domingo, 28 de julho de 2013

SOBRE O AMOR, ROSAS E ESPINHOS... - Pe. Fábio de Melo

Amor que é amor dura a vida inteira. Se não durou é porque nunca foi amor. O amor resiste à distância, ao silêncio das separações e até às traições. Sem perdão não há amor. Diga-me quem você mais perdoou na vida, e eu então saberei dizer quem você mais amou. O amor é equação onde prevalece a multiplicação do perdão. Você o percebe no momento em que o outro fez tudo errado, e mesmo assim você olha nos olhos dele e diz: "Mesmo fazendo tudo errado eu não sei viver sem você. Eu não posso ser nem a metade do que sou se você não estiver por perto." O amor nos possibilita enxergar lugares do nosso coração que sozinhos jamais poderíamos enxergar. O poeta soube traduzir bem quando disse: "Se eu não te amasse tanto assim, talvez perdesse os sonhos dentro de mim e vivesse na escuridão. Se eu não te amasse tanto assim talvez não visse flores por onde eu vi, dentro do meu coração!" Bonito isso. Enxergar sonhos que antes eu não saberia ver sozinho. Enxergar só porque o outro me emprestou os olhos , socorreu-me em minha cegueira. Eu possuía e não sabia. O outro me apontou, me deu a chave, me entregou a senha. Coisas que Jesus fazia o tempo todo. Apontava jardins secretos em aparentes desertos. Na aridez do coração de Madalena, Jesus encontrou orquídeas preciosas. Fez vê-las e chamou a atenção para a necessidade de cultivá-las. Fico pensando que evangelizar talvez seja isso: descobrir jardins em lugares que consideramos impróprios. Os jardineiros sabem disso. Amam as flores e por isso cuidam de cada detalhe, porque sabem que não há amor fora da experiência do cuidado. A cada dia, o jardineiro perdoa as suas roseiras. Sabe identificar que a ausência de flores não significa a morte absoluta, mas o repouso do preparo. Quem não souber viver o silêncio da preparação não terá o que florir depois... Precisamos aprender isso. Olhar para aquele que nos magoou, e descobrir que as roseiras não dão flores fora do tempo, nem tampouco fora do cultivo. Se não há flores, talvez seja porque ainda não tenha chegado a hora de florir. Cada roseira tem seu estatuto, suas regras... Se não há flores, talvez seja porque até então ninguém tenha dado a atenção necessária para o cultivo daquela roseira. A vida requer cuidado. Os amores também. Flores e espinhos são belezas que se dão juntas. Não queira uma só. Elas não sabem viver sozinhas... Quem quiser levar a rosa para sua vida, terá que saber que com ela vão inúmeros espinhos. Mas não se preocupe. A beleza da rosa vale o incômodo dos espinhos... ou não.

