domingo, 12 de janeiro de 2014

SOMATIZAÇÃO -

A hipófise é uma glândula que possui ligação com a região do hipotálamo no cérebro, é a responsável pelo mecanismo que desencadeia a doença, uma vez que ela produz hormônios que controlam todas as funções do organismo. As emoções e sentimentos mais fortes são percebidos pelo hipotálamo, estas emoções alteram as funções do hipotálamo e sua conexão com a hipófise. As doenças respiratórias, de pele, circulatórias e gastrointestinais causadas ou agravadas pela tensão nervosa são resultados desta alteração. Sendo assim, pode-se dizer que as doenças psicossomáticas têm componente psíquico, a manifestação de doenças orgânicas é ocasionada por problemas emocionais. Os problemas emocionais dão origem à somatização. Somatização diz respeito aqueles sintomas físicos que a medicina não consegue explicar a origem e nem constituem um quadro clínico específico, mas a psicologia entende, pois são de origem emocional. Estes sintomas tem sua origem nos pensamentos disfuncionais e emoções fortes que abalam o sistema psíquico. Por exemplo, uma pessoa está andando pela calçada quando começa a sentir falta de ar. Ela tenta continuar sua caminhada, mas o coração dispara, sente uma forte urgência em ir ao banheiro e sua cabeça não consegue ter pensamentos claros sobre o que está acontecendo, ela só sabe que quer sair correndo dali e procurar um pronto socorro, pois está com uma forte taquicardia. Chegando lá os médicos não encontram nada que possa explicar tudo isso e muitas vezes não identificam a falta de ar, pois percebem a pessoa respirando normalmente apesar dela declarar que não consegue respirar. Conclusão final: Síndrome do Pânico. Muitos sintomas orgânicos, mas a causa é a ansiedade que subitamente chegou a níveis altíssimos. E por que isso acontece? Normalmente por ansiedade não tratada, e muitas vezes esta ansiedade não é percebida. Muitas pessoas que dizem que não são nada ansiosas, mas falam isso com a voz ofegante e tão rápido, com tantos elementos ao mesmo tempo e sem permitir que outra pessoa participe da conversa pois emendam um assunto no outro. Ela é patologicamente ansiosa e não sabe. A palavra psicossomática, na visão dos profissionais de saúde que compreendem o ser humano de forma integral, não pode ser compreendida como um adjetivo para alguns tipos de sintomas, pois tanto a medicina quanto a psicologia estão percebendo que não existe separação entre mente, corpo, alma e espírito que transitam nos contextos sociais, familiares, profissionais e relacionais. Então, psicossomática é uma palavra substantiva que pode ser empregada para qualquer tipo de sintoma, seja ele físico, emocional, psíquico, espiritual, profissional, relacional, comportamental, social ou familiar. Por isso, na visão junguiana ou da psicologia integral, todo sintoma é psicossomático e pode ser um meio para que o processo do autoconhecimento possa acontecer e, por isso mesmo, Hipócrates, o pai da medicina, no seu aforismo já citava: "Homem, conheça-te a si mesmo, para poder conhecer os deuses e reconhecer o Deus que habita em ti". Então, qualquer sintoma ou queixa pode ser entendido como uma manifestação psicossomática, além de ser uma janela de oportunidade para o autoconhecimento! O termo também pode ser compreendido, tal como descreve Mello Filho[1], como "uma ideologia sobre a saúde, o adoecer e sobre as práticas de saúde, é um campo de pesquisas sobre estes fatos e, ao mesmo tempo, uma prática, a prática de uma medicina integral". Passou por séculos de elaboração até ser definida pela primeira vez por Heinroth (psicossomática, 1918 e somatopsíquica, 1928). A Psicossomática evoluiu das investigações psicanalíticas que contribuem para o campo com informações acerca da origem inconsciente das doenças, a vantagem que o indivíduo obtém, mesmo que indiretamente, quando adoece, etc. Em seguida dos estudos behavioristas