domingo, 30 de dezembro de 2012

" JESUS, O CRISTO "

Véspera de Natal do Cristo. Falaremos, então,sobre o aniversariante mais ilustre do c calendário cristão. Publios Lentulus, governador da Judéia, predecessor de Pôncio Pilatos, assim descreveu Jesus, o Cristo de Deus: “É um homem de estatura regular. A sua cabeleira tem até as orelhas a cor das nozes maduras, e daí até os ombros tinge-se de um louro claro brilhante; divide-a uma risca ao meio à moda nazarena. A sua barba, da mesma cor da cabeleira, é encaracolada, não longa e também repartida ao meio. Os seus olhos severos tem o brilho de um raio de sol, ninguém O pode olhar em face. As suas mãos são belas como os seus braços. É belo. Sua mãe, aliás, é a mais bela das mulheres que já se viu neste país. Não é visto amiúde em público, e quando aparece apresenta-se modestissimamente vestido. Anda descalço e de cabeça descoberta. O seu porte é muito distinto. Em sua fisionomia se reflete tal doçura e tal dignidade que a gente se sente obrigada a amá-lo e temê-lo ao mesmo tempo. Muitos riem quando ao longe o enxergam; desde que, porém, se encontram em face dele, tremem e admiram-no. Toda a gente acha a sua conversação agradável e sedutora. Quando ele acusa ou verbera, inspira o temor, mas logo se põe a chorar. Até nos rigores é afável e benévolo. Diz-se que nunca ninguém o viu rir, mas muitas vezes derramar lágrimas. Se bem que nunca houvesse estudado, esse homem conhece todas as ciências. Dizem os hebreus que nunca viram um homem semelhante, nem doutrina igual à sua. Muitos crêem que ele seja Deus. Diz-se ainda que ele nunca desgostou ninguém, antes se esforça para fazer toda gente venturosa. Todos os dias se ouvem contar dele coisas maravilhosas. Numa palavra, ele ressuscita os mortos e cura os enfermos. O povo o considera um profeta, e os seus discípulos, o filho de Deus, criador do céu e da terra.”
No comentário ao nº 226 de O Livro dos Espíritos, o codificador Alan Kardec estabelece que, quanto ao estado no qual se encontram os espíritos podem ser encarnados, errantes ou puros. Acerca dos puros, dizem os espíritos superiores: "Não são errantes... Esses se encontram no seu estado definitivo." Tal é a condição espiritual de Jesus: a dos espíritos puros, ou seja, a dos espíritos que "percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria" (Ob.cit.,nº 113). Apesar de integrar o número dos que "não estão mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis", dos que "realizam a vida eterna no seio de Deus" (id. Ibid.), entre nós, por missão, o mestre encarnou-se. Conforme o nº 233 de O livro dos espíritos esclarece, "os espíritos já purificados descem aos mundos inferiores", a fim de que não estejam tais mundos "entregues a si mesmos, sem guias para dirigi-los". É bem verdade que no comentário ao nº 625 da mencionada obra, Allan Kardec apresenta Jesus como "o tipo da perfeição moral a que a humanidade pode aspirar na Terra", em quase exata conformidade com o que diz sobre os espíritos superiores, os quais, segundo ele: "Quando, por exceção, encarnam na Terra, é para cumprir missão de progresso e então nos oferecem o tipo da perfeição a que a humanidade pode aspirar neste mundo" (nº 111). Contudo, o sacrifício tipicamente missionário de um retorno à Terra, mesmo quando já não há necessidade desse tipo de experiência para evoluírem, é meritório aos espíritos superiores, do ponto de vista de sua progressão, pois não integram ainda a classe dos puros espíritos, não se encontram ainda no seu "estado definitivo". Alguns entendem que este seria o caso de Jesus de Nazaré. Ele teria atingido a perfeição, ou mesmo, um grau evolutivo mais alto entre os filhos do Homem somente após o cumprimento de sua missão, o que, alias, é sugerido pelo autor da Epístola aos hebreus, o qual entende que Jesus, por seus sacrifícios, teria passado, de `sacerdote', à condição de `sumo sacerdote' da ordem de Melquisedeque. A codificação espírita, todavia, não termina em O livro dos espíritos, começa nele. Allan Kardec desenvolveu e aprimorou o conceito espírita sobre a condição espiritual de Jesus como fez com relação a outros temas. Se não, vejamos. Já mesmo em O livro dos médiuns, obra que constitui, segundo o próprio codificador, a seqüência de O