domingo, 19 de maio de 2013

AS PERDAS NOSSAS DE CADA DIA

As nossas perdas! O que temos feito para aprender a conviver com elas? Temos refletido sobre nossas escolhas e temos aprendido que nem sempre elas nos trazem ganhos. Augusto Cury nos diz que “uma pessoa imatura pensa que todas as suas escolhas geram ganhos. Uma pessoa madura sabe que todas as escolhas tem perdas.” As perdas são frequentes em nossas vidas. Começamos a partir do nosso nascimento: perdemos o aconchego do útero materno e os limites da placenta. E, em seguida, começamos a experimentar uma sucessão de perdas, mas não somos preparados para lidar com elas. Mesmo constantes em nossas vidas, temos dificuldade em aceitá-las, o que nos provoca amargura e dor. Muitas vezes, usamos do recurso, ou mecanismo, de compensação para amenizar os danos causados pelas perdas. Há quem, por exemplo, opte pelo consumismo, numa tentativa de preencher o vazio criado pelas perdas: gasta o que não tem e compra o que não precisa. Outros há que, sem nenhuma necessidade, começam a furtar de lojas ou de outros lugares, quando tem oportunidade para isso, numa tentativa de compensação pelo que sofreu por causa de uma perda, sobretudo a perda de alguém muito querido que morreu, ou ainda numa tentativa de preencher o vazio deixado pela perda. A morte de alguém muito próximo muitas vezes nos faz perder a direção. Diz a escritora Lya Luft que “Não queremos perder, nem deveríamos perder: saúde, pessoas, posição, dignidade ou confiança. Mas perder e ganhar faz parte do nosso processo de humanização. Perder, dói! Não adianta dizer NÃO SOFRA, NÃO CHORE; só não podemos ficar parados no tempo chorando nossa dor diante das nossas percas. Com as perdas, só há um jeito: perdê-las. Com os ganhos, o proveito é saborear cada um como uma boa fruta de estação." E aqui precisamos falar da perda maior, quando a morte nos visita. A palavra morte, por si só, já carrega um peso. É a única certeza que temos na vida, a de que todos morreremos um dia. Mas é difícil se preparar para perder alguém. Algumas almas elevadas conseguem lidar bem com as perdas, mas a grande maioria das pessoas não está pronta para ver arrancado de sua vida alguém que ama. A gente sente uma saudade diferente. É uma saudade amarrada pela certeza de que nunca vai passar. É uma saudade que vai ser eterna. A gente apenas se acostuma a conviver com a ausência, mas não esquece, não deixa de sentir falta… as memórias permanecem, o peito aperta em cada lembrança, e só o tempo mesmo para acalmar o coração… A compreensão da morte vai depender da crença religiosa de cada um. Cada um interpreta o ato de morrer de uma forma diferente. Para alguns, voltaremos em uma nova encarnação; para outros, ali acaba a vida…. Teorias não faltam para tentar explicar a morte… Mas o fato é que é difícil perder alguém. Um vazio parece invadir o peito, a sensação de que você não está vivendo aquilo, uma vontade de que seja tudo um sonho, um desespero que a gente não consegue explicar… O descontrole inicial passa, e você cai na real: a pessoa já não está em sua vida, não daquele jeito a que você estava acostumado. Aquela rotina que vocês cumpriam já não existe. Você sempre espera a pessoa chegar naquela hora de costume, mas ninguém bate à porta… No horário do telefonema, ele simplesmente não toca… Ouvir a voz dando bom-dia, ouvir a voz falando qualquer coisa… As fotos trazem lágrimas, você pensa que podia ter feito tanta coisa mais, pensa que podia ter falado tanto mais, pensa que podia ter feito algo diferente, ainda que não tenha feito nada de errado… Enfrentar a morte é um processo que exige tempo para que consigamos lidar melhor com a situação, com a ausência em si… Na primeira experiência, você diz a si mesmo "Eu perdi alguém!" E chega à conclusão de que nunca havia pensado no quanto dói perder alguém.

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