com homens e animais. Atualmente a psicossomática tem se desenvolvido segundo uma ótica multidisciplinar promovendo a interação de vários profissionais de saúde, dentre eles, médicos, fisioterapeutas e psicólogos. Literalmente e redutivamente, alguns profissionais de saúde ainda fazem a distinção entre as doenças psicossomáticas e outras de fatores genéticos, acidentais, ambientais ou orgânicos e, neste caso limitam as manifestações psicossomáticas exclusivamente nas alterações com causas de origem psicológicas. Aceitando que a mente, por não conseguir resolver ou conviver com um determinado conflito emocional, passa a produzir mecanismos de defesa com o propósito de deslocar a dificuldade e/ou "ameaça" psíquica para o corpo. Com isso, acaba drenando, na forma de doença e seus respectivos sintomas, o afeto doloroso. Neste sentido, entre várias doenças aceitas como psicossomáticas podemos citar: Artrite Câncer e todos os tipos de doenças auto-imunes Manchas no corpo Úlcera Asma Praticamente todos os transtornos de pele Alergias variadas Rinites Impotência sexual Muitas disfunções oftálmicas Hipertensão arterial Fibromialgia O surgimento dos sintomas, no entanto, depende e varia dependendo de três fatores interdependentes: Qualidade de vida, incluindo hábitos alimentares, atividades físicas, sedentarismo, etc. Herança genética, que pode deixar os indivíduos mais predispostos para desenvolverem alguns tipos de doenças. Fatores psicoafetivos de acordo com o manejo das emoções, dos traumas e dos sentimentos de abandono, rejeição, inclusão, culpa, etc. Quais são os sinais que a pessoa apresenta? Depois de ir ao médico por sentir dores, taquicardia, falta de ar, alterações na digestão, sudorese, etc. e sair de lá sem que o médico saiba o que esta pessoa tem, devemos investigar a possibilidade de estar somatizando e tratar as causas emocionais. O que leva a pessoa a isso? Preocupação elevada. Falta de percepção de capacidade em resolver questões complicadas do dia a dia. Traumas causados por situações anteriores de vida onde a pessoa se percebeu acuada e sem recursos. Como evitar esse tipo de problema? Mantendo a cabeça livre de distorções perceptivas que levam a pessoa a pensamentos disfuncionais e consequentemente a picos de ansiedade. A psicoterapia pode ajudar a identificar o que ocorreu com a pessoa e como está funcionando (ou melhor dizendo “não funcionando”) e quais técnicas aplicar para que os pensamentos disfuncionais sejam diluídos. Se estamos convivendo diariamente com uma situação que nos desagrada e nos deixa ansiosos, como um chefe hostil, colegas não cooperativos ou desleais, um trabalho árduo, um familiar doente, um problema financeiro, um congestionamento no trânsito, um ambiente social desconfortável, uma separação conjugal, um relacionamento amoroso inseguro, excesso de responsabilidades, entre tantas outras, podemos concluir que estamos sendo submetidos a uma duradoura ação do estresse sobre o organismo. O corpo por sua vez, após passar por constantes esforços de adaptação, pode chegar ao esgotamento. A partir daí pode-se iniciar o processo de somatização, que nada mais é do que a tendência de transferir para o corpo e manifestar em forma de sintomas ou doenças, as situações conflitantes do dia-a-dia. Algumas pessoas sentem opressão no peito ou dores de cabeça, podendo apresentar aumento da pressão arterial; outras manifestam sintomas gastrointestinais como dores estomacais, diarreias, vômitos ou intestino preso; algumas ainda apresentam dores musculares, devido à tensão; além de muitos outros sintomas que podem surgir pela somatização do estresse. Quando somos submetidos a uma nova situação, seja ela de natureza física ou psíquica, o nosso organismo responde através do estresse, como forma de nos adaptarmos a esta mudança. Apesar do estresse contribuir para nossa sobrevivência, já que oferece meios para que o nosso