livro dos espíritos, Allan Kardec passou a classificar Jesus como espírito puro. Na nota que escreve à dissertação IX do cap. XXXI, distingue, com absoluta clareza "os espíritos verdadeiramente superiores" daquele que representa "o espírito puro por excelência", por desvelada menção a Jesus Cristo. Ora, Allan Kardec diz que tais espíritos, mesmo superiores, não têm as qualidades do Cristo; de novo estabelece, portanto, diferença entre Jesus e os espíritos superiores, como fez em O livro dos médiuns, na aludida nota à dissertação IX do cap. XXXI. Segundo a revista alemã Der Spiegel o panorama estatístico de religiosos atuais do Orbe é o seguinte: Cristãos não católicos (17,0%), Cristãos católicos (16,9%), Muçulmanos (23,1%), Hindus (13,0%), Budistas (6,1%), Judeus (0,2%) e Outros (23,7%). Observa-se que 1/3 da humanidade procura seguir os ensinamentos de Jesus, e para a crença dos outros 2/3 que não "conhecem" o Cristo, apesar do mundo globalizado atual, existiram e existem outros seres luminares, porém todos foram, são e serão discípulos de Jesus. (1) Em verdade Jesus, durante milênios, enviou seus emissários para instruir povos, raças e civilizações com conhecimentos e princípios da lei natural. Além disso, há dois mil anos, veio pessoalmente ratificar os conhecimentos já existentes, deixando a Boa Nova como patrimônio para toda Humanidade. Examinando o trajeto histórico das civilizações identificamos que em todos os tempos houve missionários, fundadores de Religião, filósofos, Espíritos Superiores que aqui encarnaram, trazendo novos conhecimentos sobre as Leis Divinas ou Naturais com a finalidade de fazer progredir os habitantes da Terra. Entretanto, por mais admiráveis que tenham sido suas missões, nenhum se iguala ao Adorável Nazareno. Até mesmo porque todos eles estiveram a serviço do Mestre Incomparável, o Guia e Governador Espiritual deste mundo de expiação e provas. Kardec, na introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo escolhe dentre as cinco partes o Ensino Moral, o único que não está afeito a controvérsias, podendo inclusive unir todas as crenças em torno da sua mensagem universalista. (2) Na Terra, onde se multiplicam as conquistas da inteligência (algumas resvalam e se enterram nas valas profundas das retóricas vazias) e fazem-se mais complexos os quadros do sentimento amarfanhado no materialismo, saibamos que Ele "no campo da Humanidade [foi o único] orientador completo, irrepreensível e inquestionável, que renunciou à companhia dos anjos para viver e conviver com os homens". (3) Nos tempos áureos do Evangelho o apóstolo Pedro, mediunizado, definiu a transcendência de Jesus, revelando que Ele era "o Cristo, o Filho de Deus vivo" (4) . No século XIX o Espírito de Verdade atesta ser Ele "o Condutor e Modelo do Homem" (5). Para o célebre pedagogo e gênio de Lyon, o Cristo foi "Espírito superior da ordem mais elevada, Messias, Espírito Puro, Enviado de Deus e, finalmente, Médium de Deus."(6) Não há dúvidas que Jesus foi o Doutrinador Divino (7) e por excelência o "Médico Divino", (7) segundo André Luiz.Por sua vez, Emmanuel o denomina de "Diretor angélico do orbe e Síntese do amor divino". (9) Quando Allan Kardec questionou os Espíritos sobre quem teria sido o ser mais evoluído da Terra, recebeu uma resposta tão curta quanto profunda: "Jesus!". Sua lição é não só a pedra angular do Consolador Prometido, da Doutrina dos Espíritos, mas a régua de medida, o referencial universal com que aferiremos o nosso proceder, o nosso avanço ou o nosso recuo no processo de espiritualização que nos propusermos: a visão real do que somos no íntimo de nossa consciência e quão perto ou distante estejamos do amado Mestre Jesus que nos exorta a amarmos uns aos outros como Ele nos amou. (10) Amado por uns, odiado por outros, indiferente para muitos, Jesus deixou ensinamentos muito singelos mas profundos, ele aplicou a filosofia que difundia, desconcertando os inimigos gratuitos, granjeando apoios no povo e confundindo os restantes. Aos Espíritas sinceros cumpre não perder de vista essa realidade de suma importância - a total vinculação do Espiritismo com os ensinos de Jesus, o Cristianismo primitivo, pela base moral comum a ambos, sem desvios impostos pelo interesse dos homens.
