domingo, 21 de julho de 2013

PERDÃO E SAÚDE -

O perdão não é um meio de se tornar santo, mas um recurso de que dispomos para nos tornar saudáveis. A doença é algo muito mais que uma deterioração do corpo físico. Sempre que estamos doentes, necessitamos descobrir a quem precisamos perdoar. Quando ficamos presos, emperrados num certo ponto, significa que precisamos perdoar mais e mais. A dor, a vingança, a raiva e a tristeza são sentimentos que brotaram de onde não houve perdão . Perdoar torna-nos livres, além de dissolver o ressentimento. E, por essa razão, hoje devemos dizer assim “eu perdoo a mim e a você que me feriu, que me magoou.” Deixemos o passado onde ele merece está: lá atrás. Não esqueçamos que o perdão é como uma libertação ou um desligamento entre o ofendido e o ofensor. Quando eu NÃO me dou por ofendido por uma ofensa, então eu me desligo, eu me ponho numa outra dimensão de consciência: há um ofensor, sim, mas não há um ofendido. O homem espiritualizado não perdoa propriamente as ofensas, mas ignora-as; precisamos nos imunizar às ofensas. Precisamos nos desligar do plano do ego ofendível e subir às alturas do Eu, ou Self, inofendível. O ego vicioso, quando ofendido, se vinga. O ego quando se transforma em virtuoso, quando ofendido, perdoa. Precisamos chegar a um nível de maturidade que nos coloque acima de ameaças, de ofensas, de maledicências, de tal forma a não valorizarmos o que quer que ameace o nosso equilíbrio pelo ofensa. O Mahatma Gandhi, uma das maiores personalidades humanas que o mundo conheceu, uma vez foi perguntado se ele perdoava todos os que o injuriaram e maltrataram. Para surpresa, talvez, do interrogador, Gandhi respondeu que nada tinha a perdoar, uma vez que ninguém jamais o ofendeu, pois ele nunca se deixou ofender. Quando alguém nos ofende e passamos a alimentar o ressentimento e desejo de vingança, colocamos o inimigo dentro de nós e passamos a alimentá-lo. Na verdade, todos os dias tomamos veneno esperando que o ofensor morra. O ódio pode ser comparado a um inimigo. Esse inimigo interno, esse inimigo interior, não tem nenhuma outra função além de nos fazer mal. Ele é que é nosso verdadeiro inimigo, nosso maior inimigo.Não tem nenhuma outra função, além de simplesmente nos destruir, tanto em termos imediatos quanto a longo prazo. Se alguém nos ofende, não o faz por maldade, mas por ignorância. Ignorância significa que quem nos ofendeu ignora, ainda não aprendeu a lição do respeito. Somente quem tem a visão da imortalidade do espírito pode compreender a trajetória que todos nós realizamos, passo a passo, degrau a degrau. A partir de nossa atitude inspirada pelo orgulho, imaginamos que perdoar é bom para o ofensor. Estamos enganados: perdoar é bom para o ofendido. Dessa forma, ele se desliga da ofensa e deixa de sofrer os efeitos dela. Perdoar ainda é o melhor remédio para combater o estresse emocional, os estados alterados de humor e a infelicidade, além de oferecer grande ajuda na manutenção da saúde, em todos os sentidos. É fato comprovado que, sem perdoar, torna-se quase impossível a convivência entre os seres humanos. Isto é atestado hoje em dia até mesmo por representantes da ciência ortodoxa e suas pesquisas, que procuram quantificar este fato inegável: a grande influência que o perdão exerce sobre os estados emocionais e a saúde. O ressentimento, o rancor, a mania de pôr a culpa nos outros ou a busca de culpados para os contratempos e dificuldades são fatores que levam nossa mente e nosso coração a pararem de funcionar de maneira equilibrada e sadia. Vale lembrar que todos os estados mentais negativos funcionam como obstáculos a nossa felicidade. A raiva, por exemplo, é um dos maiores empecilhos. Ela é descrita por um filósofo chamado Séneca como “a mais terrível e frenética de todas as emoções.” Dezenas de estudos demonstram hoje que a raiva e o ódio são uma causa importante de doenças e de morte prematura. São especialmente prejudiciais ao sistema vascular, no mínimo iguais a fatores de risco tradicionais como o colesterol alto ou a pressão alta, ou talvez maiores que eles. O ódio e a raiva são considerados os maiores