AUTO PERDÃO: O PERDÃO QUE DEVEMOS A NÓS MESMOS -

Um tipo de perdão que precisamos exercitar urgentemente, a fim de evitar amargura, culpa, angústia, depressão é o AUTO PERDÃO, o perdão a si mesmo. Muitas pessoas se vêem presas em círculos de culpa, culpa que, em grande número de vezes, é agravada por uma religião do medo. Como resultado, surgem instrumentos mais ou menos variados de punição a si mesmo, que atingem a própria pessoa e os que estão por perto dela. De modo terrível, obstinado, as pessoas passam a cobrar de si mesmas por atos passados de negligência, coisas que deixaram de fazer, ou ignorância; fecham-se em sérias limitações por não se permitirem experiências mais felizes, tanto quanto relações e realizações duradouras e nobres. Tudo isso por não se acharem merecedoras da felicidade. Caso essas pessoas não sejam frequentadoras de igrejas ou templos, e, de repente, passem a frequentar, ligando-se de fato à religião, notamos que o sentimento de cobrança, em vez de diminuir – como era de se esperar num processo de espiritualização saudável -, na verdade acaba por aumentar, atingindo níveis quase impossíveis de controlar. Passam a vida inteira mortificando-se de forma impiedosa e com requintes de crueldade consigo mesmas, considerando-se sem qualquer merecimento para viver a vida com felicidade e satisfação. O pior de tudo isso é que, sem conseguir superar eventuais falhas do passado, arrastam as pessoas ao seu redor para aquela nuvem de tristeza e amargura, como se sua infelicidade, sozinha, não bastasse. Querem envolver outros na teia mórbida de culpas e punições internas, justificando, inclusive com passagens da Bíblia, sua situação de penúria íntima, como se Jesus Cristo tivesse ensinado tal disparate a seus seguidores... Esses cristãos, em geral, dão ao ato de perdoar uma conotação puramente religiosa; falam no assunto como mandamentos para os outros seguirem. Eles próprios não se perdoam, não se vêem como mortais do dia a dia, que erram, caem, levantam e prosseguem, aprendendo a errar menos. Quando resolvem avaliar a vida do outro, então, a situação fica ainda mais crítica. Como existem cristãos que não se perdoam e não perdoam o próximo! Diante de qualquer deslize alheio, caem em cima de seu alvo como se errar fosse a coisa mais rara no planeta Terra. Cobram acertos de pessoas que são livres pecadores, seres humanos comuns, normais como qualquer outro. Se houver, da parte de quem eles analisam, algum compromisso de natureza espiritual, comunitária ou social, como um padre ou um pastor, aí o grau de cobrança cresce na proporção direta do nível de exposição alcançado pelo indivíduo em foco. Indulgência e misericórdia é do que mais precisam. Para si e para os outros... O perdão ou o exercício de perdoar assenta-se sobre esta verdade absoluta: todos estamos em fase de aprendizado no contexto em que nos encontramos no mundo. Ninguém pode se isentar do erro do pecado ou da queda; resta-nos unicamente constatar nossos poucos acertos e muitos erros de caminhada, ao longo do percurso. Quantas vezes nós cobramos do outro aquilo que nem nós mesmos estamos preparados para viver, experimentar ou oferecer. Nós temos nos especializado em cobrar, punir e ser cruéis com aqueles que estão, como nós, aprendendo. Que fique bem claro que não queremos, com estas palavras, estimular ninguém à aceitação e à conivência com o erro, a falta de ética e coisas semelhantes. Não é isso que propomos, mas apenas refletir sobre a mensagem de Jesus acerca do perdão e seus benefícios tanto físicos como espirituais. Lembremo-nos que, quando reencarnamos, trazemos as marcas das encarnações anteriores fortemente gravadas no nosso subconsciente. Muitas delas se configuram como um profundo sentimento de culpa em acentuado remorso pelos erros cometidos. Nesses casos, sem perceber, inconscientemente, passamos anos a nos punir durante toda a vida, submetendo-nos a períodos de enfermidade, depressão, angústia e toda uma série de sofrimentos. Tudo por causa dos remorsos em relação aos erros cometidos. Muitas das doenças congênitas como paralisias, mudez e outras deficiências, quase sempre têm aí as suas origens, inclusive alguns casos de câncer que se manifestam ao longo da existência física. A auto-punição faz parte do processo evolutivo, por isso, em alguns casos, Jesus, no ato de curar os enfermos, afirmava: “Teus pecados te são perdoados”. Aqueles que acreditavam que realmente estavam sendo perdoados, libertavam-se da auto-punição que haviam imposto a si mesmos e, consequentemente, se curavam. Por isso, Jesus acrescentava: “A tua fé te curou”. Ainda hoje observamos esse processo se repetindo nas curas realizadas pelas religiões, principalmente nas mais fanáticas. Através do alto poder de sugestão, característica das seitas fanáticas, o enfermo é induzido a acreditar que, diante do batismo ou do ritual proposto pela religião, ele será perdoado dos seus pecados, após se submeter ao batismo ou ao ritual e, realmente, sentir-se perdoado; automaticamente deixará de punir-se e, em alguns casos, acabará recuperando a saúde. Esta é apenas uma das muitas causas das enfermidades que atingem o ser humano; existem outras que obedecem às leis de causa e efeito e que não podem ser curadas através desse processo. Jesus o aplicava, somente nos casos característicos de auto-punição. O auto-perdão é essencial para uma existência emocional tranquila. Todos têm o dever de perdoar-se, buscando não reincidir no mesmo compromisso negativo, desamarrando- se dos cipós constringentes do remorso. Seja qual for a gravidade do ato infeliz, é possível repará-lo quando se está disposto a fazê-lo, recobrando, assim, o bom humor e a alegria de viver. Toda e qualquer postura que assumimos na vida se prende à maneira como olhamos o mundo fora e dentro de nós, podendo nos levar a uma sensação íntima de realização ou de frustração, de contentamento ou de culpa, de perdão ou de punição, de acordo com nosso "código moral" modelado na intimidade de nosso psiquismo. Nosso "julgador interno" foi formado sobre as bases de conceitos acumulados nos tempos passados das vidas incontáveis, como também com os pais atuais, com os ensinamentos de professores, com líderes religiosos, com o médico da família, com as autoridades políticas de expressão, com a sociedade enfim. Também, de forma sutil e quase inconsciente, no contato com informações, ordens, histórias, superstições, preconceitos e tradições assimilados dos adultos com quem convivemos em longos períodos de nossa vida. Portanto, ele, o julgador interno, nem sempre condiz com a realidade perfeita das coisas.

domingo, 21 de julho de 2013

CHICO XAVIER E A MÁQUINA DE COSTURA -

Há muitos anos, quando Chico Xavier estava entre nós, ele possuía um cachorro, que não se sabe ao certo se nasceu deficiente ou foi atropelado. O animal lhe dava um trabalho muito grande. Madrugada adentro, quando regressava do Centro Espírita, tinha que limpar todo o quarto. Comprava, com seu diminuto ordenado, uma coberta que não chegava a durar um mês. Assim foi durante muito tempo. Certo dia, quando chegou, o cachorro estava morrendo. – Parecia que ele estava me esperando. Olhou-me demoradamente de uma maneira muito terna, fez um gesto com a cauda e morreu. Enterramo-lo no fundo do quintal, não sem antes derramar muitas lágrimas. Passaram-se alguns meses e uma de suas irmãs lhe disse: – Chico, você se lembra daquele cachorro aleijado? – Sim, como poderia esquecê-lo? – Olha, vou lhe contar uma coisa. Ele não morreu naturalmente não. “Dona Fulana” tinha pena de você chegar de madrugada e ter tanto trabalho e, querendo aliviá-lo, deu a ele um veneno. - Ah! Meu Deus, não me diga uma coisa dessas. – É verdade, Chico. Ele não sentiu raiva pela pessoa (naquele coração, não havia lugar para isso), mas uma tristeza invadiu-lhe a alma e uma sombra começou a envolver-lhe o coração. Passados alguns dias o espírito de Emmanuel lhe disse: – Esta mágoa que você asila no coração está atrapalhando o trabalho dos Bons Espíritos. Você precisa se livrar dela. – Não consigo esquecer, disse-lhe o Chico. – Mas é preciso. – Como fazer? – Você precisa dar uma grande alegria a ela. – Eu, dar uma alegria a ela? O ofendido fui eu! – A receita não é minha. É de Nosso Senhor Jesus Cristo. “Fazei bem aos que vos aborrecem”. Leia o Evangelho. Obediente e resignado, Chico procurou descobrir o que a pessoa gostaria de ter e ainda não tinha. Era uma máquina de costura. Chico comprou, então, uma máquina de costura para pagar em longas prestações. Quando foi visitá-la, a pessoa estava tão feliz, tão feliz e quando viu o Chico chegando, correu para ele e lhe deu um abraço com tanto amor que uma luz se desprendeu dela e envolveu o Chico da cabeça aos pés. Quando ela o soltou do abraço, a sombra havia desaparecido. EIS AÍ UMA RECEITA PARA QUEM COMETE A IMPRUDÊNCIA DE CARREGAR MÁGOA NO CORAÇÃO.

