos nobres e que não podem conviver com outros sentimentos assim considerados. Ciúme e amor, no entanto, não se excluem, irmãos podem sentir ciúmes um do outro e ao mesmo tempo amarem-se. Neste ponto, não diferem dos adultos. Alguns pais ficam receosos quando decidem ter o segundo filho, por não se considerarem preparados para dividir a atenção entre eles. Outros temem causar qualquer tipo de sofrimento ao primogênito. É comum os pais se reportarem a suas próprias experiências infantis e lembrarem como se sentiram com relação aos irmãos e ao afeto de seus pais. Um recém-nascido demanda uma atenção mais intensa e imediata e o que acaba acontecendo é o primogênito sentir-se prejudicado por não ter mais a atenção exclusiva dos pais. Ciúmes segundo a Psicopatologia é uma reação frente a uma ameaça real ou imaginária, e visa eliminar os riscos da perda do ser amado. Também podemos entender o ciúme como uma emoção provinda da noção de que a pessoa amada desvia sua atenção para outro, o que coloca em risco nossa segurança afetiva. Em síntese, podemos definir ciúme como uma emoção, que pode ir do ataque físico ao choro, como uma forma de desabafar. É uma emoção normal dependendo do contexto e da intensidade. Para Freud o ciúme faz parte da natureza humana e se instala na infância, tendo como ponto central o complexo de Édipo, ou seja, o ciúme que a criança sente do pai que ama, pois este entra como um terceiro na relação entre o bebê e sua mãe. Já para alguns autores o ciúme seria o medo disfarçado em amor, ou fruto de relações narcisistas na infância. Ele passa a ser considerado anormal quando o amor entre duas pessoas visa o preenchimento narcísico daquele que sente ciúme. Para estas pessoas é muito difícil para não dizer quase impossível desenvolver e cultivar um amor verdadeiro, pois todas as suas relações (inclusas as de amizade) baseiam-se no cultivo de uma necessidade preencher um vazio próprio. Poderíamos dizer que elas não amam, apenas si amam. O relacionamento com pessoas que o ciumento julga serem inferiores a ele, geralmente se mostram perfeitamente normais, mas quando se relacionam com pessoas que ela julga serem superiores a si (no intelecto, socialmente, profissionalmente, culturalmente, etc.), é comum o resgate de sentimentos como de serem esmagadas, pisoteadas, humilhadas. Nestes casos o indivíduo se estrutura dentro de um mecanismo de defesa que visa evitar as situações de risco, passando a se relacionar apenas com pessoas que preencham suas necessidades e não ofereçam risco, neste caso há homens que só se relacionam com mulheres, indivíduos que procuram relacionamentos somente com pessoas mais novas ou com aquelas que normalmente encontram problemas relacionados a situações de discriminações (raciais, sexuais, ideológicas, etc.). Nestes casos ela se sente segura e em suas fantasias inconscientes sabe (ou pensa) que não irá sofrer. Por que as pessoas sentem ciúmes? O ciúme romântico acontece geralmente quando uma situação é interpretada pela pessoa como ameaçadora ao seu relacionamento amoroso. Para manter o relacionamento ou diminuir o ciúme, a pessoa entra em um processo que envolve vários comportamentos e pensamentos, que podem ser eficazes ou não. É normal ter ciúme? Sim, ele é uma ferramenta evolutiva que serve como um sensor de perigo e sua função é preservar o relacionamento. A ausência dele também pode prejudicar a relação a dois, deixando o parceiro com a sensação de não ser amado o suficiente. Quem é mais ciumento: o homem ou a mulher? Ambos os sexos sentem ciúmes, a diferença estaria nos motivos ou atribuições que levam ao ciúme para cada sexo, no que é sentido como a ameaça. Ciúme é doença? O ciúme não é uma doença, mas pode se tornar patológico (excessivo) ou ser sintoma de alguns transtornos, como transtorno obsessivo compulsivo, alcoolismo, demência, esquizofrenia, por exemplo. O ciúme normal seria transitório, específico e baseado em fatos reais e o patológico seria uma preocupação infundada, irracional e descontextualizada. A respeito desses