corpo fique em posição de alerta e se prepare para fugir ou enfrentar o perigo, nos dias de hoje ficamos excessivamente ansiosos e preocupados a todo momento. O estresse surge quando nos deparamos com uma situação geradora de insegurança ou de ameaça. E nossa vida atual é cheia de momentos de ansiedade devido aos desafios do trabalho, da vida familiar, da vida em sociedade, dos relacionamentos amorosos. Além disso, esse sentimento também pode surgir quando temos medo de enfrentar algo novo, insegurança em tomar decisões, preocupação com o futuro e as mais diversas circunstâncias que temos que enfrentar. O nosso organismo reage a todas essas situações, com maior ou menor intensidade, de acordo com as características individuais e a capacidade de adaptação de cada um de nós. O nosso corpo, ao tentar se adaptar aos constantes momentos de tensão e ansiedade, libera descargas hormonais, que embora possam ser menos intensas, ocorrem com maior frequência. É exatamente devido a esses habituais estados ansiosos que surge a somatização. Se passarmos por uma situação estressante e logo conseguirmos nos livrar daquilo, o organismo se adapta e tudo volta ao normal. Mas se o estresse permanece por mais tempo, por não nos livramos do que o ocasionou, aí mora o perigo. Quando falamos em somatização, significa que há uma queixa física, mas o aparecimento da dor ou de outro sintoma pode não ser detectado nos exames clínicos, pois surgiram ou são mantidos por força das emoções. Os sintomas expressam conflitos reprimidos e, de acordo com a psicossomática, esta é uma forma simbólica do corpo se comunicar. Para resolver esse conflito, a melhor coisa a fazer é manter o bom humor diante dos pequenos problemas do dia-a-dia e procurar não permanecer por muito tempo em situações que nos desagradam. Como na maioria das vezes não podemos mudar situações externas, sempre nos resta mudar nossa maneira de encarar os conflitos. O corpo possui suas próprias defesas, ou seja, ele manifesta, coloca para fora as emoções que às vezes a pessoa tenta esconder por meio de tremor, dores de barriga, gestos e travamento de dentes. Por isso, vale lembrar: nada de ira, nada de pressa, nada de receio, nada de tristeza. É oportuno lembrar que existem algumas pessoas que desenvolvem a chamada de Síndrome da Insatisfação Crônica. Ela acomete mais pessoas do que podemos imaginar. A síndrome da insatisfação nos dá uma sensação de que nada na nossa vida dá certo, nada se encaixa, que podemos e merecemos ter muito mais que temos vivenciado. Nada é suficiente, nada basta. O amor nunca é tão intenso e verdadeiro como deveria, a profissão nunca satisfaz como deveria, os amigos nunca são tão presentes como deveriam, a família não nos entende, o sistema está contra nós, etc. Remamos contra a maré e nos perdemos, nos consumimos em insatisfação. Nem a natureza consegue agradar a essas pessoas: se chove, se irrita, se faz sol reclama do calor. Ela se incomoda com absolutamente tudo e todos. Como poderemos estar bem com o outro, com o trabalho, com o sistema, com a família se não estamos bem com nós mesmos? Como cobrar do mundo uma resposta para a qual não temos a pergunta ? "Eu estive em todos os lugares e só me encontrei em mim mesmo", disse sabiamente John Lennon. Não precisamos colocar uma mochila nas costas, atravessar oceanos e caminhos em busca de.. de que? Buscamos, no final das contas, por nós mesmos. É dentro de nós que moram as respostas que trarão a direção e o sentido de viver. É preciso que volte-se para si e procure entender a sua alma. Sozinha ou com a ajuda de uma terapia. Depois de se descobrir e se compreender, encontrará coragem para escolher e aceitar um caminho. E sua viagem pelo mundo será muito mais enriquecedora e prazerosa - se até lá ainda entender que quer fazê-la - porque então será uma escolha e não uma fuga.

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