terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

QUANDO A MORTE CHEGA CEDO -

Acostumados e ainda convencidos de que a morte é natural para os mais velhos, a interrogação aparece na testa de muitos, quando um jovem se vai: como alguém tão jovem, com um futuro promissor, morre tão cedo? Os bons e os jovens morrem cedo é o comentário mais comum. Precisamos, pois, aprender mais para compreender melhor, quando na vida nos deparamos com fatos que nos deixam sem resposta ou sem argumentos. Ultimamente temos sabido de mortes de pessoas conhecidas, através de outras pessoas ou dos meios de comunicação, sobretudo através da internet. E continuamos despreparados em relação à morte. A nossa e a dos outros. Daí não sabermos como aliviar a dor do que supomos ser uma perda. Eu, particularmente, me preocupo mais com quem ficou do que com quem partiu. Apesar de ser extremamente dolorosa a perda de um pai, de uma mãe, de um irmão, de um parente qualquer, a perda de um filho é inigualável, sobretudo para os pais, especialmente para a mãe. E o que dizer para essas pessoas? Que resta a elas pensar nele sempre com carinho e enviar vibrações de luz e amor eterno, através do pensamento. Esse é, sem dúvida, o melhor dos conselhos para alguém que passou por essa experiência. Apenas quem já perdeu um filho pode descrever a dor que se sente neste momento tão doloroso. É como se o mundo girasse ao seu redor, você pensa estar vivendo um pesadelo e que, ao acordar, tudo voltará ao normal. Mas a realidade se mantém e você não entende o porquê de estar acontecendo tudo aquilo. Chega a duvidar da justiça divina e as perguntas constantes permanecem: Por que meu filho se foi tão jovem, cheio de vida, com um futuro promissor? Por que eu não fui em seu lugar? As indagações são muitas, mas a resposta só vem com o tempo. A família tem que estar muito unida em um momento como esse. A religião é um bálsamo para a dor que, em certos dias, parece ser infinita. Temos que ser fortes e acreditar que nada acontece por acaso. A revolta e o descrédito em Deus não são justos. Há momentos na vida em que precisamos passar por determinadas experiências, para que possamos ter uma visão de vida diferente da que temos atualmente. O desencarne de uma criança, por exemplo, comove até as pessoas que mal conhecemos. Segundo Richard Simonetti , "O problema maior é a teia de retenção formada com intensidade, porquanto a morte de uma criança provoca grande comoção, até mesmo em pessoas não ligadas a ela diretamente. Símbolo da pureza e da inocência, alegria do presente e promessa para o futuro, o pequeno ser resume as esperanças dos adultos, que se recusam a encarar a perspectiva de uma separação". Você precisa compreender que as lamentações, o choro e a fixação no ente querido que desencarnou prejudicam sua reabilitação no plano espiritual, fazendo com que ele sofra vendo tamanho desespero de seus familiares. A oração é o melhor remédio para todos. Pedir a Deus que proteja e auxilie seu filho no plano espiritual é a maneira correta de lhe fazer o bem. Reviver a tragédia que ocorreu no plano terrestre pode ser um martírio, pois, no plano espiritual, há toda uma equipe de trabalhadores dando o suporte necessário ao desligamento do espírito do aparelho físico. Além do mais, conforme explica Simonetti, "o desencarne na infância, mesmo em circunstâncias trágicas, é bem mais tranquilo, porquanto nessa fase o espírito permanece em estado de dormência e desperta lentamente para a existência terrestre. Somente a partir da adolescência é que entrará na plena posse de suas faculdades". "Por que a vida freqüentemente é interrompida na infância"? Perguntou Allan Kardec aos espíritos. A resposta dos espíritos é a seguinte: "A duração da vida de uma criança pode ser, para o espírito que está nela encarnado, o complemento de uma existência interrompida antes de seu termo marcado e sua morte, no mais das vezes, é uma prova ou uma expiação para os pais". Ernesto Bozzano, em Enigmas da Psicometria, escreve que não são desconhecidos os casos de mortes infantis nos quais o espírito já tenha progredido bastante para suprimir uma provação, mergulhando na Terra só com a finalidade de se revestir de elementos fluídicos indispensáveis ao perispírito desejoso de se preparar para a próxima reencarnação. Com o tempo, você vai encontrando respostas para suas indagações. A lembrança daquele filho que se foi talvez nunca saia de sua mente, mas sempre que pensar nele, pense com carinho, enviando boas vibrações, para que, onde ele se encontrar, possa sentir todo o amor que você sente e envia para ele. Em entrevista publicada na edição nº 11 da Revista Cristã de Espiritismo, Mauro Operti, quando perguntado sobre que mensagem daria às pessoas que perderam seus entes queridos e acreditam que nunca mais irão encontrá-los, respondeu: "Para estas pessoas eu diria que Deus não cometeria esta maldade de separar definitivamente dois seres que se amam. A essência da vida é o outro. Por que Deus juntaria num breve tempo de uma existência duas criaturas que se sentem felizes de estar juntas e depois as separaria pela eternidade? A certeza da sobrevivência que a prática espírita garante às criaturas está acompanhada da certeza da reunião daqueles que se amam depois da perda do corpo físico. Esta é a maior consolação que poderíamos desejar, mas não é só uma consolação piedosa, é uma certeza proveniente da vivência que, aos poucos, vai nos tornando mais seguros e menos propensos às crises de ansiedade e aflição que são tão comuns às pessoas hoje em dia. Temos certeza e sabemos, não apenas acreditamos". Compreenda que, muitas vezes, os seres que você chora e que vai procurar no cemitério estão ao seu lado. Eles vêm velar por vocês: aqueles que foram o amparo da sua juventude, que embalaram vocês nos braços, os amigos, companheiros das suas alegrias e das suas dores, bem como todas as formas, todos os meigos fantasmas dos seres que vocês encontraram no caminho de vocês, os quais participaram da sua existência e levaram consigo alguma coisa de vocês mesmos, da alma e do coração de vocês. Ao redor de vocês flutua a multidão dos homens que se sumiram na morte, multidão confusa, que revive, que chama por vocês e mostra o caminho que vocês têm de percorrer. Morrer nada mais é do que encerrar o ciclo biológico, libertando o espírito para a continuação da vida em outros campos vibratórios, além da dimensão física. A morte biológica é, pois, a interrupção do fluxo vital que mantém os órgãos físicos em funcionamento. Ela serve para libertar o Espírito temporariamente aí aprisionado, a fim de que prossiga no processo de evolução, no rumo da plenitude ou Reino dos Céus. A morte, inegavelmente, é a única certeza da vida e está enquadrada nos acontecimentos normais da existência de todo mundo. A todo instante, partem jovens e velhos, sadios e enfermos, ricos e pobres, brancos e negros, crentes ou descrentes. Partem como se a hora fora chegado e como se nossa lógica baseada no tempo cronológico não fizesse sentido. Pode-se morrer depois de um longo tempo, como se pode morrer cedo, jovem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário