domingo, 8 de setembro de 2013

MAIS TOLERÂNCIA -

O intolerante não perdoa, nem mesmo atenua as falhas humanas e, por isso, falta-lhe a moderação nas apreciações para com o próximo. Vê apenas o lado errado das pessoas, o que em nada estimula o bem proceder. A fácil irritação é também um aspecto predominante do tipo intolerante. O senso de análise e de crítica é nele muito forte. Na sua maneira de ver, quem erra tem que pagar pelo que fez. Não há considerações que possam aliviar uma falta. Por que somos ainda tão intolerantes? Vemos o cisco no olho do nosso vizinho e não enxergamos a trave no nosso. Gostamos de comentar só o lado desagradável e desairoso das pessoas, e isso até nos dá prazer. Será que nessas críticas não estamos inconscientemente projetando nos outros o que mais ocultamos de nós mesmos? Não estaríamos assim salientando nas pessoas o que não temos coragem de encarar dentro de nós? A intolerância doentia é um sintoma indicativo de que algo muito sério precisa ser corrigido dentro do nosso próprio ser. Por que exigimos perfeição dos que nos rodeiam e somos complacentes com nossos abusos? Sejamos primeiro rigorosos conosco e, então, compreensivos com os outros. Mostrando o mal nos outros, ressaltamos as supostas qualidades que acreditamos ter. É manifestação de orgulho, não nos enganemos. É proceder contrário à caridade “que Jesus se empenhou tanto em combater, como o maior obstáculo ao progresso”. A censura que façamos a outra pessoa deve antes ser dirigida a nós próprios procurando indagar se não a mereceríamos. Analisemos, identifiquemos e lutemos por eliminar completamente a intolerância dos nossos hábitos. Diante da inveja, da injusta acusação, da ingratidão, da incompreensão, da injúria, da ignorância e da grosseria, resta-nos, como saída segura e cristã, exercitar a tolerância. Não poderemos nunca medir o tamanho dos problemas por que passam os que nomeamos como nossos “ofensores” e que os levam a ter tais comportamentos. Contudo, podemos com certeza entender que no íntimo de cada um deles há sofrimentos e angústias indecifráveis para as outras pessoas. Disso sabemos porquê também carregamos dificuldades ocultas. Sempre devemos nos colocar na posição de quem erra, a fim de compreendermos e perdoarmos com sinceridade. É indispensável que não esqueçamos de que aquele que hoje nos magoa pode mostrar-se para nós como grande instrumento de socorro amanhã. Quem se pretende possuir “a verdade”, ou melhor, “a certeza”, termina sendo intolerante em aceitar outros posicionamentos, se fechando a escuta de tudo que se apresente como diferente ou incompreensível ao seu esquema conceitual de fala e ação. E essa postura de “certeza” que muitos carregam traz sempre consigo uma atitude de prejulgamento e de preconceito. Diz a Madre Teresa de Calcutá que “quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las.” O fato é que nos arvoramos a ser juízes dos outros e julgar os outros quando estão tão somente tentando acertar e que, como nós, estão distantes da santidade que exigimos do outro e que ainda não desenvolvemos em nós. E os cristãos, como julgam! Como cada irmão julga o outro, como se alguns fossem detentores da salvação e pudessem manipular a verdade e manipular até Deus. Dois mil anos se passaram e ainda não aprendemos a lição do “amai-vos uns aos outros”. Pelo visto, ainda julgamos principalmente aqueles que não pensam e nem rezam segundo nossa cartilha. Quando uma pessoa emite julgamentos sobre alguém é de se esperar que tenha conhecimentos de causa e elementos para tal, que tenha uma visão mais ampla e acertada do outro e, principalmente, que tenha ao menos uma proposta melhor para oferecer no que diz respeito ao fato motivador de sua reação crítica. Quem de nós pode oferecer proposta de melhor quando se trata da felicidade do outro? Ao avaliar fria e francamente o hábito de julgar, convenhamos que não estamos habilitados nem sequer a ajuizar sobre nossas próprias intenções. Quantas e quantas vezes praticamos determinadas ações ou tomamos atitudes das quais nos arrependemos posteriormente e, perguntados por que agimos de tal maneira, respondemos com honestidade: “Não sei!”? Claro, ainda não temos sabedoria ou inteligência, justiça e equidade para podermos avaliar justamente o outro.

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