domingo, 10 de março de 2013

O REAL DA FELICIDADE

O que é a felicidade, senão um estado de contentamento, a sensação de que tudo está completo, pleno. Mas, como podemos alcançar esse contentamento íntimo? Existem dois caminhos. Um consiste em conseguir tudo o que se quer e deseja – todo o dinheiro, todas as casas, os automóveis, o parceiro perfeito e o corpo perfeito. A desvantagem desse caminho está em que, se nossos desejos e vontades permanecerem desenfreados, mais cedo ou mais tarde vamos nos deparar com algo que queremos e não podemos ter. O segundo caminho, que é mais confiável, consiste em não ter tudo o que queremos mas, sim, em querer e apreciar o que temos. A felicidade que depende principalmente do prazer físico é instável. Um dia, ela está ali, no dia seguinte, pode não estar. Mas o senso comum também costuma se equivocar. É freqüente, por exemplo, a crença de que a beleza ajuda a ser feliz. 'Diante de uma mulher muito bonita, ou um homem muito bonito, a tendência é pensarmos a aparência física os ajuda a ser felizes. Outra crença comum é que ganhar na loteria resolve a vida de qualquer um. Mas uma pesquisa dos psicólogos Philip Brickman e Donald Campbell, amplamente divulgada, demonstrou que a felicidade obtida com o bilhete premiado não dura mais que alguns meses. Agora façamos a seguinte pergunta : Existe a felicidade? E quando pensamos se ela existe, normalmente trazemos uma outra: Eu sou feliz? Para a primeira podemos usar da teoria reversa com uma outra pergunta: Se a felicidade não existe, por que a procuramos incessantemente? Ora, se procuramos por algo, este algo deve existir... Para a segunda pergunta podemos usar uma variação, pequena, para começarmos de uma forma mais amena: Eu estou feliz? Podemos notar que estar traduz algo temporário e ser algo permanente. Temos que lembrar que nós estamos num mundo (planeta) que não nos oferece a felicidade plena, portanto costumamos ter momentos de felicidade... Todos os dias nos deparamos com inúmeras decisões e escolhas. E por mais que tentemos, é freqüente não escolhermos aquilo que sabemos ser “bom para nós”. Em parte, isso está relacionado ao fato de que “a escolha certa” costuma ser a difícil – aquela que envolve algum sacrifício do nosso prazer. Durante muito tempo, homens e mulheres dedicaram grande esforço à tentativa de definir o papel adequado que o prazer desempenharia na nossa vida – uma verdadeira legião de filósofos, teólogos e psicólogos, todos estudando nossa ligação com o prazer. Ora diziam que “o prazer é o início e o fim de uma vida abençoada”, ora reconheciam a importância do bom senso e da moderação, admitindo que a devoção desenfreada a prazeres sensuais poderia resultar em sofrimento. Sigmund Freud, nos anos finais do século XIX, formulou suas próprias teorias sobre o prazer. De acordo com ele, a força motivadora fundamental de todo o aparelho psíquico era o desejo de aliviar a tensão causada por impulsos instintivos não realizados. Em outras palavras, nossa motivação oculta é a busca do prazer. Nenhum de nós realmente precisa de filósofos gregos mortos, de psicanalistas do século XIX ou de cientistas do século XX para nos ajudar a entender o prazer. Nós sabemos quando o sentimos. Nós o reconhecemos no toque ou no sorriso de um ser amado, na delícia de um banho quente de banheira numa tarde fria e chuvosa, na beleza de um pôr-do-sol. Entretanto, muitos de nós também reconhecem o prazer no arroubo frenético das drogas, no êxtase do álcool, na delícia do sexo sem restrições e irresponsável. A diferença está em que esses são prazeres destrutivos e para evitá-los precisamos nos lembrar de que o que estamos procurando na vida é a felicidade. Se abordarmos nossas escolhas na vida tendo isso em mente, será mais fácil renunciar a atividades que acabem nos sendo prejudiciais, mesmo que elas nos proporcionem um prazer momentâneo. Se, em vez de associarmos a rejeição do prazer destrutivo ao “não”, “à noção de rejeitar algo”, “de desistir de algo”, “de nos negarmos algo”, formos motivados em qualquer decisão pela pergunta “Será que ela me trará felicidade?”, certamente faremos melhores escolhas. Essa simples pergunta pode ser uma poderosa ferramenta para nos ajudar a gerir com habilidade todas as áreas da nossa vida, não apenas na hora de decidir se vamos nos permitir o uso de drogas ou aquele terceiro pedaço de torta. Ela permite que as coisas sejam vistas de um novo ângulo. Lidar com nossas decisões e escolhas diárias com essa questão em mente desvia o foco daquilo que estamos nos negando para aquilo que estamos buscando – a máxima felicidade. Uma felicidade estável e persistente. Um estado de felicidade que, apesar dos altos e baixos da vida e das flutuações normais do humor, permanece como parte da própria matriz do nosso ser. A partir dessa perspectiva, é mais fácil tomar a “decisão acertada” porque estamos agindo para dar algo a nós mesmo, não para negar ou recusar algo a nós mesmos – uma atitude de movimento na direção de algo, não de afastamento, uma atitude de união com a vida, não de rejeição a ela. Essa percepção escondida de estarmos indo na direção da felicidade pode exercer um impacto profundo. Ela nos torna mais receptivos, mais abertos, para a alegria de viver.

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