domingo, 22 de setembro de 2013

FELICIDADE REALISTA - Mário Quintana

A princípio bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos. Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis. Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas. E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito. É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Ter um parceiro constante pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio. Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade. Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz, mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade. Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas. Às vezes, a saudade da amada criatura é bem melhor do que a presença dela. Uma vida não basta ser vivida. Ela precisa ser sonhada. Viver é acalentar sonhos e esperanças, fazendo da fé a nossa inspiração maior. É buscar nas pequenas coisas, uma grande motivo para ser feliz. Já trazes, ao nascer, a tua filosofia. As razões? Essas vêm posteriormente, tal como escolhes, na chapelaria, a forma que mais te assente... Por que prender a vida em conceitos e normas? O belo e o feio... o bom e o mau... dor e prazer... Tudo, afinal, são formas, e não degraus do Ser! A arte de viver é simplesmente a arte de conviver. “Simplesmente”, disse eu? Mas como é difícil! UM DIA... descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra é bobagem. Você não só não esquece a outra, como pensa muito mais nela... Descobrimos que se apaixonar, às vezes, é inevitável. Percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples. Percebemos que o comum não nos atrai. Saberemos que ser classificado como o “bonzinho” não é bom... Perceberemos que a pessoa que não liga é que mais pensa em você. Saberemos a importância da frase “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.” Percebemos que somos muito importantes para alguém mas não damos valor a isso. Percebemos como aquele amigo faz falta, mas aí já é tarde demais. Enfim… um dia descobrimos que apesar de viver quase 100 anos, esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para dizer tudo o que tem de ser dito… O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras… Que quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.

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