domingo, 28 de julho de 2013

AUTO PERDÃO: O PERDÃO QUE DEVEMOS A NÓS MESMOS -

Um tipo de perdão que precisamos exercitar urgentemente, a fim de evitar amargura, culpa, angústia, depressão é o AUTO PERDÃO, o perdão a si mesmo. Muitas pessoas se vêem presas em círculos de culpa, culpa que, em grande número de vezes, é agravada por uma religião do medo. Como resultado, surgem instrumentos mais ou menos variados de punição a si mesmo, que atingem a própria pessoa e os que estão por perto dela. De modo terrível, obstinado, as pessoas passam a cobrar de si mesmas por atos passados de negligência, coisas que deixaram de fazer, ou ignorância; fecham-se em sérias limitações por não se permitirem experiências mais felizes, tanto quanto relações e realizações duradouras e nobres. Tudo isso por não se acharem merecedoras da felicidade. Caso essas pessoas não sejam frequentadoras de igrejas ou templos, e, de repente, passem a frequentar, ligando-se de fato à religião, notamos que o sentimento de cobrança, em vez de diminuir – como era de se esperar num processo de espiritualização saudável -, na verdade acaba por aumentar, atingindo níveis quase impossíveis de controlar. Passam a vida inteira mortificando-se de forma impiedosa e com requintes de crueldade consigo mesmas, considerando-se sem qualquer merecimento para viver a vida com felicidade e satisfação. O pior de tudo isso é que, sem conseguir superar eventuais falhas do passado, arrastam as pessoas ao seu redor para aquela nuvem de tristeza e amargura, como se sua infelicidade, sozinha, não bastasse. Querem envolver outros na teia mórbida de culpas e punições internas, justificando, inclusive com passagens da Bíblia, sua situação de penúria íntima, como se Jesus Cristo tivesse ensinado tal disparate a seus seguidores... Esses cristãos, em geral, dão ao ato de perdoar uma conotação puramente religiosa; falam no assunto como mandamentos para os outros seguirem. Eles próprios não se perdoam, não se vêem como mortais do dia a dia, que erram, caem, levantam e prosseguem, aprendendo a errar menos. Quando resolvem avaliar a vida do outro, então, a situação fica ainda mais crítica. Como existem cristãos que não se perdoam e não perdoam o próximo! Diante de qualquer deslize alheio, caem em cima de seu alvo como se errar fosse a coisa mais rara no planeta Terra. Cobram acertos de pessoas que são livres pecadores, seres humanos comuns, normais como qualquer outro. Se houver, da parte de quem eles analisam, algum compromisso de natureza espiritual, comunitária ou social, como um padre ou um pastor, aí o grau de cobrança cresce na proporção direta do nível de exposição alcançado pelo indivíduo em foco. Indulgência e misericórdia é do que mais precisam. Para si e para os outros... O perdão ou o exercício de perdoar assenta-se sobre esta verdade absoluta: todos estamos em fase de aprendizado no contexto em que nos encontramos no mundo. Ninguém pode se isentar do erro do pecado ou da queda; resta-nos unicamente constatar nossos poucos acertos e muitos erros de caminhada, ao longo do percurso. Quantas vezes nós cobramos do outro aquilo que nem nós mesmos estamos preparados para viver, experimentar ou oferecer. Nós temos nos especializado em cobrar, punir e ser cruéis com aqueles que estão, como nós, aprendendo. Que fique bem claro que não queremos, com estas palavras, estimular ninguém à aceitação e à conivência com o erro, a falta de ética e coisas semelhantes. Não é isso que propomos, mas apenas refletir sobre a mensagem de Jesus acerca do perdão e seus benefícios tanto físicos como espirituais. Lembremo-nos que, quando reencarnamos, trazemos as marcas das encarnações anteriores fortemente gravadas no nosso subconsciente. Muitas delas se configuram como um profundo sentimento de culpa em acentuado remorso pelos erros cometidos. Nesses casos, sem perceber, inconscientemente, passamos anos a nos punir durante toda a vida, submetendo-nos a períodos de enfermidade, depressão, angústia e toda uma série de sofrimentos. Tudo por causa dos remorsos em relação aos erros cometidos. Muitas das doenças congênitas como paralisias, mudez e outras deficiências, quase sempre têm aí as suas origens, inclusive alguns casos de câncer que se manifestam ao longo da existência física. A auto-punição faz parte do processo evolutivo, por isso, em alguns casos, Jesus, no ato de curar os enfermos, afirmava: “Teus pecados te são perdoados”. Aqueles que acreditavam que realmente estavam sendo perdoados, libertavam-se da auto-punição que haviam imposto a si mesmos e, consequentemente, se curavam. Por isso, Jesus acrescentava: “A tua fé te curou”. Ainda hoje observamos esse processo se repetindo nas curas realizadas pelas religiões, principalmente nas mais fanáticas. Através do alto poder de sugestão, característica das seitas fanáticas, o enfermo é induzido a acreditar que, diante do batismo ou do ritual proposto pela religião, ele será perdoado dos seus pecados, após se submeter ao batismo ou ao ritual e, realmente, sentir-se perdoado; automaticamente deixará de punir-se e, em alguns casos, acabará recuperando a saúde. Esta é apenas uma das muitas causas das enfermidades que atingem o ser humano; existem outras que obedecem às leis de causa e efeito e que não podem ser curadas através desse processo. Jesus o aplicava, somente nos casos característicos de auto-punição. O auto-perdão é essencial para uma existência emocional tranquila. Todos têm o dever de perdoar-se, buscando não reincidir no mesmo compromisso negativo, desamarrando- se dos cipós constringentes do remorso. Seja qual for a gravidade do ato infeliz, é possível repará-lo quando se está disposto a fazê-lo, recobrando, assim, o bom humor e a alegria de viver. Toda e qualquer postura que assumimos na vida se prende à maneira como olhamos o mundo fora e dentro de nós, podendo nos levar a uma sensação íntima de realização ou de frustração, de contentamento ou de culpa, de perdão ou de punição, de acordo com nosso "código moral" modelado na intimidade de nosso psiquismo. Nosso "julgador interno" foi formado sobre as bases de conceitos acumulados nos tempos passados das vidas incontáveis, como também com os pais atuais, com os ensinamentos de professores, com líderes religiosos, com o médico da família, com as autoridades políticas de expressão, com a sociedade enfim. Também, de forma sutil e quase inconsciente, no contato com informações, ordens, histórias, superstições, preconceitos e tradições assimilados dos adultos com quem convivemos em longos períodos de nossa vida. Portanto, ele, o julgador interno, nem sempre condiz com a realidade perfeita das coisas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário