domingo, 11 de maio de 2014

SÓ O PERDÃO CURA A MÁGOA -

A mágoa é como a ferrugem que destrói o metal em que está incrustada. É síndrome alarmante de desequilíbrio. A presença da mágoa provoca a fixação de graves enfermidades físicas e psíquicas no organismo de quem insiste em alimentá-la. Normalmente, o sentimento de mágoa se instala nos redutos do amor próprio ferido e, paulatinamente, se desdobra em seguro processo enfermiço, que termina por vitimar aquele que a mantém. A mágoa, no início, é de fácil combate, podendo ser expulsa através da prece. Se, entretanto, a permitimos habitar os tecidos delicados do sentimento, desdobra-se em modalidades várias, para sorrateiramente apossar-se de todos os departamentos da emotividade, engendrando cânceres morais irreversíveis. Ao seu lado, instala-se, quase sempre, a aversão, que estimulam o ódio, etapa grave do processo destrutivo. A mágoa, além de desgovernar aquele que a vitaliza, emite verdadeiros dardos negativos que atingem outras vítimas desavisadas, aquelas que se fizeram as causadoras conscientes ou não do seu nascimento. Aquelas que provocaram a raiva inicial. Sua ação entorpece os canais por onde transita a esperança, impedindo a ação do consolo. Quem se sente magoado, disfarça-se habilmente, utilizando-se de argumentos bem pensados para negar-se ao perdão ou fugir ao dever do esquecimento. Muitas distonias orgânicas são o resultado do veneno da mágoa, que, gerando altas cargas tóxicas sobre a maquinaria mental, produz desequilíbrio no mecanismo psíquico com lamentáveis conseqüências nos aparelhos circulatório, digestivo, nervoso... Precisamos ficar atentos para o fato de que somos, sem dúvida, aquilo que vitalizamos pelo pensamento. Nossas ideias, nossas aspirações constituem o campo vibratório no qual transitamos e em cujas fontes nos nutrimos. Depreciando os ideais e espalhando infundadas suspeitas, a mágoa consegue isolar a pessoa ressentida, impossibilitando a cooperação dos socorros externos, procedentes de outras pessoas. O melhor meio de combatermos os malefícios da mágoa é detectarmos implacavelmente os indícios de sua presença inferior, que conspiram contra a paz íntima. O ofensor merece nossa compaixão, nunca o nosso revide. Segundo o dicionário (Dicionário Michaelis) a palavra perdão significa “conceder perdão, absorver, remitir (culpa, dívida, pena, etc), desculpar e poupar-se”. Sim! O ato de perdoar envolve tudo isso e ainda muito mais. Pesquisas e estudos vêm sendo desenvolvidos nesses últimos anos para mostrar e comprovar o poder e os benefícios do perdão. Porém, não é justo dizer que somente agora o mundo está se dando conta do poder do perdão. No aspecto científico, talvez, mas crenças e religiões já pregam a importância do perdão há muitos e muitos anos, principalmente como um ato importante para a saúde do espírito. Algum tempo atrás, uma professora de psicologia do Hope College, em Michigan, EUA, e seus colegas, fizeram uma experiência com 71 voluntários. Nela, foi pedido a eles que se lembrassem de alguma ferida antiga, algo que os tivesse feito sofrer. Nesse instante, foi registrado o aumento da pressão sanguínea, dos batimentos cardíacos e da tensão muscular, reações idênticas às que ocorrem quando as pessoas sentem raiva. E quando foi pedido que eles se imaginasse entendendo e perdoando as pessoas que lhes haviam feito mal, eles se mostraram mais calmos, e com pressão e batimentos menores. A questão principal, porém, é que o ato de perdoar não é uma das tarefas mais fáceis para nós, seres humanos. Tribos, sociedades, países, famílias e amigos já travaram e ainda travam batalhas, e verdadeiras guerras, por causa de diferenças entre as pessoas, ou devido a algum ato que desagradasse ou prejudicasse, espalhando pelo mundo ainda mais rancor e nem um pouco de paz. O perdão é uma forma de se atingir a calma e a paz, tanto com o outro quanto consigo mesmo. Precisamos nos encorajar a ter maior responsabilidade sobre nossas emoções e ações, e sermos mais realistas sobre os desafios e quedas de nossas vidas. Rancor e desesperança são particularmente perigosos para o bem-estar. A vida tem dificuldades frequentes. Precisamos de um caminho para superá-las e, assim, nos libertarmos... é para isso que existe o perdão. O perdão pode ser considerado como uma cura para doença físicas e mentais advindas de problemas emocionais ou psicológicos. Ele reduz a agitação que leva a