domingo, 1 de setembro de 2013

O QUE FAZEMOS DE NÓS -

A verdade à qual nenhum de nós escapa: nós somos aquilo que nós mesmos fazemos de nós, e, do outro lado da vida, um dia, nós vamos contar a nossa própria história, queiramos ou não, acreditemos ou não. Porque, para voltarmos à Terra, e voltar à Terra ainda será necessário para nós por muito tempo, já que a Terra é o hospital-escola que nos acolhe, nós vamos ter de refazer a nossa programação, vamos ter de observar tudo o que não fizemos e o que fizemos de errado. Hoje isso pode nos parecer a mais absoluta tolice, mas, amanhã, do outro lado da existência, entenderemos a gravidade de todos os nossos gestos, palavras, do silêncio, dos sonhos, das mentalizações, daquilo que pensamos embora não tenhamos falado, porque pelos nossos pensamentos também somos observados. Por isso tudo é que Jesus afirmava: “o Pai vê o que fazes em segredo.”... E Paulo de Tarso disse que somos acompanhados por uma nuvem de testemunhas invisíveis... Não é o fato de não vermos que não existe. Fora da matéria, antes de virmos para cá, para a atual experiência no corpo físico, quem sabe já não teremos sido nós também obsessores, perseguidores daqueles que amávamos e que não queríamos ver felizes sem a nossa presença. Quem sabe já não tenhamos nós também sido suicidas? Muitos de nós têm doenças não justificadas pela medicina porque se tratam de heranças de nossa experiência anterior e que estão impressas no nosso perispírito. Dor de cabeça crônica, hipertensão, cardiopatia, esquizofrenia e até certos tipos de cânceres. Muitos de nós vivem todo esse processo de escondermo-nos de nós mesmos. Muitos de nós também somos especialistas nisso: em fingir; em esquecer; em fingir que somos felizes, para não tocarmos em determinadas feridas que precisamos severamente solucionar; em fingir que respeitamos o outro, quando queremos que o outro esteja sob nossa tutela e faça somente aquilo que é conveniente e “bom” para nós... Muitas vezes nós afirmamos que nossos filhos têm toda a liberdade, que podem fazer o que quiserem, mas, se nos contrariam, sonhando algum sonho que nós não queremos que eles sonhem, então já ficamos desesperados. Mas nossos filhos também são almas que vêm do espaço, como diz o Evangelho Segundo o Espiritismo, para progredir em nossos braços. E, não nos esqueçamos, muitas vezes suas escolhas não serão aquelas que nós pretendíamos, por considerarmos serem as melhores. Emmanuel dizia, através da mediunidade de Chico Xavier, que, às vezes, um pai ia procurar orientação espiritual, querendo o filho engenheiro ou médico, mas que uma enxada, nas mãos daquele filho, ensinaria muito mais!... E, é óbvio, ninguém quer isso: queremos nossos filhos brilhando, nossos filhos, se possível, com mais de um curso em universidade... mas, às vezes, a alma vem não para ser um doutor, mas para recuperar emocionalmente aquilo que desgastou pelo caminho em vidas em que conseguiu ser um doutor, mas não soube honrar o diploma, ou a própria profissão escolhida. Todas essas pessoas que hoje vemos, muitas vezes pela televisão, como pessoas enlouquecidas, dementadas, assassinas, vingativas, pessoas tresloucadas que não perdoam, que roubam e que, naturalmente, muitas das vezes, não serão talvez capturadas pela justiça terrena, no mundo espiritual certamente estarão em um processo de loucura, e muitas delas não serão mais convidadas nem mesmo a habitarem a Terra. Irão para um planeta pior do que a Terra. Não esqueçamos que o afeto está intimamente relacionado à nossa saúde, à nossa capacidade de pensar com discernimento, e que a Medicina só avançará quando os médicos não nos virem mais apenas como um corpo, mas como um todo complexo. E é por isso que os amigos espirituais nos afirmam que, num futuro não muito distante, na Terra, os médicos terão, inclusive, acesso às nossas vidas anteriores, para que possam entender, junto conosco, o porquê de situações como a de quem nunca fumou, mas traz uma enfermidade pulmonar; a situação de quem nunca provou álcool, mas tem o fígado problemático; ou a situação de quem, por exemplo, nunca está bem, ou nunca cometeu qualquer excesso, mas traz insuficiência renal inexplicável... Somos o passado em forma de presente. Somos, sim, o passado em forma de presente! E precisamos trabalhar sempre pela nossa recuperação, vivemos para isso, não para ocultarmos o nosso passado, mas para transformá-lo, porque fomos criados por Deus, para a beleza e perfeição que nós vamos alcançar de alguma forma, um dia. Se não entendermos isso e não começarmos de imediato, estaremos apenas adiando, com atitudes menos dignas e nobres, a chegada triunfal do nosso coração totalmente belo e digno à verdadeira morada de todos nós. Não adianta pensarmos que depois da morte estaremos dormindo à espera do julgamento. O que haverá lá, na verdade, é trabalho, porque nós vamos passar a ajudar aqueles que ainda estão no caminho, como hoje nos ajudam os mentores espirituais, aqueles