domingo, 9 de novembro de 2014

ACEITAR-SE A SI MESMO - (A maior parte do texto é de autoria de Lizst Rangel)

Hoje, as pessoas que possuem celular com o recurso de tirar foto de si mesmas, falam em tirar um "selfie". Palavra tem como base uma palavra inglesa “self” e que, ao contrário do que se costuma pensar, não tem qualquer relação com o ato de tirar a própria foto. A expressão inglesa pode significar, "Eu", "si mesmo", "personalidade", "natureza" e até "caráter". Sendo assim, tirar um self significa fotografar a própria imagem, porém a fotografia assim mesmo, não captará seu self. No Espiritismo, como na Psicologia, nós utilizamos esta palavra e, em albos, o self não é uma entidade estável, imutável. Ou seja, o self é um processo constante e não pode ser comparado a uma fotografia que apenas congela o momento. Para o psicólogo americano, Carl Rogers, quando se referia ao “self”, queria que o indivíduo entrasse em contato com sua identidade, iniciando assim seu autoconhecimento e de forma contínua. Por outro lado, o autoconhecimento não deve ser confundido com a tão divulgada Reforma Íntima. Reforma se faz em casa e apto, até na garagem, ou quando chega no fim de ano, resolve-se passar uma mão de tinta barata no muro e depois que chega o inverno, chove e a tinta cai, mostrando as texturas dos anos anteriores. Isto, na verdade, poderia ser comparado com as máscaras das representações sociais que o indivíduo usa. O desconforto se agrava na vida psíquica do indivíduo por ele não conseguir conciliar seu self com seu ideal. E neste mundo virtual de photoshop, o que não falta em revista masculina e em facebook, é a busca pelo self ideal. Quanto maior afastamento da própria realidade, mais gera incongruência, ou seja, discordância entre o self real e o self ideal, e consequentemente, mais o indivíduo se torna neurótico, mais se torna infantil, dificultando o seu amadurecimento psicológico. Para Rogers, o autoconhecimento só é viável quando se entra em contato com o self, sem subterfúgios ou dissimulações. Entretanto, o problema reside neste fator. O Homem não consegue ser autêntico, ou como Rogers definiria, "congruente". Para ele, pessoas congruentes são mais felizes, pois aliam o autoconceito, o que sabem de si mesmas e se aceitam como são, com o discurso e o comportamento (experiência). Veja por exemplo, as crianças, como são congruentes com o que pensam e falam (FADIMAN). Também não se deve confundir, "aceitar-se" com 'zona de conforto', 'comodismo' ou em expressar a natureza primitiva, sem a mínima "regra de civilização", como bem definiu Freud. Atualmente, este comportamento é chamado de Síndrome de Gabriela, numa referência à música “Gabriela” de Dorival Caymmi: "eu nasci assim, eu vivi assim, e sou mesmo assim, vou sempre assim, Gabrieeeela..." Já os incongruentes, negam, frequentemente, o que sentem. Isto se aplica tanto aos homens quanto às mulheres. Ciúme, por exemplo, é um sentimento que geralmente é trocado por quem o sente por outro estado emocional e recebe o nome de "cuidado" ou "zelo", porém o comportamento desconfiado, e que maltrata o ser amado não quer dizer cuidado, quer? Muitas vezes, na infância, os incongruentes foram crianças reprimidas por seus pais ou educadores. Podem tornar-se indivíduos indecisos e com baixa na autoestima, não se achando capazes para suas conquistas. Quanto maior incongruência, portanto, aumenta-se a soma de conflitos psicológicos, em especial a ambivalência, como as do tipo, "eu odeio este emprego, mas preciso dele!", ou ainda, "minha família me sufoca, mas preciso dela, porém meu desejo mesmo é o de chutar o pau da barraca..." Situações como estas, tendem a levar o indivíduo a neurotizar, aumentando a sua ansiedade, tornando-a patológica. Não se deve porém, considerar toda pessoa incongruente como sendo leviana ou consciente no que faz ou sente, pois ela pode simplesmente agir assim por falta de referencial. Eis o porquê da proposta da terapia ser centrada na Pessoa. Neste contexto, também a religião cristã teve uma negativa contribuição a dar quando ensinou ao Homem "pecador" a ser "bonzinho" na Casa de Deus, voltar a pecar durante a semana e retornar arrependido no domingo para confessar. Criaram uma sociedade de ansiosos e de hipócritas, o que gerou um emaranhado de conflitos entre ser e aparentar, mas enquanto isto, escolhemos a melhor fantasia para brincar o carnaval durante todo o ano. Isto implica também dizer que, quanto mais máscaras usamos, mais nos tornamos alienados. "Isto é o que, em nossa opinião, constitui o estado de alienação de si. O indivíduo faltou com a sinceridade consigo mesmo (Rogers apud Fadiman, p. 231). Quando, então, obrigamos alguém, ou este se sente pressionado a expressar o que não sente ou o pior, o oposto do que sente, além de se tratar de uma auto-anulação que custará caro ao seu psiquismo, neste momento surge