transtornos, como o ciúme pode se dar? Alguns dos critérios do Transtorno da Personalidade Paranóide que podem ser relacionados com ciúmes são a suspeita sem fundamento suficiente, de estar sendo enganado pelos outros; interpretar significados ocultos de caráter humilhante ou ameaçador, em observações ou acontecimentos benignos e, mais óbvio, ter suspeitas recorrentes, sem justificativa, quanto à fidelidade do cônjuge ou parceiro sexual. Os pacientes com demência costumam ter delírios de ciúmes, além de delírios com outros conteúdos. Em pacientes com esquizofrenia, o delírio de ciúmes é um dos sintomas positivos que podem surgir. No alcoolismo pode haver idéias delirantes de ciúmes, fazendo parte de um conjunto de fenômenos psicóticos durante ou imediatamente após o consumo. Existe algum tratamento? O tratamento pode ser feito com psicoterapia (a linha cognitiva comportamental tem boa aceitação nesse sentido) e, no caso do ciúme patológico, também medicação psiquiátrica, como neurolépticos. Quando é necessário procurar ajuda profissional? Quando o ciúme está fora de controle, prejudicando o relacionamento e/ou trazendo sofrimento, a psicoterapia é indicada. Às vezes, a pessoa ciumenta demais tem ciência de que suas reações são exageradas, mas ou não consegue controlar seu impulso de defender sua relação ou sofre calada, com mil pensamentos o tempo todo sobre o que seu par está fazendo, o que ele já fez, o que ele fará. Outras vezes, a pessoa acha que seu comportamento e suas desconfianças estão certas, fundamentada em suas crenças sobre quem é seu par, como as pessoas devem agir, como os homens e as mulheres são, se o outro é confiável ou não. Em ambos os casos, o foco da psicoterapia cognitiva comportamental são esses pensamentos que atormentam ou levam ao sofrimento (seja do ciumento, seja de seu parceiro) e os pressupostos dos quais esses pensamentos vêm, as crenças sobre si, o(a) parceira(o) e os relacionamentos em geral, para tentar diminuir e controlar o ciúme. Outro foco são os comportamentos de vigiar, limitar, brigar, vasculhar, etc e as emoções associadas. Qual é a importância do tratamento para o ciúme excessivo? O ciúme excessivo passa a minar o namoro/casamento/noivado, prejudicando ambos os parceiros. Além disso, o ciúme é um dos motivos mais comuns para homicídios, sendo a vítima na maior parte das vezes a mulher (mas não exclusivamente), frequentemente como resultado do término do casamento. E a pessoa que sofre com o ciúme do parceiro? O que fazer? Quando alguém é acusado injustamente de algo, ele começa a tentar se defender, nem sempre de maneiras legais e a situação começa a ficar insuportável. A pessoa que é vítima do ciúme deve conversar com seu parceiro, explicar seus motivos para ter agido dessa ou daquela maneira na(s) situação(es) que desencadeou(aram) o ciúme, desfazer os mal entendidos, não dar motivos (reais) para que ele sinta-se inseguro e reafirmar seu interesse e amor pelo parceiro, demonstrando isso das maneiras que se adequem ao seu caso em particular. Caso o ciúme do parceiro persista é necessário procurar ajuda profissional (ver exemplo a esse respeito). Quais os primeiros sintomas do ciúme? No ciúme há avaliações cognitivas e reações emocionais. Ele envolve um misto de emoções, como medo, tristeza, raiva, ansiedade, indignação, culpa, constrangimento, dependendo da pessoa. As avaliações cognitivas podem envolver preocupação sobre o parceiro ser atraído por outros e suspeita da existência de um outro relacionamento, por exemplo. Não há "sintomas" do ciúmes, ao contrário, ele pode ser um "sintoma". Gostaria de banir o ciúme de minha mente. É possível? É possível controlar o ciúme e só senti-lo em situações contextualizadas. Banir o ciúme de vez, ou qualquer outra emoção (como ansiedade, tristeza, etc) não é possível em pessoas com o sistema nervoso íntegro e também não seria producente, já que existe um motivo para termos as emoções, são termômetros que ajudam na nossa sobrevivência e não senti-las seria tão ruim quanto sofrer com elas.