problemas físicos. Perdoar reduz o estresse que vem de pensar em algo doloroso, mas não pode ser mudado. Ele também limita a ruminação que leva ao sentimento de impotência que reduz a capacidade de cuidar de si mesmo. O perdão é uma cura... A diminuição da ira e de mágoa vem de se vivenciar o perdão. O perdão é a experiência interior de se recuperar a paz e o bem-estar. Pode acontecer de alguém perdoar um dia, e a raiva volta depois, e isso é normal. Dessa forma, o perdão é um processo que deve ser praticado. Se você permanece falando ou pensando com rancor de alguém, então o perdão ainda não aconteceu. O momento certo para dar início ao processo do perdão é logo depois do tempo necessário para vivenciar a perda. Às vezes, a pessoa foi realmente prejudicada. O perdão não elimina esse fato; apenas o torna menos importante. O perdão implica que se pode ficar em paz mesmo tendo sofrido um mal. Não podemos escapar de todos os males. Quando se perdoa e se continua intranquilo, é porque o problema ainda persiste. O perdão reconhece o mal, mas permite que o prejudicado leve a vida em frente. O perdão pode conviver com a justiça e não impede que se faça as coisas justas ou adequadas. Você apenas não as faz de uma perspectiva rancorosa ou transtornada. Quando a pessoa se encontra num “processo” de perdoar alguém, pode acontecer dela perceber que ela mesma também tem culpa na situação e pode ter causado algum mal ao outro Muitas situações são complexas e não se pode simplesmente distinguir nelas uma pessoa boa e uma ruim, mas sim duas pessoas que criaram juntas uma situação difícil. É bom lembrar que o perdão pode ser estendido à própria pessoa e que, às vezes, o perdão implica em reconciliar um relacionamento, e outras vezes, em abrir mão desse relacionamento. A ausência de perdão causa estresse sempre que se pensa em alguém que nos feriu e com quem não fizemos as pazes. Isso prejudica o corpo e provoca emoções negativas. Aquele que persegue, ou seja, o provocador que faz gerar a mágoa, sofre desequilíbrios que desconhecemos e não é justo que nos afundemos, com ele, no fosso da sua animosidade, do nosso ódio. Seja qual for a dificuldade que nos impulsione à mágoa, procuremos reagir, mediante a renovação de propósitos, não valorizando ofensas nem considerando ofensores. A mágoa é um sentimento de dor, de tristeza em relação ao próximo, em conseqüência de uma agressão física, moral ou espiritual, e o maior prejudicado, é a pessoa que sente. Às vezes o ofensor nem sabe que ofendeu porque não houve intenção para isso. Geralmente quem tem mágoa não assume e é comum ouvirmos a frase: “ não tenho mágoa do fulano, mas também quero distância dele”, ou seja, não tem mágoa, mas não quer nem olhar para ele? Ao lembrar da pessoa, o sujeito sente imediatamente uma pontada no coração, uma tristeza, um sentimento de vingança em revide à agressão que ela sofreu, a mágoa é maléfica para todos que a possuem dentro de si. As pessoas que possuem mágoa têm mais tendência a terem depressão. As pessoas que sentem mágoas também são mais suscetíveis a desenvolverem doenças crônicas, como alteração na pressão cardiovascular, problemas psicológicos e emocionais. Pessoas que têm mágoa são pessoas de difícil convívio social e até mesmo de relacionamento, pois são pessoas fechadas e introvertidas, problema esses que podem afetar o seu convívio social com familiares, colegas de colégio, colegas de faculdade e familiares. Através do cultivo de pensamentos salutares, nos manteremos acima das viciações mentais que agasalham esse magnetismo mortífero que, infelizmente, se alastra pela Terra de hoje, pestilencial, danoso, aniquilador. Incontáveis problemas que culminam em tragédias quotidianas são decorrência da mágoa, que virulenta se firmou, gerando o nefando comércio do sofrimento desnecessário. Buscando, através da fé sincera e raciocinada, os programas da renovação interior, é fundamental apurarmos aspirações e não nos afligirmos. Quando a provocação vier, por parte do ofensor, convém acionarmos todo o nosso empenho na direção do bem. Atingidos pela incompreensão, desculpemos. Feridos nos melhores brios, perdoemos. Se meditarmos na transitoriedade do mal e na perenidade do bem, não teremos outra opção, além daquela: amar e amar sempre, impedindo que a mágoa estabeleça nas fronteiras da nossa vida as balizas da sua província infeliz.

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