PERDÃO E SAÚDE -

O perdão não é um meio de se tornar santo, mas um recurso de que dispomos para nos tornar saudáveis. A doença é algo muito mais que uma deterioração do corpo físico. Sempre que estamos doentes, necessitamos descobrir a quem precisamos perdoar. Quando ficamos presos, emperrados num certo ponto, significa que precisamos perdoar mais e mais. A dor, a vingança, a raiva e a tristeza são sentimentos que brotaram de onde não houve perdão . Perdoar torna-nos livres, além de dissolver o ressentimento. E, por essa razão, hoje devemos dizer assim “eu perdoo a mim e a você que me feriu, que me magoou.” Deixemos o passado onde ele merece está: lá atrás. Não esqueçamos que o perdão é como uma libertação ou um desligamento entre o ofendido e o ofensor. Quando eu NÃO me dou por ofendido por uma ofensa, então eu me desligo, eu me ponho numa outra dimensão de consciência: há um ofensor, sim, mas não há um ofendido. O homem espiritualizado não perdoa propriamente as ofensas, mas ignora-as; precisamos nos imunizar às ofensas. Precisamos nos desligar do plano do ego ofendível e subir às alturas do Eu, ou Self, inofendível. O ego vicioso, quando ofendido, se vinga. O ego quando se transforma em virtuoso, quando ofendido, perdoa. Precisamos chegar a um nível de maturidade que nos coloque acima de ameaças, de ofensas, de maledicências, de tal forma a não valorizarmos o que quer que ameace o nosso equilíbrio pelo ofensa. O Mahatma Gandhi, uma das maiores personalidades humanas que o mundo conheceu, uma vez foi perguntado se ele perdoava todos os que o injuriaram e maltrataram. Para surpresa, talvez, do interrogador, Gandhi respondeu que nada tinha a perdoar, uma vez que ninguém jamais o ofendeu, pois ele nunca se deixou ofender. Quando alguém nos ofende e passamos a alimentar o ressentimento e desejo de vingança, colocamos o inimigo dentro de nós e passamos a alimentá-lo. Na verdade, todos os dias tomamos veneno esperando que o ofensor morra. O ódio pode ser comparado a um inimigo. Esse inimigo interno, esse inimigo interior, não tem nenhuma outra função além de nos fazer mal. Ele é que é nosso verdadeiro inimigo, nosso maior inimigo.Não tem nenhuma outra função, além de simplesmente nos destruir, tanto em termos imediatos quanto a longo prazo. Se alguém nos ofende, não o faz por maldade, mas por ignorância. Ignorância significa que quem nos ofendeu ignora, ainda não aprendeu a lição do respeito. Somente quem tem a visão da imortalidade do espírito pode compreender a trajetória que todos nós realizamos, passo a passo, degrau a degrau. A partir de nossa atitude inspirada pelo orgulho, imaginamos que perdoar é bom para o ofensor. Estamos enganados: perdoar é bom para o ofendido. Dessa forma, ele se desliga da ofensa e deixa de sofrer os efeitos dela. Perdoar ainda é o melhor remédio para combater o estresse emocional, os estados alterados de humor e a infelicidade, além de oferecer grande ajuda na manutenção da saúde, em todos os sentidos. É fato comprovado que, sem perdoar, torna-se quase impossível a convivência entre os seres humanos. Isto é atestado hoje em dia até mesmo por representantes da ciência ortodoxa e suas pesquisas, que procuram quantificar este fato inegável: a grande influência que o perdão exerce sobre os estados emocionais e a saúde. O ressentimento, o rancor, a mania de pôr a culpa nos outros ou a busca de culpados para os contratempos e dificuldades são fatores que levam nossa mente e nosso coração a pararem de funcionar de maneira equilibrada e sadia. Vale lembrar que todos os estados mentais negativos funcionam como obstáculos a nossa felicidade. A raiva, por exemplo, é um dos maiores empecilhos. Ela é descrita por um filósofo chamado Séneca como “a mais terrível e frenética de todas as emoções.” Dezenas de estudos demonstram hoje que a raiva e o ódio são uma causa importante de doenças e de morte prematura. São especialmente prejudiciais ao sistema vascular, no mínimo iguais a fatores de risco tradicionais como o colesterol alto ou a pressão alta, ou talvez maiores que eles. O ódio e a raiva são considerados os maiores males por