domingo, 4 de janeiro de 2015

A NEUROSE DO SOFRIMENTO -

Você já percebeu como há pessoas cujo assunto principal de suas conversas é doença e sofrimento? Pois é, muitas pessoas tem tomado esse atalho como tentativa de fazer com que as outras pessoas se compadeçam delas, tenham pena delas. É a neurose do sofrimento. Outras têm adotado para si uma “cultura de sofrimento”, argumentando que a dor é necessária para o progresso de toda pessoa. Essas pessoas acham que o amor, obrigatoriamente, trás consigo sofrimento, ou, ainda, que só nos salvaremos através do sofrimento. Essas pessoas, talvez por sua incapacidade para serem felizes, chegam a afirmar que a felicidade não existe e que o sofrimento é o único caminho da vida. Que o sofrimento é algo natural. Precisamos nos convencer de que o sofrimento é muito inerente à vida aqui na terra por causa de nossas escolhas erradas. É preciso que nos conscientizemos que nossos sofrimentos são conseqüências de nossas escolhas erradas. Analisemos bem e chegaremos a essa verdade. Quando uma pessoa não se acha merecedora da felicidade e adota para si essa cultura de sofrimento, achando que o sofrimento é algo natural, está vivendo um quadro de baixa auto-estima e desacordo consigo mesmo, em que se encontra grande parte das pessoas. Aqui, incluo católicos, evangélicos e espíritas. Alimentando crenças de desmerecimento e menosprezo em relação à felicidade, mais não fazemos do que cultivar um desamor por nós mesmos e impedir o nosso crescimento pessoal. O pior efeito, a pior conseqüência, de semelhante quadro psicológico é acreditar que não merecemos ser felizes, automatizando um sistema mental de cobranças intermináveis e uma autoflagelação, de autopunição, gerando situações neuróticas de perfeccionismo, em relação a si mesmo e aos outros, e puritanismo quase incontroláveis. Esquecemos que devemos às outras pessoas e também a nós mesmos a compreensão e aceitação do que somos, da maneira como somos. Esse auto-desamor é um subproduto do tradicional religiosismo que construímos no psiquismo, em séculos de superficialidade moral e espiritual, cuja imagem condicionada na vida mental foi a de que cada um de nós é um ser pecador e miserável, indigno daquele paraíso que desejamos e, no entanto, achamos que não somos merecedores. Padres e pastores têm-nos apontado caminhos para a conquista de um pedaço do paraíso e não, como deveria ser, a conquista de nós mesmos, através do aperfeiçoamento moral, para que voltemos à pátria da espiritualidade melhores do que quando de lá viemos para essa experiência aqui na terra, nesse plano físico. Porque não aprendemos ainda o auto-amor, a nos amar, costumamos esperar compensações e favores do amor alheio, criando um alto nível de insegurança e dependência dos outros, pelo excessivo valor que depositamos no que eles pensam sobre nós. Voltamos a afirmar que a auto-estima é fator determinante das atitudes humanas. Quando temos pouca auto-estima, somos sempre escravos de complexos de inferioridade atormentadores, por mais e melhores que sejam as vantagens de nossas vidas. Passamos a cultivar hábitos que visam camuflar, disfarçar supostos “males” para que os outros não os percebam. No entanto, não conseguimos sempre nos enganar usando dessa espécie de “maquiagem” e, quando tomamos consciência dela, nos tornamos revoltados, indefesos, deprimidos e ofendidos. Essa situação tem um limite suportável até certo ponto em que nossas decisões e ações começam a ser comprometidas por estranhas formas de agir e, muitas vezes, podem criar episódios neuróticos de gravidade, com estreitos limites com as psicoses. Em muitos casos, necessário é que se diga, surgem interferências espirituais, aumentando o sofrimento desses corações, acentuando-lhes o sentimento de desmerecimento, de rejeição e desânimo, levando-nos a idéias terríveis e a escolhas infelizes. Quando não nos amamos, passamos a vida querendo agradar mais aos outros que a nós, mendigando o amor alheio, já que nos julgamos insuficientes e incapazes de nos querer bem. Muitos de nós nos comportamos como se o amor não fosse um sentimento a ser aprendido e compreendido. Agimos como se ele estivesse guardado, parado em nosso mundo íntimo, e passamos a viver à espera de alguém ou de alguma coisa que possa despertá-lo do dia para a noite. Temos dado passos e até realizado alguns atos no amor, mas, raras vezes temos sabido amar a nós próprios. Por que o amor não acontece com frequência, com a frequência que gostaríamos que acontecesse? Talvez porque não fomos educados para o amor. Quais têm sido as razões que nos têm feito aproximar uns dos outros? Carência, interesses, temor à solidão, temor de sermos tomados por aquilo que não somos, ou somos e não queremos ser. O amor acontece quando alguém é capaz de, pelo olhar, tocar nosso coração; quando alguém toca nossa mão e aquece nossa alma. Por outro lado, precisamos conhecer a nossa parte sombria, uma vez que nem tudo em nós é luz. Existirá amor maior a si que esse de saber lidar com essas sombras interiores que tentam ofuscar nossos desejos de Luz? Precisamos aprender esse amor e nos tornarmos mais felizes. Amar nossa “sombra”, conquistando-a e transformando-a aos poucos. Isso é possível se aprendermos a tolerar nosso passado recente ou longínquo, sem as impiedosas e cruéis recriminações. Amar-nos, apesar do nosso passado de escolhas infelizes e decisões precipitadas, é fundamental para iniciarmos um recomeço de vida espiritual rumo à liberdade. Aprender o auto-amor é arar a terra mental para “ser”. Quando o conseguirmos, recuperaremos a serenidade, o estado de gratificação com a vida, a compreensão de nós mesmos, porque o sentimento será então um espelho translúcido das potencialidades excelsas depositadas em cada um de nós pela “inteligência suprema do universo”. Na base de nossas escolhas infelizes está a baixa auto-estima. É ela que nos inspira a fazer escolhas que só nos causam danos em todos os aspectos. Escolher a droga, seja ela qual for, como fonte de prazer, é um grande atestado de que não nos amamos, de que somos conduzidos por caminhos tortuosos porque não nos amamos o suficiente para buscar fontes de prazer que não tragam prejuízos para nossas vidas, que coloquem nossas vidas em risco. Quando enchemos nossas vidas com coisas ou pessoas que em nada contribuem para o nosso crescimento, que só nos causam danos os mais variados, é sinal de baixa auto-estima, de que não nos amamos o suficiente. Vivemos um sistema de compensações pela nossa falta de amor a nós mesmos.

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