segunda-feira, 24 de março de 2014

LIDAR COM AS EMOÇÕES -

Não devemos lutar contra nossas emoções, mesmo aquelas denominadas prejudiciais. Em vez de lutar contra elas, precisamos fazer esforço para desviar-nos da ocorrência daquilo que possa significar danos em relação a nós mesmos ou a outrem. Inevitavelmente, ocorrem momentos em que as emoções nocivas se tornam volumosas. A indisciplina mental e de comportamento abrem-lhe espaços para que se expandam. No entanto, a vigilância, ao lado do desejo de evitar-se danos morais, oferece recurso para impedir suas sucessivas consequências infelizes. Nem sempre é possível que possamos evitar acontecimentos que desencadeiam emoções violentas. Podemos, no entanto, equilibrar o curso de sua explosão e o direcionamento dos seus efeitos. Raramente alguém é capaz de permanecer emocionalmente neutro em uma situação conflitiva, especialmente quando o seu ego é atingido. Irrompe, automaticamente, a hostilidade, em forma de autodefesa, de acusação defensiva, de revide... É necessário que você tenha um super controle emocional para, diante de uma agressão, por exemplo, manter-se sereno e não reagir. Podemos, no entanto, evitar que se expanda o sentimento hostil, administrando as reações que produz, mediante o exercício e hábito de respeitar o próximo, de tê-lo em trânsito pelo nível de sua consciência, se em fase primária ou desenvolvida. Torna-se fácil, desse modo, superar o primeiro impacto e corrigir-se o rumo daquele que se transformou devido a uma emoção de ira ou de raiva. Se você toma consciência de si mesmo, dos valores que lhe caracterizam, das possibilidades de que dispõe, é possível exercer um controle sobre as suas emoções, evitando que as perniciosas se manifestem ante qualquer motivação e as edificantes sejam equilibradas, impedindo os excessos que sempre são prejudiciais. Quando são cultivadas as reminiscências das emoções danosas, há mais facilidade para que outras se expressem ante qualquer circunstância desagradável. Como não se pode nem se deve viver de experiências vividas, o ideal é diluir-se em novas experiências todas aquelas que causaram dor e hostilidade. Isso é possível, mediante o cultivo de pensamentos de paz e de solidariedade, criando um campo mental de harmonia, capaz de manifestar-se por automatismo diante de qualquer ocorrência geradora de aflição. Gandhi afirmava que não se deve matar o indivíduo hostil, mas matar a hostilidade nesse indivíduo, o que correspondente ao comportamento pacífico encarregado de desarmar o ato agressivo de quem se faz adversário. Eis porque a resistência passiva consegue os resultados excelentes da harmonia. Provavelmente, o outro, o inimigo, não entenderá de momento a não-violência daquele a quem aflige, mas isso não é importante, sendo valioso para aquele que assim procede, porque não permite que a perturbação de fora alcance o país da sua tranquilidade interior. A problemática apresenta-se como necessidade de eliminar os sentimentos negativos, o que não é fácil, tornando-se mais eficiente diluí-los mediante outros sentimentos de natureza harmônica e saudável. Acredita-se que a suspensão da angústia, da ansiedade, da raiva proporciona felicidade. Não será com o desaparecimento de um tipo de emoção que se desfrutará imediatamente de outra. A questão deve ser colocada de maneira mais segura, trabalhando-se, sim, pela eliminação das emoções perturbadoras, porém, ao mesmo tempo, cultivando-se e desenvolvendo-se aquelas que são saudáveis e prazenteiras. Não se torna suficiente, portanto, libertar-se daquilo que gera mal-estar e produz decepção, mas agir de maneira correta, a fim de que se consiga alegria e estímulo para uma vida produtiva. Viver por viver é fenômeno biológico, automático; no entanto, é imprescindível viver-se em paz, bem viver-se, ao invés do tradicional conceito de viver de bem com tudo e com todos, apoiado em reservas financeiras e em posições relevantes, sempre transitórias. Pensa-se que é uma grande conquista não se fazer o mal a ninguém. Sem dúvida que se trata de um passo avançado, entretanto é indispensável fazer-se o bem, promover-se o cidadão, a cultura, a sociedade, ao mesmo tempo elevando-se moralmente. Quando se está com a emoção direcionada ao bem e à evolução moral, o pensamento torna-se edificante e tudo concorre para a ampliação do sentimento nobre. O inverso também ocorre, porquanto o direcionamento negativo, as suspeitas que se acolhem, a hostilidade gratuita que se desenvolve contribuem para que o indivíduo permaneça armado, porque sempre se considera desarmado. Mediante o cultivo das emoções positivas, aclara-se a percepção da verdade, das atitudes gentis, dos sentimentos solidários, enquanto que a constância das emoções prejudiciais faculta a distorção da óptica em torno dos acontecimentos, gerando sempre mau humor, indisposição e malquerença. Quando se alcançar o amor altruísta, haverá o sentimento da real fraternidade e o equilíbrio real no ser em busca de si mesmo e de Deus.

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