domingo, 1 de dezembro de 2013

O SENTIDO ESPIRITUAL DA VIDA -

Desde o momento em que começamos nossa experiência neste mundo até o momento de nossa saída dele, nós experimentamos um sentimento de desamparo. Todos nós temos naturalmente a necessidade de proteção e vivemos constantemente em busca de explicações que possam nos dar respostas a três perguntas: Quem sou? De onde vim? Para onde vou? Vivemos constantemente em busca do sentido da vida e precisamos saber que cada estágio de nossa existência inclui a realização de sua própria espiritualidade. Cada dia é uma oportunidade única para sentirmos o pulsar da vida e para agradecer ao Criador do Universo pelas sucessivas oportunidades de aperfeiçoamento em corpos diferentes. Espero que você não mais viva na dúvida em relação as nossas sucessivas idas e vindas, através da bênção da reencarnação. Isso significa que saímos da carne, com nossa morte, e voltamos para outro corpo para nova experiência, depois de algum tempo no mundo espiritual, até que alcancemos a perfeição. Inicialmente, para que você possa avançar no desenvolvimento espiritual, precisa se aceitar, se acolher como é. Ou você se aceita como é ou viverá constantemente em luta contra si mesmo. A paz em você também é conseqüência de estar em paz consigo mesmo, de se aceitar como você é. Você existe e é um projeto de Deus. Precisa, portanto, gostar de morar na casa que é o seu corpo, para que possa acolher também as outras pessoas. Espiritualidade não é algo para depois da morte, mas é algo para desenvolvermos a partir dessa nossa existência. É algo para aqui e agora. Lembremos que desenvolvimento espiritual é nada mais nada menos do que a conquista de certos sentimentos constantemente apontados por Jesus Cristo, em seu Evangelho. Segundo Leonardo Boff, um teólogo católico, ex-padre franciscano e escritor, “Espiritualidade diz respeito às qualidades do espírito humano: solidariedade, tolerância, amor, perdão, compaixão, compreensão, indulgência, caridade... Espiritualidade é o modo de ser da pessoa e não apenas um momento de sua vida. É a busca do sentido para o próprio existir; para a própria vida. Espiritualidade é aquilo que produz no ser humano uma mudança interior.” O sentido espiritual da vida faz com que nós nos tornemos mais compreensivos para com as outras pessoas: para com as crianças, para com os adolescentes, para com os adultos e para com os mais velhos. Falemos de Espiritualidade na terceira idade. Sei que muitas pessoas que me ouvem nesse momento já se encontram nessa fase da vida e os que não se encontram, uma dia vivenciarão, com a graça de Deus. Espiritualidade na terceira idade dá o tom de uma velhice tranquila e saudável, se você cultiva a fé. É através da fé que acreditamos na valorização do nosso ser; é através da fé que irradiamos alegria pelo dom da vida; é igualmente pela fé que garantimos “vida aos anos”, nas palavras de um médico geriatra, chamado Dr. João Filho. A espiritualidade na terceira idade tem características bem próprias. É o tempo de celebrar, relacionar, contemplar, aceitas os próprios limites... Aqueles que estão sob nossos cuidados podemos ajudá-los e estimulá-los a cultivarem a consciência de que eles têm um papel importante, que eles têm muito a passar às jovens gerações. Estimulá-los a se perguntarem não tanto sobre o que fizeram de sua vida, mas sobre o que farão com a vida que lhes resta. Ajudá-los a manterem sua mente ativa, ocupada com projetos adequados às suas condições de vida e tempo. Leituras, viagens, estudos são coisas muito receitadas pelos médicos geriatras. Os que se encontram na terceira idade precisam fazer da vida vivida uma oração de louvor e agradecimento e do momento presente a oportunidade de viver a fé e a esperança para que o futura seja de serenidade e paz. Ora, a Espiritualidade é uma atividade do espírito. E aí, surge a pergunta: Como cuidar deste espírito? O cuidado com o espírito implica colocar os compromissos éticos acima dos interesses pessoais ou coletivos. É cuidar dos valores que dão rumo à nossa