serem obstáculos de maior vulto ao desenvolvimento da compaixão e do altruísmo e por destruírem nossa virtude e nossa serenidade. Se reagimos a situações com raiva ou ódio, não só isso nos deixa de nos proteger do dano ou do mal que nos tenha sido feito – o dano ou mal já ocorreu mesmo – mas, ainda por cima, nós criamos uma causa a mais para nosso próprio sofrimento futuro. Se antes das recentes descobertas da ciência o conceito de perdoar, exercitar o esquecimento das faltas, nossa e alheias, podia ser reduzido a uma fórmula exaltada por alguns religiosos, atualmente as coisas mudaram de forma radical. O exercício do perdão se transformou em receita de saúde, inclusive na definição que os médicos dão ao termo. Assim como o rancor faz mal e ocasiona danos ao nosso sistema nervoso, o perdão, ao contrário, aumenta nossa imunidade da alma e do corpo. Quem sabe seja por isso que Jesus Cristo aconselhou o perdão? Ele conhecia muito bem o estado emocional e espiritual dos indivíduos que habitam este nosso planeta. Além disso, como Ele foi o médico que mais solucionou enfermidades em seu tempo, talvez a indicação para perdoar fosse uma prescrição visando à integridade de nossa saúde, tanto física quanto de alma. Hoje em dia, os estudiosos do mundo têm descoberto que muitas receitas como essa, dadas por Cristo, são antídotos poderosos o bastante para combater certos males que os medicamentos convencionais são incapazes de solucionar. Desse modo, perdoar não somente cura os males da alma, como angústia, rancor e ressentimento, mas também produz reações físicas facilmente detectadas em nossos corpos. O perdão adquire outra conotação e passa a ser, acima de tudo uma atitude de inteligência. Há muitos de nós que morreram , não a morte física, pura e simplesmente. Mas a morte da alma, da razão, do bom senso. Indivíduos que se fecharam a toda espécie de apelo e se isolaram na amargura, na culpa, na cobrança de atitudes mais perfeitas por parte do outro. O único fator que pode nos dar refúgio ou proteção com relação aos efeitos destrutivos da raiva e do ódio é a prática da tolerância e da paciência. E um resultado final ou um produto da paciência e da tolerância, é o perdão. Quando somos realmente pacientes e tolerantes, o perdão surge espontaneamente. Ele evita que nos nutramos de nosso próprio veneno. Mas há alguns equívocos em relação a ele. As pessoas afirmam perdoarem no entanto, há sempre um “mas” anunciando variadas formas de revide: “Eu perdoo, mas Deus tá vendo.” “Eu perdoo, mas quem me deve, um dia me paga.” E assim vai... Não esqueçamos que o vingador é aquele que toma em suas próprias mãos os instrumentos da justiça divina. Não confia nela, ignora-a e não tem paciência de esperar por ela. Não sabe que o reajuste virá fatalmente, através da lei de causa e efeito. “Todo aquele que com o ferro fere, com ele será ferido” assegura-nos Jesus Cristo. Se acreditamos na nossa vocação para a perfeição relativa, tenhamos ao menos uma virtude: a humildade de nos percebermos nem melhores nem piores que ninguém e que estamos, a duras penas, aprendendo com a vida a sermos conscientemente irmãos,independentemente da ilusão do separatismo que temos criado entre nós mesmos. Ora defendemos uma religião, um grupo social, como um time de futebol, ou classe social, uma raça, uma tradição, uma origem genealógica ou tudo isso junto e mais. É incompreensível como a religião sirva hoje de motivo para separar as pessoas. Quantos daqueles religiosos que deveriam promover o respeito, a solidariedade e a compreensão entre as pessoas incentivam, fomentam e criam motivos para que as pessoas assumam posturas de prejulgamento e condenação daqueles que não professam a mesma fé. Somos filhos do mesmo Pai e essa é uma verdade da qual ninguém escapa, e a maneira de expressar a nossa fé não nos dá o direito de rejeitar aqueles que não comungam conosco. Ainda estamos muito atrasados em relação a religião. Vivemos, sem sombra de dúvida, na idade média. Estejamos certos de que religião nenhuma salva e que a religião do futuro se chama AMOR.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

