domingo, 3 de agosto de 2014

VENCENDO A DOENÇA -

Saúde, não esqueçamos, é um estado de espírito e o espírito jovial é sempre saudável. Por outro lado, o espírito saudável é sempre jovial. Será possível manter saúde desde que saibamos manter o estado de espírito. Karl Gustav Jung dividiu a humanidade em dois biotipos: o introvertido, que é sempre um candidato a doenças e o extrovertido, que é um indivíduo saudável; é aquele que facilmente faz a catarse, que exterioriza conflitos, que se libera de todo tormento. Estamos falando de tendências, de traços. Isso não significa que um é melhor do que o outro. São diferentes. Apenas isso... Facilidades e dificuldades há em ambos. William James também dividiu as criaturas em dois grupos: os indivíduos fortes e os indivíduos fracos. Os indivíduos fortes são aqueles que se aceitam como são e se amam exatamente porque assim o são! O indivíduo fraco é aquele mesquinho, reclamador, descontente, sempre ambiciona aquilo que jamais terá. Tem por meta algo que nunca conseguirá, porque ele é atormentado psicologicamente. Saúde é o bem estar que nós poderemos e deveremos manter quando a doença nos chama a atenção para a problemática da agressão ao organismo físico, aos sentimentos ou aos distúrbios mais profundos da psique. O Dr. Berg Single, cirurgião oncologista narra uma bela experiência sobre um paciente. No mês de janeiro de 1081, chegou um paciente com 78 anos, John Florio. Homem jovial, corado e de muito bom aspecto. Ele disse que oportunamente sentia um mal estar no estômago. Na época, foi detectado uma úlcera. Naquele tempo John Florio era de temperamento violento, estava de mal com a vida. Resolveu, então, dedicar-se à jardinagem. E notou que o mundo era muito bonito e podia ser ainda mais belo, se nós o auxiliássemos. Se, ao invés de deixarmos espinhos pelo caminho, plantássemos flores, árvores que dessem flores e que fossem frutíferas. Agora ele estava com câncer e ali estava exatamente para que o médico pudesse fazer uma avaliação. Ele levara todos os exames e quando o médico viu a extensão do câncer, sugeriu-lhe uma cirurgia imediata. Se se submetesse à cirurgia, teria uma sobrevida de seis a dez meses. Do contrário, teria uma sobrevida de dois a quatro meses, caso não ocorresse uma parada cardíaca. Ele então disse: “Como eu me amo, vou dizer para o câncer que me respeite. Vou dizer para o estômago que, por favor, se imponha, que não admita que um sujeito estranho lhe invada a residência, crie uma situação desagradável e se expanda. Assim que passar a primavera, eu voltarei, doutor.” E o médico disse: “Não posso forçá-lo a nada...” E esqueceu do paciente. Um determinado dia, ele chegou ao seu consultório e ao examinar as fichas da clientela para atender no dia, lá estava a ficha de John Florio. Ele verificou que se haviam passado seis meses. Chamou a atendente e lhe disse: - “Você se enganou, este homem já morreu.” - “Então, ressuscitou, porque ele está aí na sala.” - “Mas, não pode, ele deve estar acabado.” - “Não parece!”, disse a atendente. - “Então, mande-o entrar.” E John Florio entrou sorridente e disse: - “Olá doutor, vim operar-me agora.” Fez uma bateria de exames e o câncer não havia crescido, nem tinha metástase. Ele foi operado e retirou ¾ do estômago. O médico recomendou quimioterapia como medida preventiva. Mais tarde, seis anos depois, chegava ao consultório e lá estava a ficha do paciente. Pensou: “Ele não pode estar com 84 anos, depois de uma cirurgia tão delicada.” Ele entrou sorridente, corado: - “Olá, doutor!” - “Veio fazer alguma revisão?” - “Não. Eu esqueci de fazer uma pergunta. Gostaria de saber o que eu posso comer, doutor.” - “O senhor coma aço inoxidável com qualquer substância corrosiva, porque no senhor não faz mal. Agora sente-se e me explique o que o senhor fez da sua vida.” - “Eu disse ao senhor que o estômago tinha que reclamar com o câncer e diariamente eu dizia para o estômago: “você se alimentou o suficiente, agora vai se alimentar o necessário. Porque eu preciso viver, colocar beleza no mudo, ter alegria e estou planejando com a minha família a celebração do meu centésimo aniversário.” Diante da doença, podemos tomar uma das três seguintes atitudes: revolta (“por que eu?”), passividade (“eu!”), ou normalidade (“também eu!”). Afinal, todos nós estamos na alça da mira dos fenômenos patológicos, biológicos, psicopatológicos. Por que eu? Porque sou uma criatura humana e acontece com todos. A única exceção que existiu na terra foi Jesus Cristo. Ele jamais adoeceu porque era um excelente psicoterapeuta, que fazia a auto cura e aos outros curava. Todos passamos por essas experiências que são eminentemente psicobiológicas, da maquinaria fisiológica. Então, nós deveríamos perguntar, diante dessa intercorrência da notícia cruel “Por que eu?” Ora, porque também estou vivo e é maravilhoso estar vivo. O mesmo médico, Berg Single, conta que uma paciente estava com um processo degenerativo irrecuperável. Ela