domingo, 15 de junho de 2014

ONDE DEUS OCULTOU A FELICIDADE -

Uma das coisas que mais o homem busca é a felicidade. E o que mais se ouve as criaturas afirmarem é que são infelizes. Esse é infeliz porque não tem dinheiro; aquele porque lhe falta saúde. Outro, ainda, porque o amor partiu, ou nem chegou. Um reclama da solidão; outro da família numerosa que o atormenta com mil problemas. Um terceiro aponta o excesso de trabalho; outro reclama da falta dele. Alguém ama a chuva, o vento e o frio; outro lamenta a estação invernosa que não lhe permite o gozo da praia, dos gelados e do calor do sol. Em todo esse panorama, o homem continua em busca da felicidade. Afinal, onde será que Deus ocultou a felicidade? Soberanamente sábio, Deus não colocou a felicidade no gozo dos prazeres carnais. Isso porque uma criatura precisa de outra criatura para atingir a plenitude. Assim, quem vivesse só pelos roteiros da terra não poderia encontrar a felicidade. Amoroso e bom, o Pai também não colocou a felicidade na beleza do corpo. Porque ela é efêmera. Os anos passam, as estações se sucedem e a beleza física toma outra feição. A pele aveludada, sem rugas, sem manchas, não resiste ao tempo. E os conceitos de beleza se modificam no suceder de gerações. O que ontem era exaltado, hoje não merece aplausos. Também não colocou na conquista dos louros humano, porque tudo isso é igualmente transitório. Os troféus, hoje conquistados, amanhã passarão a outras mãos, mostrando a instabilidade dos julgamentos e dos conceitos humanos. Igualmente, Deus não colocou a felicidade na saúde do corpo, que hoje se apresenta e amanhã se ausenta. Enfim, Deus, perfeito em todas as suas qualidades, não colocou a felicidade em nada que dependesse de outra pessoa, de alguma coisa externa, de um tempo ou de um lugar. Estabeleceu, sim, que a felicidade dependesse exclusivamente de cada criatura. Ela brota da sua intimidade. Depende de seu interior. Como ensinou o extraordinário Mestre Galileu: “O reino do céu está dentro de vós.” Por isso, se faz viável a felicidade na terra. Goza-a o ser que não coloca condicionamentos externos. É feliz porque ama alguém, mesmo que esse alguém não o ame. É feliz porque pode auxiliar a outrem, mesmo que não seja reconhecido. É feliz porque tem consciência de sua condição de filho de Deus, imortal, herdeiro do universo. Não se atém a picuinhas, porque tem os olhos fixos nas estrelas, nos planetas que brilham no infinito. Se tem família, é feliz porque tem pessoas para amar, guardar, amparar. Se não a tem, ama a quem se apresente carente e desamparado. Se tem saúde, utiliza os seus dias para construir o bem. Se a doença se apresenta, agradece a oportunidade do aprendizado. Nada de fora o perturba. Se as pessoas não o entendem, prossegue em sua lida, consciente de que cada qual tem direito a suas próprias idéias. Se tem um teto, é feliz por poder abrigar o outro irmão, receber amigos. Se não o tem, vive com a dignidade de quem está consciente de que nada, em verdade, nos pertence. Enfim, o homem feliz é aquele que sabe que a terra é somente um lugar de passagem; que veio de lugares distantes para cá e que, cessado o tempo, retornará a outras paragens, lares de conforto e escolas de luz. Moradas do Pai, nesse infinito universo de Deus. O homem feliz é aquele que sabe que a verdadeira felicidade reside na conquista dos tesouros imperecíveis da alma. O homem feliz assim ora a Deus, nosso Pai de infinito amor e infinita bondade:
“Deus, não consintas que eu seja o carrasco que sangra as ovelhas, Nem uma ovelha nas mãos dos algozes. Ajuda-me a dizer sempre a verdade na presença dos fortes, E jamais dizer mentiras para ganhar os aplausos dos fracos. Meu Deus! Se me deres a fortuna, não me tires a felicidade; Se me deres a força, não me tires a sensatez; Se me for dado prosperar, permita que eu não perca a modéstia, conservando apenas o orgulho da dignidade. Ajuda-me a apreciar o outro lado das coisas, para não enxergar a traição dos adversários, nem acusá-los com maior severidade do que a mim mesmo. Não me deixes ser atingido pela ilusão da glória, quando bem sucedido, e nem desesperado, quando sentir insucesso. Lembra-me que a experiência de um fracasso poderá proporcionar um progresso maior. Ó Deus! Faze-me sentir que o perdão é o maior índice da força, e que o amor à vingança é prova de fraqueza. Se me tirares a fortuna, deixa-me a esperança. Se me faltar a beleza da saúde, conforta-me com a graça da fé. E quando me ferir a ingratidão e a incompreensão dos meus semelhantes, cria em minha alma a força da desculpa e do perdão. E, finalmente, Senhor, se eu te esquecer, te rogo, mesmo assim, nunca Te esqueças de mim!”

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