domingo, 31 de março de 2013

AUTO ESTIMA: CONDIÇÃO PRIMEIRA PARA A FELICIDADE

Em muitas pessoas tem se formado uma “cultura de sofrimento”, muitas vezes justificada pela Lei de Causa e Efeito, espalhando a dor como situação insubstituível ao progresso. Essas pessoas, talvez por sua incapacidade para serem felizes, chegam a afirmar que a felicidade não existe e que o sofrimento é o único caminho da vida. Que o sofrimento é algo natural. Acentua-se tal teoria com a supervalorização de fantasias sobre um passado de outras vidas no qual são destacados crimes e desvarios. As conseqüências de tal enfoque podem ser sentidas no quadro de baixa auto-estima e desacordo consigo mesmo em que se encontra grande parte dos cristãos. Alimentando crenças de desmerecimento e menosprezo, mais não fazemos que cultivar um desamor por nós mesmos e impedir o nosso crescimento pessoal. O pior efeito, a pior conseqüência, de semelhante quadro psicológico é acreditar que não merecemos ser felizes, automatizando um sistema mental de cobranças intermináveis e uma autoflagelação, de autopunição, gerando situações neuróticas de perfeccionismo e puritanismo quase incontroláveis. Esquecemos que devemos às outras pessoas e também a nós mesmos a compreensão e aceitação do que somos, da maneira como somos. Esse auto-desamor é um subproduto do tradicional religiosismo que construímos no psiquismo, em séculos de superficialidade moral e espiritual, cuja imagem condicionada na vida mental foi a de que cada um de nós é um ser pecador e miserável, indigno daquele paraíso onde esperávamos refestelar-nos com as vantagens dos céus. Padres e pastores têm-nos apontado caminhos para a conquista de um pedaço do paraíso e não, como deveria ser, a conquista de nós mesmos, através do aperfeiçoamento moral, para que voltemos à pátria da espiritualidade melhores do que quando de lá viemos para essa experiência aqui na terra, nesse plano físico. Porque não aprendemos ainda o auto-amor, costumamos esperar compensações e favores do amor alheio, criando um alto nível de insegurança e dependência dos outros, pelo excessivo valor que depositamos no que eles pensam sobre nós. A auto-estima é fator determinante das atitudes humanas. Quando temos pouca auto-estima, somos sempre escravos de complexos de inferioridade atormentadores, por mais e melhores que sejam as vantagens de nossas vidas. Passamos a cultivar hábitos que visam camuflar, disfarçar supostos “males” para que os outros não os percebam.No entanto, não conseguimos sempre nos enganar usando dessa espécie de “maquiagem” e, quando tomamos consciência dela, nos tornamos revoltados, indefesos, deprimidos e ofendidos. Essa situação tem um limite suportável até certo ponto em que nossas decisões e ações começam a ser comprometidas por estranhas formas de agir e, muitas vezes, podem criar episódios neuróticos de gravidade, com estreitos limites com as psicoses. Em muitos casos, necessário é que se diga, surgem interferências espirituais, aumentando o sofrimento desses corações, acentuando-lhes o sentimento de desmerecimento, de rejeição e desânimo, levando-nos a idéias terríveis e a escolhas infelizes. Quando não nos amamos, passamos a vida querendo agradar mais aos outros que a nós, mendigando o amor alheio, já que nos julgamos insuficientes e incapazes de nos querer bem. Muitos de nós nos comportamos como se o amor não fosse um sentimento a ser aprendido e compreendido. Agimos como se ele estivesse guardado, parado em nosso mundo íntimo, e passamos a viver à espera de alguém ou de alguma coisa que possa despertá-lo do dia para a noite. Temos dado passos e até realizado alguns atos no amor, mas raras vezes, temos sabido amar a nós próprios. Precisamos conhecer a nossa parte sombria, uma vez que nem tudo em nós é luz. Existirá amor maior a si que esse de saber lidar com essas sombras interiores que tentam ofuscar nossos desejos de Luz? Precisamos aprender esse amor e nos tornarmos mais felizes. Amar nossa “sombra”, conquistando-a e transformando-a aos poucos. Isso é possível se aprendermos a tolerar nosso passado, sem as impiedosas e cruéis recriminações. Amar-nos, apesar do nosso passado de escolhas infelizes e decisões precipitadas, é fundamental para iniciarmos um recomeço de vida espiritual rumo à liberdade. Aprender o auto-amor é arar a terra mental para “ser”. Quando o conseguirmos, recuperaremos a serenidade, o estado de gratificação com a vida, a compreensão de nós mesmos, porque o sentimento será então um espelho translúcido das potencialidades excelsas depositadas em cada um de nós pela “inteligência suprema do universo”. Na base de nossas escolhas infelizes está a baixa auto-estima. É ela que nos inspira a fazer escolhas que só nos causam danos em todos os aspectos. Escolher a droga, seja ela qual for, como fonte de prazer, é um grande atestado de que não nos amamos, de que somos conduzidos por caminhos tortuosos porque não nos amamos o suficiente para buscar fontes de prazer que não tragam prejuízos para nossas vidas, que coloquem nossas vidas em risco. Quando enchemos nossas vidas com coisas ou pessoas que em nada contribuem para o nosso crescimento, que só nos causam danos os mais variados, é sinal de baixa auto-estima, de que não nos amamos o suficiente. Vivemos um sistema de compensações pela nossa falta de amor a nós mesmos. E ainda há as opiniões das outras pessoas sobre nós com as quais tantas vezes temos que lidar. Essas opiniões são valorosas e merecem ouvidos atentos, somente quando se tornam críticas construtivas. E uma crítica para ser construtiva precisa de sinceridade fraterna, “olhos nos olhos”, sentimento de solidariedade e, sobretudo, quem critica para ajudar apresenta alternativas de melhoria ou solução. Fora isso, opiniões sobre nós não passam de palavras ao vento, maledicência ou inveja.

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