domingo, 30 de março de 2014

CONHECER-SE PARA AMAR-SE -

Uma coisa muito freqüente que acontece a muitas pessoas é valorizar demais tudo o que as pessoas dizem ou fazem. Valorizam de tal maneira a dar excessivo crédito a tudo que elas dizem ou fazem. Na vida cotidiana você tem contato com muita gente e acontece que as pessoas, na sua grande maioria usam máscaras, inclusive você. Afinal de contas são tantos papeis e personagens na vida, você é filho(a), mãe/pai, estudante, profissional, trabalhador, amante, amigo, companheiro e muitas vezes só não é conhecido de si mesmo. Se fragmenta entre tantas personas, ou máscaras, que muitas vezes, nada sabe de você, quem é este você, além destes papeis. Por não conhecer-se, sente, então, um vazio, uma espécie de buraco dentro do peito, aquele aperto no coração. E, muitas vezes, você tem tudo, mas parece que tudo falta. Pois é, a verdade é que falta você dentro de você. Quando não se tem ou se perde a conexão, a cumplicidade de nós conosco, vive-se perdido, vulnerável. Parece tão fácil e simples dizer isto. Mas é uma verdade que somente cada um saberá compreender. As pessoas lhe prometem coisas, dizem que lhe adoram, que você é fantástico,que querem ajudá-lo, ficam com você algum tempo, e quando você pensa que sempre terá esta energia, as pessoas mudam, algumas até fingem que não o vêem. Acorde, não espere nada de ninguém, seja sempre mais você... Isto não é um simples conselho, é essencial que assim aja. Afinal, cada um tem suas necessidades e problemas, portanto supra as suas carências, se importando com você, sendo seu próprio amigo, conselheiro, consultor, ficando do seu próprio lado, sem se punir, sem se massacrar interiormente achando que os outros sempre têm razão. Os outros se importam com eles mesmos em primeiro lugar, e você, em que lugar se coloca? Isto não significa que não tenha amizades. Mas precisa avaliar que tipo de amizade está alimentando? Fofoqueiros, interesseiros e vampiros sugadores de energia? Fique mais atento a isto... Amizades apenas para não se sentir sozinho significa apenas um ajuntamento de pessoas que se resume a número. Amar todo mundo é amar ninguém, não é verdade? Para você se sentir em você, ou seja, sentir você dentro de você, se escutar, dialogar consigo mesmo, é essencial que se conheça. Afinal, quem é você? Como você se sente agora? Não sabe? Então, comece a se observar, observando suas reações, seus pensamentos, tudo que sente... Pare um tempo para focar em você, no seu interior, isto se chama meditar, e é simples, desligue o aparelho de televisão, o computador, o celular e fique alguns minutos num lugar calmo, só você com você, não ligue para os pensamentos: deixe-os vir, afaste-os, foco na respiração... sinta esse bem estar interior que surge quando você se permite soltar, sinta a leveza do ser, de ser... você! Observe os sentimentos que existem em você e que você está sempre tentando negar. Isto acontece com muitos de nós. Tentamos negar a existência de sentimentos negativos como a raiva, o ódio, o ressentimento e o desejo de vingança. Precisamos deixar de lado a hipocrisia do faz de conta de que não sentimos determinadas emoções. A tão desejada paz interior só acontecerá quando deixarmos de negar o que circula na nossa própria vida. Negar os próprios sentimentos, sejam eles quais forem, é declarar uma guerra consigo mesmo. E aí a paz nunca será possível. O mais importante é a percepção constante e ativa sobre o que mais nos consome ou desgasta; assim como o que nos gera crescimento e sabedoria. Precisamos nos conhecer e mais interessante na questão do autoconhecimento é que, ao mesmo tempo em que se trata de uma busca essencialmente individual, o espelho de nossa alma só será revelado nos relacionamentos que efetuarmos. A solidão pode ser uma etapa de reflexão, mas também algo gerador de imensa tristeza e dormência para o sujeito, sobretudo a solidão prolongada. Cada ser humano carrega potencial e, ao mesmo tempo, um número de dificuldades ou bloqueios que impedem o fluir de determinadas emoções ou etapas que potencializem a evolução da pessoa; então a sabedoria é não amplificar a carga histórica das nossas experiências desagradáveis. A busca pelo autoconhecimento vai nos levar, de alguma forma, a um sentimento de misericórdia para consigo mesmo, o que poderá aplacar todas as conseqüências negativas do stress