domingo, 3 de maio de 2015

O AFETO QUE FALTA EM NÓS -

O grande desafio de hoje em dia nas nossa vidas é viver uma vida contente, independente do que os outros dizem, acham ou acreditam. A Arte Suprema de Não se Sentir Ofendido é uma das principais habilidades necessárias para ser uma pessoa espiritualizada. Embora isso exija um pouco de prática, é um dos melhores segredos para se viver uma vida feliz. Durante uma vida, a gente é capaz de sentir de tudo, de experimentar vários sentimentos. São inúmeras as sensações que nos invadem, e delas a arte igualmente já se serviu com fartura para retratá-las. Paixão, saudade, culpa, dor-de-cotovelo, remorso, excitação, otimismo, desejo – sabemos reconhecer cada uma destas alegrias e tristezas. Não há muita novidade, já vivenciamos um pouco de cada coisa, e o que não foi vivenciado foi ao menos testemunhado através de filmes, novelas, letras de música. Há um sentimento, no entanto, que não aparece muito, não aparece em cenas de cinema, nem vira versos com frequência, e quando a gente sente na própria pele, é como se fosse uma visita incômoda e perturbadora. É a humilhação. Há muitas maneiras de uma pessoa se sentir humilhada. A mais comum é aquela em que alguém nos menospreza diretamente, nos reduz, nos coloca abaixo do nosso devido lugar e, que lugar é este que não permite movimento, travessia? Geralmente são opressões hierárquicas: patrão-empregado, professor-aluno, adulto-criança. Respeitamos a hierarquia, mas não engolimos a soberba alheia, e este tipo de humilhação só não causa maior estrago porque sabemos que ele é fruto da arrogância, e os arrogantes nada mais são do que pessoas com complexo de inferioridade. Humilham para não se sentirem humilhados. Mas, e quando a humilhação não é fruto da hierarquia, mas de algo muito maior e mais massacrante: o desconhecimento sobre nós mesmos? Tentamos superar uma dor antiga e não conseguimos. Procuramos ficar amigos de quem já amamos e caímos em velhas ciladas armadas pelo coração. Oferecemos nosso corpo e nosso carinho para quem já não precisa nem de um nem de outro. Motivos nobres, mas os resultados são vexatórios. Na maioria das vezes, é a carência afetiva que nos leva a nos submetermos a essas situações. É a fome de afeto que sentimos em alguma época da nossa vida e, alguns, durante a vida inteira. É como se algo estivesse faltando. É uma sensação de vazio interior, de isolamento, como se estivéssemos sozinhos neste mundo. Podemos estar rodeados de amigos, colegas de trabalho e com a família. A sensação pode vir até com alguns sintomas depressivos, desânimo, falta de interesse pelas atividades que antes causavam prazer, vontade mesmo de se isolar. Nós, seres humanos, temos uma grande necessidade de proteção e aconchego. Nascemos nus, dependentes e pequenos. Nossa primeira experiência de afeto é com um homem (pai) e uma mulher (mãe). Eles são os primeiros seres humanos que os amam e protegem. Ou pelos menos deveriam. No entanto, cada um tem uma história de vida diferente. Mesmo que tenham o afeto dos pais, alguns não sentem ou não identificam este amor materno ou paterno. E, se não foi desejada, a pessoa pode carregar consigo, durante toda a vida, o sentimento de rejeição, tristeza e abandono. E, nem sempre, fica sabendo que foi rejeitada na gravidez. E, a certa altura de sua vida, começa a viver um sentimento de falta, de vazio, de carência afetiva. A carência é um estado íntimo de insatisfação que surge da privação de alguma necessidade pessoal cujo principal reflexo é o sentimento de infelicidade. Na ótica afetiva é um processo de desnutrição que pode ter-se iniciado na infância e até mesmo em outras encarnações. Advém de desejos recalcados, expectativas não realizadas, frustrações não superadas... A maior carência humana é, sem dúvida, de afeto e carinho, sem os quis mais ninguém se sente humanizado. E não se sentir humanizado significa permitir a influência dos reflexos primitivos que provocam a ganância e a crueldade proveniente do instinto de conservação bastante acentuado.

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