domingo, 2 de fevereiro de 2014
ENFRENTANDO A DOR DA SEPARAÇÃO -
Quem passou ou está passando por uma separação sabe bem a dor que isso causa e como é difícil manter o equilíbrio e a serenidade. Nesse momento nos sentimos tão sem valor, que não encontramos forças para fazer algo por nós mesmos ou ainda, não acreditamos que somos merecedores de nada que possa fazer nos sentir bem, como se houvesse uma culpa oculta pelos próprios sentimentos. Há uma mistura de sentimentos: culpa, abandono, raiva, medo, rancor, tristeza, frustração, impotência, dor, solidão e não sabemos o que fazer com cada um deles.
Muitas pessoas têm a tendência a negar os seus sentimentos, agindo como se eles não existissem dentro delas. É como se houvesse uma cobrança interna e muitas vezes, externa, de que não se deve sofrer e muito menos, demonstrar seu sofrimento. Como não sofrer, quando nos sentimos abandonados em nosso amor, em nossos sonhos? Negar o que sente é o caminho menos indicado, pois se não deixar esses sentimentos virem à tona, reprimindo tudo que sente, eles poderão buscar outra forma de se expressar, em geral através de nosso corpo. Por isso, por mais que esteja doendo, e em geral a dor é muito intensa, enfrente tudo que sentir. Chore, fique triste, mas permita-se sentir.
Separar-se de quem se ama não é uma tarefa das mais fáceis, ainda que o relacionamento esteja sendo destrutivo, ainda que aquilo que você chamava de amor venha a descobrir que não era amor. É um momento de muita dor, como se tivessem atingido a nossa própria alma, que agora sangra de tal forma que parece não cicatrizar nunca. As emoções ficam mais expostas e a razão parece sequer existir. Ficamos totalmente sem defesas e, assim, sem proteção. E o que mais nos pedem é que sejamos racionais. Como, quando tudo é sentido com tal intensidade que parece não existir espaço para a razão?
Separar-se de quem se ama não é uma tarefa das mais fáceis. É comum nessa hora esquecer-se de tudo que causou sofrimento, e do quanto os valores eram muito diferentes. Geralmente a pessoa da qual nos separamos está muito distante daquela com a qual começamos o relacionamento. Essa pode ser uma das causas da dificuldade em aceitar a separação, pois ficamos sempre esperando que um dia essa pessoa volte a ser quem um dia conhecemos e amamos, ou quem idealizamos. Lembramos tudo que foi vivido de bom, dos momentos agradáveis, das juras de amor eterno, dos sonhos. Mas há quanto tempo será que você já estava sonhando sozinho? Uma relação é feita a dois, lembra-se?
É curioso constatar que as rupturas amorosas, mesmo quando ansiadas porque desejadas, tendem a provocar enorme vazio: uma dor típica da sensação de desamparo.
A impressão que tenho é a de que todas rupturas sentimentais repetem a sensação experimentada ao nascer: a nossa grande vivência de ruptura.
Desde que nascemos, temos a sensação de ser uma "metade", talvez porque tenha sido assim na origem: passamos a existir fundidos, ligados a outro ser que é a mãe. O nascer é uma ruptura que gera desamparo. Isso só se ameniza com a reaproximação física da mãe.
Amor é o que sentimos por quem ameniza nossa sensação de desamparo.
Mesmo os que nunca viveram as dores ligadas às separações adultas sentem medo delas: todos nós guardamos algum registro da primeira ruptura.
Os casamentos de má qualidade são mais desgastantes para a mulher. Em geral, esse casamento é entre opostos: um egoísta e outro generoso --e há tanto homens como mulheres dos dois tipos. Nas separações por iniciativa feminina, geralmente a mulher generosa ficou de saco cheio do marido folgado. A egoísta não se separa, pois se beneficia da situação. E os maridos generosos não se separam porque não são bons em ficar sozinhos e perdem mais com a separação, como os filhos e a casa.
Costumamos associar a dor de ruptura à da morte (que não sabemos se é dolorosa): acho que transferimos para a morte o que sentimos ao nascer.
O desamparo corresponde à sensação desagradável que nos acompanha desde sempre: ela é mais forte e viva quando estamos sozinhos e/ou ociosos.Os que aprenderam a conviver melhor com a dor do desamparo sentem menos medo das rupturas sentimentais; assim sendo, fazem menos concessões. A sensação de desamparo nos acompanha desde o nascimento até a morte: ela se atenua com bons vínculos amorosos e quando estamos entretidos.
Pessoas com mais maturidade emocional convivem melhor com as frustrações e contrariedades: sofrem menos, mas também sentem dor na separação.
É evidente que, numa separação, a indiferença do outro nos causa muita dor, que parece levar sua vida muito bem, mesmo sem nos ter mais ao seu lado. Muitas vezes nos prendemos mais nas palavras do que nas atitudes e na falta delas. Se alguém lhe deixou, será que merece suas lágrimas, suas noites em claro, sua autodestruição? O que adianta ficar ligando, procurando quem não quer mais manter o relacionamento? O que irá conquistar, ao insistir naquilo que não existe mais, a não ser mais sofrimento?
Mas como enfrentar esse momento doloroso de separação? Apesar da perda, dos erros e feridas, podemos e devemos, fazer algo para conseguirmos suportar esse momento tão cruel e que parece não ter fim.
Aqui estão algumas sugestões que podem lhe ajudar:
- Não negue os acontecimentos, nem o que sente, nem sua dor. Por mais que esteja doendo, enfrente sua realidade, pois só assim conseguirá transformá-la. Respeite todos os seus sentimentos.
- Resista à tentação de querer se vingar com o intuito de fazer com que o outro sofra tanto quanto está sofrendo. Assuma a raiva que está sentindo por estar passando por isso, e lembre-se que ao ficar pensando nas diversas formas de se vingar, só estará mantendo o sofrimento do qual tanto quer se libertar.
- Ficar gritando para o mundo o que aconteceu, ligando ou enviando e-mails contando o que aconteceu a todos, não irá diminuir seu sofrimento, só fará com que se exponha para pessoas que nem sempre são dignas de sua confiança. Procure ser cuidadoso com quem irá desabafar para que não ouça mais cobranças, além das que você mesmo se faz. Se não há quem o compreenda, escreva tudo que estiver sentindo em uma folha de papel, ou no computador, isso poderá ajudá-lo a entender melhor seus sentimentos e trará algum alívio.
- Procurar um outro amor de maneira desesperada, ou desejar se envolver com alguém por horas ou dias, também não irá curar sua dor. Poderá apenas amenizá-la um pouco, mas quando estiver sozinho novamente com seus pensamentos e sentimentos, tudo irá retornar com a mesma intensidade de quando fugiu dos braços de alguém. Pense que, ao se envolver com outra pessoa impulsionado apenas por sua carência, poderá iniciar uma relação mais destrutiva que a anterior.
- Caso esteja tendo algum sintoma físico, relacione com sua dor emocional e pense o que pode estar representando.
- Perceba se o que está machucando mais é realmente a falta da pessoa que se foi ou o sentimento de rejeição e abandono que está sentindo.
- Se havia sofrimento, por que quer voltar? Será que ainda não busca o relacionamento que idealizou e que estava muito distante da realidade? Pense um pouco mais sobre isso. Analise, explore, reflita sobre tudo que aconteceu, considerando a realidade dos fatos e não aquilo que gostaria que tivesse acontecido.
- Evite ter pena de si mesmo. Autopiedade não faz bem a ninguém, nem ficar no papel de vítima, culpando o outro por tudo que aconteceu. Assuma sua responsabilidade na relação.
- Em situações de perda, tendemos a ficar inseguros, com a autoestima baixa e sem amor-próprio e, assim, sentimos muita dificuldade em fazer algo por nós. Relembre como era sua vida antes desse relacionamento. Quantas coisas não deixou de fazer por você? Quantas pessoas não deixou de ver? Retome sua vida. Pense em algo que o faça se sentir bem e comece a se cuidar com muito carinho.
- Não coloque seu valor pessoal nas mãos de ninguém. Não é porque alguém não valorizou quem você é que isso significa que não tem valor. Com certeza você tem muito valor, mas o importante é que você reconheça isso.
É nesse momento que poderá perceber a força que há dentro de você, e que o caminho por mais árduo que possa parecer nesse momento, poderá ser tornar muito mais iluminado, se permitir que sua própria luz o conduza!
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