domingo, 15 de junho de 2014

CULPA E AUTO-PERDÃO -

Para nos livrar do sentimento de culpa, que pode, invariavelmente, acabar em depressão, tão comum em nossos dias, precisamos fazer uma auto-análise no nosso próprio comportamento e das motivações que nos levaram a agir daquele modo. A recomendação de Santo Agostinho aqui se aplica. Despirmo-nos das lamentações, dos processos psicológicos de transferência de culpa, da autocomiseração, das condutas autopunitivas e assumirmos a responsabilidade pelos nossos próprios atos. Em seguida, é preciso que nos perdoemos. O perdão suaviza nossa consciência, predispondo-nos à reparação necessária. Precisamos de uma profunda auto-análise, um estudo de nós mesmos, desenvolver um pouco nossa maturidade psicológica e emocional, perdoarmo-nos, perdoar o outro se for preciso e a reparação. “A reparação consiste em fazer o bem aqueles a quem se havia feito o mal. (...) fazendo-se o que se deveria fazer e foi descuidado; cumprindo os deveres desprezados, as missões não executadas; praticando o bem em compensação ao mal praticado, isto é, tornando-se humilde se tem sido orgulhoso, amável se foi austero, caridoso se tem sido egoísta, benigno se tem sido perverso, trabalhador se tem sido ocioso, útil se tem sido inútil, dócil se tem sido agressivo, trocando, em suma, por bons os maus exemplos dados. E desse modo, progride o Espírito, aproveitando-se do próprio passado”. Assim nos aconselha Allan Kardec, em “O Céu e o Inferno”. Muitas doenças encontram sua origem no sentimento de culpa, geralmente inconsciente. Por exemplo, o medo exagerado que temos de ferir alguém, de assumir responsabilidades, posições de comando, etc. podem estar associadas a condutas equivocadas do passado, onde procedemos de modo irresponsável, leviano, inconsequente, quando tínhamos poder de liderança e comando e abusamos desses recursos. Estas são apenas algumas situações, dentre muitas outras. A depressão, por exemplo, pode estar vinculada à culpa que trazemos do passado, quando nossos personagens arrogantes, dominadores e insubmissos agiram de modo irresponsável e abusivo. Crimes também podem ser observados na conduta pretérita. A depressão de hoje funcionaria como um mecanismo de resgate, que, aliás, é falso. Por trás do quadro depressivo pode se encontrar, hoje, um ser revoltado por não ter as mesmas condições de vida de poder de outrora. Ou pode a depressão estar regida por uma crença inconsciente que lhe diz: “Eu não mereço ser feliz”, “Eu não nasci para ser amado”, etc. Aqui se manifesta um comportamento autopunitivo de difícil tratamento muitas vezes. A culpa o está punindo, não o libertando. Está acomodado na queixa e na lamentação (pela culpa). Mais amadurecido psicologicamente, avançaria pelo caminho do auto perdão e poderia abrir mais o coração para a vida. Nas doenças depressivas, temos muito ódio guardado no coração. A culpa tem um aspecto curioso, que é fruto da nossa imaturidade psicológica: dá-nos a ilusão de que estamos “pagando” pelos erros cometidos, ao mesmo tempo em que não fazemos nada pela real reparação, a qual nos proporcionaria, verdadeiramente, um estado de maior equilíbrio na vida. Neste particular, destaca-se o valor terapêutico do perdão em nosso processo de evolução da consciência. A culpa nos fixa em quadros de aflição e desespero, acalentados pela falsa resignação diante do sofrimento. A Doutrina Espírita e as modernas abordagens transpessoais podem nos ajudar na compreensão de todo esse processo do viver, revelando a anterioridade do Ser, onde estão as matrizes do seu desequilíbrio atual. Percebendo-se como o sujeito de suas próprias ações, entende a necessidade de uma mudança profunda nos seus padrões, liberando-se da culpa para aprender a viver com mais responsabilidade. Kardec, em código penal da vida futura, nos diz que “o arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação e a reparação. (...) Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas conseqüências”. Algumas pessoas prejudicam outras e pedem perdão, que pode ser aceito ou não; mas há algumas atitudes em que o único prejudicado é você mesmo. Se você vive apontando seu dedo indicador constantemente para seu próprio nariz, tenha muito cuidado! A culpa varia de acordo com crenças e valores que cada um traz consigo desde a infância, e que muitas vezes não corresponde mais aos valores e crenças atuais. Culpa, remorso, arrependimento, são inimigos constantes de algumas pessoas e traz junto a humilhação, vergonha, o medo e a maior consequência: a autopunição. Perdoar a si mesmo talvez seja um dos maiores desafios,pois está relacionado cm a capacidade, e também dificuldade, que cada um tem de se amar e se aceitar. As pessoas não se amam por acreditarem terem feito algo muito terrível, às vezes isso até corresponde à verdade, mas muitas vezes não. Algumas chegam ao máximo de se culparem por terem nascido e sentem-se como um grande fardo. Para compensarem essa rejeição sentida em algum momento de sua vida, passam a vida tentando mostrar aos outros o quanto são úteis, importantes, como que para provarem para si mesmas que são merecedoras da vida. Procure observar se busca aprovação e reconhecimento de pais, amigos, das pessoas em geral, se está sempre à disposição de todos, cedendo em quase tudo, pela necessidade inconsciente de agradar, ser aceito, mas que muitas vezes confunde-se com a desculpa de querer ajudar e que na verdade oculta a busca pelo amor e atenção. Perdoar a si mesmo exige uma completa honestidade e integridade para que se alcance a cura de tantos males, de tanta falta de amor por si mesmo. É um processo de reconhecer a verdade, assumir a responsabilidade pelo que fez, aprender com a experiência, reconhecer os sentimentos que motivaram determinados comportamento, abrir seu coração para si mesmo, ouvir seus medos, curar certas feridas e isso você pode conseguir sendo amoroso e responsável consigo mesmo. Você pode e deve se livrar de certos modelos de pensamentos e sentimentos. Mude o que não acredita mais, livre-se de tudo que lhe faz mal, cure a ferida que mais lhe dói, cure sua vida emocional. A verdadeira cura é fazer as pazes consigo mesmo. O pode curativo do perdão e do amor talvez seja o remédio mais poderoso que temos. E está nas mãos de cada um de nós. E você pode começar com você mesmo! Os chamados “pecadores” estão apenas vivendo experiências evolutivas. Experiências que vão torná-los melhores. O que chamamos de “imperfeição” no mundo são apenas as lições não aprendidas, que precisam ser recapitulada para que possamos melhorar nossas ações. Tudo aquilo que nos parece negativo é apenas um “caminho preparatório” para alcançarmos um bem maior e definitivo. Mesmo os comportamentos que acreditamos nos levar aos caminhos do mal não devem ser vistos como perdição eterna, mas somente escolhas erradas do nosso livre-arbítrio, que não deixam de ser experiências compensatórias e de aprimoramento a logo prazo. Cada culpa, cada pessoa, Cada pessoa, cada culpa. Use os erros e desacertos para seu crescimento interior. Aprenda com suas culpas e eleve-se para a Vida Maior. Em se tratando de culpa, cada qual deve fazer uma auto-análise, visto que a falta é sempre proporcional a cada consciência. Quando a culpa se instala em nossa vida, esse sentimento que faz nos sentir indigno, mau, ruim, trás consigo remorsos e censuras. A culpa pode ser o resultado de muita raiva guardada que se volta contra nós mesmos. Poderíamos resumir assim: Raiva + mágoas reprimidas = culpa = autopunição Esse sentimento que corrói nossa alma e que muitas vezes nos impede de sermos nós mesmos tem muitas variáveis. Mas, vamos refletir sobre alguns aspectos que nos proporcione uma maior compreensão dos motivos desse sentimento que nos faz sofrer tanto. Vamos enumerar as características de quem sente culpa: 1. Preocupação excessiva com a opinião dos outros; 2. Sente-se mal quando recebe algo, pois na verdade não se considera digno de aceitar o que os outros dão; 3. Fala repetidamente sobre o que o motivou a sentir culpa; 4. Raiva reprimida; 5. Dificuldade em assumir responsabilidade pelos próprios atos; 6. Sente-se rejeitado; 7. Busca responsáveis pelo próprio sofrimento; 8. Sente-se vítima em algumas, ou muitas, situações; 9. Geralmente se pune ficando doente, ou sendo vítima freqüente de acidentes; 10. Dificuldade em expressar os reais sentimentos; 11. Não consegue falar “não”; 12. Necessidade em agradar; 13. Vive sempre fazendo algo pelos outros e raramente para si mesmo; 14. Dificuldade em fazer algo só para si;Não consegue administrar o tempo, pois está sempre sobrecarregado; 15. Baixa auto-estima; 16. Falta de amor-próprio. Você pode se identificar com essas características ou, ainda, ter outras. O importante é reconhecer que a culpa traz muitas conseqüências em nosso modo de ser e agir. Observe como se sente, elevando, assim, seu conhecimento de si mesmo, para mudar o que lhe faz sofrer.

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