Ele vela pela nau terrestre e Se compadece de cada um de nós, facultando-nos recomeço e paz. Cada palavra que o Mestre plasmou na atmosfera terrena dirige-se a todos nós, ontem , hoje e sempre independente de onde possamos estar ou do que fazemos. O Meigo Galileu transcende as dimensões da análise convencional e do grau de desenvolvimento científico, moral ou espiritual do maior dos nossos intelectuais, porquanto Ele já era o construtor de todo o nosso Sistema Solar, quando sequer a vida neste planeta se apresentara. Hoje, ventos da transformação sopram... Há uma certa mudança no ar. E não são apenas os apelos da sociedade de consumo. Pensa-se mais no outro, pensa-se mais em presentear o outro. É o momento em que o outro toma o lugar do eu do ano inteiro. É como se houvesse no ar um certo apelo à fraternidade, como se os mensageiros de Deus viessem lembrar aos homens sua vocação para o amor e soprassem os ventos da solidariedade, da misericórdia, tão esquecidos durante o ano. Precisamos entender que esses são os valores que compõem a moeda corrente de um reino que não é deste mundo, mas que começa neste mundo, de cujo regente comemoramos o nascimento. O reino de Jesus não é deste mundo, Ele bem o disse. Sua realeza nasceu do mérito pessoal e sobrepôs-se ao tempo. Para ter lugar neste reino é preciso abnegação, humildade, caridade em toda a sua prática cristã, e benevolência para com todos. Lá não se pergunta que posição se ocupou, mas o bem que se fez, as lágrimas que se enxugou. São os atalhos mais difíceis que nos levam para lá. “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância”. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” “Todo aquele que bebe da minha água não terá mais cede.” “Vinde a mim todos vós que vos achais fatigados e angustiados e eu vos aliviarei.” São as melhores certezas e promessas que Jesus nos afirma constantemente através dos séculos. Deus, em sua infinita paciência, continua a esperar que entendamos e escolhamos os caminhos que nos poderão levar a esse reino. Jesus sempre viveu em si mesmo os ensinamentos e conceitos salvadores passados ao homem terreno e o conteúdo do seu Evangelho é o mais avançado Código de Leis de aperfeiçoamento espiritual. Hoje, as criaturas estão tomadas pela desconfiança; duvidam da ciência que lhes dá o conforto material, mas não lhes ameniza a angústia do coração; descrêem de todas inovações sociais e educativas, que planejam um futuro brilhante mas não proporcionam a paz de espírito. No entanto, Jesus, o “mito” esquecido pela história profana, ainda é o único medicamento salvador do homem moral e psiquicamente enfermo do século atual. Só o Seu Amor e o seu Evangelho poderão amainar as paixões humanas e harmonizar os seres numa convivência pacífica e jubilosa. Ele deve ser recebido como um apelo a transformações profundas na nossa vida diária, sobretudo diante dos outros, irmãos porque acolhidos pelo mesmo Pai. A terra comemora a vinda daquele que veio reajustar os ensinamentos dos seus predecessores. “Já um pequenino se acha nascido para nós, e um filho dado a nós, e o nome com que se apelidará será Deus forte, Pai do futuro século, Príncipe de Paz. O seu império se estenderá cada vez mais e a Paz não terá fim”, anunciava o profeta Isaías, tocado pela graça do Senhor e pressentindo essa “descida vibratória” do Mestre. O Natal não é mais que a renovação do apelo dirigido a cada homem de boa vontade para que a missão daquele que foi enviado se concretize na realização do grande projeto de Deus que quer a perfeição para cada uma de suas criaturas. Viver o espírito de natal hoje é pendurar na árvore da própria vida valores apregoados pelo Cristo e que tem a força do brilho de mil luzes: o amor, a solidariedade, a misericórdia, a compaixão, a indulgência, a caridade...

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