domingo, 22 de março de 2015

A RAZÃO DA EMOÇÃO – Noelio Mello

Tantas vezes me perguntei como agir após uma emboscada do destino, uma traição da vida, um momento infeliz. Se através da razão ou da emoção. Muitos exemplos me ensinam a fazer o uso do bom senso, do equilíbrio, sem saberem, todavia, se meu coração navega num mar de tranquilidade ou está perto de explodir de emoções absolutamente impossíveis de conter. Mas, como condenar tantos avisos que, embora pareçam sábios, esses conselheiros não podem ver o que está oculto dentro do meu peito? Fico cismando de vez em quando de como utilizar a razão, quando precisamos cuidar das coisas da alma e do coração? Como raciocinar livre para desprezar um passado que continua presente? Como construir o futuro com os tijolos do bom senso, se as paredes do nosso espírito são desenhadas com a tinta rubra da emoção? Como tomar decisões à luz da razão, quando nos corredores da nossa existência vivem em estranhas núpcias, o amor, as suas perdas, suas conquistas, o ciúme, a desforra, o despeito, uma saudade que nunca finda? Como viver, afinal, entre a razão e a emoção, sem que nosso interior seja o grande palco de um duelo sentimental entre essas duas guerreiras da alma, que confundem nossos sentidos, brincam com o tempo, criam e matam esperanças, desafiam a felicidade, julgam, absolvem e condenam tantos outros sentimentos? Se muitos pudessem ver o teatro oculto do nosso espírito, não ficariam a exigir que nossos atos naveguem sempre nos mares serenos da prudência. Se pudessem devassar as cortinas que escondem nossas inquietações mais íntimas, veriam que a razão da emoção é a maior verdade de todas as verdades. A razão é dura. A emoção sonha. A razão é fria. A emoção é ardente. A razão é insípida. A emoção é doce. A razão é imparcial. A emoção toma partido da paixão, tem o olhar da alvorada, a sensibilidade do crepúsculo. Jamais os amores que tem o cheiro do eterno começaram no berço da lógica. Nem um gesto de razão deu início aos olhares que escreveram histórias que só os corações apaixonados sabem contar. Ninguém, na realidade, se encanta com as esquinas enluaradas, com o caminho das estrelas, com a poesia saída das almas dos amantes tocadas pelas flechas da razão. São os dardos da fantasia que escrevem no livro da vida todas as receitas que contam as procissões de emoções que andam pelo nosso interior. A razão é apenas a tinta sem perfume que ensina e conserta as coisas materiais. A emoção conserta a vida, o amor, o desamor. Muitos dizem que a razão é que desenha a calma nas faces dos homens. Mas o que importa, se algumas vezes, a emoção nos faz derramar um pranto que não cessa? Só choramos pelo o que amamos. Pelo que queremos ardentemente. Pelo que perdemos. Pelo que nos sufoca a alma ou nos acelera o coração. A efemeridade da vida ensinou-me que posso renunciar a tudo, exceto ao amor, ao que remexe minhas entranhas, ao andar das emoções que me fazem adormecer num floco jaspeado de nuvens. O caminhar intrigante do tempo fez com que eu me encantasse pelos perfumes do desconhecido, por um sonho que ainda não sonhei, por uma manhã que ainda não vivi, pelo colorido de uma emoção que ainda vai acontecer. Pouco importa o futuro, se a história que ele vem contando a insipidez da razão há muito já me confidenciou.

