segunda-feira, 22 de outubro de 2012

"ORAI E VIGIAI !" - A PRECE

Os católicos usam o verbo “rezar”; os evangélicos “orar” e os espíritas “fazer prece”. Todos, no entanto, se referem à mesma coisa: à expressão de um sentimento que pretende alcançar a Deus, se ditada pelo coração de quem usa esse meio.
A ciência, através de pesquisas, tem, por sua vez, mostrado o poder da eficácia da prece na interferência no estado de saúde de enfermos graves. A prece aciona uma espécie de ação magnética que podemos definir como uma influência exercida por uma pessoa na vontade de outras. Essa ação é acionada entre aquele que ora e aquele a quem ela se dirige. Poderia se pensar que o efeito da prece depende desse magnetismo, da força fluídica, daquele que ora, mas não é bem assim. Os Espíritos têm a condição de poder acionar essa ação magnética fluídica sobre os homens e em razão disso complementam, quando se faz necessário, a insuficiência daquele que ora, seja agindo diretamente “em seu próprio nome”, seja dando-lhes, naquele momento, uma força excepcional, desde que os julguem dignos dessa ajuda ou quando ela possa ser proveitosa. O poder da prece, não esqueçamos, está no pensamento, não depende nem de palavras, nem do lugar, nem do momento, nem da forma como é feita. Deus vê o íntimo dos corações, lê o pensamento e percebe a sinceridade. Allan Kardec, em seu livro “A Gênese”, capítulo 1, item 55, escreveu: "Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto.Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará." Passados quase 140 anos do lançamento dessa que é a última obra da codificação espírita, o que vemos em nosso dia-a-dia é a Ciência confirmando o Espiritismo, como o que aconteceu com pesquisa sobre os efeitos da prece na saúde das pessoas. O objetivo de uma das pesquisas era verificar se a prece intercessória, aquela feita à distância por terceiros, altera a função das células responsáveis pela defesa do organismo. Realizada pelo Laboratório de Imunologia Celular da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília, com a participação ativa de mais de 50 estudantes de medicina durante o período de 2000 a 2003, a pesquisa, segundo divulgação no final de outubro nos principais jornais do País, apresentou resultados positivos que se materializam no aumento da estabilidade celular dos indivíduos que receberam a prece. A importância desses resultados é ainda maior quando tomamos contato com a metodologia aplicada. Denominado duplo cego, o método utilizado não dá conhecimento aos participantes do projeto (e isso incluiu inclusive os pesquisadores) sobre quem recebia a prece. Além disso, foi realizado duplo controle, ou seja, havia alternância entre os grupos que funcionavam como controle. Os alunos de medicina eram as “cobaias”. Foram submetidos à avaliação clínica e psicológica e apresentaram uma foto 3x4 com seu primeiro nome. Apenas 26 tiveram as fotos entregues aos grupos de oração; os demais não receberam qualquer oração em seu benefício. No final, a constatação: as células de defesa dos alunos que não receberam prece permaneceram sem qualquer alteração. Carlos Eduardo Tosta, professor titular de Imunologia e coordenador do projeto declarou: “Quando interpretamos os dados, observamos que a prece teve o papel de induzir equilíbrio e isso faz sentido, já que, em medicina, equilíbrio é sinônimo de saúde. A prece atua sobre indivíduos sadios, influenciando o sistema imunológico”. Resultados semelhantes foram obtidos em estudo pioneiro realizado no ano de 1988, no Hospital Geral de São Francisco, na Califórnia. Lá, foi possível comprovar que os pacientes que receberam preces apresentaram significativas melhoras, necessitando inclusive de menor quantidade de medicamentos. Temos aqui a confirmação científica daquilo que diz o Espiritismo sobre a prece, sua ação e importância. E aí entendemos que mesmo passados 152 anos do lançamento de O Livro dos Espíritos, o Espiritismo ainda é uma doutrina de vanguarda, que cumpre seus objetivos ao revelar à Humanidade as relações existentes entre o mundo físico e o mundo espiritual. A prece é uma ação presente na vida da Humanidade e em todas as religiões, doutrinas, seitas. Para nós espíritas, ela se reveste de características especiais, pois “a par da medicação ordinária, elaborada pela Ciência, o magnetismo nos dá a conhecer o poder da ação fluídica e o Espiritismo nos revela outra força poderosa na mediunidade curadora e a influência da prece”. Poderíamos dizer que a prece é uma projeção do pensamento, a partir do qual irá se estabelecer uma corrente fluídica cuja intensidade dependerá do teor vibratório de quem ora, e nisto reside o seu poder e o seu alcance, pois nesta relação fluídica o homem atrai para si a ajuda dos Espíritos Superiores a lhe inspirar bons pensamentos. Por que pensamentos? Porque eles são a origem da quase totalidade de nossas ações. Primeiro pensamos, depois agimos. Poderíamos dizer também que a prece é uma invocação e que por meio dela pomos o pensamento em contato com o ente a quem nos dirigimos. Pode-se orar para si ou para outrem. O Espiritismo faz compreender a ação da prece explicando o processo da transmissão do pensamento: quer o ser por quem se ora venha ao nosso chamado, quer o nosso pensamento chegue até ele. Para compreender o que se passa nessa circunstância, convêm considerar todos os seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no mesmo fluido universal que ocupa o espaço, como neste planeta estamos nós na atmosfera. O ar é o veículo do som com a diferença que as vibrações do ar são circunscritas ao planeta Terra, ao passo que as do fluido universal se estendem ao infinito. Então, logo que o pensamento é dirigido para um ser qualquer na Terra ou no espaço, de encarnado a desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece de um para o outro, transmitindo o pensamento, como o ar transmite o som. A energia da corrente está na razão da energia do pensamento e da vontade. É por esse meio que a prece é ouvida pelos espíritos onde quer que estejam; que eles se comunicam entre si; que nos transmitem as suas inspirações; que as relações se estabelecem à distância, etc. Esta é sua visão científica. Pela prece podemos fazer três coisas louvar, pedir e agradecer (LE, 659). Mas o que isso significa exatamente? • Louvar é enaltecer os desígnios de Deus sobre todas as coisas, aceitando-O como Ser Supremo, causa primária de tudo o que existe, bendizendo-Lhe o nome. • Pedir é recorrer ao Pai Todo-Poderoso em busca de luz, equilíbrio, forças, paciência, discernimento e coragem para lutar contra as forças do mal; enfim, tudo, desde que não se contrarie a lei de amor que rege e sustenta a Harmonia Universal. • Agradecer é reconhecer as inúmeras bênçãos recebidas, ainda que em diferentes graus de entendimento e aceitação: a alegria, a fé, a bênção do trabalho, a oportunidade de servir, a esperança, a família, os amigos, a dádiva da vida. As preces devem ser feitas diretamente ao Criador, mas também pode ser-lhe endereçada por intermédio dos bons Espíritos, que são os Seus mensageiros e executores da Sua vontade. Quando se ora a outros seres além de Deus, é simplesmente como a intermediários ou intercessores, pois nada se pode obter sem a vontade de Deus. A prece torna o homem melhor porque aquele que faz preces com fervor e confiança se torna mais forte contra as tentações do mal, e Deus lhe envia bons Espíritos para o assistir (LE 660). O essencial é orar com sinceridade e aceitar os próprios defeitos, porque a prece não redime as faltas cometidas; aquele que pede a Deus perdão pelos seus erros, só o obtêm mudando sua conduta na prática do bem. Deste modo, as boas ações são a melhor prece, e por isso os atos valem mais do que as palavras. Através da prece pode-se ainda fazer o bem aos semelhantes, porque o Espírito que ora, atuando pela vontade de praticar o bem, atrai a influência de Espíritos mais evoluídos que se associam ao bem que se deseja fazer. Entretanto, a prece não pode mudar a natureza das provas pelas quais o homem tem que passar, ou até mesmo desviar-lhe seu curso, e isto porque elas (..)estão nas mãos de Deus e há as que devem ser suportadas até o fim, mas Deus leva sempre em conta a resignação. Deve-se considerar, também, que nem sempre aquilo que o homem implora corresponde ao que realmente lhe convém, tendo em vista sua felicidade futura. Deus, em Sua onisciência e suprema bondade, deixa de atender ao que lhe seria prejudicial. Todavia, as súplicas justas são atendidas mais vezes do que supomos, podendo a resposta a uma prece vir por meios indiretos ou por meios de idéias com as quais saímos das dificuldades. A prece em favor dos desencarnados não muda os desígnios de Deus a seu respeito; contudo, o Espírito pelo qual se ora experimenta alívio e conforto ao receber o influxo amoroso dos entes que compartilham de suas dores. Além do mais, o efeito benéfico da prece sobre o desencarnado é tal, que pode levá-lo à conscientização das faltas cometidas e ao desejo de fazer o bem: É nesse sentido que se pode abreviar a sua pena, se do seu lado ele contribui com a sua boa vontade. Esse desejo de melhora, excitado pela prece, atrai para o Espírito sofredor os Espíritos melhores que vêm esclarecê-lo, consolá-lo e dar-lhe esperanças (LE, 664).

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