"PER DOAR" - Artur da Távola

... Aprendi, outro dia que perdoar é a junção de " per " com "doar". Doar é mais do que dar. Doar é a entrega total do outro. O prefixo "per" que tem várias acepções, indica movimento no sentido "de" ou em "direção" a ou "através" ou "para" etimologicamente falando, portanto, perdoar, quer dizer doar ao outro a possibilidade de que ele possa amar, possa doar-se. Não apenas quem perdoa que se "doa através do outro". Perdoar implica abrir possibilidades de amor para quem foi perdoado, através da doação oferecida por quem foi agravado. Perdoar é a única forma de facilitar ao outro a própria salvação. Doar é mais do que dar: é a entrega total ... Perdoar é doar o amor, é permitir que a pessoa objeto do perdão possa também devolver um amor que, até então, só negara ...

domingo, 7 de julho de 2013

INSTANTES -

"Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de transgredir mais as regras. Tentaria não ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria mais tolo ainda mais do que tenho sido; na verdade, bem poucas coisas levaria a sério. Seria menos preocupado com higiene. Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais o entardecer, subiria mais montanhas, nadaria mais rios. Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e comeria menos lentilhas, teria mais problemas reais e menos imaginários. Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da sua vida. Claro que tive momentos de alegria. Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos. Porque, se não sabem, disso é feito a vida: só de momentos – NÃO PERCA O AGORA! Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas; se voltasse a viver, viajaria mais leve. Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria mais com as crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente... Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo."

