domingo, 5 de abril de 2015

O AMOR EM NOSSAS RELAÇÕES DE AFETO -

Qual é a coisa mais importante da nossa existência? Queremos empregar nossos dias da melhor maneira, pois ninguém mais pode viver por nós. Então precisamos saber para onde devemos dirigir nossos esforços, qual o grande objetivo a ser alcançado? Na nossa luta para alcançar esse objetivo, colocamos um outro, ou não será o próprio objetivo?, a nossa realização no amor. O amor é realmente o que nos motiva, o que nos impulsiona a vida. Na verdade, é o amor que rege nossas vidas. Em casa, no trabalho, na sociedade, todos somos motivados, de uma maneira ou de outra, pelo amor. Está tão entranhado em nossas vidas que dele nem damos conta porque achamos que ele é algo fora de nossa realidade. Devemos entendê-lo como O Sentimento Divino que alcançamos a partir da conscientização de nossa condição de operários na obra universal, um “estado afetivo de plenitude”, incondicional, imparcial e crescente. As literaturas do mundo inteiro falam das dores do amor não realizado, a esperança do amor que quer se realizar ou a solidão do homem que não encontrou a extensão de si. Este deve ser nosso objetivo no mundo: aprender a amar. E há muito o aprender ainda. A vida nos oferece milhares de oportunidades para aprender a amar. Todo homem e toda mulher, em todos os dias de suas vidas, tem sempre uma boa oportunidade de entregar-se ao Amor. A vida não é um longo feriado, mas um constante aprendizado. E a mais importante lição que temos é: aprender a amar. Amar não apenas cada vez mais, mas cada vez melhor. O amor não é um momento de entusiasmo. O amor é uma rica, forte e generosa expressão de nossas vidas: a personalidade do homem em seu mais completo desenvolvimento. E, para construir isso, precisamos de uma prática constante. Amar é uma aprendizagem. Uma aprendizagem em que a teoria tem pouca importância. É o exercício que nos habilitará para o amor. Ninguém ama só de sentir. Amor verdadeiro é vivido. O atestado de Amor verdadeiro é lavrado nas atitudes de cada dia. Sentir é passo primeiro, mas se a seguir não vêm as ações transformadoras, então nosso Amor pode estar sendo confundido com fugazes momentos de felicidade interior, ou com os tenros embriões dos novos desejos no bem que começamos a acalentar recentemente. Mesmo entre aqueles em quem a simpatia brota instantaneamente, Amor e convivência sadia serão obras do tempo, no esforço diário do entendimento e do compartilhamento mútuo do desejo de manter essa simpatia do primeiro contato, amadurecendo-a com o progresso dos elos entre ambos. Um dos maiores sofrimentos em nossa maneira de nos relacionarmos são as sérias dificuldades na comunicação. O crescimento emocional e a maturidade afetiva são a base das relações saudáveis e de uma sociedade madura. Na verdadeira comunhão aconchega-se a mudança mais potente. A vida afetiva humana, com suas interações, relações e sua problemática intrínseca, é a trama que sustenta o mundo em todas suas esferas, tanto privadas como públicas. No entanto, as potencialidades afetivas são frequentemente asfixiadas, subestimadas, descuidadas, quando não ignoradas. Amadurecer e crescer são, antes de mais nada, tarefas individuais, e seu reflexo mais fiel se projeta no espelho da sociedade. Não se pode evoluir e crescer como ser humano íntegro sem desenvolver e amadurecer emocionalmente. Não há sociedade madura sem indivíduos íntegros. A imaturidade política, social e educativa que rege nossa cultura é expressão da imaturidade emocional dos indivíduos que a integram; sob a aparência de adultos, a grande maioria são seres que evolutivamente mal superaram a infância precoce ou a puberdade. Desenvolver o núcleo mais íntimo de nosso ser, desenvolver a própria identidade como a capacidade de formar e manter relações, constituem as propriedades mais importantes de todo ser humano. Se um ser se transforma realmente em adulto, se a pessoa atinge certa liberdade, é também livre em seus comportamentos e isto implica uma fluidez de papéis e responsabilidades nas relações interpessoais. A capacidade de amar profundamente e estabelecer autênticas relações humanas é imprescindível. Também somos capazes de criar diferentes tipos de relações e estas adquirem muitas formas: relações superficiais e sem um verdadeiro contato, modelos de dependência nos vínculos que bloqueiam a individualidade ou distorções e perturbações na comunicação. Mas, o mais importante passa inadvertido: psicologicamente, continuamos prolongando a precoce dependência emocional da infância, e com essa profundidade psíquica encaramos o mundo e a própria vida. É complexo viver, mas a maior parte da pena e do conflito é consequência direta do estado de imaturidade psicológica em que nos encontramos e que nem sequer é advertida como tal. OS TEMPOS DA VIDA Se o destino natural de todo ser humano é crescer e amadurecer: por que se torna tão difícil atingir uma verdadeira maturidade afetiva? Muitos nem sequer se propõem isso; vivem tão ocupados em atingir o sucesso, o poder, o dinheiro e o reconhecimento, projetos meramente externos, que nunca conseguem relacionar suas ânsias e suas angústias profundas com a falta de crescimento afetivo e espiritual. E muitos outros guardam o desejo de amadurecer e evoluir, mas são muitos os obstáculos que encontram, e confundidos, frustrados ou resignados, vagueiam na busca interior ou acabam consumindo fórmulas mágicas e alheias que, inevitavelmente, afastam e desviam do próprio caminho vital. O caminho do amadurecimento é um processo de diferenciação e individuação psicológica; para crescer e amadurecer como verdadeiros seres livres e íntegros é necessário separar-se emocionalmente dos pais. Nenhum ser humano pode ser atributo, objeto ou complemento submetido à dependência de outro. Quantos filhos estão fechados ao seu próprio desejo e vitalidade por pais que os pressionam com solicitação abusiva e mandatos esclerotizantes. O maior dom que os pais —verdadeiros ou substitutos— podem brindar aos filhos é separar-se e diferenciar-se deles — “cortar o cordão umbilical”— para que possam ter acesso a sua própria identidade, a um desenvolvimento emocional individual. Não só os filhos devem “deixar o pai e a mãe”. São os pais, sobretudo, que devem deixar os filhos irem embora. Alguns pais, muito poucos, permitem o crescimento e a abertura à vida, mas a grande maioria, devido às estruturas familiares rígidas e às carências emocionais próprias, freiam o processo natural de separação e diferenciação de todo crescimento. Deste modo, cresce na tensão e na culpa e, sem saber, sob um estresse crônico que será a base de muitas relações emocionais perturbadoras. A maioria das pessoas continuam sendo psicologicamente filhos –“os filhos da infância”– e a maioria dos pais continuam exercendo o papel de “pais da infância”. Assim, a relação entre pais e filhos permanece ancorada nos primeiros anos infantis ou, no melhor dos casos, na adolescência.

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