domingo, 21 de setembro de 2014

AUTO ESTIMA: O AMOR QUE DEVO A MIM MESMO -

Que vantagens tem a pessoa conhecer a si mesma? A primeira delas é a realização, e consequente satisfação, que levará essa pessoa a ser mestre de si mesma e, consequentemente, a não viver sob o comendo de quem quer que seja que se atreva a ser "o capitão do seu barco ou o mestre de sua alma". Observemos ao nosso redor como há milhares de pessoas que buscam templos, igrejas e sociedades motivadas pelo desespero de não saber como conduzir suas vidas. E aí passam a ser presas fáceis de exploradores inescrupulosos que passam a aproveitar-se de sua ignorância, fruto de sua cegueira em relação a si mesmas e, consequentemente, ao mundo em torno de si mesmas. Muitos buscam esses lugares motivados pela dor da angústia de se sentirem perdidos e acuados por conviver com alguém quase completamente estranho: ele mesmo. Nunca devemos esquecer, em momento algum, que nada, nem ninguém, deve conduzir o nosso barco da vida, a nossa vida, nem tão pouco ser tido como a salvação de nossa alma. Uma segunda vantagem é, em consequência de conhecer-se, tornar-se uma pessoa melhor. Melhor para si mesma e melhor na sua convivência com os outros. Partamos do fato inicial de que só pode melhorar o que se conhece. Como poderei iniciar uma reforma em mim, se nem ao menos tenho conhecimento de quem sou, de que qualidades e limitações ou defeitos sou formado? Como você poderá iniciar uma reforma na casa em que mora, se ao menos conhece os pontos que essa casa precisa ser melhorada, ou reformada? Uma outra vantagem do autoconhecimento é que ele nos dá a possibilidade de sabermos reagir adequadamente, de forma correta, em momentos oportunos, diante de certas dificuldades que a vida nos impõe. Através do auto conhecimento, adquirimos habilidade para lidar com nossas emoções e não permitir que elas nos atropelem e nos criem o sentimento de culpa que nos resta quando ferimos alguém pela nossa incapacidade de gerenciar nossas emoções. Todos nós gostaríamos de voltar ao passado para resolver certos conflitos que ficaram pendentes ou consertar certas atitudes que nos colocaram em conflito pessoal e que, naquele momento, não agimos corretamente ou não soubemos como conduzir-nos diante daquele conflito. Se alguém, por exemplo, investe em nossa pessoa por alguma necessidade, deveríamos ser gratos; deveríamos até nos sentir honrados. Tão simples conceito é simplesmente negado no cotidiano de nossas relações. O que a realidade nos mostra é que as coisas todas se acabam, apesar de que a nossa relação com elas seja a de alguém que acredita ser elas eternas. Não esqueçamos que o para sempre sempre acaba. E quando observamos essa finitude das coisas e pessoas, o que sobra certamente é a busca inesgotável e natural em todo ser humano por compreensão, independente de sua cultura, neurose ou estado de espírito. Ou evoluímos mental e espiritualmente, ou apenas ficaremos com o avanço da medicina em prolongar por mais dez, vinte ou trinta anos alguns prazeres fisiológicos e materiais, mas também será prolongado todo nosso tédio, raiva e consternação perante a inutilidade de estruturas sociais e pessoais que vivemos criticando, mas que somos os maiores responsáveis por sua perpetuação. Podemos dividir autoconhecimento em duas partes. Na primeira parte, colocamos os elementos próprios do ser humano, independentemente da época, e, na segunda, os valores históricos que determinam suas atitudes. A alienação, indiferença e fuga das pessoas perante seu íntimo não têm um fundamento apenas político e social. Nossa era prova que a dependência é a causa máxima do medo de transpor algo. Dá-se algo reconfortante para o ser humano, e observamos o mesmo entrar em pânico perante o temor de perdê-lo. O vício há muito tempo é a tônica de nosso cotidiano, sendo que acaba causando uma enorme cegueira no sentido da vida. Como é que permitimos chegar ao ponto de temer conhecer algo, quando nossa lei básica é a finitude? Finitude significa dias de existência contados para tudo e para todos. Somos portadores de deficiência no amplo aspecto da dimensão da vida. Temos nos contentado com a repetição de atos sem sentido e a indiferença em escolher o melhor para nós mesmos. Caso não aprofundemos nossa busca interna, seremos sempre reféns, prisioneiros, de um estilo de vida imposto por aqueles que não estão nem um pouco preocupados com a nossa felicidade. Escutem agora os conselhos que nos dá o grande doutor da Igreja, Santo Agostinho: O meio prático mais eficaz para se melhorar nesta vida e resistir aos arrastamentos do mal é conhecer-se a si mesmo, como nos disse o filósofo grego, Sócrates. Sabemos de toda a sabedoria desse ensinamento, mas a dificuldade está precisamente em saber qual é o meio de conseguir isso. Podemos começar da seguinte forma. No fim do dia, interroguemos nossa consciência, passemos em revista o que fizemos e nos perguntemos se não temos faltado com o dever, se ninguém tem do que se queixar de nós. É assim que conseguiremos nos conhecer e ver o que tem modificado em nós. Aquele que, a cada noite, se lembrasse de todas as suas ações do dia e se perguntasse o que fez de bom ou de mau, orando a Deus e ao seu anjo de guarda para esclarecê-lo, adquiriria uma grande força para se aperfeiçoar porque, acreditai, Deus o assistiria. Interroguemo-nos sobre essas questões e perguntemos o que fizemos e com que objetivo agimos em determinada circunstância, se fizemos qualquer coisa que censuraríamos em outras pessoas, se fizemos uma ação que não ousaríamos confessar. Perguntemo-nos ainda isso: se agradasse a Deus me chamar nesse momento, teria eu, ao entrar no mundo dos Espíritos, onde nada é oculto, o que temer diante de alguém? Examinemos o que podemos ter feito contra Deus, depois contra nosso próximo e, por fim, contra nós mesmos. As respostas serão um repouso para nossa consciência ou a indicação de um mal que é preciso curar. Muitas faltas que cometemos passam despercebidas por nós. Interroguemos mais freqüentemente nossa consciência, e veremos quantas vezes falhamos sem perceber, por não examinar a natureza e a motivação de nossos atos. A forma interrogativa tem alguma coisa de mais preciso e objetivo do que o ensinamento do “conhece-te a ti mesmo”, que freqüentemente não aplicamos a nós mesmos. Ela exige respostas categóricas, por um sim ou um não, que não deixam alternativa; são igualmente argumentos pessoais, e pela soma das respostas, pode-se calcular a soma do bem e do mal que está em nós.

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