CIÚME NORMAL E CIÚME PATOLÓGICO -

Basicamente, ciúme é o medo de perder algo ou alguém que se supõe ser seu. Perder, por exemplo, alguém amado para uma terceira pessoa. O ciúme normal é transitório e baseado em fatos. O maior desejo é preservar o relacionamento. Algumas pessoas o encaram como prova de amor, zelo ou valorização do parceiro. Outros o consideram uma prova de insegurança e baixa autoestima. Ciúme é uma reação complexa porque envolve um largo conjunto de emoções, pensamentos, reações físicas e comportamentos: EMOÇÕES - dor, raiva, tristeza, inveja,medo, depressão e humilhação; PENSAMENTOS - ressentimento, culpa, comparação com o rival, preocupação com a imagem, autocomiseração; REAÇÕES FÍSICAS - taquicardia, falta de ar, excesso de salivação ou boca seca, sudorese, aperto no peito, dores físicas. COMPORTAMENTOS - questionamento constante , busca frenética de confirmações e ações agressivas, mesmo violentas. O ciúme, em princípio, é um sentimento tão natural ao ser humano como o tédio e a raiva. Nós sempre vivenciamos este sentimento em algum momento da vida, diferem apenas suas razões e as emoções que sentimos. Como todo sentimento, tem seu lado positivo e seu lado negativo. CIUME E INVEJA - O ciúme está intimamente relacionado à inveja. A diferença é que a inveja não envolve o sentimento de perda presente no ciúme. Mas ambas são um misto de desconforto e raiva e atormentam aquele que cobiça algo que outra pessoa tem. Quanto mais baixa for a auto-estima, mais propensa está a pessoa de sofrer com um dos dois sentimentos. Outra diferença entre ambos reside no fato de o ciúme, quando ultrapassa certo limite, se transforma em patologia, coisa que não acontece com a inveja. Ciúme e inveja desviam o foco dos cuidados com a própria vida, tão preocupado se fica com a vida de outra pessoa. Por outro lado, se enfrentados, podem levar a atitudes positivas como melhorar a aparência, desenvolver novas habilidades e trabalhar a auto-estima. CIÚME PATOLÓGICO OU DOENTIO - No ciúme patológico, há o medo inconsciente da ameaça de um rival, assim como o desejo obsessivo de controle total sobre os sentimentos e comportamentos do outro. Caracteriza-se por ser exagerado, sem motivo aparente que o provoque, deixando o ciumento absolutamente inseguro e transformando-o num tremendo controlador, cerceador da liberdade do outro, podador de qualquer atividade que o parceiro queira fazer sem que ele esteja presente. O ciúme patológico é visto pela psiquiatria como uma espécie de paranóia (distúrbio mental caracterizado por delírios de perseguição e pelo temor imaginário de a pessoa estar sendo vítima de conspiração). Para o ciumento, a fronteira entre imaginação, fantasia, crença e certeza se torna vaga e imprecisa, as dúvidas podem se transformar em ideias supervalorizadas ou delirantes. Quem sente ciúme a esse nível tem a compulsão de verificar constantemente as suas dúvidas, a ponto de se dedicar exclusivamente a invadir a privacidade e tolher a liberdade do parceiro: abre correspondências, bisbilhota o computador, ouve telefonemas, examina bolsos, chega a seguir o parceiro ou contrata alguém para fazê-lo. Toda essa tentativa de aliviar sentimentos, além de reconhecidamente ridícula até pelo próprio ciumento, não ameniza o mal estar da dúvida. Até o intensifica. A pessoa ciumenta apresenta na sua personalidade um traço marcante de timidez e sentimentos de insegurança, problemas que costumam ter raízes na infância . Nesse caso, o tratamento passa por aplicação de técnicas de psicoterapia para melhorar a confiança do paciente em si mesmo. O processo deve envolver sua família, pois o apoio no lar é imprescindível nesses casos. Reduzido o sentimento de insegurança, é esperado que diminua a aflição do ciúme. Só quem confia em si mesmo pode confiar em outros, de modo que parece lógico começar o tratamento pelo fortalecimento da autoconfiança. Não menos importante é atacar os sintomas físicos que o ciúme patológico provoca. O desequilíbrio no sistema nervoso aumenta o nível de adrenalina, interfere na dinâmica dos neurotransmissores e está na origem de muitas doenças psicossomáticas. Por isso, é fundamental apurar as causas desses sintomas e gastar a energia negativa em atividades como os exercícios físicos, meditação e trabalho que traga gratificação.

domingo, 8 de março de 2015

QUERIA TER A CERTEZA - Mário Quintana

Queria ter a certeza de que, apesar de minhas renúncias e de minhas loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho... Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento...e que não brinque com ele. E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo. Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe... Que ele, o amor, é superior ao ódio e ao rancor. Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas ou pelas dificuldades... Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre... E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor. Quero, sim, poder fechar meus olhos e imaginar alguém... E poder ter uma certa certeza de que esse alguém também pensa em mim, quando fecha os olhos. Que faço falta, quando não estou por perto. Queria ter a certeza de que, apesar de meus erros e desacertos, alguém me valoriza pelo que sou, pelo que consigo ser... Alguém que me veja como um ser humano imperfeito, mas coerente que dê valor ao que realmente é qualidade em mim, mas que aceite o que em mim ainda é imperfeito. Que saiba conquistar meu sentimento e fazer dele a recompensa da tolerância para com meus defeitos. Um dia... ah um dia saberemos que Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata... Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem. Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela... Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável... Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples... Um dia percebemos que o comum não nos atrai... Um dia saberemos que ser classificado como o "bonzinho" não é bom... Um dia perceberemos que a pessoa que nunca lhe liga é a que mais pensa em você... Um dia percebemos que somos muito importante para alguém, mas não damos valor a isso... Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas aí já é tarde demais... Enfim... Um dia descobrimos que, apesar de viver quase um século, esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para dizer tudo o que tem que ser dito... O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras... E não esqueça que quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.

ADIANTAR OU ESTACIONAR -

O afeto está intimamente relacionado à nossa saúde, à nossa capacidade de pensar com discernimento. A medicina só avançará, quando os médicos não nos virem mais apenas como um corpo, mas como um todo complexo. É por isso que os amigos espirituais nos afirmam que, num futuro não muito distante, na Terra, os médico terão, inclusive, acesso às nossa vidas anteriores, para que possam entender, junto conosco, o porquê de situações como a de quem nunca fumou, mas traz uma enfermidade pulmonar; a situação de quem nunca provou álcool, mas tem o fígado problemático,ou a situação de quem, por exemplo, nunca está bem, ou nunca cometeu excesso, mas traz insuficiência renal inexplicável. Somos o passado em forma de presente! Somos, sim, o o passado em forma de presente! E trabalharemos sempre pela nossa recuperação, viveremos para isso,não para ocultarmos o nosso passado, mas para transformá-lo, porque fomos criados por Deus, para a beleza e perfeição que nós vamos alcançar de alguma forma, um dia. Conseguiremos, no máximo adiar, com atitudes menos dignas e nobres, a chegada triunfal do nosso coração totalmente belo e digno à verdadeira morada de todos nós. Lá, haverá, sim, trabalho porque nós vamos passar a ajudar aqueles que ainda estão no caminho, como hoje nos ajudam os mentores espirituais, aqueles seres que estiveram conosco, que foram nossos amigos, nossos namorados, nossos filhos, mas que, por motivos diversos à sua própria intenção, se adiantaram, foram à frente, mas que hoje não podem ser totalmente felizes, porque nós permanecemos na estrada. Enquanto não estivermos todos unidos aos corações que mais amamos, não seremos completamente felizes. Há uma frase, não se sabe de que autoria, que diz assim: "Ó Senhor dos grandes recomeços, aqui estou eu, mais uma vez!...". No fundo, todos nós fazemos a mesma coisa: a cada encarnação, a cada retorno à Terra, nós somos aqueles que, à frente de Deus, dizemos aqui estou, Senhor, mais uma vez, para recomeçar... Por isso, o que nos importa, se as pessoas não nos amarem como queremos? O que nos importará, se as pessoas duvidarem de nós, se as pessoas nos invejarem, se não nos compreenderem, se não observarem a vida como nós observamos? Todos nós amadureceremos, todos nós chegaremos a esse grande final que é a felicidade, sem nenhuma mácula e, quando lá estivermos, nós vamos querer fazer todas as criaturas felizes também. Por isso, também pensemos: as coisas da Terra são tão pequenas, são tão passageiras, e nós nos deixamos envolver por elas, ficamos totalmente amargurados, paralisados, passamos as semanas, os meses, os anos, reclamando que a vida não é aquilo que nós sonhamos, quando crianças ou adolescentes, não aquilo que pretendíamos, mas, muitas, vezes, nada fazes para nos modificar e modificar o nosso destino, não vamos em busca das grandes transformações, ficamos mesmo sem coragem para os grandes desafios, permanecemos com medo de encarar de frente aquilo que nós etmos adianto, muitas vezes há várias vidas, para solucionarmos. Se quisermos, nós sempre encontremos uma desculpa, sempre haverá uma justificativa, um "ah, eu não posso", ou "ah, eu não tenho forças", "não é do jeito que eu queria..." e, assim, a vida irá passando, porque "100 anos", segundo Emmanuel, "é um relâmpago na eternidade...". Um exemplo de equilíbrio emocional é o Chico Xavier. Certa feita, ele recebeu uma senhora que, em grave perturbação, foi até ele e lhe disse: "Chico, eu vim te dizer uma coisa: essa história de Doutrina Espírita não serve para nada. No dia-a-dia não adianta! E Chico, muito tranquilamente lhe respondeu: "Minha amiga, provavelmente você tenha toda a razão..." A mulher ficou frustradíssima, foi embora, mas dois anos depois, retornou ao mesmo Chico Xavier e lhe disse: "Chico, a Doutrina Espírita é tudo! Chico, estava doida! Chico, a Doutrina Espírita resolve tudo na vida da gente...! E aí Chico voltou a responder: "É verdade, minha amiga, provavelmente você tenha toda a razão!" "Por isso que o Chico nunca ficava doente das emoções!", comentavam seus amigos. Chico Xavier tinha todos os problemas de saúde no corpo físico, mas, emocionalmente, ele era perfeito. E era perfeito também porque ele sabia que a loucura dos outros tem de ficar com os outros, não conosco... Às vezes, temos aqueles amigos tão queridos, amados, que nos lançam os seus xingamentos, que nos lançam toda a sua mágoa, que nos lançam a sua inveja, toda a sua desfaçatez e, depois de tudo, saem ótimos e ainda nos dizem: "Nossa! Eu adoro conversar com você! Eu fico ótimo!" E você, ali, desmaiado; a sua samambaia morta, o seu cachorro no veterinário... Todo mundo pega um pedaço da carga e, o pior, ainda tem gente que acaba se achando "médium" daqueles, porque pegou a rebarba e aguentou firme. O fato é que também é preciso ter cuidado para ajudar porque, muitas vezes, de tanto pegar a carga emocional dos outros e sofrer junto, chorar junto, se amargurar munto, nós podemos acabar adoecendo também da nossa emoção, da nossa vontade, do nosso desejo de sermos melhores e, consequentemente, da nossa disposição para sermos mais felizes. Não nos esqueçamos, meus amigos, que, dia-a-dia, os anos vão passando - e como passam rápido! Então, felizes de nós se tivermos a sabedoria de tudo aceitar para transformar, não para nos conformarmos. Porque nós precisamos nos indignar sempre com a injustiça, com as maldades, com o que não é certo. Nós devemos, sim, discutir em sociedade, questões que afetam a todos nós e sobre as quais, muitas vezes, nós fingimos, por causa talvez da religião, que não temos "nada a ver com isso..." A Doutrina Espírita é maravilhosa e não podemos ter nenhuma vergonha de dizermos que dela somos amantes, mesmo que não sejamos de fato espíritas e professemos outra religião. Essa Doutrina que nos diz que somos imortais, que voltaremos à Terra quantas vezes forem necessárias para refazermos o nosso destino e o destino de todas as pessoas que estiverem à nossa volta. Se você ainda não assistiu ao filme "Nosso Lar", assista. Você vai apender muito com ele. Os camelôs cariocas, quando vendiam DVDs de "Nosso Lar", anunciavam: "Comprem "Nosso Lar"! Agora você não precisa mais morrer para saber como é o céu!" O jornal O Globo, há um tempo atrás, trazia uma nota, numa coluna social muito pitoresca que dizia: "Agora no Rio de Janeiro não se diz mais "fulano morreu, nem que "fulano faleceu". O bonito é dizer que "fulano partiu para o Nosso Lar". Felizes de nós, meus amigos, se pudermos voltar um dia para lá, porque dizem os espíritos que muitos de nós viemos de lá, de Nosso Lar. E prometemos nos encontrar, quem sabe, dentro de uma casa espírita para, ao menos de vez em quando, sermos cutucados pela nossa própria consciência. Estamos aqui, todos nós, sob a tutela absoluta e querida das almas que nos amam desde sempre e que nunca se esquecem de nós. Avançaram, mas não conseguem ser de todo felizes, porque nós não avançamos ainda e elas precisam que estejamos lá com elas. Então, façamos tudo para que isso aconteça o mais breve possível. Se optarmos por ficar 200, 300 anos como estacionários, ficaremos, nada nos impedirá, porque também o livre arbítrio é sagrado, Ainda que quisessem, os amigos espirituais não poderiam tomar decisões que são só nossas. Eles não podem nos tomar as mãos e nos fazer correr, quando queremos estacionar, às vezes, por longo tempo.