vida e das significações que geram esperança. Nossa dimensão espiritual vive da gratuidade, da disponibilidade, da ternura, da escuta da realidade e da contemplação. Num mundo preocupado com o desempenho e as realizações pessoais, é necessário insistir na SOLIDARIEDADE. No mundo apressado é preciso definir e viver o ESSENCIAL. No mundo aturdido pelo ruído é preciso cultivar o SILÊNCIO. No mundo obsecado pelo dinheiro, despertar o sentido de DESAPEGO, DOAÇÃO e de GRATUIDADE. Num mundo considerado da comunicação, desenvolver o RELACIONAMENTO. A espiritualidade não se mede por quantidade de orações, por volume, por números, por estatística. A verdadeira espiritualidade fundamenta as atitudes na FÉ e na ESPERANÇA que nos levam a olhar para a frente com otimismo e alegria, buscando vencer as dificuldades. A Espiritualidade vive da gratuidade e da disponibilidade, vive da capacidade de enternecimento e de compaixão, vive da honradez em face da realidade e da escuta da mensagem que vem permanentemente desta realidade. Quebra a realização de posse das coisas para estabelecer uma relação de comunhão com as coisas. Mais de que usar, contempla. A partir da experiência espiritual não há só coisas e fatos. Começa a existir a irradiação das coisas e o sentido que vem dos fatos. Começamos a compreender que ninguém entra em nossas vidas por acaso, como nada nos acontece por acaso. Tudo tem um sentido, uma razão de ser. Nas crises mais profundas, mesmo quando morre um ente querido, quando se desfaz um matrimônio, quando perdemos um filho por causa da droga, podemos sempre perguntar: Qual o significado disso tudo para mim? Que coisa, que caminho, que direção essa realidade quer me mostrar? Não basta chamar um terapeuta, não é suficiente tomar um antidepressivo e dormir horas a fio. É preciso que nos confrontemos perguntando corajosamente: Que sentido mais profundo esta realidade traz para mim? De que me purifica? Em que me faz crescer? ” Em momentos assim é fundamental a espiritualidade. É poder ver a temporalidade das coisas, a usura do tempo, e saber que não estamos vivos apenas porque ainda não morremos, mas porque a vida é uma oportunidade para crescer, para aceitar nossas canseiras, nossos limites, nosso envelhecimento e nossa mortalidade. Só assim maduraremos para outro tipo de vida, interior, espiritual, inalcançável pelo desgaste e pela morte”. A nossa aprendizagem durante uma encarnação é constante significativa: aprendemos como pessoas crianças, como pessoas adultas , como pessoas de idade madura e como pessoas. Ela é contínua porque representa uma necessidade para manter o indivíduo integrado, ativo, participativo e para que possa mantê-lo participativo e estar em sintonia com a atualidade, numa contínua busca de desenvolvimento e educação. A espiritualidade ajuda as pessoas a ser melhores e a amar as outras pessoas. Motiva as pessoas a encarar a vida com serenidade e entusiasmo. Dá sentido à vida e as inter-relações dos seres humanos. Dá equilíbrio e direção às nossas vidas; faz a gente melhorar diariamente nas nossas relações com as outras pessoas. Ela nos fortalece para enfrentar os problemas com coragem e fé e traz paz interior. Ajuda ainda a ver a vida com mais coragem e entusiasmo e a aceitar as limitações que a vida impõe com o passar dos anos e nos torna mais capazes de compreender as pessoas a saber perdoar. A espiritualidade traz mais tranquilidade, mais fé e esperança e ajuda na convivência com as outras pessoas e na valorização do outro. A Espiritualidade consiste, enfim, na busca pessoal de sentido para o próprio existir e agir. É um dom gratuito que nos é oferecido, mas que, no exercício do nosso livre arbítrio, podemos aceitar e cultivar ou não... Pela espiritualidade nos preparamos para o grande encontro, face a face, com o Pai e Mãe de infinita bondade e misericórdia, criador de todas as coisas e fonte do nosso ser. O que importa, então, é preparar-se para o grande mergulho na realidade suprema, no Deus vivo e acolhedor.

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