e ansiedade. Vivemos mais mergulhados no passado e na expectativa do futuro do que mesmo no presente. E aí, o presente se torna apenas em espera, ansiedade e sofrimento, Por vivermos desligados de nós mesmos e, às vezes, em inteiro desconhecimento de quem somos, quase nunca conseguimos encarar ou atinar para o problema que nos aflige: ou é uma saudade corrosiva de algo ou alguém que perdemos, ou um desejo de segurança e retenção de algo que nos dá prazer, mas ao mesmo tempo sabendo que um dia irá cessar. Infelizmente repetimos a todo tempo experiências negativas e desagradáveis, e nos tornamos escravos de relacionamentos doentios. Quais são as razões que nos fazem aproximar-nos de outras pessoas? Entre outras, podemos citar medo da solidão, interesses, medo de ser enquadrados em conceitos, vazio. O amor não acontece com freqüência porque não fomos educados para ele. Geralmente o que buscamos no outro é a realização ou concretização do companheiro idealizado, imaginário, da fantasia. O amor é o sentimento que acontece quando o outro toca nosso coração, quando sua mão é capaz de aquecer nossa alma. Não é fácil e muitos são os que passam toda uma vida nessa busca. Há pessoas que não gostam de viver e conhecer a si mesmo vai nos permitir descobrir o por quê não gostamos de viver, e as conseqüências dessa resposta em nosso cotidiano. Que frutos ou lucros tem a pessoa que conhece a si mesma? O primeiro deles é a realização que levará essa pessoa a ser mestre de si mesma e, consequentemente, a não viver sob o comando de quem quer que seja que se atreva a ser “o capitão do seu barco ou o mestre de sua alma”. Observem ao seu redor como há milhares de pessoas que buscam templos, igrejas e sociedades motivados pelo desespero de não saber como conduzir suas vidas. E aí se transformam em presas fáceis de exploradores inesclupulosos que passam a aproveitar-se de sua ignorância, fruto de sua cegueira em relação a si mesmas e, consequentemente, ao mundo em torno de si mesmas. Muitos buscam esses lugares motivados pela dor da angústia de se sentirem perdidos e acuados por conviver com alguém quase completamente estranho: ele mesmo. Nunca devemos esquecer, em momento algum, que nada, nem ninguém, deve conduzir o nosso barco da vida, nem tão pouco ser tido como a salvação de nossa alma. Uma segunda vantagem é, em consequência de conhecer-se, tornar-se uma pessoa melhor. Partamos do fato inicial de que só pode melhorar o que se conhece. Como poderei iniciar uma reforma em mim, se nem ao menos tenho conhecimento de quem sou, de que qualidades e limitações ou defeitos sou dotado? Como você poderá iniciar uma reforma na casa em que mora, se ao menos conhece os pontos que essa casa precisa ser melhorada, ou reformada? Uma outra vantagem do autoconhecimento é que ele nos dá a possibilidade de sabermos reagir adequadamente, de forma correta, em momentos oportunos, diante de certas dificuldades que a vida nos impõe. Todos nós gostaríamos de voltar ao passado para resolver certos conflitos que ficaram pendentes ou consertar certas atitudes que nos colocaram em conflito pessoal e que, naquele momento, não agimos corretamente ou não soubemos como conduzir-nos diante daquele conflito. O que a realidade nos tem mostrado é que as coisas todas se acabam, apesar de que a nossa relação com elas seja a de alguém que acredita ser elas eternas. E quando observamos essa finitude das coisas e pessoas, o que sobra certamente é a busca inesgotável e inata em todo ser humano por compreensão, independente de sua cultura, neurose ou estado de espírito. Finitude significa dias de existência contados para tudo e para todos. Temos nos contentado com a repetição de atos sem sentido e a indiferença em escolher o melhor para nós mesmos. Caso não aprofundemos nossa busca interna, seremos sempre reféns, prisioneiros, de um estilo de vida imposto por aqueles que não estão nem um pouco preocupados com a nossa felicidade. Ou evoluímos mental e espiritualmente, ou apenas ficaremos com o avanço da medicina em prolongar por mais dez, vinte ou trinta anos alguns prazeres fisiológicos e materiais, mas também será prolongado todo nosso tédio, raiva e consternação perante a inutilidade de estruturas sociais e pessoais que vivemos criticando, mas que somos os maiores responsáveis por sua perpetuação.

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