domingo, 3 de maio de 2015

DA CARÊNCIA E DA SOLIDÃO - (muitos autores)

Se não era amor, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados: a carência, a saudade, a mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo. Eu bati a 200 km por hora estou voltando a pé para casa, destroçado. Eu não amei aquela pessoa. Eu tenho certeza que não! Eu amei a mim mesmo naquela verdade inventada. Não era amor, era uma sorte. Não era amor, era uma travessura. Não era amor, eram dois travesseiros. Não era amor, eram dois celulares desligados. Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno. Não era amor, era sem medo. Não era amor, era melhor. O que a maioria de nós leva para o relacionamento não é a plenitude, mas a carência. A carência implica uma ausência dentro de si... A carência é uma força poderosa, capaz de criar ilusões poderosas. Ninguém pode realmente entrar dentro de você e substituir a peça que está faltando. A carência é nossa inimiga número um. Você já parou para pensar nas besteiras que faz por carência? Liga pra relacionamentos falidos, dá bola pra babacas. Se acha esperto porque pega quem quer, a hora que quer e como quer. É carente porque tudo isso é idiota, vazio e solitário. Não se deixe entusiasmar a ponto de não conseguir distinguir amor de atração, amor de carência, amor de insegurança, amor de fantasia. Porque quando você ama sente necessidade da outra pessoa. Não por dependência, carência e outras ências. Mas porque é bom estar ali, com o corpo junto, coração do lado, ouvindo a respiração. Você se sente em casa. Tem coisas que acontecem na nossa vida que não têm explicação: perdemos a chance de amar e sermos amados por medo, por estar longe, por achar que as diferenças vão atrapalhar, ou a idade, mas esquecemos que um amor perdido jamais nos voltará e que a pior coisa no mundo é viver sem um amor. Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... isto é carência! Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade! Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio! Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida... Isto é um princípio da natureza! Solidão não é um vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância! Solidão é muito mais do que isto! Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma! A solidão cria seres imaginários para suprir sua carência. E, se não perceber a tempo esse estado de morbidez, pode-se ingressar num mundo irreal que o consumirá. Tenha mais cuidado com você, não espere isso do outro. Você sabe das suas carências, das suas fases, das suas lacunas. O outro sabe das dele. Ás vezes há o encontro perfeito, o encaixe. Em outras, há a mudança brusca pedindo outras conquistas, outras evoluções. Permita-se ser a nova pessoa que acorda todos os dias com mais sede de tudo... Permita-se conhecer anova pessoa que se relaciona com você diariamente com outra disposição pra vida, pro amor, pras relações. Ah, meu amor, não tenhas medo da carência. Ela é o nosso destino maior. O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado. O amor é tão inerente quanto a própria carência. E nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente. O amor já está, está sempre, está sempre. Falta apenas o golpe da graça que se chama paixão. Por favor, não me analise. Não fique procurando cada ponto fraco meu. Se ninguém resiste a uma análise profunda, quanto mais eu! Ciumento, exigente, inseguro, carente, todo cheio de marcas que a vida deixou: veja em cada exigência um grito de carência, um pedido de amor! Amor, amor é síntese, uma integração de dados: não há que tirar nem por. Não me corte em fatias que ninguém abraça um pedaço. Me envolva todo em seus braços e eu serei perfeito, amor! “Eu te amo!”, alguém me disse mentirosamente... E, em covardia carente, acreditei na mais deliciosa das mentiras.

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