domingo, 1 de março de 2015

SE... - Prof. Hermógenes

Se, ao final desta existência, Alguma ansiedade me restar E conseguir me perturbar; Se eu me debater aflito No conflito, na discórdia… Se ainda ocultar verdades Para ocultar-me, Para ofuscar-me com fantasias por mim criadas… Se restar abatimento e revolta Pelo que não consegui Possuir, fazer, dizer e mesmo ser… Se eu retiver um pouco mais Do pouco que é necessário E persistir indiferente ao grande pranto do mundo… Se algum ressentimento, Algum ferimento Impedir-me do imenso alívio Que é o irrestritamente perdoar, E, mais ainda, Se ainda não souber sinceramente orar Por quem me agrediu e injustiçou… Se continuar a mediocremente Denunciar o cisco no olho do outro Sem conseguir vencer a treva e a trave Em meu próprio… Se seguir protestando Reclamando, contestando, Exigindo que o mundo mude Sem qualquer esforço para mudar eu… Se, indigente da incondicional alegria interior, Em queixas, ais e lamúrias, Persistir e buscar consolo, conforto, simpatia Para a minha ainda imperiosa angústia… Se, ainda incapaz para a beatitude das almas santas, precisar dos prazeres medíocres que o mundo vende… Se insistir ainda que o mundo silencie Para que possa embeber-me de silêncio, Sem saber realizá-lo em mim… Se minha fortaleza e segurança São ainda construídas com os materiais Grosseiros e frágeis Que o mundo empresta, E eu neles ainda acredito… Se, imprudente e cegamente, Continuar desejando Adquirir, Multiplicar, E reter Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias, Na ânsia de ser feliz… Se, ainda presa do grande embuste, Insistir e persistir iludido Com a importância que me dou… Se, ao fim de meus dias, Continuar Sem escutar, sem entender, sem atender, Sem realizar o Cristo, que, Dentro de mim, Eu Sou, Terei me perdido na multidão abortada Dos perdulários dos divinos talentos, Os talentos que a Vida A todos confia, E serei um fraco a mais, Um traidor da própria vida, Da Vida que investe em mim, Que de mim espera E que se vê frustrada Diante de meu fim. Se tudo isto acontecer Terei parasitado a Vida E inutilmente ocupado O tempo E o espaço De Deus. Terei meramente sido vencido Pelo fim, Sem ter atingido a Meta.

UMA NOVA CHANCE -

Existe uma verdade à qual nenhum de nós escapa: "nós somos aquilo que nós mesmos fazemos de nós" e, do outro lado da vida, um dia, nós vamos contar a nossa própria história, queiramos ou não, acreditemos ou não. Para voltarmos à Terra, e voltar à Terra ainda será necessário para nós por muito tempo, já que a Terra é o hospital-escola que nos acolhe, nós vamos ter de refazer a nossa programação, vamos ter de observar tudo o que não fizemos e o que fizemos de errado. Hoje isso pode nos parecer a mais absoluta tolice, mas, amanhã, do outro lado da existência, entenderemos a gravidade de todos os nossos gestos, palavras, do silêncio, dos sonhos, das mentalizações, daquilo que pensamos embora não tenhamos falado, porque pelos nossos pensamentos também somos observados. Por isso é que Jesus afirmava que "o Pai vê o que fazes em segredo..." O apóstolo Paulo disse que somos acompanhados por uma nuvem de testemunhas invisíveis. Não é o fato de não vermos que não existe. Fora da matéria, antes de virmos para cá, para a atual experiência no corpo físico, quem sabe já não teremos sido nós também obsessores, perseguidores daqueles que amávamos e que não queríamos ver felizes e sem a nossa presença? Quem sabe já não tenhamos nós também sido suicidas? Muitos de nós têm doenças não justificadas pela medicina porque se tratam de heranças de nossa experiência anterior e que estão impressas no nosso perispírito. Dor de cabeça crônica, hipertensão, cardiopatia, esquizofrenia e até certos tipos de cânceres. Muitas vezes nós afirmamos que nossos filhos têm toda a liberdade, que podem fazer o que quiserem, mas, se nos contrariam, sonhando algum sonho que nós não queremos que eles sonhem, ficamos desesperados. Mas nossos filhos também são almas quem vêm do espaço "para progredir em nossos braços". E, não nos esqueçamos, muitas vezes suas escolhas não serão aquelas que nós pretendíamos, por considerarmos serem as melhores. Emmanuel, mentor de Chico Xavier, dizia que, às vezes, um pai ia procurar orientação espiritual, querendo o filho engenheiro ou médico, mas que uma enxada, nas mãos daquele filho, ensinaria muitos mais... E, é óbvio, ninguém quer isso... Queremos nossos filhos brilhando, nosso filhos, se possível, com mais de um curso em universidade... mas, à vezes, a alma vem não para ser doutor, mas para recuperar emocionalmente aquilo que desgastou pelo caminho, em vidas em que conseguiu ser um doutor, mas não soube honrar o diploma, ou a própria profissão escolhida.