males por serem obstáculos de maior vulto ao desenvolvimento da compaixão e do altruísmo e por destruírem nossa virtude e nossa serenidade. Se reagimos a situações com raiva ou ódio, não só isso nos deixa de nos proteger do dano ou do mal que nos tenha sido feito – o dano ou mal já ocorreu mesmo – mas, ainda por cima, nós criamos uma causa a mais para nosso próprio sofrimento futuro. Se antes das recentes descobertas da ciência o conceito de perdoar, exercitar o esquecimento das faltas, nossa e alheias, podia ser reduzido a uma fórmula exaltada por alguns religiosos, atualmente as coisas mudaram de forma radical. O exercício do perdão se transformou em receita de saúde, inclusive na definição que os médicos dão ao termo. Assim como o rancor faz mal e ocasiona danos ao nosso sistema nervoso, o perdão, ao contrário, aumenta nossa imunidade da alma e do corpo. Quem sabe seja por isso que Jesus Cristo aconselhou o perdão? Ele conhecia muito bem o estado emocional e espiritual dos indivíduos que habitam este nosso planeta. Além disso, como Ele foi o médico que mais solucionou enfermidades em seu tempo, talvez a indicação para perdoar fosse uma prescrição visando à integridade de nossa saúde, tanto física quanto de alma. Hoje em dia, os estudiosos do mundo têm descoberto que muitas receitas como essa, dadas por Cristo, são antídotos poderosos o bastante para combater certos males que os medicamentos convencionais são incapazes de solucionar. Desse modo, perdoar não somente cura os males da alma, como angústia, rancor e ressentimento, mas também produz reações físicas facilmente detectadas em nossos corpos. O perdão adquire outra conotação e passa a ser, acima de tudo uma atitude de inteligência. Há muitos de nós que morreram , não a morte física, pura e simplesmente. Mas a morte da alma, da razão, do bom senso. Indivíduos que se fecharam a toda espécie de apelo e se isolaram na amargura, na culpa, na cobrança de atitudes mais perfeitas por parte do outro. O único fator que pode nos dar refúgio ou proteção com relação aos efeitos destrutivos da raiva e do ódio é a prática da tolerância e da paciência. E um resultado final ou um produto da paciência e da tolerância, é o perdão. Quando somos realmente pacientes e tolerantes, o perdão surge espontaneamente. Ele evita que nos nutramos de nosso próprio veneno. Mas há alguns equívocos em relação a ele. As pessoas afirmam perdoarem no entanto, há sempre um “mas” anunciando variadas formas de revide: “Eu perdoo, mas Deus tá vendo.” “Eu perdoo, mas quem me deve, um dia me paga.” E assim vai... Não esqueçamos que o vingador é aquele que toma em suas próprias mãos os instrumentos da justiça divina. Não confia nela, ignora-a e não tem paciência de esperar por ela. Não sabe que o reajuste virá fatalmente, através da lei de causa e efeito. “Todo aquele que com o ferro fere, com ele será ferido” assegura-nos Jesus Cristo. Se acreditamos na nossa vocação para a perfeição relativa, tenhamos ao menos uma virtude: a humildade de nos percebermos nem melhores nem piores que ninguém e que estamos, a duras penas, aprendendo com a vida a sermos conscientemente irmãos,independentemente da ilusão do separatismo que temos criado entre nós mesmos. Ora defendemos uma religião, um grupo social, como um time de futebol, ou classe social, uma raça, uma tradição, uma origem genealógica ou tudo isso junto e mais. É incompreensível como a religião sirva hoje de motivo para separar as pessoas. Quantos daqueles religiosos que deveriam promover o respeito, a solidariedade e a compreensão entre as pessoas incentivam, fomentam e criam motivos para que as pessoas assumam posturas de prejulgamento e condenação daqueles que não professam a mesma fé. Somos filhos do mesmo Pai e essa é uma verdade da qual ninguém escapa, e a maneira de expressar a nossa fé não nos dá o direito de rejeitar aqueles que não comungam conosco. Ainda estamos muito atrasados em relação a religião. Vivemos, sem sombra de dúvida, na idade média. Estejamos certos de que religião nenhuma salva e que a religião do futuro se chama AMOR.

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