o processo de alienação. Assim, o indivíduo criará uma falsa auto-imagem. Neste ritmo, ocorrerá o quê? Aumento da ansiedade, crises de pânico, atitudes incongruentes e além de neuróticos, podem gerar até comportamentos psicóticos. E não é assim que se comportam os psicóticos? Ou seja, quando então, ao usarem demais seus mecanismos de defesa, se fragilizam e terminam por buscar um reequilíbrio através de experiências nada saudáveis, especialmente as que foram objeto de frustração. É por isso então, que este ciclo torna-se repetitivo, viciante. Então, o caminho é entrar em contato consigo, experienciar-se, abandonar a rigidez, de forma que em suas escolhas não haja incongruência entre valores e bem estar psíquico, a fim de que seu contato com o self seja algo prazeroso, uma experiência com o seu eu, sem tirar fotografias é claro. Assim, diminuirão os conflitos, a ansiedade generalizada, os infelizes episódios de pânico, de insatisfação e frustração consigo. Aceitar-se a si mesmo é uma eleição. Aceitar-se a si mesmo é um passo fundamental no processo de adquirir uma autoestima saudável, porque vai nos permitir concentrar-nos no que amamos sobre nós mesmos e ao mesmo tempo ser conscientes do que não gostamos e começar a mudar o que é possível ser mudado. A realidade é que sempre sentimos negativismos sobre nós mesmos. Muitas pessoas passam muitos anos e até toda a vida sem se tornar consciente da sua falta de auto aceitação. Em geral elas dizem que se aceitam, mas sempre há algo que não aceitam sobre si mesmas. Esta falta de auto aceitação as mantém travadas por muitos anos. Devido a isto, também sofrem de muita tensão e estresse. Aceitar-se a si mesmo significa se sentir feliz como somos. É aceitar, apoiar e aprovar a si mesmo e a todas as nossas partes, inclusive as que não gostamos. É não julgar a nós mesmos. A melhor maneira de aceitar-nos a nós mesmos é tomar a decisão. Temos que tomar a decisão de aceitar-nos incondicionalmente: "Eu me aceito a mim mesmo incondicionalmente". O próximo passo no processo é tomar consciência. Quando tomamos consciência de que temos um problema podemos resolvê-lo. Há muitas maneiras de se tornar consciente da sua falta de auto aceitação, também há muitas áreas que nem sempre aceitamos, como nossos corpos, nossas relações, nosso trabalho, etc. Aceitar-se a si mesmo é um passo fundamental no processo de adquirir uma auto estima saudável porque vai nos permitir nos concentrar no que amamos sobre nós mesmos e ao mesmo tempo ser conscientes do que não gostamos e começar a mudar isso, se for possível. Segundo Paulo Coelho, A ENERGIA VEM DE ACEITAR-SE A SI MESMO. Não tem a menor importância o que você esconde ou mostra ao seu semelhante – porque você sabe quem é. E se não se aceita como tal, mesmo o mais profundo ensinamento filosófico será incapaz de ter qualquer efeito. Mas quem é você? Será que entende que neste momento está cercado pela eternidade, e pode usar sua energia a seu favor? Partindo do princípio que conhece suas limitações, passe também a conhecer todas as suas possibilidades, e poderá ser chamado de um guerreiro impecável. A diferença entre um guerreiro impecável e os outros, é que aquele sabe como usar a sua força. Se você anda sentindo os efeitos da insatisfação com a sua vida, pare um momento para refletir. Será que você se aceita como você é, nesse exato momento? A auto aceitação e a consequente aceitação do outro como ele é, é uma das chaves para uma vida plena. Tanto quanto o organismo vivo tem necessidade do oxigênio para continuar vivo, precisamos nos aceitar e aceitar aos outros se desejarmos descobrir o caminho para a felicidade. Aceitação significa amar a nós mesmos exatamente como somos nesse momento. E às outras pessoas, exatamente como cada uma é nesse momento. Considerando a felicidade como um estado dinâmico, encontramos na aceitação uma lei fundamental que conduz ao amor, a paz, a saúde e a todas as outras realizações. O fato é que todo mundo, independente da posição que ocupa na vida, precisa de aceitação para ser feliz. Para colocar em prática a aceitação é preciso começar pela auto aceitação. Quem não se aceita como é, não tem possibilidade de se amar. Quem não se ama fica impedido de amar a quem quer que seja. Como alguém poderia dar aquilo que não tem? A auto aceitação permite que você assuma o controle sobre o seu destino. Quando você se aceita, deixa de colocar a sua energia em desculpas, culpas, acusações e em relacionamentos infelizes. Deixa, portanto, de atrair parceiros que funcionam como “para-raios”, enquanto você projeta neles suas dificuldades e seu medo de assumir as rédeas da sua vida. A aceitação daquilo que se é abre caminho para a conquista de realizações, através do reconhecimento das próprias fraquezas e virtudes, de onde se está e de onde se deseja chegar.

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