seres que estiveram conosco, que foram nossos amigos, nossos namorados, nossos filhos, mas que, por motivos diversos à sua própria intenção, se adiantaram, foram à frente, mas que hoje se dedicam a nos ajudar para nos saiamos bem nessa jornada aqui na terra. Muitas vezes, quando os relógios apontam as seis horas da tarde, muitos de nós sentem suave melancolia, ou, dependendo do nosso problema, uma tristeza grande, porque essa é a hora em que Maria, a mãe de Jesus, recolhe as súplicas de todas as criaturas... É a hora em que até no Vale dos Suicidas o silêncio acontece. É a hora em que, no Hospital Maria de Nazaré, instituição existente no mundo espiritual no Vale dos suicidas para cuidar deles, todos voltam o olhar para o chão, para implorar a proteção da mãe de Jesus ao seu recomeço. “Ama e obterás as bênçãos do amor.”, disse Emmanuel tantas vezes através do Chico. Amemos até doer, dizia Madre Tereza de Calcutá. E, quando sentirmos vontade de orar pelas almas suicidas, façamos isso, sem nenhum problema. Elas não se aproximarão de nós, não estarão ligadas a nós pelo sofrimento, mas agradecerão, de onde estiverem, a bênção daquele pequeno bálsamo. Oremos, mesmo que não tenhamos, na nossa família ou entre amigos, nenhum caso assim. Não deixemos de, pelo menos de vez em quando, orar por aqueles que desistiram da vida dessa forma dramática, mas que retornarão de forma talvez ainda mais dramática para recomeçar, muitas vezes do zero... Há uma frase não se sabe de que autoria que diz assim: “ó Senhor dos grandes recomeços, aqui estou eu, mais uma vez!...”. No fundo, todos nós fazemos a mesma coisa: a cada encarnação, a cada retorno à Terra, nós somos aqueles que, à frente de Deus, dizemos: aqui estou eu, Senhor, mais uma vez, para recomeçar... Por isso, o que nos importa se as pessoas não nos amarem como queremos?!.. O que nos importará, se as pessoas duvidarem de nós, se as pessoas nos invejarem, se não nos compreenderem, se não observarem a vida como nós observamos?! Todos nós amadureceremos, todos nós chegaremos a esse grande final que é a felicidade sem nenhuma mácula, e, quando lá estivermos, nós vamos querer fazer todas as criaturas felizes também. Por isso também pensemos: as coisas da Terra são tão pequenas, são tão passageiras, e nós nos deixamos envolver por elas, ficamos totalmente amargurados, paralisados, passamos as semanas, os meses, os anos, reclamando que a vida não é aquilo que nós sonhamos quando crianças ou adolescentes, não é aquilo que pretendíamos, mas, muitas vezes, nada fazemos para nos modificar e modificar o nosso destino, não vamos em busca das grandes transformações, ficamos mesmo sem coragem para os grandes desafios, permanecemos com medo de encarar de frente aquilo que nós teimamos em adiar. Para quando, não se sabe. Se quisermos, nós sempre encontraremos uma desculpa, sempre haverá uma justificativa, um “ah, eu não posso”, ou “ah, eu não tenho forças”, “não é do jeito que eu queria”... e assim a vida irá passando, porque 100 anos, dizia Emmanuel, através de Chico Xavier, “é um relâmpago na eternidade...”. Chico Xavier, certa feita, recebeu uma senhora que, em grave perturbação, foi até ele e lhe disse: “Chico, eu vim te dizer uma coisa: essa história de Doutrina Espírita não serve para nada. No dia a dia não adianta!!!”. E o Chico, muito tranquilamente, lhe respondeu: “minha amiga, provavelmente você tenha toda a razão...”. A mulher ficou frustradíssima, foi embora, mas, dois anos depois, retornou ao mesmo Chico Xavier e lhe disse: “Chico, eu vim te pedir perdão: Chico, eu estava doida! Chico, a Doutrina Espírita é tudo! Chico, a Doutrina Espírita resolve tudo na vida da gente!...”. E aí o Chico voltou a responder: “É verdade, minha amiga: provavelmente você tenha toda a razão!”. “Por isso que o Chico nunca ficava doente das emoções!”, comentavam seus amigos. Chico Xavier tinha todos os problemas de saúde no corpo físico, mas, emocionalmente, ele era perfeito. E era perfeito também porque ele sabia que a loucura dos outros tem de ficar com os outros, não conosco... E, às vezes, temos aqueles amigos tão queridos, amados, que nos lançam os seus xingamentos, que nos lançam toda a sua mágoa, que nos lançam a sua inveja, toda a sua desfaçatez... e, depois de tudo, saem ótimos e ainda nos dizem: “nossa! Eu adoro conversar com você! Eu fico ótimo!”. E você, ali, desmaiado; a sua samambaia, morta; o seu cachorro, no veterinário!!! Todo mundo pega um pedaço da carga! E, o pior, ainda tem gente que acaba se achando um “médium” daqueles, porque pegou a rebarba e aguentou firme! Mas também é preciso ter cuidado para ajudar. Porque, muitas vezes, de tanto pegar a carga emocional dos outros, e sofrer junto, chorar junto, se amargurar junto, nós podemos acabar adoecendo também da nossa emoção, da nossa vontade, do nosso desejo de sermos melhores e, consequentemente, da nossa disposição para sermos mais felizes.

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