NA MORTE COMO NA VIDA -

A morte é algo real em nossas vidas, é algo que temos que aprender a lidar e não ignorar como se não existisse. Precisamos deixar de fingir que vivemos e deixar de viver fingindo que não morremos. A saída mais sábia é o conhecimento para que não vivamos acuados pelo medo da morte, da nossa e dos que nos são queridos. Quando passamos a ter consciência de que a morte é real em nossas vidas, começamos a alimentar a necessidade de viver intensamente para que não lamentemos o que não vivemos, como alguns pacientes que, nos momentos que precederam a morte, declararam em uma pesquisa feita nos Estados Unidos. Alguns pacientes, nos momentos próximos à morte, ganham uma clareza de pensamento incrível e muitos deles quando questionados sobre desejos e arrependimentos, citam certos assuntos com os quais podemos aprender muito para que não repitamos os seus erros em nossas vidas. 1. Um deles assim falou: Eu gostaria de ter tido a coragem de viver a vida que eu queria, não a vida que os outros esperavam que eu vivesse. Esse é o arrependimento mais comum. Quando as pessoas percebem que a vida delas está quase no fim e olham para trás, é fácil ver quantos sonhos não foram realizados. A maioria das pessoas não realizou nem metade dos seus sonhos e têm de morrer sabendo que isso aconteceu por causa de decisões que tomaram ou não tomaram. A saúde traz uma liberdade que poucos conseguem perceber, até que eles não a têm mais. 2. Outro paciente disse: Eu gostaria de não ter trabalhado tanto. Muitos há que sentem falta de ter vivido mais a juventude dos filhos e a companhia de seus parceiros. Muitos se arrependem de ter vivido exclusivamente em função do trabalho e ter esquecido de viver certas coisas importantes na vida, como viajar, a companhia da família, lazer, etc. 3. Eu queria ter tido a coragem de expressar meus sentimentos. Disse um outro. Muitas pessoas não dão atenção aos seus sentimentos e suprimem seus sentimentos tão somente para viver em paz com as outras pessoas.Como resultado, elas se acomodam em uma existência medíocre e nunca se tornam quem elas realmente são capazes de ser. Muitos desenvolvem doenças relacionadas à amargura e ressentimento que carregam durante toda a vida. 4. Eu gostaria de ter ficado em contato com os meus amigos. Frequentemente nós não percebemos as vantagens de ter amigos, de conservar os velhos amigos até eles chegarem à morte. Aí lamentamos não ter aproveitados mais de suas presenças. Muitos de nós viçam envolvidos em suas próprias vidas e esquecemos a importância dos amigos em nossas vidas. 5. Eu gostaria de ter me permitido ser mais feliz. Esse é surpreendentemente o arrependimento mais comum. Muitas pessoas só percebem que a felicidade é uma escolha no fim da vida. Muitas morrem achando que viver é ser infeliz, ignoram que fazer-se feliz é o nosso grande desafio na vida. Nós nos apegamos a antigas formas de vida e padrões e matamos a vida em nós. Por medo de tentar uma nova forma de viver, repetimos o que todos vivem e jogamos nossas vidas fora. O medo de mudança faz com que finjamos para os outros e para nós mesmos que estamos contentes quando, no fundo, ansiamos por rir de verdade e aproveitar as coisas simples em nossas vidas de novo. Com freqüência nos deparamos com uma grande quantidade de pessoas que se queixam de estarem deprimidas, nervosas, amedrontadas. É grande o número de pessoas que se sentem frustradas profissionalmente ou inconformadas com a vida que levam. Você já percebeu como com freqüência alguém nos fala que fulano está na pior ou que sicrano está derrubado? Dizem ser o estresse da vida, o mal da modernidade. No mundo turbulento e imediatista de hoje, em que a busca desesperada por bens de ordem material prevalece sobre os valores morais, muita gente age tentando agradar e impressionar uns aos outros, esquecendo os sentimentos próprios, afogando-se nas hesitações entre o desejo e o dever. Esse desequilíbrio emocional tem contribuído decisivamente para que muitos vivam em constante sensação de fragilidade e insegurança. Esse mal parece estar cada vez mais em evidência, manifestando-se em formas de estresse, de ansiedade e de medo. E aí desencadeia uma depressão dolorida e amarga. Entre os fatores que concorrem para que se estabeleça essa situação infelicitadora, podemos destacar, como principais, os problemas familiares, afetivos, sociais, financeiros e profissionais. E se estiver aliados ao de ordem espiritual, torna-se mais grave ainda. Aqui precisamos alertar, até mesmo os espíritas, para os quais qualquer adversidade, qualquer dificuldade, qualquer doença ou qualquer atitude equivocada que se pratique, é provocada por influência de algum espírito obsessor. Como se espírito obsessor fosse um ser repugnante predestinado ao mal. N a maioria das vezes, esse é um processo de transferência de culpa. É bem mais fácil atribuir-se a outra pessoa a causa das dificuldades enfrentadas do que encarar o próprio desequilíbrio, numa tentativa de livrar-se, assim, das responsabilidades e dos conflitos íntimos. O espírito obsessor nada mais é que uma vítima do passado, que se acha no direito de cobrar do seu antigo algoz, mediante a lei de talião: olho por olho, dente por dente. Na verdade, ele é um necessitado de apoio e compreensão fraternos, e do amor, para libertá-lo do cativeiro do ódio e transformá-lo no benfeitor do amanhã. Voltemos ao assunto do início e nos perguntemos: O que queremos realmente da vida? Para que estamos vivendo? Qual a nossa busca verdadeira? Queremos mesmo viver a vida que estamos levando? Queremos mesmo fazer o que estamos fazendo? Queremos estar com quem estamos? Estas são perguntas que muitas vezes nos parecem difíceis de ser respondidas. Há pessoas que jamais questionam sobre essas coisas porque não querem saber nada sobre si mesmas. São criaturas que agem impensadamente, sem medir o alcance de suas palavras e gestos, atos e atitudes. Não se dão conta das coisas em sua volta, não percebem as circunstâncias em que vivem. Agem de modo insensato e maquinal. São levianas e incoerentes, há nelas ausência de reflexão – não têm nenhum domínio de suas faculdades naturais. Por outro lado, não são poucos os que se satisfazem em apresentar, para si e para os outros, respostas prontas, regulamentadas, banais, corriqueiras. Não podem entender nada daquilo que não tenha vindo das próprias experiências e vias inspiradoras, como se a vida girasse em torno delas e fossem elas modelo para as outras. Convenhamos que a vida será melhor se vivermos com emoção, com alegria, mesmo que às vezes experimentemos sofrimento, viver com entrega. Ter uma vida completa, provável e também incerta. Essa é a nossa vida: uma constante poesia, ou não. A vida só tem graça assim: inteira, íntegra, viva, vivida, um encontro constante conosco, com os outros, com a emoção.