era enfermeira em um hospital. A doença apresentou-se lentamente, foi se instalando e ela recebeu o diagnóstico de esclerose múltipla irreversível. Ela perguntou ao médico: “Quanto tempo?” Ele lhe respondeu: “Seis meses... A senhora deseja ser útil à humanidade? Assine doando seu corpo para investigações médicas.” Ele tentou ser sutil e otimista. Ela, no entanto, recusou-se a doar o corpo a alguém que lhe acabava de tirar a razão de viver. Foi para casa e, no dia seguinte, o hospital demitiu-a. No dia seguinte, enquanto estava em tratamento médico, sua residência foi invadida e roubaram-lhe tudo o que de melhor ela tinha. Quando ela chegou de cadeira de rodas e a enfermeira a deixou diante do espelho, ela olhou aquele corpo e odiou. Odiou com todas as suas forças e verdade do sentimento e descobriu que sempre havia odiado o corpo. Sempre havia se detestado, se considerando como sendo uma mulher que não tinha o direito de ser feliz e muito menos de viver em harmonia. A enfermidade foi se desenvolvendo, crescendo, imobilizando-a. Em um determinado dia, enquanto estava sendo preparada para o banho, ela se olhou no espelho. A perna direita, absolutamente fragilizada, era reminiscência de uma paralisia infantil. A outra, normal, parecia deformada junto daquela frágil. O corpo, desprezível, caído, informe. Ela, então, desejou morrer. Ela contava 24 anos. Era tão jovem e morrer era um alívio. Ninguém nunca tinha dito para ela: “Eu amo você.” Aquela jovem, Eve, acordou naquele momento, e já que precisava viver, era necessário mudar sua atitude mental. Como fazer? Amar aquele corpo horrível? Ela havia sonhado sempre em ser esbelta, em ter medidas exatas, que nunca ia conseguir por causa da perna, que foi vitimada pela paralisia infantil. Mas agora que ela estava pela primeira vez meditando, sem nenhum curso, nenhuma técnica, simplesmente, estava reflexionando em torno de si. Será que nós aqui já reflexionamos em torno do que somos? Será que já paramos para fazer uma análise profunda de si mesmo ou sempre estamos esbravejando, pedindo, agradecendo, tudo rápido? Pela primeira vez ela estava fazendo essa análise: “Se eu quero viver, eu deverei mudar o meu padrão de correntes alternativas da minha consciência. As minhas vibrações eletroquímicas do meu cérebro, as minhas sinapses cerebrais deverão ser harmônicas! Se eu fizer eletroencefalograma, terei um bioritmo dos mais desastrosos.” Ela então relaxou; havia tomado banho quente e, sem dar-se conta, entrou em alfa. Foi suavisando e notou que tinha olhos muito bonitos. Pediu papel à enfermeira e anotou que tinha olhos muito bonitos. Porque muita gente ter pernas lindas e são vesgas. Ela tinha olhos lindos e as pernas frágeis. Os cabelos eram lindos, naturalmente encaracolados. Ela, então, notou que seu rosto era muito bem desenhado. Tinha um queixo muito bem trabalhado. Nariz delicado. Ela nunca tinha visto, porque sempre olhava o que não deveria olhar, o lado que lhe perturbava. E, claro, quem costuma olhar para o pântano não vê o céu transparente. É necessário que em nosso cárcere, possamos tomar uma das duas seguintes atitudes: uma pessoa no cárcere ao lado de outra. Um é um homem feliz, o outro um desgraçado. Eles têm o contato com o mundo, um quadrado gradeado. Diariamente cada um chega e olha por aquele quadrado. Por que são tão diferentes? O primeiro olha sempre para cima e vê o sol e o céu. O outro olha sempre para baixo, olha a lama e a podridão. O lugar é o mesmo, o direcionamento e a aspiração de cada um é que é diferente. Ela começou a notar o que havia de bonito nela. Pediu á enfermeira para que estabelecesse uma dieta e já que seu corpo estava totalmente modificando-se, pediu um corpete para poder sustentar-se e diariamente enxergava naquele espelho não a perna, mas os olhos, o cabelo, e começou a dizer a sua enfermidade: “Olha, está na hora de parar, porque eu vou viver.” Seis meses depois a enfermidade estava absolutamente estacionada. Seis anos depois a enfermidade havia regredido. Ela continuava com dificuldade de movimentos, mas estava noiva. O jovem enfermeiro que foi trabalhar com ela, ficou tão encantado com a irradiação que dela saia, que se apaixonou. Ela então lhe disse: “Não nos casemos por enquanto. Você ainda está encantado. Casemo-nos dentro de cinco anos, se eu viver e se você viver. Porque você terá tempo de se desencantar e terá tempo de me amar.” Quando o livro foi escrito, eles deveriam casar-se. O primeiro passo para aquisição da saúde: ame-se como você é. Aceite-se como você é. Não aspire a ser o que você não vai conseguir. A beleza externa é tão suscetível de variação. A infância leva à juventude, a maturidade leva à velhice, quando a morte não vem antes, e há o momento da desencarnação. Mas quando a pessoa é interiormente bela, todos os períodos são enriquecedores e quando a pessoa não é interiormente plena, todos os períodos são conflitantes.

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